Kazuma e Asahi #61


Asahi suspirou, e estava vestido, não usava mais aquela roupa estranha de dormir, usava um short curto e uma camisa, o que tinha para vestir que fosse confortável, e estava pronto para dormir, mas ainda não acreditava que ele estava ali e que iria dormir consigo. Ele estava do lado de fora, mas havia segurado seu casaco entre os dedos, guiando-o em frente a face e aspirou o aroma, o cheiro dele.
- O que está fazendo, Padre? 
Kazuma indagou ao rapaz, à porta onde se encostou junto ao limiar. Tinha entre os dedos um cigarro que tragou antes de joga-lo e seguir para dentro de seu quarto. Ao ouvi-lo, o menor soltou o casaco e desviou o olhar a ele. 
- ... Ah, nada...
- Estava se preparando pra fazer alguma coisa?
- Iie... D-Dormir, só... Estava vendo se estava sujo.
- Por que estaria? - Kazuma indagou e fechou a porta ao entrar.
- Eu só... Estava sentindo o seu cheiro, desculpe.
- Hum, queria uma massagem erótica.
- Eh? N-Não!
- Deixou a religião e virou um pequeno tarado.
- K-Kazuma, eu não...
- Estou provocando você. - Ele sorriu.
- Ah... Que susto.
- Baka
O maior disse e apertou seu nariz, seguiu para sua cama em seguida e se deitou deliberadamente. Asahi assentiu num pequeno sorriso e deitou-se junto a ele, aconchegando-se contra seu peito, como costumava fazer antes. Após se acomodar, Kazuma deu lugar a ele onde se pôs como costumava. Suspirou ao se ajeitar e passar o braço sobre seu corpo menor. 
- Estou tão feliz que está aqui... Você... Nem faz ideia de quanto eu te esperei.
- Não esperou, não acreditava que eu viria.
- Eu esperei sim. Esperei por meses até desistir.
- E quando eu cheguei você quis correr.
- ... Porque não sabia como lidar com isso... Quando cheguei na base e você não estava lá... Eu... Eu fiquei sem chão.
- Em que pensou? - Kazuma disse e tocou seu cabelo.
- ... Pensei que tinha me abandonado... Que tinha uma família em algum lugar e mentiu pra mim.
- Tenho família de todo modo. Só não da forma como você pensa ou pensou.
- Eu imaginava que você tinha mulher... Filhos...
- Não tenho. - Kazuma bagunçou seus cabelos.
Asahi assentiu, encolhendo-se nos braços dele. 
- ... Eu rezava toda noite para que você estivesse bem.
- Não se perde o hábito.
- ... Vai me contar sobre a cicatriz agora?
- Não é nada de mais, combate direto.
- ... Foi uma faca? - O loiro uniu as sobrancelhas.
- Canivete.
- ... Não sei o que eu faria se tivesse acertado seu olho... Eu... Eu quero matar esse imbecil!
- Se tivesse eu teria outro olho.
Asahi uniu as sobrancelhas a desviar o olhar a ele.
- ...
- Desde que ainda possa enxergar, tudo bem.
- E se não pudesse mais me ver?
- Eu o veria com um olho só.
- Mas e se... Hum...
- Eu me lembraria das suas formas.
Asahi sorriu a ele, meio de canto e beijou-o em seu rosto, puxando o edredom sobre o corpo de ambos.
- Esse quarto, é bem menor do que o meu na igreja, eu... Espero que não tenha problema.
- Não me importo, tendo uma cama é suficiente. Amanhã teremos uma cama melhor.
O menor assentiu e já podia sentir novamente as lágrimas nos olhos.
- ... Como... Por que voltou?
- Por que está chorando? - indagou sem mesmo responde-lo.
- Eu não sei... Só estou...
- Pare, garoto.
- ... Desculpe.
- Pare de pensar bobagem.
- ... Por que voltou?
- Você pergunta isso já sabendo a resposta. Já falamos sobre.
- ... Mas porque desistiu de mim seis meses atrás?
- Não desisti, não tinha informações, não havia ninguém que soubesse de você na igreja. Desta vez o novo padre chamou pelo sacerdote, e precisei ameaçar ele.
- ... Meu pai?
- Sim.
- ... Ele deve ter sido bem infeliz com você.
- De início foi gentil. No entanto ao saber meu nome foi um pouco miserável.
- Imaginei... Ele sabe dos boatos.
- Não importa, no fim ele disse.
- Ele costuma me chamar de aberração. - Sorriu. - Eu soube.
- Ser uma aberração é mais interessante do que ser comum, não acha?
- Hum... - Asahi sorriu e assentiu a ele.
- Então tome como um elogio.
- Hai... Eu... Acho que isso é bom.
- Se você gosta, é bom.
- Eu te amo.
Kazuma tocou seu cabelo, ainda desacostumado sobre lidar com aquela relação, seu sentimento exprimido em palavras. Asahi abaixou a cabeça e não esperou resposta dele como de praxe.
- Boa noite.
O moreno tocou sua bochecha e tentou ser afável em resposta, de modo que não precisasse falar. Por fim com ele se acomodou e assentiu com o queixo apoiado em sua cabeça. O menor sorriu ao senti-lo em seu pequeno carinho e estremeceu, encaixando-se junto dele e fechou os olhos, deixando-se ser aquecido por ele.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário