Naoto e Kazuya #25


- Kazuya.
Naoto falou baixo, porém suficientemente audível, em busca de desperta-lo de seu sono enquanto tocava-o em seu ombro, movendo-o sem brusquidão. Demorou um pouco até que conseguisse acordá-lo. E lá fora seguiu o vagaroso caminho até a própria casa, e embora o lourinho estivesse melhor, levou-o nas costas, deixando-o continuar seu cochilo da enfermaria. Ao entrar havia o deixado no sofá. Cobriu-o com a fofa manta fina, que ainda assim quentinha. Tirou somente seus calçados e casaco, ajeitando-os do lado. Ao livrar-se dos próprios, dobrou as mangas da camisa, e seguiu até a cozinha. Prepararia algo para comer, e algo quente para tomar. Tiraria proveito, ao menos, pelos dias de suspensão.

Kazuya ajeitou-se no colo dele, os braços ao redor do pescoço e as pernas ao redor de sua cintura enquanto a face repousava sobre o ombro do maior, e cochilava tranquilo. Sentiu o sofá macio abaixo de si e suspirou, virando-se de lado e encolheu-se abaixo da manta.
O maior observou a diversidade de ingredientes possíveis para o que quer que fosse fazer. Mas não sabia do que ele gostava, pensou consigo e analisou em silêncio que durou instantes. Do que ele gostava? Perguntou-se, enquanto olhava-o por cima do balcão central da cozinha, na sala, onde havia se aconchegado enroscado à manta, em cima do sofá. Sem que houvesse dado início ao preparo, observou no relógio o horário marcado e dentro de alguns minutos deveria buscar o irmão na escola. Foi o que escolheu fazer. Tornou calçar os sapatos, pegou o casaco que desta vez não do uniforme e o olhou uma ultima vez antes de sair de casa e fechou a porta.
O maior revirou-se por um pequeno tempo, incomodo pelo pesadelo que tinha e por fim acordou num sobressalto, sentando-se no sofá. Só então percebeu que fora a pior coisa que fez, o movimento machucou a si ainda mais. Encolheu-se e voltou a se deitar, deixando escapar um gemido baixinho. Nem notou o lugar onde estava e apenas virou-se para o lado, voltando a dormir.
- Teremos uns dias sem aula. E como seu irmão está com dor de estômago eu o deixei em casa e vim no lugar, você vem pra casa e fica com o Naoyuki.
Naoto observou o pequenino se aconchegar no bracinho do irmão, com seu sorrisinho contido e quase parecia um biquinho. Sorriram entre si. E pela mão do irmão ainda guiava os dois após tê-los pego na escola. Abriu a porta de casa e pediu silêncio ao notar que ainda dormia. Deixou de lado suas mochilas e indicou que por hora somente substituíssem suas roupas de escola por pijamas de inverno do irmão. Fez-se de volta a cozinha e pelo clima, escolheu missoshiro, parecia propício e ainda acrescentado pelo detalhes que Kazuki havia mencionado ser do gosto de seu irmão mais velho. Mas é claro, fez-se parecer não muito interessado. E notou dali a minucia com que o casalzinho se sentara noutro dos sofás, encolhendo-se feito ursos embaixo de um cobertor volumoso.

Kazuya abriu os olhos devagar ao ouvir os pequenos risinhos dos garotos ali sentados, ouvia também o barulho da tv ligada por ali. Moveu-se devagar no sofá e abriu os olhos aos poucos, observando em volta e logo encontrou o pequeno, soube de onde vinha a voz. Abriu um pequeno sorriso a eles e notou o espanto do irmão pelo lábio machucado, porém negativou e apenas disse que estava bem. Levantou-se devagar, ainda a sentir a dor no corpo e seguiu até a cozinha, aproximando-se devagar do outro e o abraçou por trás, beijando-o no pescoço.
- Nao... Me trouxe pra casa...

Naoto sequer o havia notado conforme se levantou ou dialogou com os pequeninos. Voltava-se ao oposto da vista da sala, e no fogão fazia o preparo da sopa de missô e que não demorando, logo estaria terminada. Quando ouviu o passo vagaroso pelo mesmo cômodo, fez menção de se voltar a quem já sabia ser, no entanto, interrompeu quando já sentia seu abraço e seu beijo, mornos.
- Acho que sim.

Kazuya sorriu a ele e o beijou no rosto.
- Você.... Está melhor? Eu nem comprei o seu café...

- Não fui eu quem apanhou. Estou bem, essa pomada amortece a pele, e deixa gelado.
Desligou o fogo e desvencilhou proximidade do lourinho, pegando as owans em conjunto das colheres de sopa e serviu duas das tigelas, complementando-as com os talheres e deixou-as sob a bandeja.
- Leve para os meninos e deite-se no sofá. Eu vou levar pra você. E espero que esteja com fome.

O loiro riu baixinho.
- Certo.
Beijou-o no rosto e pegou as tigelas, seguindo em direção à sala onde entregou as tigelas e os talheres ao irmãozinho e o namoradinho. Naoto s
erviu outra delas, desta vez era para o lourinho. Caminhou até a sala num gesto posterior ao do rapaz, e visto que já sentado, acomodou-se beira ao estofado e entregou a ele.
- Quer que eu pegue um cobertor pra você?

Kazuya observou-o por um pequeno instante e aceitou o potinho com a sopa, assentindo em seguida.
- Por favor.

- O que...? - Naoto indagou conforme observado por ele, antes que assim pudesse se pronunciar.
- O cobertor. - Riu baixinho.
- Não, por que ficou me encarando? Tem algo errado?
- Iie... Por que teria?
- Por... que ficou olhando. Vou pegar o cobertor.
- Ué, você é bonito.
Naoto levantou-se e caminhou da sala às escadas até o andar de cima e no quarto pegou o cobertor de fios volumosos e espessos, levando-o para a sala onde fez-se de volta e substituiu a manta por ele. Kazuya entregou a mantinha a ele e logo ergueu a tigela, ajudando-o a arrumar o cobertor sobre si.
O outro, após ter-lhe cedido o cobertor, seguiu até a cozinha onde serviu-se igualmente da primeira refeição do dia, embora já não fosse mais horário de um desjejum. Voltou até a sala e sentou-se no estofado.
- Como está o estômago?

Kazuya deu espaço a ele para que se sentasse ao lado de si e o cobriu com o cobertor.
- Doendo um pouco... Mas melhor.

Naoto assentiu e ajeitou-se ali. Observou o televisor e por fim experimentou da própria sopa. O outro experimentou a sopa junto dele, afinal estava esperando por ele e sorriu em seguida.
- Hum... Oishi.

O moreno sorriu a ele, pela curva suave no canto esquerdo dos lábios. O que morreu somente quando voltou-se a ele.
- Temos uma semana em casa.

- Eh...?
- Suspensão.
- Ah... Droga... Sinto muito, Naoto...
- Eu não penso que seja sua culpa.
- É... Mas você estar com a mão queimada foi... - Kazuya murmurou a observar a tigela com a sopa.
- Não foi, não foi você que me empurrou.
- Mas eu não estava ali pra impedir.
- Eu não os retruquei porque eu não quis, eu também podia ter evitado.
Kazuya suspirou e levou pouco mais da sopa aos lábios.
- Eles brigaram com você por que, onii?
Kazuya desviou o olhar ao irmãozinho e sorriu.
- Tentaram ofender a mim e ao Naoto, Kazu.

- Mas não foi nada. Kazuya cuidou deles. - Naoto riu com sutileza.
- Está parecendo é que levou uma surra, aniki. - Disse o pequeno, sorrindo debochado.
- Ora... Está querendo levar uns tapas é? Foi o Naoto que bateu neles, ora.
- Meu aniki não briga assim, Kazuya-kun.
- É, mas ele bateu em todo mundo. - Riu.
Naoto observou o caçula se voltar a si confuso e indagativo.
- É nada, Yuki.

- É verdade. Quebrou o nariz de um menino pra me defender.
- Quem quebrou um nariz foi você.
- Ah, ele mereceu.
- Não importam. Eu só não entendo porque brigaram com você, se até então estavam me importunando justamente por ter um relacionamento com você.
- Porque eu fui te defender.
- Mas eram conhecidos seus?
- Nunca os vi antes... Provavelmente só gostam de provocar. - Kazuya murmurou e sorriu a ele em seguida. - Está tudo bem, hum?
Suspirou e levou outra colher da sopa até a boca, porém gemeu ao sentir o liquido quente no corte. Naoto v
oltou-se ao outro visto que o tênue ruído dolorido vindo de sua boca e elevou uma das mãos inutilmente no cantinho ferido, onde roçou o dorso dos dedos num tipo de breve carinho. O maior desviou o olhar a ele e sorriu novamente, segurando a mão do outro e a beijou, logo soltando-a.
- Vão ficar aqui essa noite?
Naoto indagou ao lourinho e já no próprio quarto desfazia-se do casaco horas antes colocado. Os pequeninos ainda se instalavam confortáveis no sofá, assistindo algum filme de animação, e deixara-os lá embaixo.

- Se não te incomodar, nós ficamos.
Kazuya falou baixinho e subiu as escadas junto dele, sentando-se sobre a cama macia do outro que tanto gostava.

- Pode escolher algumas roupas que sirvam e tome banho.
- Ta bem. Mas você... Não quer tomar um banho antes?
- Pode ir primeiro se quiser.
Kazuya assentiu e retirou o casaco que usava, seguido da camisa branca do uniforme.
- Venha comigo então.

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