Izumi e Tsubaki #7


Jun pegou deliberadamente a garrafa na adega de vinhos da loja, postou sobre o balcão assim como algumas das taças tomadas do recém chegado que as polia. Fitou o menino que olhava um pouco curioso, mas claro que seu olhar era mais atencioso a seu chefe. Era mesmo um "babão", deu-lhe até aquela provocada básica, colocando alguns guardanapos em seu avental, fazendo questão de parecer imperceptível quando era de fato visto. Assim preencheu-as com o vinho aberto e deu um sorriso canteiro ao patrão, era seu aniversário.
Tsubaki fitou o confeiteiro com um olhar esquisito de empolgação, já sabia porque, ia poder provar o vinho que queria com a desculpa de que era o próprio aniversário. Mas bem, por hora seria bondoso, merecia um bom vinho. Ao ter a taça servida logo tomou posse entre os dedos, assim como ele, o sommelier atrás do balcão onde atendia e mesmo o recente funcionário que pareceu curioso enquanto recebia a taça, mas olhava o bolso de seu avental, desferindo um olhar torto ao confeiteiro, já haviam se habituado entre si.
Feliz aniversário, patrão.
Erguera a taça sutilmente como um brinde indireto entre as taças.
- Sei que é um pretexto pra tomar esse vinho, mas obrigado.

Izumi o observava, é claro, lindo como sempre enquanto lustrava as taças e entregava ao outro, da cozinha que preenchia as mesmas com vinho, claro que não sem colocar o guardanapo no próprio bolso e uniu as sobrancelhas, desviando o olhar a ele, queria que o outro percebesse o que ele fazia e achasse ruim, não queria ter que parar de olhá-lo. Recebeu a taça, e nunca havia bebido vinho, mas fitou curiosamente a taça e aspirou o aroma da bebida, gostoso, parecia de fato suave. Brindou junto dos outros e observou-os enquanto tomavam, guiando a taça aos lábios e deu um pequeno gole, sutil, ao contrário do rapaz da cozinha, que virou a taça.
- Não vai beber? Passa pra cá.
- E-Eu não devo beber em serviço.
Você é idiota? Seu próprio chefe está bebendo.
Tsubaki notou o recato do garoto, e deduzia que aquele gesto tão contido era uma forma de parecer "certinho", evitando ser despedido ou confundido em alguma outra possível ocasião. Ruiu, num suave "tsc", indicando-lhe que não se importava.
- Não sempre. Hoje pode experimentar o vinho.

Izumi assentiu ao ouvir o outro rapaz e somente bebeu outro gole com a resposta do chefe.
- Hai, mas... Eu não sou meu chefe.
Murmurou, meio contido, não queria discutir e de fato, o vinho era mesmo gostoso.

- E eles também não são, pode beber. É só uma taça de vinho, criança.
O menor uniu as sobrancelhas ao ouvir o apelido e ouviu o ruivo da cozinha, com sua risada sobre aquele detalhe, sabia que iria se importar, por isso mesmo provocava. Assentiu e abaixou a cabeça.
- O que há com essa sobrancelha franzida?
Tsubaki indagou e tocou o meio de suas sobrancelhas, bem juntas.
- É só um apelido.

Izumi desviou o olhar a ele, mesmo após sentir o toque.
- Eu não gosto.

O maior arqueou brevemente uma das sobrancelhas.
- Tudo bem. - Disse e por fim voltou a atenção à taça, bebendo do vinho. - Guarde o vinho, Jin. Não vai tomar tudo.

Izumi negativou para si mesmo, não devia tê-lo dito e suspirou, bebendo o restante do vinho.- Venha comigo até a sala, Izumi.
Tsubaki disse por fim, levando consigo a taça de vinho o qual terminaria no escritório. O menor u
niu as sobrancelhas ao ouvi-lo e entregou a taça de vinho ao ruivo, claro, já sentia todo o corpo estremecer, era medroso por natureza. Esperou que ele se retirasse, e seguiu com ele, devagar, até ter-se dentro de sua sala.
- Desculpe senhor, não quis parecer mal educado.
O maior negativou ao comentário, dando-lhe de ombros.
- Não estou aborrecido. Vamos, sente-se.
Disse e indicou o assento estofado ao rapaz, sentando-se noutro lado da mesa, voltando-se a ele enquanto ainda bebida do vinho.
- Está gostando do serviço?
H-Hai... É claro, aqui é extremamente adorável. - Izumi sorriu a ele enquanto se sentava. - Ah... H-Hasui mandou... Entregar pra você.
Murmurou e retirou do bolso um novo desenho, dessa vez dele com um chapeuzinho de festa, claro, era seu aniversário, também havia trazido um pequeno bombom, que o pequeno deixou junto do desenho.
- ... Ele ganhou de um amiguinho, mas disse que ia guardar pra te dar de presente.

Tsubaki sorriu a ele ante a resposta e fez menção em prosseguir, embora interrompido, acabou por dar atenção ao que dizia. Aceitou o novo desenho, imaginando porque o pequenino havia se apegado tanto. Há dias não o via, desde o inicio do trabalho de seu pai por lá, e ainda assim ele parecia esperar por uma visita ou um encontro. Sorriu novamente ao perceber o desenho desajeitado, até riu ao notar o bombom na mão de palitinhos do desenho.
- Hum, que pecado. Por que disse sobre o aniversário a ele?

Izumi sorriu, meio de canto.
- Ele disse que sentia sua falta, então, escapou.

- Você pode traze-lo aqui. Comer um lanchinho. Ou podemos dar um pulo naquela feirinha gastronômica.
- ... Como um encontro? - Izumi falou a ele com um pequeno sorriso.
- Bom, depende se vai trazê-lo aqui ou se vamos até a feira.
- Eu adoraria ir na feira.
- Ah, prefere a feira à cafeteria?

- I-Iie... É que... Seria um encontro.
Tsubaki fitou-o por um instante, não sabia se podia interpretar aquilo como uma forma dele demonstrar interesse afinal, não tinha experiência com homens. O menor sorriu, meio de canto.
- Desculpe, não quero desrespeitá-lo...

- Nós podemos ir então, na próxima semana depois do serviço.
- Eu adoraria.
- Hum, me diz algo que o Hasui goste que eu levo pra ele.
- Ah, não precisa se incomodar, mas... Ele é uma formiguinha, gosta de tudo doce.
- Hum, então ta bem. Me conte quando conseguirem uma casa, certo? Mas voltando ao assunto inicial, já completou um mês desde que iniciou, como mencionei antes você vai poder escolher o curso na área da cafeteria, seja confeitaria, vinhos ou café. Preciso que me diga e assim possamos dar entrada na sua inscrição.
Izumi assentiu ao ouvi-lo e sorriu, um sorriso que tomou quase toda a face.
- O senhor... Quer mesmo investir em mim?

- Está dentro da sua vaga, eu já havia dito a você, hum? - Tsubaki disse e sorriu ao garoto. - Você será um aprendiz. Então, o que vai ser? Confeitaria, eu suponho.
- Sim, eu amo confeitaria!
- Tudo bem. Vamos providenciar sua matrícula. Sabe que com isso terá o horário um pouco mais apertado?
- Sei... Tudo bem, Hasui... Hasui vai entender.
- Eu vou conversar com ele.

Tsubaki uniu as sobrancelhas e assentiu.
- Bem, é só isso. Você pode voltar se não tiver nada a dizer.
- Dizer... Você... Está muito bonito hoje. 
O maior fitou-o surpreso, embora não demonstrasse visualmente, por fim sorriu ao negativar descontraidamente sobre aquilo.
- Não fiz nada em especial, Izumi. Você também está.

Izumi sorriu, meio de canto ao ouvi-lo e assentiu, levantando-se e fez uma pequena reverência, saindo de sua sala logo em seguida. Do lado de fora, sorriu, sentindo o coração pulsar mais forte no peito, e claro, estava distraído, feliz, tanto que esbarrou em um prato sobre a bancada, que foi ao chão bem ao lado da sala dele, e teria sido tudo bem, se não tentasse pegar rapidamente os cacos, envergonhado, e acabou com um corte em uma das mãos.
- Ah!

Tsubaki terminou o vinho na taça após a saída do garoto, ao se levantar teria pego o casaco, pretendia sair, se não houvesse escutado o estardalho do lado de fora. Seguiu até lá num reflexo e observou o garoto, rapidamente abaixado afim de provavelmente limpar, claro que protestou, mas antes que mandasse não fazê-lo acabou ouvindo-o resmungar.
- Eu disse não, Izumi.
Disse por fim e se abaixou, fitando sua mão, buscando o ferimento, conferindo-o.

O loirinho observou-o se aproximar e uniu as sobrancelhas, estava envergonhado, claro, mas estava mais preocupado com o ferimento, feito por acidente.
- Me desculpe... Eu...

- Alguém limpe aqui.
Tsubaki pediu a qualquer um dos funcionários embora alguém já fosse responsável por isso.
- Venha. - Disse ao garoto e levou-o consigo de volta à sala. - Tem que ter mais cuidado, Izumi.
Repreendeu diante de seu gesto em reflexo, inesperado e tomou a bolsa de primeiros socorros já na sala e tratou de formular a limpeza do ferimento, por sorte pequenino, embora tivesse tirado fina lasca de porcelana de seu dedo ferido.
- Não se afobe em caso de acidente. Apenas diga um palavrão e peça pra alguém cuidar da limpeza.

O menor adentrou a sala junto dele, silencioso ao observar o dedo e uniu as sobrancelhas enquanto o via retirar o caco de porcelana e doía como se enfiassem uma faca, por isso, o gemido fraco escapou dos lábios, mesmo sem intenção, deu um sorrisinho ao ouvi-lo por fim e observou-o ali tão perto de si, atencioso como sempre fora, e agradeceu por ter guardanapos no avental.
Tsubaki ergueu o olhar a fita-lo ao ouvi-lo gemer.
- Tudo bem?
Indagou e por fim tornou atenção no ferimento. Após limpar voltou-se à caixa e tomou uma gaze e envolveu em seu dígito, prendendo-a com um pequeno pedaço de fita. Podia sentir o olhar do mais novo sobre si, o que fez consequentemente fita-lo da mesma forma. Fitou seu rosto bonito, seus cílios claros e alongados e seus olhos de cor cinza, gostava daquela cor.
- Seus olhos tem uma cor que eu gosto muito.

Izumi abriu um pequeno sorriso, sutil e claro, a face se corou, não se lembrava mais de como era flertar com alguma pessoa, mas era algo mais ou menos assim. Uma das mãos, guiou aos cabelos dele, deslizando uma de suas mechas atrás de sua orelha e aproveitando o local, deslizou pela face dele até tocá-lo no queixo, um toque sutil, para si, mas não sabia como ele iria encarar, só sabia que estava perto demais dele, perto demais dos lábios dele, e queria beijá-lo.
O moreno elogiou, sinceramente. Ele era de fato bonito, suas cores claras davam um ar leve, assim como ele realmente parecia ser, mesmo como seu eu miniatura, responsável por agora, conhecê-lo. Mas ao sentir o toque de seus dedos incertos, notou a proximidade com que se pôs, não havia dado em cima dele de ato, mas imaginava se havia feito parecê-lo. Levou a mão até a sua agora no queixo e segurou-a, afagando com sutileza.
Izumi abriu um pequeno sorriso ao senti-lo segurar a própria mão, e tinha que ser bem delicado, é claro que queria voar em seus lábios, mas não podia fazê-lo, corria o risco de ser recusado e empurrado, e não queria isso, ficaria muito chateado, por isso, desviou o olhar aos lábios dele, sutilmente e aproximou-se suavemente, apreciando sua carícia, e esperava por ele, esperava por sua investida, quase rezando para que ela viesse.
Tsubaki notou a proximidade dele, sutil, com expectativa. Queria ser beijado, e embora fosse delicado ao fazê-lo, era indiretamente bem direto. Acabou sorrindo, num riso sem voz, um sopro nasal, estava sendo "paquerado" por um homem. Com o dígito polegar afagou seu dorso, por fim chegou perto do garoto, mas beijou sua bochecha alva, macia e morna, demorado. Afagando por fim seus cabelos claros como sua cútis.
- Coloque uma luva se for mexer em algo mais, hum? Assim que terminar o serviço, pode ir pra casa, não precisa ficar até o fim do horário, mas só hoje, uh?

Ao ver a mão dele, Izumi se afastou suavemente, tinha medo de ser recusado e de fato fora, mesmo sutil. Sentiu o beijo sobre a face, os lábios macios que tocaram as bochechas e uniu as sobrancelhas, assentindo com um sorrisinho fraco, e achava que ele iria fazer aquilo consigo? Era um idiota.
- Obrigado... Com licença.
Falou e levantou-se, segurando a gaze contra os dedo machucado e observou-o antes de abrir a porta.

- Izumi. - Tsubaki chamou ao perceber seu modo brusco, na verdade, rápido de se levantar e sair da sala. - Não fique sem jeito.
O menor virou-se a observá-lo e assentiu, também rápido demais, queria sair, afinal, tinha lágrimas nos olhos, e não queria que nenhuma delas caísse na frente dele.
- Desculpe...

- Não.
O moreno disse ao se levantar, percebendo seu olhar brilhante, mesmo embora não estivesse realmente marejado. Por Deus, ele era um homem, mas estava prestes a querer consolá-lo.
- Não chore, vem cá.
- N-Não estou chorando...
Izumi murmurou, porém preferiu ficar em silêncio ao invés de constar uma coisa obvia, e de fato, estava. Não queria se sentir rejeitado, já havia sido rejeitado o suficiente na vida de várias formas diferentes. Seguiu em direção a ele, devagar e engoliu o choro, o melhor que pôde.

O maior o notou mesmo a contragosto seguir para si, como um menino obediente, o que era engraçado e ainda adorável. Ao parar fronte a si, tinha a ponta do nariz suavemente avermelhada ante seu esforço para não lacrimejar. Chegou um pouco mais perto como ele mesmo havia antes feito. Beijou-o na testa e desceu em seus lábios, o beijou, como a pouco não tinha intuito de fazer.
O loirinho observou-o de perto, envergonhado pelas lágrimas, parecia uma criança de fato e não queria parecer assim para ele, queria parecer um homem, embora não o fosse ainda, se esforçava para ser, por isso não gostava que chamassem a si de criança. Sentiu o beijo na testa e o coração parou por alguns segundos, só voltou a bater quando seus lábios tocaram os próprios e retribuiu seu beijo, um toque sutil, que despertou vários sentimentos em si, nem poderia explicá-los, mas faziam anos que não tocava os lábios de alguém daquela forma, ainda mais sendo ele, mas lembrou-se, que talvez estivesse ficando consigo somente por pena, e sentiu uma pontada no peito.
Tsubaki sentiu sob os lábios os seus, estavam quentes, fosse pelo choro ou talvez pela timidez. Claro que o havia beijado por pena, como pensava ele, um consolo, embora soubesse que na verdade não beijaria qualquer homem choroso pedinte por um beijo. Embora não estivesse apaixonado, achava-o adorável, gostava do rapazinho.
Izumi fechou os olhos, apreciando o toque, que não fora muito além daquele simples selar de lábios demorado, claro, queria sentir a língua dele contra a própria, mas não devia, se ele não desse o primeiro passo, não insistiria. Sentiu o coração bater, acelerado no peito e uma das mãos guiou sobre a nuca dele, segurando-o ali.
O moreno abriu os olhos, fitando o garoto de perto. Seus dedos delicados sobre a nuca diziam o que não falava com a boca, supôs que aquele toque não era de quem pedia mais tempo com um simples selar de lábios. Por fim o beijou, adentrando a boca dele com a língua. Não era muito delicado na verdade, iniciou o beijo precisamente.
O loirinho abriu os olhos ao sentir o início do beijo, claro que havia se assustado, mesmo com suavidade, já que não se afastou. Suspirou e tentou relaxar, mas estava tenso, sentia os toques dele, da língua e sabia que o beijo dele era gostoso, mas o próprio, não sabia, e esperava que ele pudesse gostar.
Tsubaki podia notar a breve surpresa do garoto o que causou em si um breve arqueio da sobrancelha, afinal, se esperava por isso, não podia entender o sobressalto, mas continuou no entanto. Penetrando sua boca com a língua, seguindo o ritmo que não era lento, mas também não o era apressado ainda que fosse preciso. Imaginava o que se passava na cabeça dele, já que na própria queria saber como haviam terminado daquela forma.
Aquele beijo era tão bom, que Izumi quase gemeu contra os lábios dele. Há tempos não sentia o coração disparado, parecia um adolescente beijando o garoto que gostava na escola. Ele era lindo, e era só nisso que pensava. A mão deslizou por sua nuca, numa carícia sutil e mordeu o lábio inferior dele, suavemente, num movimento sutil, e primeiro movimento, por vontade própria.
Levando adiante, Tsubaki retribuiu o toque com o mesmo, mordiscou seu lábio superior a medida que tinha o próprio mordido suavemente. A mão levou até seu rosto e deslizou pela face ao pescoço, ao ombro e após sorver sua língua, por fim o soltou, dando aparte ao beijo.
Izumi deixava-se levar como podia, pelo tempo que podia, havia aprendido a adorar os toques dele mesmo naquele simples minuto que havia durado aquele beijo, e que havia despertado a si de alguma forma. Ao se afastar, piscou algumas vezes e desviou o olhar a ele, e já podia sentir as bochechas se corarem.
Ao se afastar no fim do beijo, o maior notou sua timidez estampada na face corada. Não soube bem o que dizer ao garoto, era uma novidade que não esperava ter naquela tarde. Por fim tocou novamente sua bochecha, deu um afago breve.
Izumi sentiu-o tocar a própria bochecha e sorriu a ele, meio de canto, claro que os olhos já haviam secado, não chorava mais e claro, estava feliz. Agora sabia como era tocá-lo, mesmo que por poucos segundos e também não sabia o que dizer.
- Bem, volte ao trabalho, espertinho. - Disse por fim.
- S-Sim senhor...
O menor falou e fez uma pequena reverência, seguindo em direção a porta.

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