Kyo e Shinya #56


Shinya uniu as sobrancelhas, incomodado, sentia-se atropelado e até achou que havia sido, o corpo doía, principalmente as coxas, os quadris e a cabeça, como era possível aquilo ter acontecido com três garrafas de cerveja? Os amigos precisavam de tanto, parecia uma criança perto deles mesmo. Levantou-se e vestia a camisa dele, nem se lembrava quando isso havia acontecido, mas estava confortável, já que a camisa era incrivelmente comprida apesar de ser dele, talvez parte de algum visual anterior da banda, mas sabia que era dele pelo cheiro gostoso de perfume. Esfregou os olhos, observando o quarto vazio e suspirou.
- Pronto... Acordei muito tarde.
Falou e suspirou, levantando-se rapidamente e subiu as escadas, estava confortável, não via necessidade de colocar as roupas.
- Kyo?
O menor encostou-se à bancada na cozinha. Vestia somente a calça de moletom cinza, folgada, e estava sem camisa. Embora fosse tarde, havia acordado a pouco tempo, e o deixado por um instante na cama. Fez o café em dose única, ele não gostava da bebida, e bebeu-o somente ali mesmo. Até ouvi-lo chamar e voltou o olhar até as escadas de onde ele vinha. 
- Cozinha. - Anunciou-se por lá.
Shinya assentiu ao ouvi-lo e caminhou até a cozinha, abrindo um pequeno sorriso a observá-lo, mas tímido e aproximou-se, lhe dando um pequeno selo nos lábios, ainda tranquilo por não se lembrar das besteiras que havia dito.
- Bom dia, amor.
Kyo retribuiu-o no pequeno simples toque. E fitou o baterista que parecia tranquilo, mesmo com a roupa improvisada o qual dormiu pela madrugada, e as longas pernas, bonitas, de fora. 
- Boa tarde.
Shinya sorriu e aspirou o aroma do café na xícara dele, só então se lembrando de algo importante, mas faria isso depois, por enquanto queria lhe dar bom dia.
- Quer que eu faça algo pra comer? Comprar algo quem sabe?
- Você está com fome? 
Kyo retrucou e observou o maior, encarando e claro, esperando algum traço de lembrança do que deixou passar na noite anterior. 
- Ah, bem pouco, sabe que não sinto muita fome.
- Sei. E aí, dor de cabeça?
- Um pouco... Tem algum remédio?
- Você mesmo deve ter algum na sua caixa de remédios. Não está lembrando de nada da noite passada, acredito que por conveniência, mas como pode deixar três cervejas te fazer falar alto no bar além de vir todo excitado pra cama, uh?
Shinya ouviu-o e uniu as sobrancelhas e não era conveniência, tentava não se lembrar mesmo, mas lembrava-se bem do que havia falado para ele e começou a ficar vermelho, tanto que logo quase parecia um tomate e abaixou a cabeça, deixando os cabelos caírem sobre a face.
- Ah.... Eu vou...
- Ora, está com calor, Shinya? 
Kyo indagou e até sorriu meio de lado, achando graça, sem mostrar os dentes. O maior riu baixinho, realmente envergonhado e uniu as sobrancelhas, negativando a ele.
- Ai meu Deus, não acredito que te disse aquelas coisas...
- Não foi o que disse, mas como agiu. Até porque não disse nada de mais. Sempre soube de tudo o que disse. Mas me fez ir cuidar das crianças a noite, depois dos seus gemidos.
- Meus... Meus gemidos? Desculpe... 
Shinya falou a ele e desviou o olhar, e lembrava-se até mesmo de ter chorado.
- Sim, seus gemidos. - Kyo disse a mais um gole de café. - Quer um chá?
O maior suspirou e abaixou a cabeça novamente, ainda envergonhado.
- Desculpe... Não, não sei o que dizer... - Falou e negativou ao chá.
- Não estou falando pra dizer nada, só queria te lembrar mesmo. Você está vermelho.
- E você... Me prometeu que ia colocar a roupa pra mim...
- Vou colocar na próxima.
- Ah..
- Ah o que? Quer no meio do dia?
- Ah, iie... Eu... - Shinya sorriu.
- O que foi?
- Nada, estou com vergonha ainda. E as crianças?
- Ainda estão dormindo. Vergonha de que, sou só eu.
- Só você é muito.
- Pelo menos os caras já foram embora.
- Eh?!
- É, eles vieram depois da gente, saber se você estava bem. Dormiram aqui e foram embora cedo.
- ... Shinya uniu as sobrancelhas. - Ai meu Deus...
Kyo sorriu-lhe de canto.
- ... Está brincando não está?
- Não.
- ... 
Shinya corou novamente, como uma pimenta e cobriu a face com ambas as mãos.
- Ah, mas está parecendo uma mulher, Shin.
- Como eles vão me olhar amanhã? ... Sou tão quietinho, e na cama...
Kyo riu baixo, embora ainda soasse entre os lábios fechados e seguiu até a pia, enxaguando a xícara vazia.
- Eu nunca mais vou ver eles... 
Shinya falou, envergonhado e observou-o a descobrir somente os olhos.
- Para com isso, Shin. Eles transam também, sabe.
- Mas não entre si. Pelo menos eu acho.
- Qual diferença, transam do mesmo jeito. Temos filhos, eles vieram de onde se não por fazer sexo?
- Ai, eu sei, mas... É estranho... Ai meu Deus... 
Shinya riu baixinho, escondendo a face novamente e negativou.
- Mocinha. Quer comer algo?
- Quero. 
O maior sorriu e por um momento se lembrou do que havia dito no carro a ele, sobre o casamento, sentiu-se corar novamente, era óbvio que pensava naquilo, mas não queria contar a ele, não devia ter bebido.
- Mas ne... Como eu fui parar com a sua camisa?
- Você me pediu pra vestir uma roupa minha em você. Era a única camisa que servia, senão só cardigans
Kyo disse e passeou pela cozinha, colocando a disposição o que tinha para ele como desjejum.
- Ah... Isso explica muita coisa... 
Shinya falou e sorriu, gostava da camisa e desviou o olhar aos pães colocados sobre o balcão, mordendo o lábio inferior sutilmente.
- Ne... Seu presente de natal chegou. Quer esperar até o natal pra abrir?
- Chegou, é? 
Kyo disse e dispos também o bolo simples, que acompanhava o chá ou o café.
- Hum, tem bolo ainda? - O maior sorriu e pegou uma fatia generosa dele, embora dissesse estar sem fome. - Hai!
O menor assentiu e tocou seus cabelos ao se sentar próximo a ele, gostava de vê-lo comer sem delongas. Pegou um pedaço do bolo, com a mão mesmo, de sua fatia e levou até a boca. Shinya sentiu o toque nos cabelos com um pequeno sorriso nos lábios e uniu as sobrancelhas ao ter o bolo roubado, rindo baixinho em seguida e logo cortou outro. Kyo negou ao bolo e deixou-o continuar a comer. Serviu-se de mais café e deu-lhe água quente, para que se servisse com um chá,ou o que precisasse.
- Depois nós vemos isso. 
Kyo disse, referente a sugestão de abrir o presente. Não sabia lidar com agrados. Shinya sorriu a ele e logo colocou o sachê de chá na própria xícara, sentando-se no banco em frente ao balcão e obviamente comprimiu os olhos ao fazê-lo devido a dor que sentia em todo o corpo, principalmente nos quadris e suspirou, observando-o meio desanimado do fato de que ele não queria recebê-lo.
- Ah... Tudo bem.
- Depois do café. 
Kyo disse, notando seu desapontamento.
- Hai... - O maior sorriu de canto. - Desculpe, achei que quisesse ganhar algo.
- Sabe que não sou fácil de me expressar com essas coisas.
- Hai, eu... Eu sei.
- Você quer me mostrar logo, não é? Mostre.
Shinya riu baixinho.
- Não quero estragar seu café.
- Estragar?
- É, se não gostar...
- Por que não gostaria?
- Ah, não sei... - Riu baixinho. - Pelo menos eu não comprei seu presente estando bêbado, ou seria uma lingerie, aparentemente. Pra mim, claro.
- Bem, você bêbado diz coisas que você gostaria de dizer não bêbado, então suponho que queria usar lingerie.
Shinya uniu as sobrancelhas, corando-se novamente e negativou, rindo baixinho.
- Não adianta negar.
- É, eu... Ficaria sexy em uma. - Falou, brincando obviamente.
- Então compre uma e experimente.
- Não, que isso. - O maior riu. - Eu não sou mulher e... Você não ia gostar.
- Shin, pare de jogar verde, apenas compre.
- Vou comprar umas meias... Pode ser?
- Você quem sabe, Shin. Não tem que me perguntar. Vá, pegue o presente.
O maior assentiu e sorriu a ele.
- Feche os olhos.
- Até você ir buscar?
- Isso, eu escondi aqui.
- Ah. 
Kyo resmungou mas fechou os olhos por fim, mesmo assim continuou com o café. Shinya sorriu e aproximou-se dele sobre a mesa, selando-lhe os lábios e riu baixinho, seguindo em direção ao armário, onde ele geralmente não mexia e puxou o pacote de dentro, tentando levantá-lo umas duas vezes com algumas gemidos de esforço e riu por fim quando conseguiu levantar na terceira vez, levando o pacote pesado até ele e colocou sobre o balcão.
- Minhas costas... Ah... - Suspirou. - Pode abrir. - Disse, embora o presente estivesse embrulhado ainda com um papel preto e fita prateada e abriu um pequeno sorriso. - Não tem nem ideia do que seja?
Kyo abriu os olhos somente quando o havia dito para fazê-lo, mesmo embora com seus protestos. Ao fitar o embrulho, se perguntava porque devia fechar os olhos quando o presente estava fechado e não podia vê-lo, senão em tamanho. 
- Não, e nem porque seria tão pesado. - Disse e levou as mãos até o laço, desfazendo-o.
O maior riu baixinho e mordeu o lábio inferior, ansioso para ver sua reação com o presente e por fim o deixou abrir e revelar a caixa da maquina de espresso que havia comprado para ele. Kyo abriu o embrulho e notou a caixa ilustrada com o que encontraria dentro dela.
- Hum... - Murmurou em agrado. - Não sei como não fez o armário despencar ou você se quebrar carregando ela. - Disse e sorriu de canto. - Obrigado.
Shinya riu novamente e assentiu.
- É, minhas costas agradecem. - Falou a ele e sorriu a mostrar os dentes. - Você gostou?
- Claro que sim. Vai ter que aprender a usar isso.
- Ah... Eu leio o manual...
- Não, é melhor que alguém ensine você. No manual não deve ter como fazer o café.
- Ah, hai... Eu posso fazer algum curso.
- Eu comprei café também, me disseram que veio da Colombia e que era o melhor... Eu não sei.
Kyo riu. 
- Eu tento fazer depois. Não quero que se machuque.
Shinya sorriu meio de canto, que aumentou aos poucos e permaneceu em silêncio a observá-lo, ele havia realmente dito aquilo?
- ... Eu vou aprender, quero fazer pra você.
- Tome cuidado.
- Vou tomar, prometo.
- Vamos ver.
Shinya sorriu e estendeu uma das mãos sobre o balcão, esperando pela dele. Kyo fitou sua mão por algum tempo, e por fim a segurou. Ele era como um animal de estimação, qualquer pequena mostra de afeto era suficiente para lhe dar um grande bom humor. Negativou mentalmente ao pensar sobre isso. O maior suspirou num risinho, era realmente assim, gostava de qualquer toque dele, justamente por ser tão difícil lidar com o outro, ou era o que achava, não gostava de invadir seu espaço, embora agora fosse bem mais carinhoso consigo.
- Onde vamos colocá-la? 
Falou e por fim ouviu o barulho dos passinhos pelo corredor até onde se sentava e desviou o olhar para baixo, vendo a pequena com os cabelinhos bagunçados e mãozinhas esticadas para si. 
- Precisa ser aqui na cozinha mesmo. 
Kyo disse e desviou o olhar a dona dos pequenos passos, que seguia preguiçosamente marchando e seguiu-a com o olhar até que parasse defronte ao baterista, pedindo seu colo. Shinya riu baixinho ao observar a pequenininha e abaixou-se pouco, pegando-a nos braços embora estivesse todo dolorido.
- Bom dia, meu amor.
- Bom dia mamãe. Papai. 
Ela falou ainda, com a voz sonolenta.
- Conta pra sua mãe como ela te fez acordar durante a noite. 
Kyo disse a pequenina e tirou uma fatia de bolo. Dela, pegou um pedacinho e levou até sua boca. 
- Eu achei que você ia morrer 'ka-san. Mas o 'to-san disse que só tava fazendo você se sentir bem.
Shinya desviou o olhar a ele, meio corado novamente e uniu as sobrancelhas.
- Não tava?
- Hai... Hai... Estava sim... Mamãe só está com vergonha.
- Vergonha do que? 'To-san tem que fazer isso mesmo.
Kyo sorria, é claro, inconscientemente e observava a pequenina que falava com a boca meio cheia de bolo.
- Papai falou isso mesmo é? 
Shinya disse a observar o outro e sorriu.
- Falou, ele falou. Falou que a mamãe estava se sentindo bem e me beijou na boca.
- Na boca? Não pode.
- Pode sim, ele é meu papai.
- Isso é mentira. Olha só que menininha mentirosa.  
Kyo disse e tirou o farelinho de bolo de sua boca.
- Ta bom, foi na testa.
Shinya riu e apertou a bochecha da pequena, beijando-a no topo da cabeça.
- Está ficando mentirosa com a mamãe é?
- Eu? Não... - Ela disse e abriu a boca novamente, esperando pelo bolo. - 'to-san... Motto!
Kyo tirou outro pedacinho da fatia e levou até sua boca quase sem tamanho. Sorria e voltou o olhar ao baterista, que conversava com ela. Shinya sorriu a ela igualmente, vendo sua boquinha cheia de bolo.
- E seu irmão, cadê?
- Ta nanando.
- Hum, mamãe já vai lá pegar ele, assim que ele acordar. 

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