Ikuma e Taa #56


Taa seguiu em passos calmos ao banheiro, vestia o pijama, o short curto e a regata, afinal, não dormiria só de roupa intima sabendo do modo como estava a própria barriga, mesmo que ainda pequena, desviou o olhar a porta, esperava o outro descer, mas certamente ele ainda ficaria algum tempo lá. Observou o espelho em frente a si e ergueu pouco a camisa do pijama, observando a barriga e deslizar uma das mãos pela mesma e abriu um pequeno sorriso.
- Isso sim é algo diferente de se ver, senhor macho. 
Ikuma dizia, já vindo a direção da cozinha, notavelmente não percebido pelo companheiro, quando encostado ao limiar da entrada, o observava fronte ao espelho, portando numa das mãos a taça de vinho, que não era puro e apenas deu um gole, meio ao sorrisinho que não morreu mesmo contra o cristal límpido e agora, enrubescido. O maior retirou a mão do local a virar-se e observar o outro.
- Você não estava lá em cima?
- Acabei de vir pra cá.
- Ah... É sangue?
- Se esquece que seu marido é ancião. Posso tirar sua roupa sem você nem ver. - Ikuma riu e caminhou ao companheiro. O beijou no pescoço e viu-se fronte ao espelho consigo. - Vinho também.
- Pior é que isso é verdade. - Taa riu, segurando as mãos dele em volta do próprio corpo e virou-se a lhe selar os lábios.
- Ah, então deixa.
- Você pode tomar. - Ikuma ergueu a bebida fronte seus lábios.
- Mas tem vinho.
- E daí?
- Faz mal pro bebê.
- Não faz.
- Mas tem álcool.
- Baixo teor, o bebê não vai ficar bêbado, na verdade, ele está morto.
Taa riu e pegou a taça, levando-a aos lábios a beber alguns goles do vinho. Ikuma levou ambas as mãos, agora livres, a barriga do outro, acariciando-a.
- Quer menina ou menino?
O maior abriu um pequeno sorriso, discreto.
- Uma menina.
- É mesmo? Achei que preferiria uma menino.
- Ah, na verdade acho que eu não prefiro nada... Quero ter uma surpresa quando descobrir.
- Hum... Uma menina.
- Ah, eu acho que uma menina vampirinha ia ser linda demais.
- Hum... Em nossa família, somos todos homens, meus pais só tiveram a mim e meu irmão, e pelo que eu saiba meu irmão não deve ter filhos.
- Hum, por que? Ele tem quase quinhentos anos, como você.
- É, mas quase ninguém consegue suportar ficar perto dele. 
Taa riu.
- Ele não deve ser tão ruim assim, é seu irmão.
- Você não faz ideia.
- Está pronto para irmos ao médico?
- Você ainda está de pijama.

- É, mas você já deveria estar pronto.
- Sua lógica não faz sentido.
Taa riu. 
- Vai lá. 
- Devolve meu vinho primeiro lagarta.
O maior entregou a taça a ele e viu-o seguir em direção ao banheiro, se arrumaria pelo quarto mesmo, era só trocar as roupas, e no armário buscou uma camisa e calça qualquer, não tinha tanta importância realmente. No banheiro, fitou o loiro a arrumar os cabelos e estreitou os olhos.
-  Ikuma, vamos. Vamos no médico, não numa festa.
Ikuma retrucou seus estreitos olhos.
- Quer que eu vá com cabelo bagunçado, inútil?
- Se me chamar de inútil de novo eu chuto seu saco.
- Vem chutar.
- Bora, loira.
- Olha só a grávida falando. - Uma das longas mechas da franja, o menor levou para trás, prendendo-a com um grampo de cabelo qualquer.
- Uh, pelo menos está bonitão, marido.
- Ok, esposa. Agora vamos antes que tenha o filho hoje.
- Você está querendo apanhar hoje, só pode.
- E o que eu disse dessa vez, grávida?
Taa riu e lhe selou os lábios.
- Vamos.
- Olha só, sabe nem argumentar. 
Ikuma o provocou numa última vez e seguiu o caminho a saída. O maior seguiu junto do outro a observar a pouca luz vinda do lado de fora, adentrando rápido o carro. O menor seguiu ao veículo, mesmo mais vagarosamente que o companheiro e adentrou o carro ao lado do motorista. Ligou-o sem delongas e deixou os vidros escuros permanecerem fechados. Taa suspirou e repousou uma das mãos sobre a barriga pouco crescida.
- Acho que vamos poder saber se é menina ou menino.
- Quer saber agora?
- Eu sei lá..Você não quer?
- Achei que gostaria de esperar até nascer.
- Ah, mas seria bom poder decorar o quarto, comprar roupas.
- Olha que espirito mais mamãe.
- Só porque quero arrumar o quarto?
- E não é?
- É... - Taa riu.
- Então. Quer roupas, me pergunto que tipo de roupas compraria.
- Ora... Depende. Se for menina ou menino.
- Se fosse menina.
- Ah... Vestidos... Eu veria. 
- Vergonha de mostrar seu lado delicado, ah? - Ikuma riu.
- Não tenho lado delicado... Sou homem.
- Oh, mesmo eu tenho um lado delicado.
- Ah tem?
- Eu tenho.
- Me mostre então.
- Você já vê todos os dias. É o lado que te ama, mesmo sendo uma lagarta magrela e inútil.
Taa sorriu, levando uma das mãos sobre a coxa dele, acariciando-o e aproximou-se do outro a repousar a face sobre o ombro dele, breve, já que ele estava dirigindo.
- Aí seu lado delicado. Lado de lagarta carente.
O maior riu baixo, afastando-se logo.
- Amo você, loira.
- Ontem pela manhã quando ia dormir vi uma lagartixa bebe na parede, achei que a Shizuka havia nascido e eu não tinha visto.
- Shizuka? - Taa riu.
- Acho que deixei escapar um nome.
- Pensou no nome?
- Hum... Quem sabe.
- Eu gostei.
Ikuma o observou breve, sorriu na piscadela que lhe deu e estacionou o veículo. Taa sorriu e logo saiu do carro após o outro estacionar. O menor saiu do carro após tê-lo fechado e observou prontamente o homem conhecido, o qual tratou de cumprimentar e apresentar o companheiro. Taa sorriu ao rapaz, fazendo uma pequena reverência em cumprimento e manteve-se próximo ao menor a ouvir as perguntas e respondê-las, seguindo as explicações do outro sobre o que devia fazer para iniciar o exame. Ikuma adentrou sua moradia, guiado junto ao demais até a sala indicada. Acomodou-se alguma distância do mais alto, deixando-o sem examinado.
Taa deitou-se na maca a observar o namorado e riu baixo, virando a face pouco tempo depois a levar a mão sobre a mesma, sentindo vergonha pela situação, afinal, nunca pensou que o outro fosse ver a si daquele jeito, de avental e fazendo um exame como aquele. Ikuma trocou algumas palavras com o médico conhecido, vez outra observando o maior que se constrangia com tal situação e sorriu a ele, um pouco malicioso talvez.
Taa mostrou discretamente o dedo médio ao outro e logo sentiu o gel sobre o abdômen, não podendo identificar corretamente a temperatura e apenas desviou o olhar a tela onde o médico mostrou a si, observando com pouca dificuldade o bebê ainda tão pequeno. Ikuma levantou-se pouco de onde se colocava, apenas tendo maior vista da tela onde monitorado o bebê, observou o outro breve e tornou a se sentar no lugar anterior. O maior deu um breve sorriso e desviou o olhar ao médico.
- Já podemos saber o sexo? 
O doutor observou o monitor por algum tempo e logo sorriu a si.
- É uma menina. 
Taa desviou o olhar ao outro e sorriu.
- Shizuka, hum.
- Hum... - Ikuma murmurou e riu por fim, quase não sendo audível.
Taa sorriu ao médico em seguida.
- E ela está bem?
- Claro. É um vampiro. Ela é saudável. 
- Sempre digo, mas isso não entra na cabeça dele.
- Pode ficar tranquilo, ela vai ficar bem.
- Eu só fico paranoico porque já perdi um bebê... É só por isso...
- Talvez não estivesse na melhor época para isso. Tem uma época de ovulação, percebe essa época quando seus sentidos ficam mais atentos e sua excitação se torna mais intensa.
- Entendi...
- Eu conheço bem essa época aí.
- Ikuma...
- Sério, seu cheiro fica...
- Ikuma!

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