Fei e Hazuki #43


- Não abra os olhos.
- Como eu abriria os olhos se você está fechando eles com tanta força?
Hazuki uniu as sobrancelhas, Fei apertava seus olhos com uma das mãos em frente a suas vistas, não queria que o moreno espiasse, mas ele não o faria de todo modo.
- Ah, desculpe.
Ao dizer, o loiro afrouxou o aperto, caminhando em passos calmos a guiar o moreno, que com certa dificuldade já conseguia se manter de pé sozinho. Sua gravidez parecia avançar devagar, mas segundo o médico, o bebê estava fora de perigo devido ao acidente, ao menos agora eles sabiam que estava tudo bem.
Em meio a pequena escadaria, Hazuki teve de se apoiar no ombro de Fei, ou não conseguiria subir sozinho, e quando já na parte de cima, ouviu o barulho de uma porta deslizar até atingir o limiar, estava confuso, mas estava com ele, logo iria descobrir o que acontecia.
- Posso olhar agora?
- Só mais um minutinho.
O loiro deu um pequeno risinho e puxou-o para dentro do local, com cuidado, deixando-o exatamente onde queria deixar, para então, retirar a mão de seus olhos.
- Posso agora?
- Pode, olha.
O moreno levou alguns segundos para abrir os olhos e normalizar a vista, mas estava em um lugar tão bonito que chegou a ficar boquiaberto. Estavam na sala, os tons escuros da madeira pareciam deixar tudo tão aconchegante, e contrastava com o branco das almofadas e chaleiras sobre a mesinha de centro, tinha cheiro de flores, as flores que haviam num vaso, fora capaz de perceber, eram cerejeiras.
- Fei, o que... Onde estamos? Que lugar lindo!
- Essa é a nossa casa, Gongzhu.
- N-Nossa casa? Mas... Deve custar uma fortuna!
- Sim, mas por sorte meus pais são quem são, não precisaremos pagar.
- Eu... Não sei se posso aceitar isso.
- Pode sim e vai. Será meu esposo, e viverá comigo aqui, na nossa casa. Eu, você e ele.
Ao falar, o loiro ficou atrás do moreno, deslizando uma das mãos pela barriga dele, acariciando-o e repousou a face em seu ombro. Hazuki deu um sorriso.
- Onde os meninos vão morar? Com a gente?
- Não, arrumei um lugar para que eles morem separado, mas passarão um tempo com a gente quando quiserem, sei que vai ser difícil se esquecer da casa em que moraram tanto tempo.
- Acho que... Até eu vou me bater um pouco para me acostumar com a China... Não consigo nem falar com sua mãe.
- Você vai aprender rápido, tenho certeza. Chinês não é difícil.
- Diga isso por você.
O moreno fez um pequeno bico e caminhou para dentro da casa, fitando os pequenos detalhes, cada coisa parecia ter sido feita para si, colocada ali para si.
- Fui eu que escolhi a decoração.
- Não sei porque, mas imaginei. - Hazuki riu. - Isso é uma cerejeira? - Disse a tocar a folha da pequena flor ali, tinha certeza, mas quis perguntar.
- Sim, tem várias cerejeiras lá fora, e também algumas outras árvores e flores, sei que você gosta.
- Então... Eu terei um jardim?
- Terá. Tomarei providências para que tenha um. Sei que sempre quis.
- Ah Fei... Como posso te agradecer?
- Quero a sua felicidade como agradecimento, somente isso, Gongzhu.
Hazuki sorriu novamente e deslizou a mão pela madeira do móvel na cozinha.
- Podemos ver os quartos?
- É claro.
O loiro estendeu uma das mãos ao moreno, ainda tinha que dar suporte a ele para andar pela casa, ainda mais com os tapetes colocados para decoração, e ao seguir adiante no corredor, pode seguir com ele para o quarto, onde abriu a porta antes dele, estava ansioso para saber sua reação.
O quarto não era muito diferente do restante da casa, os tons escuros prevaleciam, isso era um gosto do maior, e não do pequeno, mas Hazuki aprendi a lidar com aquilo, era tudo tão bonito que não tinha como não gostar. A cama tinha espessos cobertores, pareciam tão macios que quis se deitar sobre eles, parecia bem mais confortável do que aquele futon duro onde dormia no Japão, onde era forçado a dormir. Mesmo no futon, era diferente dos demais cortesões, e descobrira isso quando se deitou pela primeira vez na cama de Fei, era bem mais macia. Katsuragi não gostava mesmo do moreno.
Era tudo lindo, tanto, que o pequeno não sabia para onde olhar primeiro, mas o que chamou sua atenção foi um pequeno futon ao lado, parecia macio igualmente a cama, porém de uma cor clarinha, era um amarelo, quase um branco.
- Fei... Aquilo é...
- É, é para ele, ou ela.
- Vai dormir com a gente? - O moreno sorriu.
- Nos primeiros dias sim, mas aquele futon é apenas para deixá-lo vez ou outra, tenho que colocar proteção para que ele não se machuque.
- Podemos dormir com ele na cama.
- Hum, tenho medo que ele se machuque. - O loiro sorriu. - Podemos nos distrair.
- Você parece um bom pai, senhor Fei.
- Ora, duvidou de mim alguma vez?
Hazuki riu baixinho.
- Fico feliz que tenhamos uma casa... Eu nunca achei que teria uma.
- Achou que viveria e morreria como um cortesão?
- Foi tudo que eu tive toda a minha vida... Não havia como fugir, ou acabaria morto.
- Bem, que bom que eu achei aquele lugar então, pude salvar você.
O menor deu um sorrisinho.
- Eu te amo tanto.
- Também te amo, Gongzhu.
- Eu... Podemos vir morar aqui logo?
- O que acha que estamos fazendo aqui? Já trouxe tudo que é nosso no carro, arrumei quando você não percebeu.
Hazuki abriu um enorme sorriso.
- Verdade?
- Claro. Moramos aqui agora.
- Que bom! Eu... Eu estou tão feliz!
Fei sorriu e o abraçou.
- Vamos ser felizes aqui, nunca mais vai precisar se preocupar com o Katsuragi ou com clientes porcos, somente nos preocuparemos conosco, com a nossa vida, mais nada.
O moreno sentiu as lágrimas presas aos olhos e piscou para afastá-las. Por fim, abraçou o loiro, apertando-o contra o corpo e até mesmo se esqueceu do ferimento, e deixara escapar um gemido baixinho, dolorido.
- Hey, não pode fazer isso por agora, hum?
- Eu sei, desculpe...
- Venha, você precisa se deitar.
- Eu já fiquei tanto tempo deitado...
- Precisa descansar, ficar forte para cuidar bem desse menino e de mim.
- Ah, de você, é?
- Claro, minha esposa.
O menor deu um sorrisinho, e assentiu a ele.

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