Kyo e Shinya #32


Shinya estava atento o ensaio inteiro dessa vez, mesmo que algumas vezes desviasse o olhar ao vocalista a frente, tentava se concentrar na musica. Assim que todos saíram, permaneceu um tempo conversando com Toshiya do lado de fora, esperava que Kyo ainda estivesse na sala, mas ao voltar a mesma notou que estava vazia. Olhou a bateria e desviou o olhar ao piano ao fundo, abriu um pequeno sorriso nos lábios e caminhou até o local, sentando-se. As mãos tremulas acertavam algumas teclas com calma e delicadeza, voltando ao mesmo trecho da música cada vez que cometia um erro.

- Você toca mal, desista...
Disse o vocalista, colocava a mochila sob um dos ombros enquanto caminhava até a saída, dirigindo-se ao exterior do estúdio, queria chegar em casa, como sempre, dormir, dormir e dormir, ou talvez um café, mas definitivamente queria estar em casa. Com os passos apressados deixou o prédio extenso, e seguia até a própria casa, às vezes observando ao redor, mas sempre tornava a baixar a face e fitar os próprios passos objetivos.

O baterista virou-se ao ouvir a voz dele, logo após observando as próprias mãos.
- Hum... - Levantou-se e fitou a saída da sala. - Kyo!
Ao notar que o outro já havia saído, pegou a mochila ao lado da bateria e apressou os passos para fora do estúdio em direção a casa dele, avistou o menor antes que entrasse e sorriu, correndo até ele.
- Kyo! Espera. - Colocou-se em frente a ele, retomando o fôlego e logo o fitou. - Está fugindo de mim, hum?

Kyo cessou o passo assim que o corpo alheio fora posto em frente o próprio. Os olhos tendo em vista os lábios do mais novo devido a falta de altura, diferença entre eles. Aos poucos analisou todos os mínimos detalhes faciais do baterista até fitar-lhe os olhos.
- Teria motivos? - A voz aguda, rouca, soou baixo no entanto audível, rústica.

Shinya fitou os olhos dele, mantendo-se em silêncio por alguns segundos, aproximou-se do outro e uma das mãos foi ao rosto do menor, acariciando-o, quase colando os lábios aos dele, sorriu e selou-lhe os lábios.
- Não tem, o único motivo é que eu sou insuportável. - Riu.

- Honesto. - Disse o menor de encontro aos lábios fartos do outro. -  Podemos ir ou vai ficar com essa exposição de afeto no meio da rua? - Encarava-o, fitando-lhe os olhos ainda próximos.
 O maior selou os lábios dele novamente.
- Estou gostando da "exposição de afeto", mas vamos entrar, está frio.

Kyo desvencilhou-se da proximidade imposta por Shinya, desviando do local onde o mais alto se encontrava imóvel, e os mesmos passos objetivos o guiara para casa, onde após tê-la aberto, adentrou-a, deixando a porta aberta para o rapaz que certamente entraria. A mochila fora deixada sob o móvel no centro da sala. Caminhou para a cozinha enquanto as mãos na barra da camiseta a desprovia do corpo, deixando-a no encosto numa das cadeiras do cômodo. O café fora servido pela empregada logo que se fez na cozinha, fitou a moça com os olhos gentis, no entanto o olhar direcionado a mesma não fora tão dócil quanto ao que esta direcionava a si. Tomou uma pequena quantidade do café quente, impossibilitado de tomá-lo devido o grau de temperatura e enquanto espera que este esfriasse pouco, fora à sala onde se sentou num dos sofás e as pernas cruzadas foram apoiadas na mesa de centro.
Shinya riu baixo e virou-se, adentrando a casa e deixando a mochila ao lado do sofá, cumprimentou a moça com um sorriso nos lábios e sentou-se ao lado do outro, olhando os próprios pés por alguns segundos e logo depois olhando o menor, arrepiando-se pelo frio.
- Que horror Kyo, eu estou morrendo de frio e você sem camisa.

Kyo virou-se minimamente a fitá-lo assim que ouvira o dito por ele, primeiro o corpo alheio sentado ao lado, coberto pelo tecido grosso do casaco, para no final fitar-lhe os olhos.
- Está com febre. - Voltou a atenção ao café, tomando-o, após, encostou a nuca no encosto do estofado, cerrando as pálpebras. - Não sei para que esses ensaios inúteis.

O maior não conseguia dizer nada diante do olhar do outro nos próprios olhos e muito menos os desviar dos olhos dele, suspirou e assim que ele voltou a tomar o café respondeu.
- Não, está frio mesmo. Eu gosto dos ensaios. Como vamos chegar em algum lugar pra tocar sem que tenhamos ensaiado antes?

- Hum. - Kyo manteve os olhos fechados, enquanto dizia baixo, porém audível ao mais novo. - Gosto de espontaneidade, não de algo superficial, quero chegar despreparado e fazer o meu show, não preciso desses ensaios, são inúteis, como já disse.
Shinya sorriu ao ouvi-lo, sabia que ele podia estar falando besteira, mas não diria a ele. Aproximou-se do outro, uma das mãos acariciando-lhe o rosto como anteriormente.
- Tem razão.

- É, eu sei. - Kyo descerrou as pálpebras, virando novamente o rosto em proporção minima suficiente para fitá-lo. - Está carente por acaso ?
Shinya recolheu a mão, rindo baixo e se encolhendo no sofá.
- Estou. 

- Ah, realmente!
O menor tornou a se por de modo como estava após tomar pequena quantidade do café e deixá-lo sobre a mesa de centro onde apoiava as pernas. Suspirou. Shinya a
proximou-se mais do outro, o abraçando.
- Posso ficar assim amor? Você está quentinho... - Murmurou.

- À vontade. - Murmuriou.
- Acha mesmo que eu sou terrivel tocando piano?
- Não comece. - Kyo falou em mesmo tom que o anterior.
- Mas eu não fiz nada. 
- Hum... 
O maior passou uma das mãos pelo abdômen do outro, a mão fria tocando a pele quente, contornou o tigre tatuado e beijou o tórax dele, deitando-se no sofá e deixando a cabeça sobre o colo do menor.
Kyo sentiu o toque na pele, o delinear feito pela tatuagem com um dos dedos dele. O lábio com o pequeno beijo. Abriu os olhos assim que ouvira os movimentos alheios, o assistindo se deitar sob as próprias pernas, fitou-o por alguns instantes, e tornou a fechar os olhos em seguida.
- Acho que estou um pouco carente mesmo... Estou com saudade de quando passava dias aqui com você, de todo dia dormir do seu lado e ao acordar poder ver o seu rosto. Me faz falta o cheiro de cigarro e café e o jeito como dava apelidos pra me irritar o tempo todo. - Beijou-lhe o abdômen.
- Não me diga coisas assim, Terachi, não posso lhe dizer nada em retorno e isso me incomoda.
O maior continuou como estava, o rosto de frente ao abdômen do outro, permaneceu em silêncio e apenas fechou os olhos. O menor tornou a abrir os olhos, abaixando o olhar para assim fitar o rosto alheio repousado sob as pernas. Uma das mãos fora aos cabelos louros do outro, tirando-os da bochecha, da face, jogando-os para trás. Fitou por breves segundos e tornou a fechar os olhos, os braços cruzados atrás da nuca, a apoiando conjunto o encosto do sofá. Shinya repousou a face por ali, ponderava algumas coisas, tentando entender porque ele era tão frio consigo, mas chegou a conclusão que não poderia mesmo dizer. Preferiu somente estar com ele, em silêncio. 

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