Yasuhiro e Yoruichi #26


Um suspiro deixou os lábios de Yoruichi, odiava refeições humanas, mas ele gostava, então naquele momento cortava uma cenoura, o problema é que o cheiro dela estava insuportável. Aproximou-a do nariz e aspirou o aroma do legume, sentiu ânsia e devolveu a tábua, cortando mais alguns pedaços. 

- Ah... Que coisa horrível, isso deve ter gosto de terra. Como o Yasuhiro gosta disso? 
Disse a observar a receita escrita numa folha, havia pedido a alguém na feirinha que dissesse algo bom para si cozinhar. 
- Ah, sopa não parece tão difícil. Talvez se eu colocar sangue... 
Disse e da sacola tirou um nabo, aspirou o aroma dele. 
- Argh! Esse é pior ainda. 
Dito, limpou o legume e cortou, colocando os pedaços na panela junto do macarrão de arroz. 
- Espero que fique bom.
Como um filhote peralta e sorrateiro, Yasuhiro vagarosamente se aproveitou de sua distração junto a sua tentativa de cozinha, o alcançou e pulou com as mãos atrás dele, tomando sua cintura, o puxou, curvou e então o beijou. Yoruichi Sentia o cheiro dele, sabia que ele iria aprontar alguma, e quis ficar esperto para isso, o cheiro dele era ainda mais intenso agora, e suspirou, se sentia atraído por aquele aroma, é claro, se distraiu. 
- Ah! - Disse conforme o sentiu puxar a si e retribuiu o selo, riu em seguida, porém cessou logo. - Hey... Não me assuste.
- Você nem se assustou. - Yasuhiro resmungou, e voltou a selar mais algumas vezes seus lábios, curvados como estavam, da forma como o manteve. - Está tentando a carreira culinária novamente? 
O moreno sorriu a retribuir seus selos.
- Esse é mais fácil, é só sopa. Mas o cheiro está me irritando, tudo parece estar extremamente fedido ultimamente.
- Ah é? Talvez porque você é um vampirinho em desenvolvimento. - Yasuhiro disse e beijou sua bochecha. Só então o deixou se levantar. - Parece bem gostoso. - Disse, ainda que fossem apenas os preparativos em cozimento.
- Hum... Eu, não sei... 
Yoruichi disse num pequeno sorriso, já imaginava o que podia ser e estava feliz, mas não sabia se devia contar a ele antes de ter certeza, de toda forma, vê-lo tão perto, o sorriso no seu rosto, ele parecia feliz naquele dia. 
- ...Eu tenho estado enjoado de manhã nesses últimos dias, quando fui caçar quase caí no meio da floresta, tomei duas garrafas de sangue hoje e ainda tenho sede. Eu... Acho que estou esperando um bebê.
Yasuhiro parou por um instante, arqueando ambas as sobrancelhas ao fita-lo, evidentemente surpreso. 
- Você... -Yoruichi disse a fita-lo. - Não gostou da notícia?
- Podemos estar grávidos?
O menor sorriu. 
- Bem, acho que sim.
Yasuhiro sorriu com ele, tocou seu rosto, estava mesmo surpreso. Queria curtir o casamento com ele, conhecê-lo, mas de algum modo, parecia que compôr família era como conhecerem-se novamente. Pegou-o pela cintura, deu um abraço nele e até dois ou três pulos, brincando com ele. Yoruichi riu conforme o sentiu abraçar a si, e pulou com ele, embora se sentisse meio bobo fazendo aquilo e pigarreou em seguida. 
- Você... Você quer um menino ou menina?
- Qualquer um. - Yasuhiro sorriu com os dentes à mostra. - E você?
- Hum, desde que tenha seus cabelos, eu não me importo. - Riu.
- Os seus seriam adoráveis também. Como a noite.
O moreno sorriu meio de canto e acariciou o rosto dele com uma das mãos. 
- Foi minha culpa... Naquele dia quando transamos na floresta, disse que faria um bebê comigo, e eu não quis tomar o chá.
- Você quis ter um bebê?
- Hai...
- Então vamos ter um bebê...
Yasuhiro disse e deslizou as mãos por sua cintura, até abraça-lo. O beijou na testa. O moreno sorriu e abraçou-o, firme, beijando-o no rosto e nos lábios em seguida. 
- Eu... Eu te amo.
Yasuhiro sorriu, adorava seus momentos mais dóceis. 
- Eu também te amo.
- Bem... Coloque... Coloque a mesa, eu vou terminar a sopa. - Yoruichi disse num sorriso. - E deixe a janela do seu quarto fechada, aquele gato maldito subiu na sua cama outra vez.
- Mas que caral... Bem, acho que aquele gato está apaixonado, eu sou mesmo irresistível, veja você, até quis um bebê meu.
Yoruichi estreitou os olhos e deu um tapa na bunda dele, como faria com uma criança. 
- Espero que ele se apaixone menos, porque a cama estava uma zona.
Yasuhiro riu, entre os dentes. 
- Vou capturar esse putinho.
- Ah vai é? Essa eu quero ver.
- Vou mesmo, mas aí não sei o que faremos com ele. Não vou matar um gatinho.
Yoruichi sorriu meio de canto. 
- Você é adorável.
- Vamos domesticar.
- Oh sim, vamos. Ele vai tentar matar a gente no processo.
- Não, ele dorme em cima de mim.
- É, mas não vão dormir em cima de você, porque eu vou. 
O moreno disse e só então notou o que havia dito, encolheu-se sutilmente e desviou o olhar para as cenouras cortadas, disfarçando.
- Ah mas é claro, ele dorme nos meus pés e você no meu..
Yoruichi estreitou os olhos.
- Ooolha.
- Aí mesmo.
- Hum, acho que vai ser ainda pior suportar agora que estou grávido. Meu corpo está bem sensível. 
Disse, propositalmente, sabia que ele era fácil de excitar com pensamentos.
- Ah... É? Acho então que vai precisar dos meus serviços durante várias horas da noite. Ao acordar, ao almoçar, ao ir dormir. Claro, posso fazer isso por você.
- Mais ou menos isso, precisarei que fique por perto pra poder usar você quando eu quiser. - O menor disse num sorrisinho de canto.
- Claro, posso fazer isso por você. Se quiser pode usar um suporte e te deixar pendurado em mim o dia todo. No encaixe estratégico.
Yoruichi riu e negativou. 
- Palhaço.
- Tipo os suportes das cestas de feira, mas com você encaixado.
- Não vou ficar encaixado, engraçadinho.
Yasuhiro riu, divertindo-se. Yoruichi empurrou-o pelo braço, sem força claro. 
- Sai que eu vou jogar sopa em você.
- Ah, joga não. 
O loiro disse e lhe deu um tapinha na bunda antes de se afastar e deixa-lo continuar a janta. O menor riu novamente e voltou a atenção a sopa, colocando os legumes ali e deslizou uma das mãos pelo abdômen, sorriu, gostava de ideia de esperar o bebê, mas tinha pressa, nova meses eram muito muito tempo. 
- Quer beber que tipo de sangue hoje?
- O que quiser, docinho. 
O loiro disse e podia ver ele sorrir com sutileza, assim como tocava a barriga, num gesto para ele mesmo.
- Hum, acho que podemos beber a garrafa do O negativo que eu guardei, não? Estamos comemorando. - Riu.
- É, parece a escolha certa. 
Yasuhiro dizia e se sentou à mesinha baixa na sala, de onde podia vê-lo. Yoruichi assentiu e fechou a panela, deixando a sopa cozinhar e seguiu para ele, sentando-se em frente ao marido na sala.
- Eu acho que vai chover. Vi os pássaros voando perto da casa hoje, eram muitos, só espero que não seja um terremoto ou algo pior.
- Espero que chova que ficamos agarradinhos vendo a chuva e tomando sopa. - Yasuhiro sorriu. - Vem.
Yoruichi riu e se aproximou dele, sentando-se a seu lado na pequena almofada, mas empurrou-o para o chão, e fora suave, fazendo-o se deitar no chão. Deitou-se ao lado dele e beijou seu pescoço, não tinha malicia, só estava confortável com ele, e pela porta aberta, podia ver o céu nublado, e seria o cheiro de chuva. Yasuhiro deitou-se, sabia como ele se sentia porque se sentia da mesma forma. Gostava de dias como aquele, queria viver naqueles tempos. Com ele ficou deitado e olhou para fora, encarando a paisagem. 
- Poderíamos ficar aqui pra sempre, não acha? Nesse silêncio, nessa luz baixa, com chuva.
- Certamente. 
Yasuhiro virou-se, beijou em sua testa enquanto afagava sua nuca. Estava feliz. Yoruichi sorriu e ergueu a face, selando-lhe os lábios. 
- Yuuki. Eu quero que ele se chame Yuuki.
- Hum... É um bonito nome.
O moreno assentiu e sorriu a ele. 
- Eu gosto. Vai ser como você, corajoso.
- E como você também, muito corajosinho.
Yoruichi sorriu e esticou-se novamente, selando seus lábios. 
- Gosta de outro nome?
- Hum.. Gosto de Murasaki, para uma menina. É longo como nossos nomes.
- Que tal Murasakibara?
- Ah... Aí já fica grande demais..
- Ah, eu gosto de rosas.
- Mas fica muito longo... Bem, quem sabe.
- Hum, tá bem, você não gostou.
- É bonito, mas é muito longo. - Yasuhiro sorriu, não iria rir.
- Hum, não precisa fingir que gosta das coisas que eu digo.
- Não estou fingindo, docinho. Não sou assim tão puxa saco. Mas é um nome enorme. Veja bem, nossos nomes tem oito letras, Murasaki tem oito, já Murasakibara teria doze, é mesmo muita coisa.
- Ta bem, eu gosto de Murasaki também.
- É um nome charmoso como o seu.
Yoruichi sorriu. 
- Ta bem, galanteador.
- Espero que seja um bebê moreno como você, com cabelos quase azuis.
- Hum, vamos brigar por isso, você sabe, né?
- Não vamos brigar, você vai decidir o que ele vai ter no fim das contas, está aí dentro.
Yasuhiro disse e afagou sua barriga sem volume algum. Yoruichi sorriu e assentiu, fechou os olhos, e desejou que ele tivesse cabelos loiros, era idiota, mas gostava dos cabelos dele, depois, virou para ele e repousou a face em seu peito, abraçando-o de lado. O maior beijou sua testa e fechou os olhos, ficou ali, ouvindo o cozimento da sopa, as árvores agitadas pelos sopros e a chuva com gotas gentis.

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