Yuuki e Kazuto #66


Um suspiro longo deixou os lábios de Kazuto, era sempre difícil nos últimos meses de gravidez, se movia de modo lento, dormia mal, comia mal, era péssimo, mas gostava, gostava da ideia de carregar um filho dele, e naquela manhã, viu o filho correr em direção a cama, com um sorrisinho nos lábios.
- Mamãe, mamãe!
- Oi meu amor, o que foi?
- Eu quero panquecas!
- Panquecas, é? E... Onde está Kazumi?
- Ela não está hoje...
- Yuuki deve ter dado o dia de folga pra ela... Eu já vou levantar.
Ao se erguer, Kazuto esfregou os olhos, desviando o olhar ao quarto, Yuuki não estava ali, mas não era novidade. Coçou a cabeça, e seguiu ao banheiro, onde escovou os dentes, lavou o rosto e penteou os cabelos, vendo o filho brincar na cama enquanto isso.
- Suzu, não faça bagunça, ah? Senta no balcão da cozinha que a mamãe já vai.
O pequeno assentiu e correu para o outro cômodo. Quanto a si, colocou um roupão sobre o pijama e seguiu para a cozinha com ele, mas cessou o caminho, antes que chegasse lá, fitando a porta da entrada após o longo corredor e uniu as sobrancelhas, com a pontada dolorida que sentiu.
- Mamãe? O que foi? 

Disse o pequeno, que certamente havia sentido a sensação dolorida no próprio corpo.
- Não é nada, Suzu...
- Quer que eu ligue pro papai?
- Não, ele... Ele virá.



- Pirralho. - Disse Yuuki a passar pela porta.
- Yuuki... Está doendo muito.

- Já liguei pro médico.
- Não... Não temos com quem deixar o Suzuya...
Yuuki permaneceu pensativo por alguns momentos.
- Quer fazer o parto em casa?
- ... Em casa?
- Sim, na nossa cama.
- Nossa? - Kazuto sorriu por um momento, mas gemeu dolorido em seguida. - T-Tudo bem...
- Não é hora pra isso, vem, sente-se.
- Papai! - Disse o pequeno a correr para a sala.
- Suzuya, agora não posso, papai tem que cuidar da mamãe, que está passando mal.
- Está...?
- Sim, Kazuto vai ter sua irmãzinha.
- Ah... Minha irmãzinha vai vir brincar comigo?
- Sim, mas vai demorar um pouco... Brinque com seus brinquedos, tá bem?
Kazuto uniu as sobrancelhas, se sentava no sofá, com as sensações doloridas. Yuuki tirou o celular do bolso e conversou com o médico, indicando a mudança de planos para chamá-lo para vir até sua casa. Em seguida, guiou o menor para o quarto, na verdade, o pegou no colo, embora fosse um pouco estranho.
- Está confortável?
- Sim... Obrigado. Ele vai demorar?
- Acho que não.
- Você... Vai ficar comigo?
- Obviamente.
- Eu digo... Vai sentar do meu lado e... Segurar minha mão?
Yuuki observou o garoto, era estranho porque, se lembrava no que havia pecado na primeira vez, com Suzuya.
- Sim, estarei aí.
Kazuto sorriu e assentiu, apertando o lençol da cama, firme, fora uma questão de pouco tempo até o médico estar ali na porta, era um vampiro, era rápido, e ele sabia bem a situação para não demorar quando chamasse, Yuuki pagava em dinheiro, e uma quantia alta, justamente por isso, ele estava sempre por perto quando solicitado.
- Certo, garoto, sabe como funciona, não é? Precisa tirar as roupas, Yuuki pode te ajudar.
Kazuto assentiu e com a ajuda do maior, tirou as roupas, substituindo-a pelo avental dado pelo médico.
- Não vai demorar, vou anestesiar você.
O menor estava aéreo, sabia muito bem que, se fosse humano, aquilo não aconteceria daquela forma. Vampiros agiam como se dor não fosse nada, como se fosse algo que é passageiro, tudo era muito passageiro, até mesmo as recuperações. Era só tomar um gole de sangue, que parte da ferida já recuava, era triste e bom ao mesmo tempo, gostaria de sentir as coisas como elas realmente eram as vezes, com pouco mais de intensidade. Yuuki não soltou a mão dele, como ele havia pedido. Embora se sentisse um pouco bobo por fazer aquilo, estava dando forças para o menor, que estremecia ao sentir o médico mexendo no corpo dele, não era algo muito agradável de sentir de fato, mas no fim, o pequeno corpo estava nos braços do médico, chorava, e era tão pequena, como o garoto.
- Ela está bem? - Perguntou o menor.
- Ela é um vampiro, está bem. - Respondeu o médico.
Kazuto assentiu, se sentindo um pouco reprimido, e o médico levou um pequeno tempo, com a ajuda de Yuuki, para fazer a limpeza do corpinho da pequena, já tendo deixado tudo separado para aquilo previamente.
- Minha Arisu...
Disse o menor ao receber a filha nos braços, e teve que sorrir, acariciando o pequeno rostinho dela.
- Yuuki... Ela é tão linda.
Yuuki fitava o rostinho dela, e não podia evitar de ver seus olhos, já abertos, embora pouco franzidos, eram amarelos, como os próprios, sabia que Kazuto gostava daquele detalhe, e não queria, mas teve que sorrir ao ver a pequena.
- Oi pequena.
Kazuto desviou o olhar a ele e sorriu, estava emocionado, tão animado em ter la já nos braços. O médico já guardava seus instrumentos.
- Não se esqueça, bastante sangue e repouso nas primeiras horas, depois pode fazer tudo normalmente.
- Obrigado doutor.
Yuuki pagou o médico, e agradeceu o serviço, levando-o até a porta. Kazuto era incapaz de deixar a pequena, a abraçava contra o peito, vendo-a tão tranquila, mas os olhinho abertos, fitava a si, e queria saber o que ela estava pensando, se é que podia pensar algo. Riu, sozinho.
- Mamãe... Você está melhor?
Disse o pequeno que adentrou o quarto, mesmo sem autorização, e por sorte, a ferida estava coberta, e claro, já havia sido fechada.
- Mamãe está bem, Suzu. Venha, venha conhecer sua irmãzinha.
O pequeno caminhou até a cama, erguendo-se na pontinha dos pés e fitou o pequeno corpinho nos braços da mãe, sorriu.
- Mas ela é tão pequenininha, como vamos brincar?
Kazuto riu.
- Ela vai crescer ainda, meu amor, mas... Logo ela vai brincar com você.
- Hum... Quanto tempo? Um mês?
O menor sorriu ao olhar o filho e assentiu.
- É, talvez um pouco mais.

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