Ryoma e Haruki #5


Ao entrar no quarto, Haruki podia sentir a brisa fria, por isso ele estava coberto na cama, e sobre seu peito havia o pequeno corpinho fofo demais para ter tamanho de uma pessoa. Sorriu consigo e aproximou-se, sabia que seria estranho, mas parou perto da cama, cruzando os braços. 

- ... Ryoga. 
Disse a chamar atenção dele, mas sabia que ele já devia ter noção da própria presença.
Ryoga abriu apenas um dos olhos ao ser chamado por ele. Na verdade havia esperado por isso, ainda que seu cheiro já houvesse denunciado sua presença. No peito descansava alguém que não dava sequer um terço do próprio corpo.
- Primeiramente, você é um pai adorável. - Disse num pequeno sorriso. - ... Sei que Katsumi não está, mas eu... Posso falar com você?
- Hum, Katsumi costuma dizer. 
Ryoga disse e de algum modo ajeitou o pequeno, que por um instante abriu os olhinhos cansados, resmungando do movimento, mas se aconchegou nos braços para voltar a dormir conforme se sentou. 
- Diga, Haruki. Ryoma fez alguma merda?
- Não. - Haruki sorriu. - Ryoma é... - Suspirou. - A criatura mais maravilhosa do mundo, e esse é o problema. - Riu. - ... Ryoga, como... Como eu sei que estou apaixonado por alguém? Quer dizer... Como um vampiro sabe?
- Hum... E por que você veio falar disso comigo? - Ryoga disse, achando graça, embora não fosse um conselho que realmente precisasse ser de alguém específico. - É por ser meu irmão?
- ... Você é o único vampiro nascido que eu conheço. Meu irmão não saberia dizer.
- E o Ryoma?
- ... Não posso falar com ele sobre isso, se me sinto assim por causa dele. - Riu.
- Então você sabe que está apaixonado, não precisava sequer perguntar pra mim. 
Ryoga sorriu, canteiro. 
- Não, mas... Eu não quero dizer como um humano. - Haruki disse e se sentou na beira da cama, ainda assim numa distância dele. - ... Quero dizer sobre... Akai Ito. Sei que sabe o que significa...
- Eu sei. 
Ryoga disse ao se ajeitar melhor da forma como estava e sentiu os bracinhos envolverem o pescoço, porém deslizarem para baixo de novo, conforme o pequenino se encolhia ao peito. O cobriu, inteiramente, abaixo do cobertor, não precisava mesmo respirar. 
- Basicamente é quando você olhar pra pessoa e pensar "fodeu". Você vai saber. Mas não espere sentir borboletas no estômago, é muito natural, já que é o certo pra você, você vai sentir como se fosse alguém que sempre esteve ali e não como se fosse algo novo o qual você se empolga muito, vai sentir que é uma coisa que já fazia parte da sua vida.
- ... Alguém que sempre esteve ali? - Haruki disse num pequeno sorriso, e lembrou-se de que ele havia dito que pareciam ter feito aquilo várias vezes antes. - ... Ele também sente. - Disse, mais para si mesmo, eufórico e assentiu. - Obrigado! 
Dito, seguiu novamente para a janela e pulou.
- Hum, ok. 
Ryoga disse, mesmo que aquela altura ele já houvesse saído. Aos poucos voltou a se ajeitar, deitou-se e aconchegou o filho. Também conferir o outro, que estava em alguma parte da cama, camuflado como um morcego em sua caverna. Ao sair, Haruki fora diretamente para a casa do outro, subiu para deu andar sem passar pela recepção, estava eufórico e ao tocar sua campainha, esperou, silencioso e tinha até mesmo os cabelos bagunçados pela rápida ida até o local. Ao chegar, Ryoma subiu pelo elevador, quando chegou no corredor viu sua pequena silhueta, não que fosse tão pequena, ele tinha um bom tamanho, era um típico garoto japonês, mas por alguma razão, sua personalidade sempre o fazia parecer menor, como uma criança eufórica. 
- Pois não? - Disse, parado pouco atrás dele.
Haruki virou-se ao vê-lo e um sorriso adornou os lábios, mostrando os dentes e por consequência, as pequenas presas afiadas. Correu para ele e levou os braços ao redor de seu pescoço, selando seus lábios várias vezes. 
- Então é você!
Parado como estava, Ryoma sorriu em saudação. Mas automaticamente abriu os braços conforme o viu se aproximar para o abraço. 
- Teve uma notícia boa?
Haruki sorriu e assentiu, beijando-o no rosto, várias vezes e em seus lábios novamente. 
- Você é minha notícia boa.
- Hum... Que xaveco. - Murmurou, contra seus lábios diante dos vários beijos. - Acabei de jantar. Mas comprei um outro jantar que eu não preciso mas estou afim de comer, você quer?
Haruki assentiu, e finalmente se afastou, percebendo que parecia louco daquele modo. 
- É claro...
Conforme se afastou, Ryoma observou o garoto só então. Com um dos braços o enlaçou e ergueu no colo, levando sem dificuldade, era fácil lidar com ele, não tinha recatos. 
- Mas tem uma prostituta no meu quarto, quer mesmo entrar?
Haruki riu conforme fora erguido do chão e desviou o olhar a ele ao ouvi-lo. 
- É claro, desde que saiba que ela provavelmente será o meu jantar.
- Ela deve ter uns 28 ou 30. 
Ryoma seguiu ao quarto, ia deixar para jantar no restaurante, ia convidá-lo, mas achava mesmo que o próprio apartamento seria muito melhor. 
- Me diz, comprou algo sexual e ficou empolgado pra testar comigo?
Haruki riu e negativou, segurando-se nele como podia, e podia sentir o cheiro da refeição. 
- Não... Eu descobri uma coisa que me deixou feliz.
- Ah é? E tem relação comigo ou fui a pessoa que você pensou ao descobrir algo bom?
Ryoma indagou e abriu passagem, deixando-o pendurado consigo por alguns segundos. Levou-o consigo para dentro, deixando tanto ele quando a comida, sobre o balcão da cozinha e voltou a segura-lo. Haruki riu novamente conforme fora colocado sobre o balcão e o abraçou com as coxas e os braços ao redor de seu pescoço, o observava em seu rosto bonito e deslizou uma das mãos por sua bochecha.
- ... Você é meu Akai Ito, não é? Não existe outra pessoa no mundo que tenha um cheiro tão bom, um gosto tão bom, é que eu goste mais da companhia.
- Sou, é? - Ryoma disse e lhe deu um sorriso canteiro. - É você quem tem de dizer não eu.
Haruki sorriu. 
- ... Eu acho que é. Mas... Isso é tão estranho... Quer dizer, é nosso terceiro encontro, e você é irmão do namorado do meu irmão. - Riu.
O riso soou entre os dentes de Ryoma, era deveras estranho que houvesse sido desse modo que se encontravam, parecia fácil demais. 
- Hum, eu vou pensar sobre isso. - Disse, provocando-o.
- Ah, não seja chato! Sabe que sente o mesmo que eu... No outro dia, me disse que parecia que estávamos juntos há anos, e seu irmão me disse que esse é um dos sentimentos que sentimos. - Haruki disse num sorriso. - Eu... Também me sinto assim.
- Ah você foi procurar conselhos com o meu irmão?  
Ryoma indagou em retruque, não tinha problemas em assumir que se sentia bem com ele, mas queria apenas provoca-lo.
- Mais ou menos. - Haruki sorriu. - Eu queria entender... Sem parecer um idiota.
- Então você foi perguntar sobre akai ito, uh? Por que esteve tão pensativo sobre mim, é?
Haruki sorriu novamente e deslizou uma das mãos pela face dele, acariciando-o. 
- Não consigo parar de pensar em você. Eu vou pra casa e não quero ficar lá, olho o celular e não consigo ver nenhum contato, só o seu... Se eu não estou doente, só pode ser...
- Acho que está dodói. - Ryoma disse e tocou sua orelha, brincando com o brinco que tinha no lóbulo. - Mas pode ficar, eu cuido do seu dodói.
- Acha... Que não é meu Akai Ito?
- Eu estou brincando, é um convite para que fique hoje. Não sei sobre isso, talvez possamos descobrir juntos.
Haruki sorriu e assentiu, arrumando uma mecha dos cabelos dele atrás da orelha. 
- O que tem pra comer? Além de mim, é claro.
- Vamos comer um tailandês. 
Ryoma falava, embora não literal sobre uma pessoa e sua etnia mas sim sobre a refeição. Haruki riu. 
- Ah... É carne de um ou... Comida humana?
- Comida humana. Eu jantei antes do jantar. Mas se você ainda não, posso conseguir um tailandês de verdade.
Haruki riu. 
- Hum... Na verdade, eu aceito só uma taça de vinho com sangue, se você tiver.
- Claro, eu tenho um irmão que gosta muito de jogar seus bons produtos na minha cara e consequentemente em meu apartamento. Tenho com sake também.
Haruki riu. 
- Bom, são bons mesmo. Então, eu aceito o vinho... E o sake depois eu quero tomar em cima de você. Pode ser?
- Em cima de mim, é? Me explique.
- Quero derramar ele em você e lamber.
- Oloco, gatinho. Mas acontece que ele provavelmente derramaria muito.
- Não tem problema, eu lambo bem rapidinho. - Haruki riu.
- Ah, essa eu quero ver.  Mas é claro, vai ter que me obrigar.
- Claro, tem algemas pra isso.
O riso soou entre os dentes do moreno, malicioso.
- E talvez uns cortes feitos pela ponta do chicote nas suas costas gostem de receber um pouco de sake em cima, ah?
- Não sei, talvez eu possa beber pelas costas.
Haruki riu. 
- Hum, não vá ter uma ereção só se imaginar a dor, hein?
- Não não, vou reservar ela pra ficar bem viril na hora.
- Hum, então tá bom. Vamos comer?
- Vamos, você já provou comida tailandesa?
- Nunca, é gostoso?
- É bem gostoso, apimentada.
- Hum! Vamos, vamos!
Ryoma pegou a embalagem, tirando de lá jantar. Abriu a caixa decorada com emblema do restaurante, pediu desculpas ao irmão, num comentário trivial, brincando com o garoto. 
- Carne suína, bastante tempero.
Haruki riu ao vê-lo abrir a embalagem e aspirou o cheiro da comida, parecia uma delícia. 
- Seu irmão vai entender.
- O arroz também, geralmente acompanha todo esse molho da carne. Quer? Quer, hum?
Ryoma disse, provocando-o como a um animal com fome, fazendo sentir o cheiro da comida. 
- Ah, não faz assim, me dá a caixinha!
- Abre a boca.
Haruki abriu, como pedido. Ryoma pegou uma pequena porção de arroz e levou até sua boca, o menor sorriu a aceitar o arroz. 
- Hum... Oishi!
- É por isso que viajar vale a pena, gosto de descobrir coisas novas. 
Ryoma disse e pegou da comida logo após servi-lo, comendo no mesmo lugar. Haruki sorriu e assentiu. 
- Hum... Vai me levar pra Tailândia um dia?
- Hum, vou pensar sobre isso. - Ryoma gostava mesmo de provoca-lo.
- Você é muito ruim, vou roubar sua comida e ir embora hein?
- Vai embora? Você pode levar minha comida, mas meu corpo não.
- Eu te amarro direitinho e levo sim.
- Então não fará nenhum sentido ir embora.
Haruki riu. 
- Bom, posso te trancar no meu quarto. Se bem que a vista daqui é muito melhor.
- Vai precisar estar comigo pra me usar.
Haruki suspirou e sorriu, pegou seu hashi e levou um pedaço de carne para a própria boca.
- O que achou da carne?
- Uma delícia. - Haruki disse num sorriso. - Hum... Nossa, isso arde...
- Vai ficar pior. - Ryoma riu, entre os dentes.
- ... Caralho! Isso parece fogo!
- Coma o arroz, vai amenizar. - Ryoma ria, divertindo-se.
Haruki uniu as sobrancelhas e pegou pouco mais do arroz. 
- Malvado.
- Mas é gostoso - Disse o moreno, e comeu logo após ele.
- Eu sei, e você é malvado.
- Vem papar, vem. 
Ryoma disse e o pegou de volta de cima do balcão. No enlace do braço o levou engatado na cintura, como uma criança no colo. Seguiu para o quarto onde o deixou na cama. Ao deixa-lo lá, tirou tudo o que não fosse roupa de baixo, e então se abaixou, tirando os calçados dele. Se sentia muito clichê, mas aquilo parecia mesmo agradável. Com ele, Haruki seguiu até o quarto e riu baixinho conforme fora colocado na cama, o observou retirar as roupas, e adorava ver o corpo dele, era lindo, era realmente lindo. 
- Você... Nossa você devia ser modelo.
- Você gosta mesmo de me elogiar, ah? Se algum dia eu ficar infeliz, certamente vou tirar as roupas perto de você.
- Isso, faça, eu vou adorar.
- Coma, pirralho. 
Ryoma disse e pegou seu hashi, roubou alguns pedacinhos da carne e devolveu para ele. Haruki riu e assentiu, usando o hashi para comer alguns pedaços de carne e arroz, e retirou a camisa e calça, assim como ele.
- Hum, vai ficar peladinho, vai? 
Ryoma indagou e deu uma beliscada sem força em sua nádega. Seguiu até o outro cômodo, onde buscou o vinho que ele pedia antes. Serviu para ele, ou melhor, sacou a rolha e entregou a garrafa. Haruki sorriu. 
- Gostou? Não sou tão bonitão, mas... - Dito, aceitou o vinho e golou da garrafa mesmo. - Hum...
- Claro que é, delicioso. 
O moreno disse e se abaixou ao lado dele, mordiscou sua coxa macia e se deitou ao lado dele na cama. Haruki riu e gemeu baixinho com a mordida. 
- Hey!
Ryoma pegou da garrafa de vinho, bebeu com ele. Não estava pensando demais sobre a questão mencionada por ele antes, mas achava graça, achava estranho como já tinha cem anos, nunca teve interesse amoroso ou relacionamentos, só queria conhecer o que tivesse oportunidade, ter algum prazer as vezes, mas também nunca se negou a conhecer algo, alguém, melhor, porém, o que não achou em cem anos, achava difícil encontrar em meros 3 encontros, ainda mais um encontro arranjado pelo irmão, mas é, estavam ali agora. Haruki sorriu a ele e buscou a garrafa de vinho que golou novamente e o sabor, era muito bom. Gostava de poder observar ele enquanto comia, naquele clima agradável, era estranho pensar o quão confortável se sentia naquele momento.

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