Yuuki e Kazuto #51


Kazuto adentrou a cozinha com passos calmos, observando a mulher que trabalhava no jantar e por alguns segundos hesitou em perguntar algo a ela. Suspirou a tomar coragem e deu um passo a frente.
- Kazumi!

- Hum? Ah, lembrou meu nome.
- Você... Por acaso conhece algum médico que cuide de vampiros?
- Por quê? Ainda sentindo aqueles enjoos?
- Hai...
- Pergunte ao Yuuki, ele deve saber.
-Iie... Quero fazer isso sozinho, ele não se importaria de qualquer modo.
- Bem...
A moça virou-se a pegar um papel e uma caneta sobre o balcão e anotou o endereço no pequeno papel, entregando a si.

- Obrigado. Ah... Já sabe né?
- Já, não vou contar. Tchau, pirralhinho.
- Tchau, monstro.
Kazuto observou o papel a ler o endereço indicado e logo se dirigiu para a saída de casa, chamando um táxi que guiasse a si, já que notava a rua já escura, com a pouca luz do dia que aos poucos ia embora. Saiu do carro em frente a uma casa pouco antiga e bonita, caminhando em direção a mesma e tocou a campainha, aguardando até ver o rapaz atender a porta.

- Oi, eu sou...
- A Kazumi ligou. 
Kazuto sorriu, desajeitado e o maior deu espaço a si para adentrar o local. Caminhou em direção a cadeira que o outro indicou a si e sentou-se, embora um pouco amedrontado por estar fazendo isso sozinho, geralmente teria a supervisão do outro e sabia que facilmente algum vampiro mais velho poderia matar a si.
- Então... 
-Ah, sim... Bem, eu ando sentindo enjoos quando acordo, e com perfumes de algumas coisas... Mas acho que é porque eu ando comendo demais esses dias, talvez tenha me causado isso... Não sei, não conheço direito o corpo que tenho... Não sou vampiro desde que nasci.
- Hai... Hum, levante-se.
Kazuto levantou-se, observando o outro.
- Disse que tem sentido enjoos e come demais? Isso é sintoma de gravidez.
- Ahn? Desculpe, doutor, g-gravidez?
O médico assentiu.

- A quanto tempo vem sentindo isso?
- Faz um bom tempo...
- Tem engordado?
- Hai... Mas eu... Eu como demais, eu já disse.
- Deixe-me ver sua barriga.
- Iie
- Assim não posso ajudar você, hum.
- ...
Kazuto suspirou a ponderar o que o outro disse e ergueu a camisa, mostrando o abdômen pouco crescido a ele, quase imperceptível e ouviu o riso do maior.

- Deite-se, vou fazer um exame. 
- ... Hai. Do que está rindo?
- Nada.
O médico deitou-se na mesa a ajeitar-se, observando o doutor e uniu as sobrancelhas ao vê-lo despejar o gel quente no próprio abdômen.
- Isso é... Eu já disse que não estou esperando um bebê.
O aparelho aos poucos foi mostrando as imagens na tela e o rapaz apontou com uma das mãos.
- Ainda é bem pequeno... Deve estar com poucas semanas, eu diria dois ou três meses para a sua barriga estar assim.
- Iie... O que é isso? Está mentindo pra mim?
- Não, é o seu bebê. Olhe.
O médico apontou o monitor e Kazuto desviou o olhar ao local, as lágrimas escorreram pela face e segurou a mão do rapaz quase inconscientemente.

- Pare... Eu quero ir embora. 
- Não quer vê-lo?
- Não... - O menor se levantou a ajeitar a camisa. - Q-Quanto eu devo ao senhor?
- Iie... Pode ir. - O médico abriu um sorriso nos lábios.
- Hai...
Kazuto suspirou a limpar a face e saiu da casa a procurar o táxi que levaria a si para a casa do maior novamente. Encostou a cabeça no vidro, observando o lado de fora e disse o endereço com a voz baixa, esperando até ver o apartamento em frente a si para que pudesse pagar e descer. Esperou o elevador, limpando a face novamente molhada com as próprias lágrimas e subiu até o andar onde ele morava, torcendo para que o outro não tivesse chego, queria limpar a face e as roupas antes de vê-lo.

O caminho cruzou a porta no hall de entrada no apartamento, Yuuki teria seguido para a sala de jantar enquanto ouvia a voz da jovem serviçal a dar prontidão ao jantar. Visto que a porta fora aberta mesmo antes de dar algum passo a mais e sentiu o material desta ao encontro das costas, expondo o fato de que o outro vampiro havia chegado. O menor uniu as sobrancelhas e fechou a porta a abri-la devagar novamente e observou o maior em frente a si, abrindo um sorriso desajeitado nos lábios.
- Desculpe.

As íris do maior se alinharam, as pálpebras quase chegaram a estar semicerradas porém apenas o fitou em apatia.
- Da... Licença?
- O que? Anda comendo tanto que já engordou a ponto de não conseguir passar aí?
Kazuto assentiu, passando pela porta, selou-lhe os lábios e virou-se a caminhar para o quarto antes que o gel ficasse ainda mais visível na camisa. Yuuki o fitou em sua sutil caminhada até si mesmo, sentindo o cheiro invadir as narinas aguçadas e logo, sumir conforme a distância alheia.
- O que há com a sua roupa?

- Nada, não. Eu sujei.
Kazuto caminhou em passos mais rápidos ao quarto e retirou a camisa, caminhando ao banheiro onde a jogou pra lavar e pegou a toalha, limpando a barriga.

Yuuki estranhou de fato, porém sem argumentos se encaminhou a sala de jantar, acomodando-se no assento costumeiro e viu a caminhada da ruiva, que provavelmente traria o outro rapaz a fazer sua refeição. O menor permaneceu sentado no chão, segurando a toalha apenas e encostou a cabeça na parede, levando uma das mãos a própria barriga e deslizou pelo local, tentando sentir algo na mesma.
- Ele vai me matar...

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário