Nowaki e Tadashi #34


Por sorte, um dos amigos de Tadashi havia visto, na rua da clínica, o mesmo garoto que fora internado, e fora ele mesmo que correra em direção à clinica para avisar o outro, passando pelos seguranças depois de uma revista e batendo em sua porta.

Nowaki ouviu as batidas que geralmente ignorava quando nenhum aviso junto a elas, se não fosse por serem tão insistentes até ouvir um timbre não muito familiar com o próprio nome, se lembrava vagamente. Mas pôde reconhecê-lo quando por fim optou por abrir a porta e atender o causador daquele "toc toc toc" desesperado.
- Ah, Ren. Já faz um tempo, uh? O que houve?

- Nowaki! Eles levaram o Tadashi... - O rapaz falou, tentando conter a respiração acelerada, e obviamente estava afetado por algum tipo de droga, mas leve, não o suficiente para estar alucinando. - Dois policiais...
- Calma, respira. Fumou alguma coisa, não é? Esse cheiro é horrível, Ren. - Resmungou sobre o cheiro desagradável de mato queimado ou qualquer coisa que quem não utilizasse certamente não gostaria. - O Tadashi? Levaram por quê?
- Ele... Ele foi até o abrigo levar comida e algumas coisas para a dona, até estranhei quando vi ele lá, não entendi. Quando estava saindo... Dois policiais pegaram ele, revistaram e devem ter achado alguma coisa, porque bateram muito dele. Mas o Tadashi não estava mais usando drogas...
Nowaki ouviu o que ele tinha a dizer, e claro que tentava não sentir aquele cheiro enjoativo. Pegou até o desodorante no armário e tratou de segurar seus braços mesmo enquanto dizia, e erguê-los, ouvia o garoto, mas borrifou o spray em suas axilas e mesmo pescoço, bom, optou por passar no restante do corpo também.
- Você viu se eles pediram dinheiro ao Tadashi?

- Eu não ouvi, mas acho que não pediram nada... Viraram ele de costas e já socaram ele antes dele falar alguma coisa...
O maior suspirou. Se preocupava com o garoto, é claro. Gostava dele, mas não era seu pai. De algum modo, seus problemas começam a chegar para si, como se fosse responsável pelo jovem. Mas sabia da canalhice dos policiais, que por sinal, cometiam um erro típico de estagiários. Assentiu ao garoto enquanto massageava a ponte nasal.
- Bem, eu perguntaria se eles já falaram com os pais do Tadashi, mas são a mesma coisa que nada. Você sabe onde ele foi levado?

- O Tadashi não tem pais, a mãe dele sumiu já faz uma semana, parece que está ligada com drogas também e foi levada embora, se não foi presa, acho que foi morta, o Tadashi não te disse? Bem, eu não sei... Mas acho que ele deve ligar pra você, não deve?
- Não ligou, talvez esteja com medo. Não tenho como saber onde ele está, imaginei que você tivesse ao menos seguido ele, Ren.

- Como eu poderia seguir um carro? Bem, de qualquer maneira eles não podem ter ido longe, onde fica a delegacia mais próxima?
- Depende de onde você estava. Deve ser a mais próxima de onde estavam e não da clínica.

- Ele estava aqui na rua, acho que estava vindo ver você. A clínica não fica tão longe, então...
Nowaki observou o relógio marcando alguns minutos para o fim do expediente. Por sorte, haviam quem deixar responsável pelo atendimento ou ajuda de clientes, era um dia, até então, pacífico. Assentiu ao garoto e encaminhou-se a mesa, ajeitou o que era necessário e o que era particular, pegou as chaves do veículo e deixou o consultório a trancar o cômodo.
- Ok, vamos. Mas você vai ter uma boa conversa comigo depois disso. Esse cheiro é horrível.

- Ah, não. Eu prefiro voltar ao abrigo se não se importa...
- Não vai voltar não, você vai junto. Ou vai ficar aqui mesmo.
- Eh? Porra, eu vim ajudar e me fodo ainda? Da próxima eu deixo levarem ele.
- Bem, quer saber, faça o que quiser.
O maior deu de ombros, já cansado de cuidar gratuitamente de quem não dava importância. Após avisar alguém a qual responsabilizou a clínica, entrou no carro no estacionamento e seguiu a buscar a delegacia mais próxima. Não estava na primeira, mas conseguiu encontrá-lo na segunda, até achando mais fácil do que esperava. Falou com o primeiro atendente, solicitando alguém com o nome do garoto, buscando saber se estava ali, e na afirmação, também os policiais responsáveis pela prisão do jovem.

Os rapazes de farda chamados, se aproximaram do médico, parado na porta do local e de fato, não esperavam ser visitados atrás do jovem, quem havia feito a denúncia, e claro, pago uma grande quantia em dinheiro para prendê-lo, não forneceu informações de que poderiam liberá-lo, certamente por achar que desistiriam do jovem, ou que nem saberiam o que havia acontecido com ele.
- Posso ajudar o senhor?
- Estou atrás do garoto que prenderam a pouco. Hamada Tadashi.
- O senhor é parente do garoto?
- Sou médico responsável por ele. Posso saber o que ocorreu?
- Encontramos o garoto com drogas na rua.
Nowaki negou no entanto e cruzou os braços enquanto conversava.
- Tadashi passou por desintoxicação e reabilitação há meses atrás. Está limpo. E tenho prontuário que prova.

- Bem, se ele estava limpo ou não, não me importa, o que me importa é que pegamos ele com cocaína no meio da rua, e isso é contra a lei.
- Sim, importa sim. Se ele não estava usando, não tem porque portar cocaína. Além do mais, mesmo durante a época em que usava drogas, ele nunca foi preso. Sempre foi enviado à clínica de reabilitação. Ele nem pode estar aqui. Você tem a ficha dele?
- Foi feito uma ficha nova pra ele.
O policial falou e puxou do arquivo, jogando sobre a mesa e dizia o mesmo que havia dito a ele, pego portando cocaína.

- E você sabe a idade dele?
- Hum, dezoito.
- Ele é menor. Ele não pode estar aqui, ele deveria ser enviado para a clínica com um pedido de exame toxicológico pra confirmar o uso de drogas e se confirmado, permanecer com internação, não preso. Você não o pegou drogado e menos ainda traficando, já que ninguém trafica uma só cápsula de cocaína. Além disso, pelo que soube, um menor foi agredido. E vocês não podem agredir um menor de idade. Isso será um problema pra vocês e não pra mim ou pra ele. Então estou pedindo que liberem logo.

O sorriso se fez presente nos lábios do rapaz.
- Por que se preocupa tanto com um adolescente drogado? Porque simplesmente não o deixa aqui e esquece que ele existe? É menos problema pra você, não é?

- Não, é menos problema pra você se fizer isso. Agora busque ele, e espero que não esteja realmente machucado, senão seu início de carreira policial só vai começar mesmo.
Disse, no mesmo sorrisinho do policial, embora não estivesse realmente de bom humor.
- Hum, você deve ser algo mais do garoto, não? Nesse caso, ele sendo menor de idade, isso complica pra você também, não? Sinto muito, fui pago muito bem para mantê-lo aqui, bom dia.

- Sim, sou tutor do garoto. Você é realmente burro, explica porque virou policial ao invés de virar médico ou advogado. Ainda abre a boca pra assumir que recebeu propina. Tire logo o garoto ou eu vou te fazer perder o cargo. Aliás, vou chamar um advogado, vou processar você por bater em um menor e de praxe, Tadashi ainda vai ganhar um dinheiro pra se sustentar.
Nowaki disse e levou a mão até o bolso da calça, parecia muito paciente no serviço, mas era um pouco intolerante de fato. Ao buscar o aparelho, ligou realmente a quem dizia ligar, e sim, o esperaria ali.

- Hey, hey. - O policial falou, estendendo a mão em direção a ele a puxar seu braço com o telefone. - Não, vou liberar o garoto.
- Tira a mão de mim. - O maior disse, observando o toque no braço. - Tira a mão.
O policial arqueou uma das sobrancelhas, soltando-o e estreitou os olhos.
- Certo, como quiser, vai querer o garoto ou não?

- Traga-o aqui. - Nowaki retrucou o homem, e no entanto ao desvencilhar o toque, continuou a ligação.
O outro acenou com a cabeça e adentrou o local novamente, seguindo em direção às celas a encontrar o garoto ali, com um pequeno lenço nas mãos, que usava para limpar o sangue do nariz e dos lábios devido aos socos recebidos.
- Venha logo.

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