Thor e Loki #16


Loki deu algumas voltas pela sala, estava inquieto, observando o local cheio e deslizou a mão pelos cabelos agora no lugar com o fixador, jogados para trás como de costume. Sentou-se no sofá e observou as próprias roupas, ajeitando a camiseta e sobressaltou-se ao ouvir o barulho da porta do quarto.
- Thor?

Thor abriu a porta do quarto, observando o irmão e suas roupas acima da cama. Seu cabelo, que a algum tempo não via daquela forma.
- O que houve?

- Você não sabe que dia é hoje? - Estreitou os olhos. - Mas que irresponsabilidade. Hoje acaba nosso exílio na terra.
- Você mesmo dizia, não tem como estarmos de volta quando quase tivemos uma vida de marido e mulher aqui embaixo. Mas de qualquer forma, vou me vestir.
- Não é opcional, Thor. Odin deixou uma data, se não voltarmos, ele manda buscar a gente com algemas. Eu já estou acostumado, mas você...
- Não disse que é uma opção não ir. Sinto falta do reino.
Dito, o loiro voltara minutos após vestir as roupas habituais, sendo trabalhado o aço que adornava os braços e denotava cada músculo na peça que se ajustava perfeitamente ao corpo robusto. O cabelo estava ainda parcialmente preso, e não tivera qualquer pelo sobre o rosto, de forma não habitual.

- É, logo você volta pra glória habitual e eu volto pra sua sombra. - Loki falou baixo e suspirou, ajeitando as roupas no lugar e olhou o relógio pendurado na sala. - Se apresse.
- Estou pronto, dessa forma. Quanta inveja tem em si, meu irmão?
- Suficiente para destruir o mundo todo. - O moreno levantou-se e seguiu para fora de casa. - Vamos?
- Esse é seu único defeito. - Retrucou ao moreno.
Loki virou-se a observá-lo e abriu um pequeno sorriso, puxando-o para si antes que pudesse sair e lhe selou os lábios, um selo demorado e logo afastou-se devagar. Thor fez-se contra ele a medida em que puxado inesperadamente, e retribuiu o aperto entre lábios, num beijo superficial e ainda firme. No cesso, observou-o de perto, um instante antes de que logo não mais estivessem ali, na casa onde feito dois humanos passara a conviver e sim no reino que a muito não via.
O moreno viu as estrelas que passaram diante dos olhos, na passagem que abria agora o reino onde havia crescido, Asgard e observou-o, assim como o guardião ali parado.
- Pelo menos foi discreto e não me abraçou. - Murmurou ao outro, próximo de si.

- Thor, seu pai aguarda a presença de vocês.
O moreno assentiu e seguiu junto do outro para fora do local.
- Por quê? Gostaria que o tivesse feito?
Thor retrucou ao irmão, num murmuro tão sutil quanto o dele e notou o homem que prontamente aguardava na entrada, dirigindo a si a palavra e as ordens do pai. O qual assentindo a ordem, tão logo marchou ao salão, ao trono do ancião e de lá, a seus aposentos, visto que sua ausência.

Loki seguiu-o em silencio pelo local, sem fazer algum comentário maldoso ou divertido como tinha costume, sabia que tudo ia pesar sobre si. Seguiu em direção ao trono do pai e ficou diante dele, observando-o.
- Voltamos. - Sorriu.

- Eu já percebi. - Disse Odin a se levantar. - Eu deveria dizer que estou muito feliz com o progresso de vocês, afinal, não estão mais brigando. Mas o que eu vi durante a estada de vocês na terra, foi somente desonra para o nosso povo!
- Ora, o senhor diz que não quer mais que briguemos e quando o fazemos acha ruim?
- Silêncio, Loki!
- Isso não é um problema, meu pai. Desde que somente seus olhos foram capazes de saber o que ocorreu e isso foi fora de Asgard. - Thor ousou retrucar.
- Como ousa dizer isso? Você... Que tinha uma moça tão bela como pretendente, mesmo que fosse uma mortal, quando vi seus atos com seu irmão, não acreditei no que vi!
Loki arqueou uma das sobrancelhas.
- As pessoas mudam.

- Mudam... Isso pra mim parecia bruxaria sua, Loki!
- Como eu poderia? Tirou os meus poderes, mas não os de Thor.
- Ele não é tão traiçoeiro quanto você, o mataria quando estivesse dormindo se pudesse.
- No inicio sim... Meu... Pai. Não fiz bruxaria alguma em Thor.
- Mentiroso, vou mandar arrancar a sua língua por isso, Loki!
O loiro ouvira os protestos do pai, e ainda que seu descontentamento fosse em demasia evidente, não havia se arrependido, embora desejasse o perdão do ancião como pai, não sentia em nada que tal gesto havia sido errado ou alvo de tanto asco. Ou mesmo algo com que os demais devessem se preocupar, senão a si e o próprio irmão. Cerrou os dentes, e denotou a tensão suave sob a linha do maxilar diante do comentário de Loki, incômodo, embora houvesse usado o passado em sua referência, sentia que talvez a inveja do irmão fosse de fato maior que seu próprio amor.
- Pai, Loki é também seu filho. Embora sua língua seja afiada, não merece tal punição.

O moreno desviou o olhar ao irmão ao lado de si, permanecendo em silêncio por alguns instantes.
- Isso seria muito leve para alguém como você, Loki. Vocês dois serão punidos.
Loki desviou o olhar ao ancião a frente, arregalando os olhos.
- Você deverá achar uma mulher que te dê filhos e futuros herdeiros do trono, Thor! Você me decepcionou.
- A humana não daria filhos a ele de qualquer maneira! Uma mortal não poderia viver aqui!
- Silêncio, Loki.
- Eu posso dar filhos a ele! O senhor sabe que eu posso!
- Nunca ouvi tamanha bobagem! Isso é impossível.
O moreno uniu as sobrancelhas.
- Guardas!
- Não! ... Fui eu. Eu enfeiticei Thor. A culpa é toda minha. - Disse o moreno.
Thor surpreendeu-se com o irmão e embora não houvesse demonstrado, fitou-o perante a disposição em que se colocou sobre um herdeiro, afinal, sequer imaginaria tal possibilidade vinda dele. Fitou-o e logo voltou-se ao pai.
- Embora sempre tenha mentido com tanta exatidão, Loki, falhou desta vez. Sou adulto o suficiente para saber que seus sentimentos de adolescente eram diferentes dos de agora, ainda que sua inveja sobressaísse, ainda não tinha sentimentos suficientes pra lançar algum feitiço, e desde então, desde aquela época, foi sempre dessa forma que o vi, como eu vejo hoje. Me perdoe, meu pai. - Retratou-se, ainda que não sentisse remorso algum.

O moreno desviou o olhar ao irmão e estreitou os olhos.
- Não seja idiota, Thor! - Virou-se e aproximou-se do outro, empurrando-o. - Cale a boca! Quer passar a vida toda numa masmorra?! Idiota.

- Já chega! - Odin falou aos guardas e indicou Loki com uma das mãos.
Loki uniu as sobrancelhas a observar o irmão e sentiu os guardas que puxaram as próprias mãos, prendendo-as nas costas.
- Levem-no para as masmorras! Quanto a você, Thor, ficará aqui e governará o reino como você deveria ter feito! Está proibido de descer para visitar Loki.
- Por quanto tempo?! - Disse o menor.
- Quanto tempo eu julgar necessário!
- Thor... - Disse o moreno a desviar o olhar ao irmão.
Embora silencioso, o suspiro do loiro que deu foi pesado. Voltou-se ao irmão e notou o gesto que passou a ser habitual em seu rosto, as sobrancelhas franzidas e próximas. Impôs-se ao homem cujo às costas do irmão, e não muito precisou para que o lançasse pelo chão ao outro lado do salão.
- Governarei meu reino, desde que Loki esteja vivendo como sempre esteve. Como um irmão e como seu filho, meu pai. E minha palavra eu dou a você, que não chegarei até ele de outra forma senão essa.

- Thor... Não me desafie, eu já me decidi sobre Loki e não mudarei de ideia! Ele, que tanto quis roubar o seu trono, está querendo se juntar a ele nas masmorras?
- Claro que não. - Loki virou-se em direção ao ancião ali. - Thor está confuso, é claro que não iria querer isso.
- Fique quieto, Loki, não fale por mim. É também uma desonra um pai que assim faz com seu filho.
Thor ousou novamente retrucá-lo, no entanto assentiu e notou novamente o irmão ser tomado pela guarda do reino.
Loki a
rregalou os olhos a observar o outro e sentiu o guarda novamente tomar a si, guiando para a prisão no andar de baixo e abaixou a cabeça, seguindo junto dele, não tinha coragem de dizer mais nada após ouvi-lo.
- Nada fiz com o meu filho, Thor. Loki merece o que ganha, cada movimento que faz trás desgraça a nosso reino! Vá para seus aposentos imediatamente!
O loiro pendeu-se ao pai como reverência e voltou-se ao irmão, sibilou algo a ele, somente com o gesto dos lábios, ainda que não soasse nenhuma voz e seguiu pelo lugar em direção ao próprio leito, onde a muito não descansava. O moreno observou-o antes de descer as escadas e nada disse, voltando-se ao guarda atrás de si.
- Não precisa apertar tanto as algemas, não vou a lugar nenhum.
- Dentro de sua cela certamente não irá, senhor.
Loki abrtiu um pequeno sorriso irônico e sentiu as algemas a serem retiradas dos próprios pulsos, adentrando o quarto pequeno onde havia apenas a cama, uma pequena mesa de centro junto a duas cadeiras e alguns livros. Suspirou e observou o guarda que se retirava do local, ativando o campo em frente a própria cela que reteria a si em qualquer tentativa de escapar. Caminhou em direção a cama e sentou-se, de costas para o vidro, um longo suspiro deixou os lábios.

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