Fei e Hazuki #52


Hazuki ajeitou os cabelos no coque que vivia desmanchando, e já estava tão comprido que atrapalhava a si. Esticava-se com ambos os pés, pegando da árvore algumas cerejas a colocar na cestinha, quando sentiu algo estranho no chão, parecia se mover abaixo dos pés, estranhamente, uma sensação que já havia sentido uma vez, somente quando bem pequeno, na casa de Katsuragi, naquela ocasião, o tremor havia derrubado parte do telhado e machucado uma senhora que trabalhava na cozinha, não queria pensar que algo assim poderia acontecer com alguém na casa, tinha pouco tempo para pensar. Uniu as sobrancelhas e cessou os passos na mesma hora, observando a própria casa há pouca distância e logo entendeu o que era quando sentiu o chão tremer e ouviu o grito da filha que correu até si. Largou no chão a cesta e agarrou a pequena, correndo para baixo da árvore, sem saber o que fazer.
- Calma... Calma, o papai já vem! - Falou alto a ela e ouviu o barulho de algumas coisas na casa que caíam, provavelmente quadros, vasos, coisas de vidro que haviam sobre as mesas. - Fei! - Gritou, com toda a força que tinha.

Fei dobrou as mangas do quimono, amarrotando-as e ouviu o chamado do moreno, tal como o gritinho fino da pequenina. Tossiu pelo susto, deixando a fumaça engasgada sair da boca após sugá-la da cigarrilha e caminhou para ambos, sentindo o piso trépido, sem firmeza.
- Hazuki!

O menor correu em direção a ele a segurar a mão da filha e encolheu-se em meio aos braços do loiro, fechando os olhos.
- Ai meu Deus...

Fei abraçou-o ao chegar até si, tal como o pequenina. E beijou-o sob sua testa, aonde permaneceu encostado.
- Está tudo bem, já vai passar.

- Mas Fei! Está quebrando tudo! 
Hazuki encolheu-se a ouvir o barulho da casa, que aos poucos cessou junto do chão, nada mais caída dos móveis.
- Nós fazemos tudo de novo, o importante é que vocês estão bem.
O moreno desviou o olhar à casa e notou um pedaço da porta rasgada, uniu as sobrancelhas e sentiu a lágrima escorrer pela face.
- Por que está chorando? - O loiro indagou e limpou a lágrima em seu rosto.
Hazuki negativou e segurou a mãozinha da filha agarrada à perna do pai. Fei pegou a pequenina no colo, beijando-a em sua bochecha corada.
- Acalma a mamãe, Lien. Diga que está tudo bem, não está?

O menor desviou o olhar a ele e assentiu, beijando-o na face.
- Desculpe.
- Medroso. Estou te abraçando, nada vai te pegar aqui.

- Fiquei com medo de perdermos a casa.
- Conseguiríamos outra.
- Desculpe, não foi tão fácil me livrar do Katsuragi pra pensar assim.
- Em compensação, quase perdeu o marido asfixiado com fumaça.
- Ai meu deus... Estava fumando?
- Estava com a minha cigarrilha.
Hazuki uniu as sobrancelhas e abraçou-o.
- Está tudo bem?

- Estou provocando você, morena. - O loiro acariciou-o nos cabelos.
Hazuki sorriu a ele.
- Acho melhor entrarmos e vermos o que caiu e quebrou.

- Vamos, meu docinho está agarradinha no papai. Está com medo?
O moreno observou a filha a assentir e sorriu.
- Mas o papai não está aqui? Por que está com medo?
- A mamãe gritou, achei que você estivesse lá dentro...
- E não foi salvar o papai por que?
- Fiquei com medo...
Hazuki uniu as sobrancelhas e viu a pequenininha iniciar o choro fraco, escondendo a face no ombro do pai.
- Não chore, cerejinha. Papai veio salvar você.
O menor deslizou a mão pelas costas dela.
-Quando isso acontece é porque a casa está precisando de coisas novas. Aí nós compramos coisas novas, então não precisa ter medo.
O moreno viu-a assentir, limpando as lágrimas e sorriu, seguindo com ele para a casa, onde observou alguns vasos e quadros no chão, pegando alguns no caminho, os que não estavam totalmente quebrados.
- Viu? Tudo o que quebrou precisava ser trocado. Vamos escolher alguns novos, não é, mamãe?
- Vamos sim... Nós... Nós temos dinheiro... Não temos?
- Parecemos não ter?
- Iie...
- Sabe que estamos bem agora. Ou ainda não se deu conta disso?
- Eu sei, mas... Vivi a vida toda sendo pobre.
- Não é mais.
- Desculpe... Hey meu amor, porque não deixa a mamãe e o papai tomarem um banho e logo estaremos com você no quarto, hum? - Observou a filha, que assentiu e sorriu a ela.
- Quer algumas cerejinhas em calda? Mamãe fez mais cedo, não fez?
- Estava indo fazer mais.
- Papai vai pegar e você vê desenhos com as cerejinhas, hum?
Fei disse a pequenina e entregou-a aos braços do outro. Hazuki s
egurou a filha e sorriu a ele, levando a pequena até a cozinha onde pegou um potinho no armário com algumas cerejas para ela. Fei observou-o se afastar com a pequena e esperou ali mesmo. Hazuki voltou logo, deixando a filha no quarto e sorriu a ele.
- Pronto?
- Pronto. Está brincando.
- Agora você pode fazer o que precisa comigo.
Hazuki sorriu e abraçou-o, selando-lhe os lábios.
- Quero um banho.

- Mentiroso, quer me ver sem roupas.
Hazuki riu.
- Quero.

- Se acalmou? - O maior sorriu.
- Sim...
Fei selou seus lábios e o menor retribuiu.

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