Misaki e Daisuke #31


Yukio levantou-se da cama, ouvia o choro, era afobado e não muito distante.
- Mamãe...
Ditou baixinho, e pôde ouvir a voz outra vez, impossível ser o pai, pensou consigo, era infantil demais, talvez estivesse sonhando a ressonar. Voltou se acomodar abaixo do edredom azul clarinho.
Mamãe... Mamãe, o sol machuca.
O pequeno descerrou novamente os olhos, era claro e podia sabê-lo pela claridade pouca através das cortinas negras do quarto. Levantou-se, caminhando pouco ligeiro ao quarto dos pais, aberto, a figura de ambos numa posição tão estranha, os encarou inexpressivo e puxou a maçaneta da porta, fechando-a. 
Misaki suspirou ao sentir os toques em si e logo ouviu o barulho da porta, arreglou os olhos.
- Dai! - Desviou o olhar a porta e sentou-se, deixando o que faziam de lado. - Yuki?

Daisuke erguera a face vagarosamente, virou-se ante o desespero do parceiro e fitou o filho, sem reação qualquer.
- Yuki? Filho? - Ditou a assisti-lo fechar a porta.

Yukio afastou-se e seguiu ao quarto, o chorinho de criança ainda era audível, quase chegou a deitar, mas podia imaginar a claridade torrar a pele e sentia medo pelo portador da voz. O lacrimejo se fez nos olhinhos amarelados, o torcer dos lábios, buscou correr ao banheiro e o roupão azul marinho do pai foi o tecido que pegou, correu, rápido à porta, mesmo novamente ouvindo o chamado da mãe, e abriu a saída, sentiu-se vertigioso pelo pouco calor da manhã e buscou fitar a figura da paisagem, sem fitar qualquer presença ali.
- Mamãe... Papai...
Chamou choroso ainda, debaixo apenas do roupão do pai e fitou o pequeno, bem menor que a si mesmo, encolhido abaixo de um canudo feito de pedras no parque a alguns poucos metros de distância da própria casa, fugia, fugia do sol encolhido e ainda chorava, caminhou ao pequeno e abaixou a sua frente, sem permissão puxou seu bracinho e fê-lo sair de sua proteção, sua unica reação foi agarrar a própria cintura, escondendo seu rostinho contra a própria roupa, puxou como pôde o roupão não muito grande e caminhou em passos já danificados pelo mal-estar.

- Yuki.
Daisuke ditou e levantou-se, buscando trajar o suéter preto retirado do corpo pouco antes. Estremeceu diante do mal-estar que sentiu, e os orbes já bem expostos correram a fitar o parceiro, sentindo o medo do filho, e sabia, sentia dor.
- Yuki!
Exclamou ao parceiro, já igualmente alerta diante de tal e seguiu a saída do quarto, a busca do quarto do filho e outros cômodos da casa. Misaki l
evantou-se apressado igualmente ao ouvir o marido e caminhou ao banheiro a pegar o próprio roupão e vestiu, seguindo em passos rápidos até a cozinha, observando o local.
- Yuki?! Yukio!
As lágrimas escorreram pela face a procurar o filho menorzinho, preocupado, ele podia ter se machucado ou algo do tipo. Caminhou em direção a porta ao vê-la aberta e gritou ao outro.
- Dai, ele saiu!
Saiu de casa, a observar o sol já bem aparente no local e sentiu a pele queimar, unindo as sobrancelhas pela dor que sentiu e buscava o filho pequeno, observando-o a uma pequena distância do local. Correu, mesmo sentindo-se fraco com a luz, mas o desespero foi maior que si, só ficaria tranquilo quando o filho estivesse em casa. Observou o menorzinho junto do filho e puxou ambos pela mão a deixá-los em frente ao próprio corpo, seguindo em passos rápidos em direção a casa e logo pegou a ambos nos braços como pode, caminhando e logo adentrou a casa, colocando a ambos no chão e fechou a porta, ajoelhando-se em frente ao filho menor.
- Yukio.... Você não pode... Sair assim...
Suspirou, 
apoiando-se na parede e desviou o olhar ao marido, sentindo as vistas embaçadas.
- Misaki!
Daisuke exclamou ao vê-lo deixar a casa, porém seu caminho foi rápido o suficiente a estar no local antes mesmo que pudesse sair. O segurou no abraço antes que pudesse cair com seu apoio na parede.
- Não faça isso! - Brandou as palavras, estas capacitadas de assustar mesmo aos pequenos em casa. - Você é mais fraco que eu, deveria esperar eu ir buscar ele! Você é estúpido...?
A voz soou rouca, diante do brilho úmido adquirido pelas vistas já pouco vermelhas.
- Você está bem?
Indagou afável, selou-lhe os lábios e lhe concedeu o próprio pulso, havia se alimentado recente. Misaki u
niu as sobrancelhas ao ouvi-lo, tentando manter os olhos abertos, mas doía e tentava fitar a face dele nitidamente. Assentiu com pequenos movimentos da cabeça.
- O Yuki... Está bem?
Murmurou, sentindo o cheiro do sangue do outro tão perto de si e abriu a boca, sem enxergar o pulso do maior, tentando alcançá-lo com os lábios.

O pequeno corpinho encolheu-se próximo ao garotinho maior que si e chorava, sentindo a leve dor pelo corpo, abraçando-o para tentar se manter em pé. Daisuke perfurou o próprio pulso, deixando o sangue correr pela branca tez, tingindo-a e levou aos lábios do companheiro, deixando-o lamber até que tivesse forças suficientes para sugar.
- Yuki... Vem cá.
Os bracinhos de Yukio passaram a volta do pequenino junto de si mesmo, sentia-se tonto demasiado, sede, muita sede, muito cansaço, queria fechar os olhos, sentia a carne ferver mas não conseguia nem chorar. Segurou a mão estendida do pai, caminhando junto ao pequenininho até ele, assistindo o rubro tomar conta de seu outro braço e lambeu sua feridas, como um calmante entorpecente e quando fez-se forte o suficiente para sugar o sangue a boca, abaixou-se a chamar o garotinho, observando seus olhinhos chamativos e iguais aos próprios, juntou os pequenos próprios lábios aos seus, empurrando a sua boquinha o sangue do próprio pai contido na boca.O garotinho desconhecido ergueu a face ao ouvi-lo chamar a si e ergueu a face, observando-o. Levantou-se, ainda bem menor que ele e logo sentiu o beijo a unir as sobrancelhas e fechou os olhinhos, sugando o sangue do outro que tinha no local, alimentando-se e aos poucos se sentiu mais forte, cessando o beijo e encolheu-se a se afastar do outro, observando-o com a boquinha suja pelo sangue.
- Mais? 
Yukio indagou baixinho, ainda sem forças suficientes, o pequeno assentiu, sentindo as lágrimas já a deixar os olhinhos pequenos.
Misaki lambeu o sangue algumas vezes, sugando-o em seguida, mesmo que com pouca força, sentindo aos poucos a foça voltar a si e já podia ver o outro nitidamente. Beijou-lhe o pulso e ajeitou-se nos braços dele, sabia que não conseguiria se levantar.
- Não...Não quero mais. Já estou bem. - Murmurou.

- Seu estúpido!
Daisuke tornou lhe brandar e fechou os olhos num suspiro pesado, a busca de dar aparte a qualquer líquido que viesse a escorrer pela face e o apertou com um dos braços a sua volta.
- Estúpido... - Tornou dizê-lo, suavemente rouco.

Misaki uniu as sobrancelhas, levando uma das mãos a face dele a limpar a pequena lágrima.
- Está chorando...? - Murmurou.

O maior suspirou sem dizer algum comentário e lhe selou novamente os lábios, uma, duas vezes.
-  Vou pegar sangue pra vocês...
Desvencilhou Misaki do toque, levantou-se após um beijo a mais em seus lábios pálidos e desta vez quentes como não deveriam estar. Caminhou a cozinha, a busca do sangue fresco e humano, os copinhos do filho, dois deles, encheu-os, mesmo que nem houvesse observado aquela criança ainda mais nova que o próprio filho. Um copo ao parceiro e os três levou de volta ao hall, entregando ao marido, abaixou-se ao filho e o menino, dando-lhes aquele tipo de mamadeira.

O menor encostou-se a parede, observando o marido se afastar de si e uniu as sobrancelhas a desviar o olhar ao filho, ajoelhando-se com cuidado e sentou-se ao lado dele.
- Vem aqui...
Sentiu as lágrimas que escorriam pela face e abriu os braços a esperar o filho pequeno até que ele se aproximasse, abraçando-o e observou o pequeno próximo a ele, levando uma das mãos a face tão pequena do garotinho e acariciou a mesma. Não imaginava o que ele estava fazendo ali sozinho, mas sabia que em algum lugar os pais daquele garotinho estavam procurando por ele, porque não seria possível abandonar alguém tão lindo e tão frágil como ele num local como aquele. Sorriu ao ver o marido voltar e pegou o copo.
- Obrigado, amor...
Murmurou a levar o copo aos lábios e bebeu alguns goles do sangue. Yukio o
bservou o caminho do pai e por fim voltou a observar o pequenino.
- Meu papai vai trazer sangue.
Falou baixinho e fitou a mãe, caminhou devagar próximo a ele, se aconchegando em seu abraço, junto do pequeno vampirinho.
- Mamãe, ele tem o olho igual o meu.

Ergueu a face ao pai, aceitando o copinho tampado, e um deles entregou ao pequeno, ganhando outro do pai. Sugou por seus pequenos orifícios o sangue fresco, descendo suave pela garganta, reconfortando o corpo necessitado de tal.
O menorzinho ajeitou-se junto a Yukio, sentando-se no chão e encolheu-se a pegar o copinho e levou aos lábios, bebendo longos goles do sangue e sentiu o corpo igualmente mais forte aos poucos, desviando o olhar ao rapaz em pé e pela primeira vez pôde dizer algo.
- Obrigado, moço...
Misaki suspirou, sorrindo ao pequenininho ao ouvi-lo e desviou o olhar ao marido. Entregou-lhe o copo vazio e encostou a cabeça na parede, chamando o marido com uma das mãos para que se abaixasse. Daisuke observou o pequeno e lhe acariciou os cabelos escurinhos, tal como fez no próprio filho e abaixou-se próximo ao parceiro, portando numa das mãos seu copo vazio. Misaki selou-lhe os lábios, levando uma das mãos a face dele e acariciou-o.
- Me perdoe... Eu não sei porque, mas eu disparei quando vi o Yuki se machucando... Eu não podia esperar muito tempo... Só queria ver ele a salvo... Mesmo que me machucasse...
- Eu sei, amor, eu sei... É nosso bebê, hum?
- Hai... Não posso deixar ele se machucar... - Misaki levou uma das mãos aos cabelos do filho pequeno, acariciando-os. - Me leva pra cama... Por favor. Yuki, vem com a gente, e trás seu amiguinho também, vamos conversar lá, eu já estou melhor... Mas eu preciso me deitar.- Mas estou com muito sono, mamãe. Meus olhos estão fechando sozinho, eu preciso dormir. Nós não podemos dormir um pouquinho?- Podem... Me perdoe. - Levantou-se mesmo com pouca dificuldade e pegou o filho nos braços, estendendo a mão ao menininho pequeno ao lado dele. - Vem comigo, hum? Vou levar vocês pro quarto.O pequeno encolheu-se a terminar de beber o sangue e logo levantou-se, segurando a mão do rapaz bonito de cabelos compridos e assentiu.
- Misaki, está melhor para andar?
Daisuke indagou ao parceiro, abaixou-se pegando o pequeno igualmente no colo.

- Posso carregar ele pro quarto, tudo bem, amor.
Misaki murmurou, pouco fraco e seguiu o caminho até o quarto do filho, adentrando o local e ajoelhou-se a deixar o menorzinho na cama, beijando-lhe a face.
O pequeno estranho levou os bracinhos a volta do pescoço do rapaz, segurando-se e observava a casa com os olhinhos grandes, atentos. Yukio agarrou-se a mãe, beijou-a em seu rosto igualmente cansado.
- Mamãe tem que dormir também, papai vai cuidar do seu soninho, né papai?
Ditou quando finalmente já posto sobre a cama, sentindo a maciez do edredom.

Daisuke observou o pequenino nos braços, com seus astutos e grandes olhos a encarar toda a casa. Seguiu junto do companheiro ao quarto do filho e como ele, deixou àquela criança sobre a cama.
- Sim, papai vai cuidar da mamãe pra ele acordar bem revigorado mais tarde, e você cuide do pequenininho aqui. Qual seu nome, hum? - Indagou ao garotinho.

Misaki assentiu e acariciou os cabelos do filho.
- Meu heroizinho.

O pequeno uniu as sobrancelhas a observar a ambos e observou Yukio sobre a cama, mas logo voltou a olhar o rapaz que carregava a si antes ao ouvir a pergunta.
- Suzuya... Moço... - Puxou a camisa do maior. - Eu quero a minha mamãe... - Murmurou.

- É por isso que não podemos dormir, amor... Os pais dele devem estar procurando por ele...
- Como sua mamãe se chama? - Disse Misaki.
- Kazuto...

- Eu fui chamar, mas vocês estavam fazendo alguma coisa e eu fiquei com vergonha eu tentei dormir, mas ele ficou chamando mamãe... E disse que o sol machucava, e o sol machuca mesmo.
- Suzuya então.
Daisuke sorriu curto, novamente acariciando o pequeno no topo de sua cabeça.
- Nós vamos encontrar sua mamãe. Temos que dormir, Misaki. Desse jeito não vamos seguir a lugar algum, não temos condição de sair lá fora, e suponho que nem os pais dele. Vou ligar para a Kyoko e pedir que ela vá ver o médico que fez seu parto, ele é o único médico vampiro por aqui, ele provavelmente fez o parto dessa criança e saberá informar quem são os pais dele, entrará em contato e nós levamos ele assim que anoitecer.

- Dai... Se o Yukio tivesse sumido... Imagine como nós estaríamos... Como os pais desse menino devem estar agora?
- Mas eles não podem sair, amor. Não adianta, se eles saírem vão queimar em menos de cinco metros após a porta.Minh
- Minha mamãe deve estar me procurando... Eu sai pra brincar um pouquinho no parquinho... Porque a mamãe disse que não podia, mas eu queria muito... Mas ai o sol começou a machucar... E fazer dodói... - Murmurou. - Não gosto quando a mamãe chora... E ele deve estar chorando... - Uniu as sobrancelhas e sentiu as lágrimas a escorrer pela face. - Mas o papai não liga... - Abaixou a cabeça.

Misaki desviou o olhar ao pequeno, observando-o e levou uma das mãos aos cabelos dele, acariciando-os.
- Claro que seu pai liga, meu amor... Como não ia ligar?

- Eu preciso ir pra casa pra cuidar da mamãe...
Suzuya levou as mãozinhas a face a limpar as lágrimas.

- Mas não pode sair no sol...
- Certo, vou ligar ao doutor diretamente e pedir a informação, não vou dormir antes de conseguir entrar em contato com a família dele.
Daisuke levantou-se, encaminhando-se ao próprio quarto onde buscou o número do médico na agenda telefônica. Tateou a chamada breve, ouvindo na linha as chamadas insistentes do telefone, pôde consultar ao homem, dando informações precisas sobre a aparência do pequeno. Recebera três números os quais poderia possivelmente ser os pais da criança e logo, dera sorte de conseguir a informação com o primeiro deles.

- Ele vai ligar para a sua mamãe, ta bom? Tudo bem... - Acariciou-lhe a face.
Suzuya assentiu, erguendo a face a observar o maior.
- Suzuya quer dormir comigo um pouquinho?
- Uhum...
Misaki aproximou-se a beijar o garotinho na face e logo o filho.
- Deita na cama junto com ele, vou cobrir vocês.

Suzuya assentiu novamente e ajeitou-se na cama junto do pequenininho, maior que si. Misaki cobriu a ambos como edredom, abrindo um pequeno sorriso.
- Pronto.

- Moço... - Suzuya murmurou.
- Hum?
- Será que não tem nenhum ursinho... Pra eu abraçar?
- Ah... Eu não sei, Yuki, tem algo aqui para ele?
Yukio ajeitou-se na cama, puxando o edredom que logo o pai ajeitou sobre si. Estava fraco, sonolento, desejava descansar e logo se acomodou a fechar os olhos pesados, até ouvir a indagação. Descerrou-os, ainda semicerrados e acomodou-se perto do garotinho, o abraçando.
- Pode ser assim?

Suzuya uniu as sobrancelhas ao sentir o abraço e encolheu-se, abraçando o outro igualmente.
- H-Hai...
Misaki sorriu.

- Então tá bem... Durmam bem.
Beijou a face de ambos novamente e observou a cortina, muito bem fechada. Levantou-se e logo caminhou em direção a saída, apagando a luz.


♦ Continua no capítulo do Yuuki e Kazuto dessa semana ♦

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