Atsushi e Kaoru #5


- Tsc...
Kaoru disse, desligando o telefone, e estava realmente de saco cheiro de discutir com a mulher devido aos próprios horários. Quando ela havia casado consigo, sabia sobre o que fazia, que era líder, que deveria estar sempre presente e resolver os problemas. Sabia que era tarde, já eram quase oito da noite e não voltara para casa até então, e ainda tinha mais aquele problema para resolver.

- Kaoru, tudo bem?
Desviou o olhar para a porta, observando o amigo ali parado e assentiu.
- Tudo bem, Toshiya, pode ir pra casa, eu vou terminar algumas coisas.
Disse e novamente viu o celular vibrar sobre a mesa, estreitou os olhos e guiou-o ao ouvido, indicando a saída ao amigo que rapidamente foi para fora.
- O que? Não, não Harumi, eu não posso, já falei dez vezes, tenho que terminar isso aqui ou o CD não estará pronto para daqui dois dias. Eu sei, eu sei que deveria estar em casa. Harumi, não temos filhos. - Falou e suspirou pesado. - Eu sei! Se eu tivesse filhos, eu estaria em casa!
Estreitou os olhos ao ouvi-la, novamente com a mesma conversa estúpida e bateu sobre a mesa, irritado, e fora sobre o cinzeiro de vidro, por sorte, não o quebrou, era pesado, mas foi o suficiente para machucar a mão, porém nem se quer gemeu.
- E você acha que isso é culpa minha? Acha que eu não tento? Estamos tentando há quanto tempo? ... Quer saber, então desista dessa merda, ta legal? Vou terminar isso aqui e volto, não me ligue de novo pra discutir comigo.
Disse e desligou, não queria ouvi-la 
reclamar novamente, e era melhor assim, estava irritado desde o dia em que ficara com o outro vocalista, meio de consciência pesada por tê-la traído e escondido dela, mas com a outra agindo daquele modo, fazia a própria consciência descansar um pouco. Novamente, ouviu o celular vibrar sobre a mesa e pegou-o, irritado a observar o número, desconhecido.
- ... Eh?
Hai hai, hai.
Atsushi dizia a medida em que caminhava pelo estúdio, assentindo rapidamente conforme se afastava com o aparelho próximo à orelha, tentando simplesmente assentir para ser capaz de se livrar o agente. Já havia encerrado a reunião do grupo, tinha algum tempo, beberia alguma coisa ou comeria alguma coisa. Mas algo havia ficado na própria cabeça, havia ficado com alguém algum tempo atrás, um pouco bêbado mas não suficiente para optar por algo inconsequentemente, havia feito porque queria e imaginava se ele também, de toda forma, era um homem bem educado e talvez intencionado. Ligou para ele no número que havia passado e agora ouvia o aparelho ressoar em chamada.

Kaoru levou o telefone até o ouvido, estranhando a chamada, mas poderia ser algo importante, e por fim atendeu.
- ... Moshi moshi?

- Niikura-kun?
O maior disse, na possibilidade de ter sido atendido em outro número, visto que a forma indagativa como pareceu ressoar pelo telefone.

- Sakurai-san?
O menor falou, tentando reconhecer a voz por trás do telefone, e era dele mesmo. Pensou que nunca mais iria falar com ele, e estranhamente estava ali conversando agora pelo telefone.
- ... S-Sou eu.

- Atsushi desu. - O maior disse num sorriso que não precisava estar por lá. - Estive pensando, hoje estou livre, se tiver algum tempo podemos conversar.
Kaoru permaneceu silencioso após ouvi-lo, esperando por sua proposta e ponderou, queria sair com ele, mas pensava na esposa de alguma forma, havia escondido dela que ficara com ele, aquilo era horrível, mas não estava com cabeça para os problemas de casa, se quer queria voltar. Fechou o caderno sobre a mesa.
- Claro, onde você está?

- Estou saindo do estúdio agora.
O maior disse no aceite do convite e já buscava no bolso as chaves do carro que tomaria no estacionamento do edifício onde estava. Era fácil tomar decisões, precisava se retratar sobre o ocorrido ou simplesmente bater um papo com o guitarrista, não tinha alguém em casa e nem problemas conjugais pendentes, ou quase isso. Ao parar lado ao veículo, apoiou-se no automóvel enquanto falava.
- Está no trabalho?

- Estou... Posso te encontrar onde quiser ir. - Kaoru falou a ele, levantando-se igualmente e tateava os bolsos. - Estou um pouco... Perdido com tanto trabalho, se é que me entende. - Sorriu meio de canto.
- So desu ne. - Disse o maior em compreensão ao comentário, tinha uma agenda igualmente agitada, poderia entendê-lo. - Tem alguma sugestão? Conhece algum lugar?
- Você quer um bar ou um restaurante...? Não sei se já jantou e também... Não sei se seria estranho. - Kaoru riu baixo. - Talvez algo pra petiscar?
- Sim, pensei em algo como petiscaria, talvez uma churrascaria, o que acha?
- Churrascaria? Pode ser... Acho que faz muito tempo que não vou em uma.
- É, faz um tempo. - Atsushi assentiu e sorriu a ele, embora por telefone, sorriso mais para si mesmo. - Bom, quer que eu passe pra te pegar?

- Tudo bem. Eu posso te encontrar também se quiser, mas como preferir.
Iie, se não estiver de carro, eu estou. Me diz seu endereço.

- Hai.
Kaoru disse, indicando o endereço do estúdio a ele, e seguiu ao camarim, onde se arrumaria para sair, por algum motivo, decidiu tomar um banho, passar até o perfume, e estranhou as próprias atitudes, mas deu de ombros.

Atsushi assentiu após anotado e no fim da ligação finalmente entrou no veículo. Tomou rumo ao endereço, numa direção oposta o qual estava na região central de Tóquio e levaria um tempo, mas não mais que meia hora, até alcançar seu endereço.
- Senhor, o senhor Sakurai aguarda você na recepção.
- Ah sim... Já estou indo.
Disse e por fim pegou o próprio celular sobre a mesa, seguindo em direção a saída, onde encontraria o outro ali, e acenou a ele. 
Ao alcançar o endereço de destino, Atsushi desembarcou após estacionar o veículo e se dirigiu ao edifício, onde na recepção optou por chamar o músico, sem necessidade de seguir até o estúdio onde aparentemente estava já sem seus companheiros de serviço. Por lá o aguardou até vê-lo e cumprimentou-o com o maneio da cabeça e um aperto no ombro. 
- Fui vítima de algum trânsito.
Assim que Kaoru viu e sentiu o toque sobre o ombro, abriu um pequeno sorriso, negativando com um risinho meio tímido.
- Sem problemas, eu demorei para ajeitar o restante das coisas.

- Vamos. - O maior disse e indicou caminho a fora. - Então estava atolado em serviço, ah? Estão planejando algum projeto?
Kaoru seguiu junto dele, com um pequeno sorriso ao ouvi-lo.
- Bem, só o lançamento do CD, a parceria com o Sugizo, algumas coisas do tipo.
- Hum, Sugizo-kun é realmente muito bom.
Atsushi disse a medida em que caminhava com ele e logo indicou o veículo o qual destravou a porta e indicou a ele que estivesse à vontade. Após adentrar o automóvel, prontamente ligou o carro após a entrada do guitarrista.

O maior assentiu a ele e adentrou o carro em conjunto, observando-o enquanto dava a partida e sentiu novamente o celular vibrar, observou o visor, notando ser a própria esposa e desligou.
- Bom, mas vamos dar uma relaxada agora, então esqueça o trabalho. Por sinal, sobre o que aconteceu naquela noite, espero que não tenha acontecido nada que você não tivesse ciência disso, Kaoru-san.
Kaoru desviou o olhar a ele rapidamente e negativou.
- Não... Tudo bem.

Pegou o maço de cigarros no bolso, o próprio e levou um dos cigarros aos próprios lábios, acendendo-o e logo entregou a ele.
- Hum. - Atsushi assentiu com um murmuro e fitava-o de soslaio, sorriu por fim. - Então ótimo. Você pode pegar um cigarro pra mim, ah?
Kaoru pegou o maço de cigarros no bolso, o próprio e levou um dos cigarros aos próprios lábios, acendendo-o e logo entregou a ele. O maior notou o movimento do lado, até que por fim o cigarro chegasse aos lábios e deu um trago, sentindo o sabor mentolado refrescar a boca no primeiro momento  e amargar posteriormente.
- Obrigado.
Disse, um pouco abafado com o cigarro na boca, e que não ficou, levou-o entre os dedos a trocar a marcha do veículo. 

- Nada. - O menor falou a desviar o olhar para a janela e lembrou-se de um fato importante. - Está se separando de novo?
Ao ouvir a pergunta, Atsushi voltou-se para ele de uma forma quase automática e na verdade não muito amigável. De certa forma havia passado a ter aquela postura diante da imprensa, visto que não tinha intuito realmente de encara-lo daquele modo, não quando nem haviam começado a noite.
- Por que essa pergunta?

Kaoru desviou o olhar a ele, notando sua expressão fechada e negativou, quase automaticamente, franzindo o cenho.
- Calma... Perguntei porque não havia ninguém em sua casa na outra noite.

- Hum, o "de novo" sempre soa como uma crítica. Mas sim.
- Por que seria? Casamentos dão errado.
- Mas não é visto assim por quem está fora dele. De todo modo não é um assunto interessante. Mas e sua esposa, como está?

- Certo, me desculpe, não queria me intrometer, só queria saber mesmo. Minha esposa? ... Deve estar bem.
- Não se desculpe, não é nada de mais. Vocês brigaram, ah?
- Mais ou menos.
- Vocês vão resolver.
Atsushi disse e voltou a tragar do cigarro, há algum tempo parado entre os dedos. Logo no entanto chegou no endereço desejado e ficou ainda assim no carro, fitou o guitarrista, seu olhar de aspecto serioso, gostava disso.
- É, vamos sim.
Kaoru disse a ele, e não o conhecia direito, não tinha porque se abrir aos problemas com a mulher. Desviou o olhar a ele ao chegar e abriu um pequeno sorriso, sem mostrar os dentes.

- Vamos?
- Bora.
Atsushi retrucou e voltou tragar do cigarro, que ao sair jogou na lixeira na calçada, pouco antes de entrar na churrascaria. Após entrar selecionou visualmente o local onde logo se dirigiu junto a ele, acompanhados pela recepcionista. O restaurante detinha ambientes isolados para cada mesa de convidados ou clientes. De madeira, aspecto tradicional ainda que requintado em tons de mogno, tabaco ou palha. A pouca iluminação vinha de luzes amarelas sobre cada pequeno espaço de mesas escuras. Os assentos eram em macias e espessas almofadas, o qual se dirigiu e se sentou sem demora. Aceitou logo o cardápio vindo da jovem serviçal que ajoelhou-se ao nível de ambos para assim entregá-lo, não se demorou no entanto para sair em seguida, deixando o espaço reservado a espera da escolha. 
Kaoru assentiu e seguiu junto dele para dentro do local, na área reservada e sentou-se sobre uma almofada confortável, observando o cardápio entregue pela garçonete e fora direto para a sessão de bebidas. 
- Então, o que irá querer além de yakiniku? - Disse o maior, voltando-se ao guitarrista, defronte.

- Uma cerveja, somente. Talvez algo com arroz.
Atsushi assentiu à cerveja, o que já era de praxe. Folheou ainda o cardápio.
- Vou pedir também sushi. A porção de arroz ou algum prato que acompanhe?

- A porção de arroz mesmo. - Disse o outro a sorrir meio de canto ao vocalista.
O maior chamou pela serviçal o qual formulou o pedido, pediu por ele e por si e recebera prontamente a porção de carne para a pequena churrasqueira na região central da baixa mesa entre ambos.
- Acho isso bem... Engraçadinho. - Falou Kaoru e sorriu a ele, abrindo a cerveja a beber um pequeno gole. - Você falou pra alguém sobre o que aconteceu?
Atsushi agradeceu a garçonete e deu um trago na cerveja, voltando a repousar a grande caneca sobre um descanso de copo sobre a mesa.
- O que? Fazer a própria refeição quando se vem num restaurante justamente para não cozinhar? - O maior disse num meio sorriso canteiro. Negou com sua pergunta final. - Não costumo falar sobre minha vida pessoal. Não se preocupe.

Kaoru riu e assentiu ao ouvi-lo.
- É, justamente. Não foi uma pergunta ruim, novamente. Acho que hoje está meio difícil acertar uma. - Sorriu meio de canto e coçou a cabeça.
O maior negativou, não dando importância.
- Não entendi como algo ruim, é apenas privacidade. - Sorriu, tranquilizando-o e voltou a tragar da cerveja. - Foi algo interessante. Embora talvez eu me sinta mal por sua esposa. Talvez.

- Talvez, é? - Kaoru sorriu meio de canto, desajeitado, talvez tímido. - Tomei três relaxantes musculares no dia seguinte. - Riu.
O riso soou divertido, embora escondido entre os lábios fechados do vocalista, soando nasal.
- Bom, não há como evitar.

Kaoru riu baixinho igualmente.
- Foi bom. - Falou, e fora somente isso, bebendo um gole da cerveja.

Atsushi arqueou brevemente as sobrancelhas, num gesto descontraído, embora fosse de surpresa diante da sinceridade. Iria dizer algo mas interrompido pela presença da jovem, agradeceu pelas porções servidas e logo se proveu de um dos sushis.
- É, realmente gostoso. - Disse ambíguo.

O menor desviou o olhar a ele diante do dito e assentiu com um pequeno sorriso canteiro. Serviu-se com uma pequena colherada de arroz. Atsushi fitou o rapaz, observando-o comer, tentou ser discreto é claro, mas encarar os detalhes de seu rosto, tentando entender porque havia dormido com ele e porque o achava atraente, visto que passara quase cinquenta anos da própria vida sendo atraído por mulheres que inclusive, mulherões.
Kaoru manteve-se atencioso a carne que assava, porém sentiu-se suavemente desconfortável, e sabia que era por ter o olhar dele em si, por isso mesmo, desviou o olhar a ele, igualmente meio de canto e cruzou com os olhos dele a observar a si. Pigarreou, bebendo mais um gole da cerveja e logo se desviou a ele.
- Algum problema?

Atsushi negativou como resposta, balançando a cabeça e buscou a cerveja, qual assim como ele galou, um trago longo e ao deixar sobre a mesa, com os hashis movimentou os filetes de carne sobre a pequena churrasqueira.
- Nandemo.
Kaoru sorriu meio de canto a ele e foi a própria vez de fitar seu rosto bonito, notando suas características bem masculinas, e gostava assim, de uma forma estranha, pensava em ter contato sobre ele ao amigo, disse que nunca mais o veria, e agora estava ali jantando com ele, e o pior, se sentia incomodado, alguma atração estranha por ele.
O maior voltou o olhar a ele, e como o guitarrista, acabara cruzando o olhar ao seu a medida em que tinha simples intenção de servi-lo com a carne pronta, que pegou com o hashi e levou a seu jantar, percebendo-se encarado, mas do contrário, somente deu uma piscadela, descontraído.
O menor sorriu novamente, pego no pulo o observando e desviou o olhar para a carne, sentindo um aroma agradável e soltou a colher a pegar o próprio hashi, tentando segurá-lo em meio aos dedos, porém sentiu a mão trêmula e derrubou-os sobre o prato. Franziu o cenho, incomodado e voltou a pegá-los, guiando-os a posição na mão com a ajuda da outra livre, e esperava evitar o olhar dele.
Atsushi notou a queda dos hashis e fez menção de pega-los, embora de primeiro momento não tivesse se ligado naquele detalhe. Viu-o pega-los e dispor em sua mão com ajuda da oposta, desocupada. Fitou o guitarrista, de cara fechada, cenho franzido como algo muito sério e riu, na verdade riu entre os lábios, sem ruir fora da boca.
- Que expressão tão séria.
Disse a ele e buscou num daqueles pequenos potes de temperos e guardanapos o clip, com sutileza pegou-o de sua mão e adicionou o pequeno acessório em seus talheres, facilitando a pegada. Lembrou inclusive de ter visto alguma notícia sobre o problema da mão do outro, porém não havia se recordado até então.

Kaoru observou-o ao ouvi-lo, suavizando a expressão e notou-o segurar os talheres e ajustá-los para si, claro, torceu os lábios, era homem e se incomodava com aquele cuidado todo, não era necessário.
- Não precisa... Obrigado.
- É melhor, assim economiza disposição pra guitarra.

- Não me falta disposição pra isso.
- Sim, é claro que não. Mas todo músico se cansa em algum momento.
Kaoru assentiu e suspirou, servindo-se com um pequeno pedaço de carne.
Tal como ele, Atsushi voltou a atenção ao jantar, retirando da coleção mais um dos sushis servidos, tragando posteriormente a cerveja. Optou por não prolongar o assunto, já que havia sido mal interpretado.
O menor pegou igualmente mais um pouco do arroz, levando aos lábios e não o havia interpretado mal, sabia das intenções dele, e sabia que ele queria ajudar, mas não precisava da pena de ninguém, se recuperaria e se não o fizesse preferia se virar sobre aquilo. Pegou mais um filete pequeno de carne, levando-o aos lábios e tragou a cerveja assim como ele.
- Por que quis me chamar para sair de novo?

- Porque queria me desculpar caso algo tivesse sido feito contra sua vontade sob efeito de álcool.
Atsushi respondeu-o precisamente no que queria saber e mais um dos sushis fora embora para a própria boca.

- Entendi. - O menor sorriu meio de canto. - Bem, acho que se fosse contra minha vontade, eu teria recusado e saído, eu estava são apesar de tudo.
- Sim, agora sei disso. - O maior retrucou e sorriu-lhe canteiro. - Eu também estava.
- Hum.
Kaoru assentiu e observou-o novamente, dando uma bronca em si mesmo por ter sido tão imbecil com relação a sua ajuda para com os hashis.
- ... O que vai fazer hoje a noite?

- Bom, por enquanto estou jantando com você. Depois disso eu não sei, vamos ver.
O maior disse, talvez novamente soasse ambíguo. Bebeu mais um trago da cerveja e pediu outras duas canecas delas. Kaoru s
orriu meio de canto, havia entendido o que ele queria dizer. Bebeu o restante da cerveja que havia no copo e pegou mais um pedaço de carne.
- Sem drinques por hoje.

- Não estava planejando isso. Quem sabe algum vinho mais tarde, ah? Por enquanto a cerveja cai muito melhor.
Disse o vocalista e por fim erguera suavemente o copo com a bebida, num quase brinde sem formalidades e tragou a finalizar o que restara da cerveja, para assim receber a outra.

- Não sou muito fã de vinho, mas... Acho que seria bom.
O menor falou a ele e por hora, aceitou a cerveja, bebendo um gole da mesma igualmente.

- É, não me parece muito apreciador de vinhos. Gosta de bebidas mais amargas?
- Whisky, vodka, saquê.
- Só não gosto de vodka, pelo menos não pura.
- Gosto com algumas pedras de gelo.
Atsushi negativou, desdenhando a bebida e por fim tomou mais da cerveja, tornou dar atenção a carne, preparando-a na pequena central churrasqueira embutida na mesa. Kaoru sorriu a ele, meio de canto.
- O que você gosta de fazer?

- É uma pergunta difícil de responder. Trabalho muito então gosto de trabalhar. Quando não trabalho com ensaios ou coisa do gênero acabo trabalhando em casa, com a composição das músicas. As vezes saio como por exemplo hoje.
- Não gosta de ir a nenhum lugar específico? - Disse e sorriu a ele, mordiscando mais um pedaço de carne. - Não tenho muitos amigos héteros, se é que me entende, então... Isso me deixa curioso.
- Não acho que isso mude de acordo com a orientação sexual. - Atsushi disse e sorriu-lhe de canto. - A menos que estejamos falando de um cara bem gay, quase uma mulher. - Riu, entre dentes. - Gosto de bar, cafeterias, loja de música.

- É, não muda muito. - Riu. - Bem, você deve conhecer o Shinya.
- É, ele é delicado. - Disse o outro com um sorrisinho canteiro. - Ele gosta de pelúcias e essas coisas, como pude se pode ver nas redes sociais.
- É, ele é bem... Fofo, eu acho. - Kaoru riu. - Mas deixo para o companheiro dele sair com ele.
- Fofo, ah. - Atsushi disse, tirando sarro do comentário, embora fosse sutil. - E você, gosta de ir onde?
- É porque é. - Riu. - Bem, acho que aos mesmos lugares, mas vou muito onde sou obrigado pela mulher, tipo shoppings. Odeio shoppings.

- Hum, eu raramento vou em shoppings. Mesmo com a minha esposa não costumava ir, ela preferia as galerias, exposições fashionistas.
- Hum... Parece bem... Sofisticado.
Disse o menor, por um segundo comparando a própria simplicidade a esposa do outro, mesmo sem intenção.

- Ela preferia locais de difícil acesso ao público, tendo convidados seletos e coisas do tipo.
- Hum, bem... Diferente. - Riu.
- Ela sabe como o público pode ser complicado. Mas e a sua esposa, como ela é?
- Minha esposa? - Kaoru falou a ponderar por um pequeno tempo. - Ela gosta de ficar em casa, ir em shoppings e evitar a banda, diz que eles não são muito o "tipo dela". É do tipo também que é louca pra ter um filho. - Falou e golou mais um pouco da cerveja.
- E você não quer ter um filho?
- Eu não posso ter filhos. - Sorriu meio de canto.
- Problemas médicos?
- É...
- É foda. - Atsushi disse a ele e voltou a tragar da cerveja, sem muito ter o que dizer ao guitarrista. - Ela sabe disso?

- Sabe, fomos ao médico juntos. Fiz uns três tratamentos, mas... Nenhum surte efeito, e ela não entende que isso me afeta também. - Falou a observá-lo. - Não que isso seja importante pra você. - Riu. - Vamos mudar de assunto.
- Estamos conversando, falar sobre problemas faz parte. Bem, se isso for tão importante pra ela, talvez adotem, ou quem sabe um gato. Gatos são legais.
Kaoru riu e negativou.
- Ela não quer adotar, quer me encher o saco. Você é bem típico de ter um gato preto.

- Eu tenho dois. Eu gosto de gatos.
Atsushi sorriu, canteiro. Aproveitou para tirar mais alguns pedaços de carne da pequena churrasqueira e servi-lo, já que mais falavam que comiam. Kaoru r
iu novamente, levando uma das mãos em frente aos lábios a esconder os dentes e aceitou a carne, pegando-a com o hashi e o prendedor colocado por ele, por um momento, ponderou sobre suas diferenças da própria mulher de mesmo modo como havia feito consigo e com a dele.
- Por que vocês estão se separando? Se é que eu posso perguntar.

- Hum, nada de mais. Ainda somos amigos apesar da separação.
Disse o maior, talvez evasivo, mas não era nada que precisasse ser mencionado. Costumava ser tipicamente fácil de falar, embora demasiado difícil de se obter alguma informação pessoal.

- Certo, desculpe minha curiosidade. - O menor falou e pegou mais um pedaço de carne.
- Não estou achando ruim. É um hábito passar pouca informação.
- Tudo bem, nos conhecemos a pouco tempo, eu entendo.
- Mas uma hora sua esposa vai entender. Embora isso seja difícil pra uma mulher, eu suponho.
Kaoru desviou o olhar a ele e assentiu, ignorando o fato que queria lhe dizer que já faziam quase vinte anos que ela deveria entender.
Satisfeito, Atsushi deixou os hashis de lado, dando fim ao jantar, embora houvesse permanecido, conversando com ele ou repondo as doses de cerveja. O outro bebeu o último trago de cerveja, não haviam bebido muito, na própria cabeça e sentiu falta do cigarro que acompanhava a bebida geralmente, fumaria assim que saíssem.
- Bem, podemos ir?

- Bora.
Disse o maior, concordando com a saída e o fim da estada por ali, após o pagamento do jantar, o qual fizera questão de formular, visto que dado o convite por si, saiu junto dele em rumo ao estacionamento e àquela altura já tinham os cigarros entre os dedos.

Kaoru seguiu com ele para fora, e retirou o maço do bolso a levar o cigarro aos lábios, gostava do fato dele não se importar, porque fazia o mesmo, geralmente ouviria suspiros desgostosos e irritados. Ao adentrar seu carro, manteve o cigarro nos lábios assim como ele e sorriu meio de canto.
- Obrigado pela carona

Atsushi deu de ombros, dispensando a formalidade e ligou o carro, iniciando partida numa direção aleatória até que tomasse um rumo certo.
- Pra onde, hum?

- Próximo do estúdio onde eu estava, algumas ruas abaixo. - Falou a ele, indicando o caminho.
Atsushi assentiu ao guitarrista e por fim traçou o caminho indicado, desapressado na direção. Vez outra, tinha tempo de encara-lo de soslaio, notando a mão tatuada ou a posição relaxado no banco de passageiro, era um homem de fato, e um homem que curtia pegar.
O menor desviou o olhar para a janela pouco aberta, por onde expelia a fumaça do cigarro, e igualmente o observava vez ou outra, discreto, gostava do jeito dele, parecia consigo de uma forma pouco diferente, talvez provocativa, e era estranho pensar que havia ficado com uma pessoa daquela forma, e havia gostado.
- Vamos sair mais vezes.

- Será bom. - Ele retrucou, concordando com convites futuros.
Kaoru assentiu e ao ser deixado em frente a própria casa, acenou a ele ao sair do carro.

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