Yuuki e Kazuto #60


Kazuto suspirou, deitava-se na cama do filho, abraçando o ursinho que ele usava para dormir e chorava, chegando a faltar ar para si entre os soluços do choro, a janela estava aberta igualmente às cortinas, o pouco sol já entrava pela mesma, e não se importava se ele pudesse atingir a própria pele, apenas manteve-se deitado, imóvel.

Yuuki transitou pela casa, lado a outra, enquanto no telefone falava com o integrante da banda, que de fato, sabia da própria "raça" por assim dizer. Pediu, ou melhor, ordenou que fosse a busca do filho, deu sinais de seus traços, mesmo já conhecidos por eles e sabia que o fariam. O telefone desligou a deixar em seu pedestal, encarou a ruiva, tão aflita quanto deveria estar.
- Vá dormir.
Ditou as ríspidas palavras e viu-a assentir e seguir em seu quarto o mais depressa possível. Encaminhou-se ao quarto do pequeno e pôde ver o garoto louro em sua cama, por um triz do contato solar. O puxou pela perna, o deteve nos braços e o encarou.
- Querendo ficar doente?

Kazuto sentiu o outro puxar a si e abraçou o ursinho pouco mais forte a não deixá-lo cair no chão. Os olhos, não tinham nem rastros da cor vermelha, estava tão fraco, mas não tomaria se quer uma gota de sangue até que o filho aparece.
- Não me importo...

- É assim que quer encontrar seu filho?
- Quero meu bebê...
- Ele está bem, e nós vamos encontrar ele.
- Como pode saber que ele está bem...? Já tem sol lá fora?
Kazuto murmurou a novamente iniciar o choro.

- Porque eu sinto ele. Ele está bem, se não estivesse eu já estaria feito cinzas lá fora.
- Como assim sente? - Murmurou.
- Porque eu o sinto, enquanto meu sangue estiver correndo nas veias dele, sinto cada pequena emoção de Suzuya.
- Porque eu não posso sentir...?
- Deveria. Sabe o que estou sentindo agora?
Kazuto uniu as sobrancelhas a desviar o olhar ao outro.
- Você... Você está tranquilo... Calmo. Mas preocupado... E eu acho que é com o Suzuya... Você disse... Que o seu sangue corre nas veias dele... 

- Já cansou de colo, Cinderela? - O pousou no chão.
- Você não me chama assim há anos...
Kazuto voltou a se sentar na cama ao lado dele, segurando o ursinho nos braços.

- Você parece gostar disso. Vá para o quarto. Já estão procurando Suzuya.
- Quero ficar com você... Além disso, não sei se consigo andar pro quarto... Preciso tomar algo...- Quer ser uma mãe inútil quando seu filho chegar?
Yuuki abaixou-se e novamente fora obrigado a toma-lo nos braços, o levando até o quarto, que agora, era de ambos e o deixou na cama. Deixou o quarto, seguiu a cozinha onde buscou algo que pudesse servir, puro. Serviu a porcelana branca com o rubro e viscoso líquido, e logo, regrediu ao quarto a leva-lo e entrega-lo ao outro.

Kazuto negativou, carregando o ursinho pequeno ao quarto e repousou a face sobre o ombro do maior enquanto ele carregava a si, sentia-se tão mais seguro nos braços dele, mas logo foi abandonado na cama novamente. Ajeitou-se no local e cobriu-se com o edredom, observando-o a sair do quarto e logo retornar com o sangue. Pegou da mão dele a observar o liquido e aspirou o aroma saboroso, levando-o aos lábios a beber alguns goles e logo desviou o olhar a ele.
- Você... Você não está só preocupado com o Suzuya, não é? Ninguém tem tanta preocupação quando sabe que a pessoa está bem...

- É meu filho, o quero em casa.
O menor bebeu o restante do sangue a deixar o recipiente ao lado e ajeitou-se abaixo do edredom.
- Então... Não se importa comigo?

- Você é tapado?
Kazuto negativou, abraçando o ursinho e desviou o olhar ao local vazio ao lado de si.
- O trouxe ao quarto, quando podia deixa-lo torrando no quarto do Suzuya.
- É por isso que estou perguntando. Deita comigo...
- Não vou deitar, estou esperando ligação. - Yuuki sentou-se à beira da cama.
O menor assentiu, a mão segurou o edredom e novamente as lágrimas escorreram pela face a observar o outro em frente a si.
- O que foi?
- Quero que me abrace... Mas tenho vergonha de pedir porque sei que vai dizer não.
- E por isso está chorando?
- Sim...
- ... Sério?
Kazuto virou-se de costas ao maior.
- Você pode deitar nas minhas pernas se quiser, mas se o telefone tocar eu terei que sair.
O menor assentiu, levantando-se e ajeitou-se próximo a ele, repousando a cabeça sobre as pernas do maior.
- Assim está bom...

Yuuki encostou-se pela cama, sem se deitar. Descansou as pernas no colchão, e sentiu o pouco peso sobre elas no descanso do outro rapaz e a mão dispersa, demorou algum tempo até decidir onde repousar e por fim, deixou-a sob o ombro alheio. Kazuto fechou os olhos a tentar dormir, permanecendo poucos minutos daquele modo até que ouviu o toque do telefone e se retirou das pernas do outro a deixá-lo se levantar, sentando-se.
Yuuki levantou-se em caminho ao telefone, atendeu a chamada em busca de atender a um dos integrantes do grupo. A voz masculina não era conhecida, logo deu sua graça e ditou o nome, assentiu logo a sua pergunta, e suas informações seguiram diretas as características do próprio filho. Quase chegou a rir pela ironia de quem o havia encontrado, porém apenas assentiu e buscou formular algumas perguntas afim de conhecer o rapaz noutro lado da linha.
- Kazuto. - Chamou.

- Hai?
O menor levantou-se e seguiu o caminho até o outro, carregando ainda o ursinho do filho nos braços.
- Prefere ir buscá-lo ou que venham trazer o Suzuya aqui?
- Eles podem trazê-lo aqui...? - Uniu as sobrancelhas.
Yuuki voltou a atenção ao rapaz na linha, passando as informações necessárias sobre o edifício, andar e apartamento, incluindo igualmente um horário. Agradeceu ao homem e por fim, desligou.
- Não! - Kazuto chamou a atenção do outro antes de desligar o telefone. - Posso falar com ele?!- Com quem?- Com o Suzuya...- Ele está dormindo. - Yuuki desligou. - Eles virão por volta das nove da noite. Uh, eles são vampiros, encontraram Suzuya num parque por volta das sete horas da manhã, parece que o filho deles ouviu o choro e foi atrás, se queimou mas os dois já se alimentaram e vão terminar de recuperar a imunidade durante o sono.
Kazuto assentiu, observando o maior junto ao telefone e logo o abraçou, repousando a face sobre o ombro dele. Yuuki teve em seu abraço repentino, como talvez já houvesse criado costume. Os braços passados a sua volta, pousou as mãos em suas costas.
- Como ele foi parar no parque?

- Não sei... Eu fico de olho nele todo o tempo... Não sei nem como conseguiu sair do prédio...- Kasumi deve ter deixado a porta aberta, no entanto ela não desce o edifício, alguém abriu o elevador pra ele.Kazuto permaneceu alguns instantes a observar a ruiva, porém nada disse, não diria ao outro o que realmente pensava, ele iria negar.
- Vamos pro quarto? ... Quero dormir com você.

Yuuki o desvencilhou do tipo de abraço, o passando em frente a direção do quarto. Kazuto seguiu ao quarto novamente, logo deitando-se na cama e ajeitou-se abaixo do edredom, esperando pelo outro. O maior trocou as roupas vestidas por algo que fosse casual e bom o bastante para dormir. Acomodou-se ao típico lado da cama onde costumava se deitar. Kazuto aproximou-se do maior a ajeitar-se junto dele e encolheu-se a repousar a face na altura do peito do outro. O maior acomodou-se daquela forma, como já sabia que o faria. As pálpebras cerradas não demoraram a vir o sono, já o menor, permaneceu ainda um bom tempo acordado, mesmo com sono, pensando em como o menorzinho estaria, mas sabia que estava bem, ou o outro já teria atravessado a cidade atrás dele. Na verdade, percebia em Yuuki naquele dia, que ele realmente parecia se importar de fato com o filho, ao invés do que podia pensar, podia senti-lo, era estranho, nunca havia pensado sobre aquilo antes, mas... Podia sentir os sentimentos dele, sentir o que ele sentia. Fechou os olhos e permaneceu em silêncio por fim, até pegar no sono junto dele.

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