Atsushi e Kaoru #39


Kaoru estava na sala sentado, via um programa qualquer na televisão, na verdade, já fazia um tempo que estava em casa, ele estava trancado em seu escritório, e sabia que quando o fazia, não devia atrapalhar. Deveria estar escrevendo música ou tratando de assuntos importantes. Foi quando pegou o telefone é digitou o número do restaurante, pedido para ele a comida japonesa, alguns sushis e sashimis. Esperou pacientemente, e assim que a entrega chegou, pagou o rapaz e preparou uma bandeja na cozinha, colocando a comida em pratos com um pequeno potinho com shoyu. Subiu as escadas, o chamaria para comer, porém, ao bater na porta, devagar, não ouviu nenhuma resposta. Devagar adentrou o quarto, seguindo para dentro. 
- Atsushi? Eu comprei comida... Japonesa. 
Disse, e por fim sorriu, ele estava sobre a mesa, adormecido, não iria atrapalhar, até chegou a sorrir consigo mesmo, claro, estava dormindo. Devagar seguiu para ele e colocou sobre seus ombros um cobertor, acariciando seus cabelos. 
- Bem... Comemos depois.




Kaoru suspirou, e de cabeça baixa observava as próprias mãos, estava perto do Natal, mas estava ali, sentado a esperar o médico chamar. Na verdade, era estranho estar ali sozinho, até cruzou os braços, fechando os olhos por alguns segundos, esperava por ele, havia dito que estaria ali as duas, mas sabia que ele iria se atrasar, com tantas entrevistas que tinha pra dar.
- Oi. - Disse a moça lado a si. 
- Olá. 
- Você deve estar esperando sua esposa, não é? É seu primeiro filho? 
Kaoru observou-a por um breve instante e sorriu em seguida. 
- Sim, sim. 
Dito, observou a barriga dela, deveria estar quase perto de nascer seu filho. 
- Ah, é tudo meio ruim no início, mas depois fica maravilhoso. Não fique triste e apoie ela tá bem? Vai ser difícil. 
O menor assentiu num pequeno sorriso e desviou o olhar, observando a porta do consultório.
Atsushi estacionou o veículo numa das vagas do hospital, aquele lugar era grande e se perguntava se tudo aquilo era a possibilidade de existirem mulheres ou homens esperando um bebê. Ao desembarcar prendeu colocou um óculos escuro, não estava frio por sorte, portanto tinha boa desculpas para usar. Seguiu pelo local e através da recepção logo foi direcionado à espera da consulta maternidade. Viu-o de longe e parecia rabugento, era adorável. Chegou a sorrir na falta da risada. 
- Oi. - Disse e tocou seus cabelos ondulados.
Kaoru ergueu a face para observa-lo e sorriu igualmente. 
- Olá. Está atrasado. 
Disse, não que se importasse de fato e antes que dissesse algo, ouviu o doutor chamar o próprio nome da porta, por sorte, fora baixo, sabia que ele era consciente, mas o olhar que recebeu da moça foi pura indagação.
- Desculpe, estava um pouco preso lá.
Após ajeitar o óculos na camisa, Atsushi seguiu com ele para a sala, deu até um tchau para sua colega de conversa. Kaoru negativou e riu baixo, adentrando a sala com ele. 
- Boa tarde, Kaoru-san e... Atsushi...san. Desculpe, sou um grande fã seu.
Kaoru sorriu meio torto, na verdade estava constrangido.
- Boa tarde. - Atsushi estava inicialmente muito sério, mas acabou sorrindo diante do elogio? Ou o que podia se dizer como um. - Obrigado, Doutor.
Certo, ah, Kaoru-san veio para um ultrassom certo? 
- Sim, doutor. 
- Certo, por favor, coloque a roupa para que possamos iniciar o exame.
O menor observou a roupa e uniu as sobrancelhas.
- Ah, preciso mesmo? 
-Sim. Atsushi-san pode te ajudar a se vestir.
O maior sorriu ao guitarrista, mas realmente achou a roupa desagradável. 
- Não vou rir, prometo.
Kaoru negativou e riu, vendo o médico se retirar da sala e retirou os sapatos, logo após, a roupa, vestindo aquele estranho avental do hospital.
- Estou ridículo.
Atsushi ajudou-o mesmo como o médico mencionou, sabia que não era necessário mas queria interagir com ele. 
- Bem sexy.
O menor estreitou os olhos e riu, seguindo a se deitar na maca e viu o médico então retornar. 
- Pronto?
- Sim.
- Ótimo, vamos começar o exame. Com licença.
Kaoru ouviu-o dizer e viu-o erguer a própria roupa, observando o abdômen conforme ele despejava um líquido meio frio, estremeceu.
- Desculpe, sei que é frio. Vamos ver... Ah sim. Vocês podem olhar o monitor aqui do lado. Essa coisinha é o filho de vocês, ou filha, ainda não sabemos.
Atsushi seguiu a seu lado e se sentou a observar no monitor um ponto abstrato. Podia ouvir porém batidas cardíacas. Kaoru sorriu meio de canto conforme observava o monitor, não podia ver nada realmente, mas parecia adorável. 
- Vocês querem a fita?
Atsushi olhou para o outro, esperando que ele decidisse. 
- Estamos de quanto tempo?- Quero sim. - Respondeu o menor.
Kaoru sorriu, e estava um pouco nervoso apesar de não parecer, segurou a mão dele, meio desajeitado, não tinha aquele costume, quer dizer, nunca imaginou que esperaria um filho dele, ou de alguma outra pessoa, quase riu ao pensar nisso. 
- Aparenta ser cinco semanas, daqui há um tempo poderão saber o sexo, quando ele já estiver formado.
- Doutor... Ele está saudável?
- Parece que sim. Mas é algo que eu gostaria de conversar com você. Você tem se alimentado bem?
Kaoru coçou a cabeça, meio desajeitado. 
- Parece que não, não é? Na sua ficha diz que sofreu falta de ar várias vezes. Bem, você já não é mais um adolescente. Teremos que cuidar bem dele, ou algo ruim pode acontecer. Vou prescrever algumas vitaminas e peço que venha pelo menos a cada duas semanas, se algo parecer errado, me ligue.
Atsushi ouviu as indicações do médico, não era muito chato sobre o que o outro fazia, portanto não o repreendeu em nada. 
- Doutor, passe uma dieta se puder, assim evitamos ter de ir a um nutricionista depois. Embora Kaoru costume se alimentar para dietas, suponho que não deve mais fazer isso.
- Hum, melhor não, eu vou passar algo que ele pode ou não comer. Ah, e nada de cigarros ou bebida alcoólica. 
- Nada... De cerveja?
- Cerveja sem álcool eu suponho. - Respondeu Atsushi.
- Sim, sem álcool tudo bem.
Kaoru uniu as sobrancelhas e assentiu. 
- Okay, pode trocar de roupa. Parece tudo ok, você tem sorte. Uma gravidez nessa idade poderia ser de muito risco, mas ele parece estar bem suadável.
- Hum, parece que era pra ser, ah? 
Atsushi disse ao moreno e sabia que como a si, não tinha o melhor estilo de vida ou alimentício, mas estavam bem. Kaoru sorriu a ele igualmente e assentiu, levantou-se em seguida, meio desajeitado e trocou as roupas no banheiro, dessa vez não precisou da ajuda dele, o deixou a conversar com o médico.
- Aqui, essa é a dieta que eu indico pra ele, nada de melancia, picles, pimenta, coisas muito ácidas, tente manter ele longe dos cigarros, tá bem? E faça ele comer algo cedo, ou vai sentir enjoo o dia todo.
- Hum, tudo bem então. - Atsushi disse, olhando a receita prescrita, embora fosse apenas vitaminas e indicações alimentícias. - Pode deixar, vou cuidar bem dele.
Ao sair do banheiro, Kaoru fitou o outro ali e abriu um pequeno sorriso a ele. 
- Já podemos ir doutor? 
- Podem sim, espero ver vocês em breve. - Ele sorriu. - Vocês... São o casal mais improvável e agradável ao mesmo tempo que eu já atendi.
Atsushi riu entre os dentes, agradeceu ao rapaz pelo atendimento e também pelo elogio. No meio da conversa até deixou uma assinatura num papel dele, se quisesse claro, guardaria, do contrário jogasse por lá. Ao tocar o ombro do moreno, guiou-o pela saída, levando o que ganharam da ultrassonografia. 
- Como se sente?
Kaoru riu baixinho conforme o viu assinar o papel, e o médico parecia animado, ao contrário do que ele poderia pensar. Seguiu com ele para fora, e num suspiro observou-o lado a si. 
- Eu... Não sei, estranho? - Riu.
- Estranho mas bem? - Atsushi indagou e passou o braço por trás dos ombros.
O menor assentiu e ainda se sentia meio desajeitado, ao menos até chegar no carro, e pôde se sentir melhor. 
- Eu... Me sinto meio... Homem demais sabe? E... É estranho.
- Você é. - O maior disse após entrar no carro e não tomou o volante por hora. - Um homem bonitão.
- E eu tenho medo que eu fique ridículo. - Kaoru riu e negativou, porém sorriu a ele em seguida. - Estou feliz.
- Não vai ficar. - Atsushi sorriu a ele. - Parece que vamos ter uma família então. - Disse, quase num devaneio.
- Você não quer?
- Eu quero, mas as vezes nem acredito que estamos nesse estágio.
Kaoru uniu as sobrancelhas. 
- ... Foi tudo muito rápido, não foi? Eu... Invadi sua casa. - Riu.
- Não me importo, gosto mesmo de você. Mas é engraçado pensar que teremos um filho com menos de um ano a que nos conhecemos. - Atsushi tocou sua nuca e afagou-o.
Kaoru assentiu ao sentir o toque, sorriu meio de canto, geralmente não se incomodava, mas naquele momento sentiu uma sensação ruim, como se ele estivesse receoso sobre si de alguma forma. Estava sensível, e sabia disso, por isso preferiu ignorar.
- Não pense bobagens, eu apenas estou divagando. Tenho impressão que qualquer hora só vai levantar e ir pra outro lugar.
- ... Acha que eu teria aceitado me casar com você se fosse?
- Não estou dizendo que vai, é só que foi tudo muito natural. Gosto disso.
Atsushi disse e se aproximou dele, não queria deixa-lo receoso sem motivos. Roçou os lábios em sua bochecha suavemente áspera. 
- Eu te amo. 
Já ouvia dizer em algum lugar, que falar a alguém sobre amor é muito mais estranho quando realmente se sente, soube o que queriam dizer naquele momento. 
Kaoru sentiu o toque no rosto e sorriu a ele, virando-se de modo sutil e retribuiu o pequeno toque em seus lábios, mas com um beijo. 
- Eu também te amo. Tudo bem, eu entendo.
- Entende o que? - O maior indagou e acariciou sua nuca.
- Eu entendo que você sinta isso, é... Estranho mesmo. Parece que... Ontem éramos amigos bebendo cerveja e hoje eu acho que tenho um filho seu na minha barriga. - Riu. - É insano.
- Não acha, você tem um. - Sorriu a ele. - Agora vamos. Vou passar pra comprar umas cervejas sem álcool.
Kaoru riu e assentiu, colocando o cinto de segurança conforme entrou no carro. 
- Vai ser foda ficar sem o cigarro...
- Hum, eu faço uns de ervas pra você. - Brincou.
Nossa, me sinto um completo morador do interior nesse momento. Amanhã vou levantar e cuidar da nossa plantação de alface.
- Ervas, eu digo tempero de alimentos.
- Daqui a pouco estou fumando incenso. - Riu, divertido.
- Alecrim. Vai fumar alecrim. 
Atsushi sorriu a ele e já tomava posse da direção, levariam-se para casa.
- Nossa, imagine o cheiro.
- Sim. Orégano.
Kaoru negativou, ajeitando os cabelos desarrumados.
- Quer sorvete, algum doce? Quero fazer direito como naqueles filmes que o cara levanta as três da manhã pra comprar alguma coisa.
- Nesse caso vou ter que esperar ser três da manhã.
- Não, também não precisa mesmo. Claro, se você quiser as três, mas... Pode adiantar o lado e querer agora.
- Ah é? Não tem vergonha não? Bom... Eu quero churros.
- Churros? Sério? Então vamos procurar o churros.
Kaoru riu e negativou. 
- Se não achar, ele vai nascer com cara de churros hein?
- Vai parecer churros sim, numa parte dele. - Riu.
O menor negativou, e tentou não rir, até guiou uma das mãos sobre os lábios.
- Você trouxe um óculos? Uma máscara?
- Trouxe sim. - Disse e retirou a máscara do bolso.
- Hum, então vamos, vai poder comer e dar uma volta com seu noivo, ah.
- Uh, vou adorar. - Kaoru sorriu.
- É, vamos aproveitar um dia comum pela primeira vez, ah?
- Vamos. Espero que sem fãs.

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