Izumi e Tsubaki #15


Após o almoço, Izumi retornou ao serviço, e sempre estava no horário, quando não estava, sempre fazia as anotações sobre os atrasos corretamente, mesmo que Jin as vezes risse de si por marcar um minuto de atraso. Ele havia dado uma oportunidade a si, de ter uma casa, de sustentar o filho, e não poderia falhar com ele, nunca. Levou o pequeno para o local como de costume, com sua pequena mochilinha nas costas, e indicou a ele que ficasse no escritório já que não teria aula, faria os deveres de casa, porém, enquanto trabalhava, sabia que ele iria perambular pela cozinha, falar com os atendentes, era uma criança afinal, mas não deixava de enviá-lo de volta ao local de onde havia sido colocado.
Ao chegar, Tsubaki logo se dirigiu ao escritório, onde visualizou rapidamente o pequenino cujo deu-lhe uma piscadela e saiu rapidamente levando consigo alguns papéis, coisas a acertar. A reunião daquele dia seria por lá mesmo. Indicou a ela a mesa onde prontamente passou aos negócios. Não se demoraram, meia hora depois já tinham resolvido o que proposto. Quando se levantou outra vez, trocava algumas palavras já informais. Era alta e morena, tinha também o hábito de ajustar os cabelos escuros atrás da orelha. 
- Fico feliz que tenhamos resolvido tão brevemente. Seria interessante ter algum tempo para uns drinques - Dizia ela, descontraída.
- Sabe que gosto dos vinhos, como podemos ver. 
- Vou querer provar o tinto seco que mencionou.
O pequenininho, perambulando por ali pelo restaurante, observou o outro de longe e claro, correria até ele como habitualmente pedindo colo, e o pãozinho com queijo cremoso, não podia esquecer. Porém, ao se aproximar, viu ali a moça, e ouviu suas palavras, convidando-o para algo mais, o que achou estranho, afinal, ele estava com a própria mãe, não? Irritado, seguiu a ele pisando firme no chão, embora ainda estivesse incomodado, puxou sua camisa, na barra. 
- Papai, a mamãe está na cozinha, não vai dar oi pra ela?
Tsubaki voltou-se ao pequeno causador da camisa amarrotada, desalinhando-a no corpo. Arqueou a sobrancelha ao ouvi-lo dizer, não que se incomodasse ou se importasse com a opinião alheia, mas viu-a fitar a si com curiosidade.
- Claro, já vou falar com a sua mamãe. - Disse ao pequeno enquanto tocava seus cabelos cor de champagne
- Então você já é um papai? Não combina com você.
- Ele é filho de um funcionário meu, mas é como se fosse meu filho. Somos bons amigos, hum? - Disse a ela embora falasse com o pequenino.
O pequeno o observou ao ouvi-lo, fechando a expressão e uniu as sobrancelhas logo em seguida. 
- Funcionário? Está dizendo que você não é meu papai? Mas você saiu com a mamãe!
- Oh, sou sim. Sou seu papai. 
Tsubaki disse na tentativa de tranquilizar o pequenino, irritado com a situação, embora tornasse a ocasião um tanto estranha. Já a morena fitava como se não desse real importância ao rapazinho, talvez deduzindo seu ciúme infantil.
De braços cruzados, o pequeno permaneceu a observar o outro, e o bico nos lábios, indicando irritação. De dentro da cozinha, Izumi ouviu a voz do filho e arregalou os olhos, estava do lado de fora, e pelo jeito, gritando no salão. Saiu rapidamente, observando-o ali junto do outro e fitou também a companheira dele, uma moça bonita, e até desviou o olhar da face dela, evitando observá-la, visto que estava numa situação embaraçosa, e havia ficado um pouco chateado por saber que gostava dele, e pelo visto, ele não gostava tanto assim de si. 
- Hasui, pare de gritar. - Disse ao pequeno, segurando-o em sua mão e desviou o olhar ao outro, rapidamente. - Desculpe senhor. 
- Mamãe! Essa moça quer roubar meu papai!
- Hasui, ele não é seu pai. 
Izumi falou a ele, calando o pequeno que observou a si a fazer expressão de choro e pegou-o no colo, levando-o consigo para o escritório. Tsubaki fitou o rapaz, que como observado, levava seu pequenino que falava alto. Percebia seus lábios pequenos torcidos indicando o choro com o marejar de seus olhos brilhantes, e por alguma razão seu pai não parecia diferente, ainda que não estivesse choroso. Observou a morena que sorriu diante da situação, novamente arrumou seus cabelos.
- Crianças. Deve ser ótimo com ele. Suponho que devemos marcar o drinque outro dia, não é?
- Claro. Tenho algumas pendências hoje. Sayuri, agradeço a assistência. 
Tsubaki disse e cumprimentou-a com aperto de mão e uma breve reverência não muito formal. Tão logo após sua saída, seguiu ao escritório, fitando ambos por lá.
- Não chore, Hasui, vamos, pare de chorar, eu vou comprar o docinho que você gosta.
Izumi dizia ao pequeno, tentando consolá-lo diante de suas lágrimas silenciosas, e limpava o rostinho pequeno com um pequeno lenço de papel. 
- Mas mamãe, ele disse que era meu papai. 
Izumi suspirou, abaixando a cabeça e ajeitou as roupas do filho. 
- Hasui, você sabe o que a mamãe é, não sabe? Sabe que isso não é comum para muitas pessoas, não sabe? 
Disse, referindo-se ao fato de que para si, gostar dele talvez fosse mais normal do que o recíproco, já que era homem.
- ... Tsubaki não deve gostar de mim... 
- Mas ele já dormiu com você, mamãe...
Fitou o pequeno por um tempo curto e logo sorriu meio de canto, embora estivesse segurando as lágrimas. 
- Você também já dormiu comigo, e nem por isso vamos nos casar, hum?
- Vamos, pegue a mochila, meu turno já acabou.
- Hum, olha esse pequeno escandaloso. 
Tsubaki disse ao entrar no escritório e fechar a porta atrás de si. Havia estado um tanto aborrecido pela situação em público, mas era uma criança, não tinha como se aborrecer por ele. Após entrar seguiu até ele, buscando sua pequena mochila, ainda choroso.
- Não somos mais amigos?
Izumi desviou o olhar ao outro, ao vê-lo adentrar o local e uniu as sobrancelhas, respondendo pelo filho. 
- Desculpe senhor, ele saiu do escritório, pedi que ele ficasse aqui, não o tratei novamente.
- Senhor, hum? Sempre falou dessa forma? Fale comigo, peixinho.
Izumi negativou ao ouvi-lo e desviou o olhar ao filho, que tinha o olhar baixo, sem observá-lo, de braços cruzados. Tsubaki abaixou-se a fita-lo e segurou-o pelas alças de sua mochila. 
- Veja, não pode falar tão alto quando estivermos com clientes na cafeteria, tudo bem? Não pode fazer isso. E outra coisa, aquela moça era só uma colega de transações, de trabalho.
O pequeno desviou o olhar a ele, somente após ouvir o que ele dizia sobre a moça. 
- Mentiroso!
- Eu não sou um mentiroso.
- Queria me jogar fora!
Tsubaki riu, embora sem altura.
- Você quem está mentindo.
- Então você gosta da mamãe?
- Ora, o que isso tem a ver com você, hum?
Izumi uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo e desviou o olhar, sentindo as mãos um pouco trêmulas, porém fez uma breve reverência e saiu do local, deixando-o com o pequeno por alguns momentos e claro, fazia aquilo porque era fraco, sabia que ele provavelmente havia saído consigo por pena ou devido ao filho, e não conseguiria segurar as lágrimas dentro da sala. 
- Eh? M-Mamãe!
- Izumi? 
Tsubaki disse ao vê-lo caminhar rápido, buscando a saída do escritório, mesmo sob o chamado de seu filho. Izumi havia saído mesmo assim, não conseguiria ficar ali, e optou por ir ao banheiro, passando pelo rapaz ruivo que tentava fazer alguma piada consigo, e nem se importou em colidir o ombro ao dele quando passou correndo. O pequeno, observou o outro e uniu as sobrancelhas. 
- ... O que ele tem?
- Hum, deve estar bravo igual a você.
- ... Mamãe não estava bravo.
- Bem, quer comer um pãozinho enquanto eu falo com a sua mamãe?
- Acha que vai me comprar com um pãozinho? - Hasui falou fazendo bico. - ... Eu aceito.
Tsubaki sorriu. 
- Quer sair pra comer hoje a noite então? 
Disse enquanto levava pela mão, até entrega-lo ao ruivo, que gostava da companhia do pequenino também.
- Não, quero pãozinho com queijo cremoso. - Hasui falou e segurou a mão do outro. - Tem certeza que seu cabelo não pegou fogo?
- Ele está em chamas agora, está vendo? Jin'ichi, cadê o Izumi que fugiu feito uma moça?
- Minha mãe tacou fogo no meu cabelo quando eu era criança, aí ficou assim. Eh? Ah, o estressadinho passou chorando pro banheiro.
Tsubaki negativou para si mesmo, embora fosse visível aos demais, fosse ao ruivo que fitava, quase entendendo o assunto ou seu filho que parecia triste pela mãe. Só não tinha exata certeza se estava ele chateado pelo mesmo motivo do filho ou se era pela interação simples com ele. Após deixar o pequeno por lá, seguiu até o banheiro. 
- Hum, vou ter que ficar vindo atrás de funcionário em banheiro, é?
Izumi havia seguido ao banheiro como o ruivo indicou, no caminho já chorava, não conseguia se conter. Ele havia ajudado a si e ao filho, havia sido um bom homem, ao menos achava que era, já que para ele pelo que via, era somente uma noite, nada mais. Desde que entrara na sala, só havia dado atenção ao pequeno, se dirigiu a si, somente por um segundo breve e qualquer, como se não tivesse importância. Estava acostumado a ser descartado. Trancou-se no banheiro, sentando-se sobre o chão frio e abaixou a cabeça, sentindo as pequenas gotas que molharam a camisa, até ouvi-lo do lado de fora. 
- ... Meu turno já acabou. 
Falou, pigarreando para não parecer choroso e limpou as lágrimas com um pedaço de papel.
- Hoje você vai fazer extra. 
Tsubaki provocou claro, a fim de fazê-lo sair da cabine. Encostou-se no gabinete da pia, esperando-o lá fora.
Izumi uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo e levantou-se, batendo na roupa a ajeitou-se no lugar, saindo logo da cabine. 
- Desculpe... Vou voltar ao trabalho.
- Não estou falando sério. - Tsubaki disse quando via-o já fora. Tinha a ponta do nariz vermelha. - Hum, parece que o Hasui tem a mesma característica no nariz. Tem algo a me falar?
Izumi assentiu ao ouvi-lo e como era bobo, pensou, facilmente manipulado.
- ... Não, estou bem.
- Fale, Izumi. Está triste por caso do pai do Hasui?
Izumi desviou o olhar a ele. 
- Não me importo com o pai do Hasui.
- Bem, imaginei que vê-lo querer um pai pudesse ter sido difícil. É por conta dela?
- ... É difícil, mas o que eu posso fazer? - O menor falou e negativou, não queria falar sobre aquilo com ele ali no banheiro, mas era difícil lidar com os próprios sentimentos. - ... Eu... Achei que gostasse de mim. Sei que é meu chefe e que eu sou homem, que posso não ser o que você quer porque não sou moreno, alto e tenho um filho. - Disse e novamente estava chorando, embora sempre silencioso. - ... Sinto muito, não queria dizer isso aqui, eu... Não devia dizer isso. Eu estou cansado de ser forte o tempo todo... Por causa do Hasui, sou obrigado e não derramar uma lágrima perto dele, é isso é difícil.
Tsubaki desencostou-se de onde até então se acomodava sem conforto. Do lado pegou um papel macio de mãos e usou para assenta-lo abaixo de seus olhos, tirando a possível umidade que viesse a escorrer.
- Você é algo novo pra mim, de fato. É bastante jovem com filho, mas gosto do Hasui, isso não é um impasse. Você é homem então não estou acostumado com homens, sabe que foi o primeiro que me envolvi. Mas posso lidar com isso. Não achei que de fato estava sendo tão sério sobre sairmos, achei que estava só aproveitando. Quase sempre saímos com o Hasui nas poucas vezes que fomos então levei como um passeio e não encontro. Também não teria coragem de deixar ele em casa. Mas você entendeu errado, são negócios, tenho reuniões. Embora eu tenha os vinhos, cafés, ainda trabalho fora. Nunca levo a sério esse tipo de mulher, não deveria levar também. Okay, Hasui maior?
Izumi desviou o olhar a ele e assentiu, embora ainda se sentisse mal em relação ao modo como ele se referia a si. 
- Me desculpe, não vou fazer outra vez.
- Fazer o que? 
Tsubaki não entendeu exatamente a que se referia e tornou cruzar os braços em frente ao peito enquanto o fitava defronte, os dispensou logo em seguida no entanto, achando o ambiente meio estranho para a conversa, mas não tinha o que fazer.
- ... Chorar. Vou embora, desculpe.
- Não, espere. 
Tsubaki disse, embora não soubesse exatamente o que dizer a ele. Achou melhor somente segurar sua bochecha e tocar com a própria, sua boca, num toque devagar mas superficialmente. Izumi sentiu o pequeno selo no lábios e arregalou os olhos, observando-o tão perto a si e sentiu a face corar aos poucos, abaixando a cabeça.
- Quer sair hoje a noite? Ou quer ir até minha casa?
- S-Sua casa? Eu posso?
- Bem, estou convidando. Podemos jantar lá.
- ... - Izumi deu um pequeno sorriso. - Eu quero.
- Ok. Te busco as sete. Pode levar uma roupa de dormir pra você e pro Hasui.
- ... H-Hai
O menor disse e já podia sentir a batida forte do coração. Tsubaki sorriu a ele, percebendo como era fácil lidar com ele. Tocou o topo de sua cabeça, numa carícia breve e seguiu a sair do banheiro.
- ... Tsubaki... - Izumi suspirou e igualmente seguiu para fora. - Vamos Hasu?
- Está feliz, mamãe? Ele te deu um beijo?
- Hasui!
Tsubaki riu, evidentemente. 
- Onde você ouve essas coisas?
- Eu assisto novela.
- E quem te deixa ver novela? 
- A mamãe do Hikaru.
- Ora... Não vai mais lá.
- Ah, você gosta de novelas? - Disse Tsubaki.
- Gosto, isso é injusto, mamãe!
Tsubaki riu, divertindo-se. 
- Vou te dar uns dvds de novela. - Disse fingindo falar baixo como um segredo.
- Oba! 
- Tsubaki...
- Não fala pra mamãe.
- Tá bom.
- Vamos Hasu, temos que nos arrumar.
- Por quê? 
- Vamos dormir na casa do Tsubaki. - Izumi falou baixinho.
- OBA!
- Hasu!
Tsubaki não pode exatamente ouvir o que diziam, mas pela animosidade do pequenino já podia imaginar. Achou graça e deu para si mesmo um sorrisinho canteiro. Claro que percebera mais tarde que ao lado sorrateiramente o ruivo sorria também, provocativo.
-  Vou te demitir. 
- Ah, mas eu não disse nada!

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