Keisuke e Miruko #5


O suspiro deixou os lábios de Miruko, estava saindo da sala, estava sozinho, ainda meio que evitava ele, não de propósito, mas porque estava confuso com os próprios sentimentos. Se sentia meio dolorido ainda pelo sexo, fazia dois dias apenas afinal. Ao sair, juntou os materiais e os livros que tinha sobre a mesa, seguindo pelo corredor, porém cessou antes de chegar a lanchonete ao sentir o garoto que passou, batendo contra o próprio ombro e derrubou os livros no chão. 

- Opa, desculpa, quatro olhos.
Desviou o olhar a ele e negativou, abaixando-se e pegou os materiais, vendo alguns lápis espalhados.
Keisuke visualizou o horário no celular que tirou do bolso, já era o fim de sua aula extra curricular. Iria tentar chama-lo para ver aquele filme que devia, não tinha planos para noite e novamente ele estava com frescura, sabia que era tímido, mas não tinha como evitar seu colega de quarto e ainda seu melhor amigo. Os lápis ruíram ao rolar pelo piso liso do corretor, de onde estava fitou o aluno de cabeça erguida e olhos baixos para encara-lo na diferença de altura. 
- Vai pegar os lápis dele.
O garoto era definitivamente maior do que Miruko, evitava geralmente brigas com ele devido a esse fato, mas era quase do mesmo tamanho do amigo e ninguém gostava muito de mexer com ele. 
- Ah vai se foder cara, são só alguns lápis.
- E isso aqui é só uma mão, mas não vai ser só uma mão se você não pegar os lápis. 
Keisuke dizia e gesticulava a dar altura para o punho, que mostrava a ele ao menciona-lo.
- Hum, então deve ser verdade o que o Taku falou, que você tem uma nova namorada. Está defendendo ela.
O maior cerrou os dentes e quando se deu conta ou ele o fez, já estava com a mão entre seu pescoço e mandíbula, segurando sob os dedos firmes e a parede em suas costas. 
- Ele não é uma mulher. Então você não vai pegar, ah? Miru, me empresta um dos seus lápis. - Disse e a mão livre estendeu ao moreno, esperando pelo lápis.
Miruko desviou o olhar aos garotos a pouca distância de si, não havia ouvido de fato a conversa, mas havia se assustado conforme o viu erguer o garoto. 
- Kei! Não, não faça isso, deixa pra lá. Vai dar merda.
- Vai dar sim. Por que não derruba os meus lápis? Dá essa porra de lápis, Miruko. Vou derrubar na garganta dele.
- Não, não vai derrubar, Kei. Eu estou bem, tá tudo bem, já peguei os lápis... Está tudo bem.
- Escuta sua namorada, Kei...
- Cara... Cara... 
Keisuke disse e até tentou extravasar ao desviar o olhar, mas era impossível. 
- Você é masoquista? Talvez você queira ser a minha mulherzinha, é isso? Seu filho da puta. 
Disse e claro, incapaz de extravasar como tentou, acabou acertando seu rosto e consequentemente iria para a direção.
- Kei! 
Miruko gritou, segurando-o pelo braço, ou tentando, e fora tarde demais, ouviu o soco seco no rosto do outro e viu o sangue escorrer pelo nariz dele. Só então conseguira puxar o amigo. 
- Porra! 
- Seu filho da puta! Você está fodido!
- Vem foder então, seu otário. Vem cá. - Respondeu Keisuke.
Disse enquanto sentia o amigo em sua busca de conter a situação e claro, ainda que fosse impulsivo, tocou seu ombro e calmamente o passou para o lado. 
- Miru, está atrapalhando a mina de vir brigar comigo.
Miruko desviou o olhar a ele, unindo as sobrancelhas. 
- Estou atrapalhando sua expulsão, seu idiota.
Disse a ele e o outro garoto negativou, segurando o nariz e correu em direção a porta, certamente iria para a diretoria. Voltou-se a ele e segurou seu rosto entre os dedos, com ambas as mãos.
- Calma. Tem que... Tem que se acalmar, está tudo bem. Como se eu não sofresse bullying desde pequeno.

Keisuke virou-se a ele, sentindo os lábios se separarem diante da forma como as bochechas foram amarrotadas por suas mãos. Claro, era uma careta de brincadeira, não estava apertado. Tocou suas mãos e tirou-as da face. 
- Não é só porque isso sempre aconteceu que você precisa se acostumar com a ideia ou achar normal. Sempre bati neles e vou bater se te encherem o saco.
Miruko sorriu a ele conforme viu sua careta e negativou ao ouvi-lo, o achava absurdo, mas era fofo. Aproximou-se rapidamente e selou-lhe os lábios, um selo rápido em agradecimento.
- E só acontecia porque eu não estava lá. - Disse, porém sentiu seu beijo superficial, foi pego de surpresa.
O menor sorriu a ele meio de canto e ajeitou-se, assim como os materiais nos braços. 
- Obrigado.
Keisuke fitou-o por um instante, não era aquela a primeira vez que defendia ele de alguma coisa, mas receber aquele agradecimento era. 
- Você vai me defender quando eu estiver na diretoria? Diga que ele te provocou. Sei que vou acabar levando suspensão, mas não importa.
- É claro que eu vou. Como sempre. E bem... Ficarei no quarto com você quando estiver em suspensão.
- Você está bem? - O maior indagou um pouco confuso.
- Estou. Por quê?
- Nada. Vamos sair hoje já que agora não está me evitando?
Miruko sorriu meio de canto e assentiu. 
- Tá, por que não?
- Eu quem pergunto.
- Eu não recusei, então já é um começo. Só preciso guardar os livros no meu armário.
- Ok. 
Keisuke disse e seguiu com ele o caminho até os armários onde depositaria seus materiais. 
- Miru, não precisa ficar com vergonha do que fizemos e tal. Você é meu melhor amigo e não quero que aja diferente.
Miruko seguiu junto dele até o armário, em silêncio e por fim guardou os livros e os lápis. Desviou o olhar a ele e arqueou uma das sobrancelhas. 
- Hum? Eu sei... Não se preocupe, eu só fiquei meio... Só agi feito um idiota esses dias, eu já estou de boa.
- Okay. - O maior sorriu lateral. - Então vamos antes que alguém me chame.
- Hai, vamos sim. Parece que todo mundo está com vontade de dizer que sou sua namorada, não? - Riu. - Que porra?
- O Taku fala zoando mesmo. Mas esse otário falou achando que tinha intimidade suficiente pra provocar. Talvez esteja esperançoso, deve pensar que se eu estivesse te namorando não ia pegar a mina que ele gosta. - Keisuke deu-lhe uma piscadela.
O menor ouviu-o silencioso e por fim deu um sorrisinho a negativar. 
- Bom, é a segunda vez que ele derruba minhas coisas, espero que ele não faça mais.
- Se fizer você me fala, certo? Qualquer um que fizer isso, hum? - Disse, firme.
- Não quero que você seja expulso, Kei.
- Não vou ser, Miru. Sempre fiz isso.
- Iie, não quero você metido em problemas.
- É pra me falar, ninguém mandou você arrumar um amigo bagunceiro.
Miruko riu e assentiu. 
- Tá vai, tá bom. Cinema?
- Cinema.
- Okay. É melhor que tenham assentos confortáveis.
- Claro, não vamos assistir filme num trem. Mas... Ainda dói?
O menor riu e negativou. 
- Um pouco.
- Vou comprar remédio, hum? Relaxante muscular deve servir?
- Eh? Não, não precisa disso. - Disse o menor e pigarreou.
- Vamos passar na farmácia antes.
- Kei, eu não sou uma garota, não precisa me tratar como uma.
- Eu não compraria analgésico pra uma garota, ainda mais que geralmente as mulheres fazem na frente.
Miruko desviou o olhar, um pouco tímido e ajeitou os óculos sobre os olhos. Sob seu gesto, Keisuke aproveitou para perceber seu adorno visual. 
- Uh. - Ruiu em um riso nasal, um sopro sem voz. - Vamos.
O menor desviou o olhar a ele e assentiu, vestindo o próprio casaco antes de fechar o armário. 
- Agora podemos ir.
- Bora. 
Disse o maior após pegar o necessário no armário. Aquela altura já podia ouvir passos firmes enquanto a inspetora seguia a direção. Tomou a mão do amigo e o puxou rapidamente em direção a saída ou qualquer lado que pudesse livrar a si daquela mulher.
- Qual filme você quer ver? - Falou num sorriso, distraído e por fim fora puxado, quase caiu e perdeu o óculos, mas correu junto dele. - Kei!
- Sh... - Disse o loiro ao se encostar com ele na lateral do montante de armários de alunos. - Soraka-san está vindo.
- ... Será que ele contou a ela? - Murmurou a ele.
- É claro. E Soraka vem direto. Ela é meio afim do meu pai, então toda vez que vou pra lá ela me da bronca como se fosse minha mãe. Se foder.  - Keisuke disse a ele e baixo, mas perto de seu rosto.
- ... meio afim do seu pai? Mas que porra... - Disse o menor e virou-se, quase o beijando por acidente.
- É, sabe que meu pai é solteiro. - Disse o loiro e regrediu levemente diante da proximidade da face. - Foi mal. - Disse e desviou a fim de observar a proximidade da mulher.
Miruko uniu as sobrancelhas e riu baixinho.
- Ah é, seu pai é um puta de um pegador também.
- Se fosse assim ele ia pegar ela. Mas o nome disso é que não sou expulso, sabe qual é.
- Ah sei, imunidade. - Riu e negativou.
O maior sorriu-lhe com os dentes a mostra. Aproveitou para ajeitar seu óculos sobre a ponte nasal. 
- Gosto deles. - Falou baixo.
Miruko desviou o olhar a ele, meio de canto e sorriu. 
- Por quê?
- Fica bem. Você parece tão sério e estudioso.
Keisuke sorriu e se abaixou, deu um breve selo gentil em seus lábios, quando casualmente, nem se deu conta disso. O menor s
entiu o toque sutil sobre os lábios, assim como havia feito com ele e a face se corou quase imediatamente. Ergueu uma das mãos e bagunçou os próprios cabelos. 
- Ah... Okay.
Sob o rubor de seu rosto, o loiro percebeu que havia feito nele o mesmo que ele para si. Sorriu e desviou a atenção para ver se estavam sozinhos e quando enfim partira a inspetora, só então retomou caminho, livrando-o do aperto de proximidade. 
- Está vermelhinho, nós já transamos, sabe?
Miruko suspirou e saiu do local junto dele, ajeitando mais uma vez, os óculos sobre os olhos. 
- Eh? Eu sei, palhaço... N-Não me beije tão de repente.
- Hum, e você me beijou de repente também.
- É, eu... Acho que sim.
- Então, por que a diferença? 
Keisuke disse embora não estivesse realmente buscando a continuidade do assunto. Seguiu com ele após sair do colégio, não muito longe, após pegar o metrô, desembarcaram logo na estação seguinte. 
- Suspense hoje ah?
- Sei lá... É diferente. 
Disse o menor a ele e seguiu em conjunto, silencioso no caminho, claro, vez ou outra conversava algo aleatório com ele, e sentava-se lado a porta.
- Claro, suspense.
- Vai dormir nos pés da minha cama se ficar com medo depois.
- Nem fodendo. - Riu.
- Então pode dormir do lado.
Miruko riu e negativou. 
- Quer que eu durma na sua caminha, é?
- Como se não tivesse dormido comigo depois que assistiu filme de terror e ficou com medo do banheiro.
O menor uniu as sobrancelhas. 
- Cara, eu já durmo com você todos os dias, qual a diferença de dormir na minha cama ou na sua, porra? Não é por medo!
- Uhum.
- Ah, vai se foder.
- Vai você.
- Já me fodi na sexta.
Keisuke arqueou a sobrancelha, achando o comentário estranho. Ele era mesmo indeciso. O menor riu.
- O que?

- Uma hora está corando por um beijinho e outra está falando de foder. Vai entender. Você é meio louco.
- Ora, só estou brincando.
- Claro que está. Além do mais, você não se fodeu.
- Hum, é, tem razão.
Keisuke pagou pelas entradas do cinema e logo se dirigiu para a sala indicada. Escolheu os bancos de par na lateral, ignorando o fato de que era opção de casal.
- Ah... Vai mesmo querer sentar aí? Se alguém da escola passa, aí sim vou ser sua namorada pra sempre mesmo.
- Nunca ligamos pra isso, não precisa agir suspeito só porque nós transamos. Além do mais, nesse escuro quem vai ver?
- Você gosta de falar que transamos.
- Não é num fetiche, mas sim porque depois disso você ficou com frescura.
- Não fiquei com frescura, porra. Eu só... Sei lá. É esquisito.
- É só não fazer mais. - Disse o maior, tentando simplificar a situação.
- E quem disse que... Que... Quer pipoca?
- Vou buscar. Prefere outra coisa? - Disse o loiro sem dar atenção a mudança de assunto.
- ... Não. Estou bem, tenho balas na bolsa.
- Ah, comprei os doces de gelatina.
- Eu também. - Riu.
- Bom, então temos a pipoca.
O maior se acomodou com ele nos assentos selecionados. Fuçou na bolsa durante os trailers, facilitando as escolhas dos doces. Miruko a
ssentiu e riu novamente, retirando da bolsa o saquinho de amorinhas que ele gostava.
- Tem mais das pretas.
- Hum...
Keisuke abriu o pacote e pegou uma delas, levou até a boca e a segunda ainda na mão sugeriu para ele. O moreno a
ceitou o doce e sorriu a ele, meio de canto. 
- Oishi.
- Comprei esses aqui que você gosta e quase nunca acha.
O maior disse e deu a ele o pacote com os doces de formato redondo e levemente achatado. Miruko s
orriu a ele, observando-o e uniu as sobrancelhas.
- Obrigado, mas é caro, não precisa comprar pra mim.

- Podia parar no obrigado. Não é caro. Coma tudo.
- Hai. Sorriu e pegou um dos marshmallows, levando até a boca. 
Desse modo, o maior se ajeitou no assento do modo mais desleixado ou confortável possível, que era a mesma coisa. Via passar o filme e não era ruim, na verdade estava gostando e ele também parecia empolgado.
Miruko ajeitou-se assim como ele, embora não tão desleixado e ainda comia os pequenos marshmallows. Ao apoiar a mão sobre o descanso de braços, o loiro sentiu o impasse do seu, mas aproveitou para importunar, fingindo não perceber que estava ali.
- Caralho. - O menor falou a ele e estreitou os olhos.
Keisuke fitou-o de soslaio e sorriu com os dentes a mostra. Segurou sua mão. Miruko uniu as sobrancelhas ao senti-lo segurar a própria mão e pensou em brigar com ele, mas estava bom daquele modo, então se aconchegou a o ombro do amigo, em silêncio.
O maior descansou a cabeça contra a sua, uma vez que sua face junto ao próprio ombro. Estavam um pouco próximos demais, mas bem, não se importava.

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