Atsushi e Kaoru #42


Kaoru ajustou na mesa uma vela que agora, estava acesa, tudo já havia sido colocado nos devidos lugares, gostaria de dizer que havia cozinhado o jantar, mas a verdade é que boa parte do que havia sido feito, havia sido ele, e ele era um ótimo cozinheiro. 
- ... Estou nervoso. - Disse a ele, com um pequeno sorriso nos lábios. - Quer dizer, eu não disse a ela que... Bem, eu não disse nada a ela.
- Não disse nada? Então como ela vai saber do seu novo endereço? 
Atsushi indagou e sorriu enquanto ajeitava o punho da camisa escura que usava.
- Isso eu... Eu disse, eu não disse que você era meu namorado e que eu estou grávido. Eu acho que vai ter muito mais impacto se eu disser pessoalmente. Quer dizer, eu disse que namorava um rapaz... Mas... Não falei que era você.
- Ah, pelo menos sobre namorar um homem. E me diz, ela falou algo estranho sobre isso?
- Bem, eu fiquei conversando com ela sobre outras coisas e quando falei ela fez silêncio por uns momentos, depois deu um suspiro e disse "ainda bem que você largou aquela mulher, eu não suporto ela." - Riu.
- Hum, sua ex-esposa era assim desagradável?
- Bem, elas não se davam bem de jeito nenhum. Minha mãe dizia que ela não combinava comigo.
Atsushi riu, entre os dentes. 
- Acho que as mães tendem a pensar assim sobre as esposas. Vamos ver sobre os esposos, hum.
- Bem, ela é sua fã, então. 
Kaoru riu e por fim ouviu a campainha tocar atrás de si, havia ajeitado a camisa, para esconder a barriga já evidente dos três meses de gravidez.
- Eu atendo.
- Você acha que todas as mulheres do Japão gostam de Buck-tick. 
Atsushi disse, sorrindo e embora ele fosse atender, o acompanhou.
- Bem, todas as mulheres a minha volta são. - Riu. - Eu sempre ouvi as suas músicas, naturalmente apresentei você pra elas. As reações eram quase sempre as mesmas. "Meu Deus, que homem lindo".
- Não seja um xavequeiro, Kaoru.
- Não estou sendo. - Riu.
- Vamos, não a deixe esperando.
Kaoru assentiu e correu até a porta, abriu e sorriu ao ver a senhora, era bem arrumada, os cabelos num pequeno coque com seus fios brancos e bem alinhados. 
- Mãe. 
- Kaoru. Você parece ótimo.
O menor sorriu. 
- A senhora também. Entre, vou lhe apresentar meu namorado. 
- Com licença.
Atsushi percebeu que estava sorrindo consigo mesmo, ouvindo a conversa dele, sua forma de falar que parecia distinta à sua aparência física, ele parecia mais firme do que pronunciava. Ao deixá-la entrar, o menor seguiu com ela até o vocalista e sorriu meio de canto. 
- Mãe, esse é o Atsushi. Atsushi, minha mãe, Kaori. 
Ela demorou um minuto inteiro praticamente para processar que estava falando do outro rapaz. 
- Ah não, não me diga que você é o Atsushi.
O vocalista esperou do lado até que se revissem e então, fosse percebido ali. Quando convocado, se dirigiu até ela e a cumprimentou, apertando sua mão com ambas as próprias. Claro que assentiu em resposta à pergunta enquanto pensava sobre seu nome.
- E você está namorando ele Kaoru? Olha, meu filho, parabéns. 
Kaoru riu e negativou, coçando a cabeça meio desajeitado. 
- Prazer em conhecê-lo rapaz. 
Disse ela a estender a mão para ele, que foi recebida rapidamente.
Atsushi sorriu, achando graça não de sua frase mas a falta de jeito de seu filho diante do comentário. 
- O prazer é meu, Kaori-san.
- Você é muito bonito, gosto muito da sua música. 
Kaoru sorriu meio de canto, gostava de ver ele com ela, porque sabia como era difícil pra ele desde a morte de sua mãe. 
- Mãe, eu também tenho outra novidade pra você, mas... Acho melhor a senhora se sentar primeiro. 
O riso soou entre os dentes de Atsushi, agradeceu com o movimento suave da cabeça. 
- Fico feliz que goste, de mim e da música. 
Brincou, brevemente. Estava um pouco constrangido? Talvez. Não sabia como reagir a ela, era péssimo em apresentações casuais. Mas dito pelo companheiro, guiou-a até a sala de estar, acomodando-a ali. A luz estava acesa mas a iluminação era tipicamente baixa, embora cálida. 
- Aceita uma bebida? 
Indagou, tentando oferecer antes que ele continuasse. Queria não estar tão perto quando falasse sobre aquilo. Ela negativou ao pedido dele, estava concentrada demais no que Kaoru dizia a ela e por fim ela deu um sorrisinho de canto. 
- Ora, alguém morreu?
- Bem, não...
- Então me diga.
- Eu... Bem, a senhora, vai ser vovó. 
- Avó? Ela disse depois de mais uma de suas longas pausas para digerir a informação. Vocês... Vão adotar um filho?
- Não... Na verdade, eu estou esperando um bebê. 
- ... Minha nossa. Bem, achei que eu nunca seria avó.
- Você... Não achou ruim?
- Não, é claro que não. Parabéns, meu menino. 
- Estamos... Bem felizes.
Em negativa, Atsushi se sentou logo ao lado do moreno, esperando até que ela então reagisse. Sorriu canteiro porém, diante da atitude branda dela, era ótima, deduziu. Acariciou brevemente o ombro do moreno. Kaoru sorriu e segurou a mão do outro, estava feliz pela reação dela também. 
- Escute, o cheiro está uma delícia! Foi você que cozinhou, Atsushi-san?
- Mais ou menos, seu filho me ajudou. - Sorriu para ela.
- Hum, você aprendeu a cozinhar, foi?
- É, eu... Mais ou menos. Atsushi me ajuda com o que eu não sei. 
- Hum, você é bom pro meu filho, Atsushi-san?
- Aprendemos juntos. - Atsushi disse e sorriu canteiro. - Eu tento ser...
Kaoru sorriu meio de canto. 
- Ele é modesto, ele é o melhor do mundo.
- Hum, fico feliz. Você parecia tão infeliz com a Haruna.
Atsushi o fitou de soslaio, achava graça ainda que não estivesse rindo, imaginando quão incomum era seu comportamento, era brando. 
- Ele também me faz feliz.
Kaoru sorriu, assim como ela. 
- Ah, obrigado por vir passar o ano novo com a gente mamãe, sei que foi difícil pra você estar aqui.
- Eu já queria vir te visitar há anos, mas agora ficou mais fácil, temos boa companhia. Atsushi-san, sua família não passa com você?
Kaoru uniu as sobrancelhas. 
- Mamãe. - Disse, indicando que ela estava sendo indelicada.
Atsushi olhou para o guitarrista, de soslaio, percebendo sua reação, uma vez que na verdade nunca havia falado sobre aqui com ele. 
- Tudo bem. Meus pais já são falecidos. Era filho único e também não tenho filhos. Quer dizer, não tinha. Kaoru sorriu meio de canto e abaixou a cabeça. 
- Ah, sinto muito pelos seus pais, meu querido. - Ela segurou uma das mãos dele, apertando-a em meio as dela, era mãe, então, sabia o que ele havia passado, ela apenas sorriu de canto ao soltá-lo. - Então eu vou ter que cuidar de vocês dois.
- Obrigado. - Atsushi agradeceu aos pêsames embora fosse um tanto tardio, já havia se passado bastante tempo. Sorriu porém, num riso breve. - Será ótimo. Agora não vamos deixar que tenha fome.
- Estou ansiosa pra provar a comida que fizeram, parece adorável. 
Kaoru sorriu e assentiu para a mãe, levantando-se a guiá-la para a mesa. 
- Venha.
- Vamos. 
Atsushi disse e então, o deixou acomodar sua mãe, assim passou a ajeitar a mesa, não as louças mas o jantar. A bebida, deixaria que ele escolhesse, não tinha ideia do que sua mãe preferiria. Ao acomoda-la, Kaoru pediu uma cerveja sem álcool para si, não poderia beber champanhe. 
- Mãe, você quer beber o que?
- Vocês vão beber champanhe? Eu aceito vinho também.
- Eu também prefiro vinho. - Disse o vocalista, concordando com ela. Por fim, se encaminhou para pegar um bom vinho, era uma nova sogra afinal, tinha que cuidar bem dela. - Uvas mistas, hum?
- Me parece uma delícia.
Atsushi sacou a rolha da bebida e prontamente serviu para ele. Imaginava se já haviam falado sobre seu pai, mas não se lembrava, gostaria no entanto de saber se deveria esperar por conhece-lo algum dia. Ela agradeceu a bebida num maneio da cabeça e bebeu um gole longo da bebida. 
- Hum, que delícia, você não quer, Kaoru?
- Ah, não posso tomar. - Kaoru sorriu de canto. - Mas... É da reserva especial do Atsushi, então. Deve ser gostoso. 
Disse a observa-lo, achando gracioso o fato de que ele havia pego a garrafa e separado para beber naquela noite.
- Pode beber ao menos um pouco, um trago, não vai te fazer mal. Só pra sentir o gosto.
Atsushi disse, imaginando se devia incentiva-lo na frente de sua mãe. Kaoru sorriu e estendeu a taça, deixando-o servir a si. Na verdade, o médico disse que vinho eu posso beber, com moderação e não todos os dias.
- É um vinho suave. 
O maior disse enquanto o servia e só então, se sentou junto dele e também de sua mãe. Kaoru sorriu ao pegar a taça e experimentou o vinho, era gostoso. 
- E já sabem se é menino ou menina?
- Sabemos sim, é um menino.
- Ah sim, tenho certeza que será perfeito. Se fosse uma menina eu ia fazer vários vestidinhos.
- Hum, então vai ser cheia de vestidos. Se for menino nós damos o que?
- Damos vestidos também. Brincadeira, damos um terninho.
- Se ele quiser vestido, eu não me importo. - Riu.
Kaoru riu, e ela também. 
- Bem, do jeito que ele vai ser bonitão, eu compro até um lacinho pro cabelo dele.
- Se parecer com o papai. - Atsushi disse, indicando o guitarrista. - Bem, vamos comer. Não deixe sua mãe com fome, Kaoru.
O menor riu e negativou.
- Vai ser bonitão se parecer você, isso sim. 
Disse num sorriso e serviu a carne, para ela primeiro e depois para ele, só então serviu a si. Atsushi se levantou, ajudando a servir. Quando enfim o fez, junto dele se sentou enquanto negativava ao elogio, imaginando o que pensava sua mãe. 

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