Yuuki e Kazuto #74


Kazuto adentrou o estúdio onde o outro gravava o novo vídeo clipe e sentou-se no canto, como tinha costume, havia trazido café e algum aperitivo para ele, já que passava por ali, estava tentando voltar a ativa com a banda por ficar muito tempo em casa, mas não conseguia alguém para formar a banda de novo, então andava um pouco chateado. Observou o celular, que só tinha o número do outro e sem nenhuma mensagem como sempre, ligou algum joguinho enquanto ouvia do lado de dentro a música alta e a voz que tanto gostava. Sorriu para si mesmo e suspirou, encostando-se na parede para que pudesse ouvir mais atentamente. Deixou de lado o café, que esfriaria se ficasse na própria mão, obviamente fria demais e relaxou, já que não tinha o que fazer ali fora, desligou o celular e jogou-o no bolso do casaco. Observou a parede, o chão, quase contando quantos quadradinhos tinham em cada um, porém logo cessou ao ouvir o barulho da porta e levantou-se rapidamente.
- Yuuki! Eh? 

Uniu as sobrancelhas ao ver o diretor ali e sentiu a face se corar pela empolgação com a qual o recepcionou errado.
- Desculpe. 
Kazuto fez uma pequena reverência.
- Hey, quem é você?
- Eu? Eu sou... 
O menor manteve-se em silêncio alguns segundos e sorriu para si mesmo ao notar a formulação da resposta.
- Marido do Yuuki. 
- Ah é? Ótimo, estou precisando de alguém pra gravar o clipe com eles, a modelo que eu chamei não veio, você se importa?
- Eh? Mas... O que eu vou ter que fazer? 
- Só ficar perto do Yuuki e algumas coisas com ele, nada com outros integrantes.
Kazuto manteve-se parado por alguns instantes, raciocinando e preferiu não imaginar uma modelo fazendo isso com ele.
- Quer dizer... O Yuuki vai ter que me dar atenção no clipe?
- Isso.
- Claro, quando começamos? Posso entrar? Ele já está aí?
- Está... Claro, entre.
Yuuki largou o microfone de lado e caminhou em marcha até o estofado. Jogou-se no assento e pegou a garrafa d'água que bebeu em goles longos, fingindo suprir a necessidade do sangue, mas claro que nunca enganaria o próprio corpo. Amaldiçoou a maldita faltante, fosse qual fosse seu problema, não importava, precisava estar lá como marcado. Sentiu uma leve empolgação vinda do pequeno, que supostamente deveria estar em casa, mas sentia-o próximo demais. Fez menção de se levantar e assim voltar a filmagem, e tão logo, observou o pedaço de gente que entrava na sala.
Kazuto sorriu a ele, acenando ao entrar e caminhou rapidamente a lhe entregar o café, que obviamente era batizado junto de alguns biscoitos e beijou-o rapidamente no rosto, ouvindo o risinho baixo dos outros integrantes ao ver a ambos juntos.
- Eu vou gravar com você. 
Sorriu, satisfeito e seguiu rapidamente para a maquiagem antes que ele decidisse atirar a si pela janela. Sentou-se na cadeira alta e aguardou enquanto arrumavam o próprio cabelo e maquiagem, em seguida vestiu as roupas indicadas, inteiras brancas e era meio estranho, porque parecia branco demais, já sentia algo errado, principalmente ao perceber que havia respingos vermelhos sobre a peça e uniu as sobrancelhas, era vampiro, não devia achar estranho, mas perguntava-se o que diabos ele ia fazer consigo no clipe e se isso não iria dar ainda mais fome nele. Voltou para o estúdio, pequeno como ele já sabia com as roupas larguinhas que quase não serviram para si, se a modelo fosse um pouco mais alta não teria dado certo e sentou-se na poltrona ao centro como haviam indicado para si.
Yuuki aceitou o café de bom grado, sentindo o cheiro que vinha de dentro dele, quase suspirou em alívio, já sentia o estomago revirar de necessidade de beber, e os caninos doíam. Experimentou o café, ingerindo-o num gole generoso, por sorte não estava quente demasiado. E encarou de soslaio o restante do grupo, que deu uma pausa no riso diante de tal. 
- Gravar? Volta aqui, pirralho.  
Disse e quase parecia saltitar enquanto seguia para a maquiagem, então ao invés de atacá-lo, fez da vítima o produtor do vídeo. Mas logo, estava ele com as roupas largas, mas que serviam daquele modo. Após alimentar-se enquanto encarava o menorzinho, logo seguiu até o cenário junto dele, aonde daria início as filmagens.
Kazuto sorriu a ele ao vê-lo se aproximar de si, e estava todo pequenininho em meio as roupas. Mordeu o lábio inferior, feliz por estar gravando com ele e ajeitou os cabelos loiros arrumados pela cabeleireira.
- Eu trouxe mais sangue se quiser, estava sentindo que não estava muito bem. - Murmurou.
Yuuki fitou o menor e estreitou os olhos a ele, sabia que propositalmente havia corrido para a maquiagem, foi ousado e bem espertinho e sabia que ele já sabia disso. 
- Parece muito feliz. - Dizia com os olhos nipônicos estreitos ainda.
Kazuto pigarreou e sorriu a ele.
- Estou um pouquinho... Nunca pensei que fosse gravar algo com você.
- Yuuki, vou começar e quero que você se sente com o...?
- Kazuto!
- Kazuto, isso. Se quiser ficar com ele no colo, fique a vontade, você tem que fingir que está mordendo o pescoço dele, como ensaiamos.
- Ia fazer isso com uma modelo...?
- E se eu fosse? 
Yuuki indagou a ele, ainda de olhos bem estreitos. Logicamente não chegaria tão perto de uma modelo, e o produtor fazia isso por saber que eram companheiros, mas não diria, propositalmente. Kazuto uniu as sobrancelhas e levantou-se, dando espaço a ele na poltrona e desviou o olhar ao guitarrista que ria baixinho, tentando irritar o vocalista, mas como não sabia, se chateou por pensar que achavam a si ridículo ou algo assim.
- Hai...
- Certo, vamos gravar em três, dois...
- Satoshi, pare de rir, não vai me provocar.  
Yuuki disse ao músico, embora fingisse não estar, estava irritado e enquanto não terminasse o vídeo não bateria nele com o suporte do microfone alguns metros ao lado. Ajeitou-se logo, e deu início a filmagem. Kazuto suspirou, ainda meio chateado com o rapaz da banda e desviou o olhar, unindo as sobrancelhas e observou o diretor, que indicou o inicio, e tentou não parecer tão incomodado.
Yuuki movimentou os lábios como se cantasse a música, de alguma forma um resquício de voz ainda saia junto ao som alto da voz já gravada. Elevou a mão cujo as unhas permaneciam compridas e era propícia ao vídeo, e essa mesma com a palma da mão tocou-o no topo de sua cabeça e delicadamente o guiou para o lado, fazendo com que pendesse a cabeça, colocando em evidência seu pescoço, onde tirou seus finos fios e encarando a câmera da filmagem, encostou os lábios e dentes em sua pele, e fingiria mordê-lo, ou melhor, a modelo, mas como era ele, mordeu-o realmente.
Kazuto suspirou mais uma vez, e outra, sentindo as mãos trêmulas, era estranho estar tão perto dele, ainda mais senti-lo daquele modo, no colo dele, e estava tão lindo que quase perdia o folego só de olhar pra ele. Assustou-se com o toque de sua mão e inclinou o pescoço para trás, tranquilo por somente encenar com ele a mordida, sabia que ele não iria morder a si realmente, certo? Errado. Sufocou o gemido na garganta ao senti-lo penetrar a pele com os dentes e arregalou os olhos, unindo as sobrancelhas, doía tanto que parecia que as veias iam estourar, era incomum sentir uma mordida dele, completamente, ele geralmente só fazia isso uma vez a cada ano, ou a cada dois anos nos aniversários de namoro ou no próprio, quando tinha que implorar a ele, e talvez fizesse isso somente para não perder o dom de senti-lo. O problema é que era um vampiro, excitava-se com o toque, ainda mais sobre o colo dele e roçou-se suavemente enquanto sentia o sangue sumir das veias.
- Ótimo, isso parece bem real, meninos, mantenham assim. Pode fazer o que quiser, Yuuki, não fique tão tenso.
- Não estou. 
Yuuki disse, e os dentes quase apareciam evidentemente vermelhos de sangue, mas ninguém diria nada sobre aquilo. Voltou a reconstruir a ideia de que o mordia e com a outra mão subiu por sua cintura e no peito formulou um momento qualquer e que seria editado mais tarde, como se penetrasse e arrancasse de si o coração, por isso mesmo as roupas já pareciam sujas de sangue. E sentindo o cheiro de maquiagem, pele, perfume e sangue, sorvia o sangue, e com certeza sentia sua excitação indevida.
Kazuto fechou os olhos, realmente em êxtase pelo toque e esperava que ninguém mais visse, mas ele sabia, e esperava que cessasse logo com os dentes, ou secaria. Talvez ele não se importasse com isso, mas se desmaiasse não seria muito bom para o vídeo, nem para o diretor, explicar seria complicado. Deslizou uma das mãos pela coxa dele, acariciando-o e virou de lado a face, retirando forças para murmurar o nome dele, chamando-o bem baixinho.
Yuuki voltou a direção visual a ele, ouvindo o sussurro quase inaudível do próprio nome. Estava sentindo seu gosto, ainda doce demais. Mas era forte e um pouco humano. Suspirou após deixar de beber dele. E sabia que ele estava excitado, e consigo parecia do mesmo modo, eram vampiros, gostavam de sangue, dor. E partilhar o sangue era quase sexual, visto que com o próprio companheiro. Podia não falar sobre isso ou agir de tal forma, mas se excitaria facilmente com aquela troca, afinal, eram parceiros e seria ele o parceiro que teria por todo o tempo que ainda existisse. Ainda que não dissesse.
Kazuto sabia que ele poderia sentir a si melhor agora que tinha o próprio sangue em seu corpo, mas também podia senti-lo, sabia que ele estava excitado assim como a si, e nossa, como era gostoso poder senti-lo melhor, lembrava-se da sensação que tinha todo ano, sentia-o com exatidão, quase cada sentimento, e a alegria sempre invadia a si quando o fazia. Piscou algumas vezes, meio incomodado pela falta de sangue, porém não o suficiente para derrubar a si e virou-se de lado, quase ignorando as câmeras e beijou-o no pescoço, deslizando a língua por sua pele enquanto a outra mão, longe das câmeras, é claro, apertou-o sobre o sexo, sentindo-o sutilmente duro abaixo das roupas.
- Kimochi... 
Murmurou em seu ouvido.
Yuuki tentou ignorar o fato de que estava sendo provocado no horário de trabalho. E ainda que sentisse seu toque no pescoço, voltou a atenção a câmera, encarando-a e sorriu com ousadia e dentes sujos de sangue, seguindo com a ideia de gravação. Quase sobressaltou diante da apalpada inesperada, mas se manteve no lugar. 
- Para com isso. - Disse, entre os dentes.
Kazuto desviou o olhar à câmera igualmente, porém era bem mais inocente do que ele e observou-o em seguida, observando seu sorriso tão lindo que quase nunca via e quase chegou a chorar, porém cessou ao ouvi-lo e deslizou a mão a afastá-la do local, embora o sentisse endurecer com o toque, não seria bom quando se levantasse. Desviou o olhar ao diretor, que parecia assustado com os dentes vermelhos do outro, porém não diria nada, assim como ele certamente também não.
- Chega por hora. 
Yuuki disse ao produtor e deu um tapinha na coxa do menor, fazendo com que se levantasse. Deu uma ajeitadinha e tentou se esconder de alguma forma. Lançou-se no sofá, evitando de ser exposto e tomou água, embora nem quisesse.
- Como fez isso com os dentes? Você mordeu ele?
- Tinha algo na minha boca. 
Yuuki disse ao outro que concedeu a pausa e mesmo que não tivesse feito, já estava no sofá. Bem relaxado por sinal. Kazuto negativou, embora as feridas não estivessem cicatrizando direito pela falta de sangue e sorriu, estava igualmente duro, mas escondia-se atrás de tanta roupa, diferente dele.
- Bem, vamos fazer uma pausa.
- Yuuki? 
Kazuto falou baixinho a ele, como se o chamasse, e esperava que ele respondesse para que pudesse seguir até outra sala com ele.
- Hey, acho melhor você maneirar um pouco, o diretor vai acabar descobrindo. Aliás, por que contrataram o garoto pra gravar? Não ia ser com a modelo gostosa?
O menor uniu as sobrancelhas a observar o guitarrista e desviou o olhar.
- Eu tenho nome.
Yuuki voltou a direção visual ao garoto ao ser chamado, mas logo ao guitarrista. 
- Não sei que modelo gostosa.
- Ah, vai dizer que não viu? Ora. Você era diferente antes, quando ele não vinha aqui.
Kazuto negativou, sabia que estava tentando irritar o outro, e pelo que sentia, ele estava conseguindo, mas também estava irritando a si e mostrou as presas a ele de canto, quase um rosnado. Yuuki ouviu o rosnar do garoto, e até arqueou a sobrancelha, não achando ruim, mas surpreso com a reação já que sempre tão contido em seu canto. Suspirou, impaciente, fosse pelo sangue nas veias, ou a ereção embaixo da roupa, ergueu a mão e mostrou ao guitarrista o dedo do meio. 
- Sai daqui, cara. Sai.
Kazuto observou o outro que deixou o lugar, ainda debochado e ajeitou uma mecha dos cabelos atrás da orelha, observando-o.
- Vem comigo, vou te ajudar com isso.
- Eu vou embora. 
Yuuki disse e até comeu um dos biscoitos que ele trouxe a si, sem perceber e quando se deu conta já havia engolido uma parte deles.
- Iie, tem que terminar de gravar, vem que eu te ajudo.
- Não, não gravamos tudo em um dia. Vamos embora.
Kazuto assentiu e abaixou a cabeça.
- Hai, vou... Trocar de roupa... 
Murmurou, e sentia-se incomodado devido ao fato de que na próxima semana, ele podia estar com a tal "modelo gostosa" e não consigo, e bem, com ele teria que aceitar os fatos. Voltou para o camarim, vestindo as próprias roupas e devolveu as roupas emprestadas, seguindo em direção à saída onde o outro devia esperar a si. Yuuki levantou-se, substituindo algumas das peças de roupa por algumas menos chamativas, ainda que o tom vinho fosse fundamental no que vestia. Abaixou um pouco o volume dos cabelos e terminou o café que ganhou do garoto, e como sentia-o, sabia que estava incomodado e não escondia isso em sua expressão. 
- Depois de amanhã você vem comigo.
Kazuto desviou o olhar a ele ao ouvi-lo e uniu as sobrancelhas, sabia que ele podia sentir que estava incomodado, e provavelmente fora por isso que pediu que viesse, mesmo assim parecia estranho demais pensar que ele se importava consigo. Assentiu em agradecimento e segurou-se no braço dele, sutilmente, seguindo para a saída.
- Eu... Eu chupo... Você quando chegarmos. 
Disse baixinho, envergonhado.
- Isso é um favor a mim ou está fazendo um favor a você? 
Yuuki indagou e fitou-o de soslaio, sabia que ele queria fazer isso por si, mas que era para ele um igual deleite. 
- As duas coisas... - O menor falou baixinho e riu. - Quando eu estou grávido fico mais excitado que o normal... Falando nisso, estou quase desmaiando.
- Eu havia esquecido desse fato. Beba o café. 
Yuuki disse, entregando a ele um pouco da bebida, mesmo embora ele não gostasse da base, tinha seu nutriente. O menor observou o café, meio de canto e bebeu um pequeno gole, a contragosto.
- Vai ter de tomar.
- Mas...
- Tome logo.
- Hai... 
Kazuto murmurou e bebeu o café em alguns goles, sem sentir quase nada do gosto de sangue e fez uma pequena careta. Yuuki assentiu positivando e logo caminhou a fora da gravadora. 

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