Miyako e Sayuki #19


Miya havia passado um dia inteiro sem nenhuma atividade. Lamentou-se pela folga num dia em que o companheiro sequer podia vir após o término da aula. Teria que cobrir período integral no colégio, visto que a falta dos enfermeiros no ultimo mês, quase não o via se não fosse pela aula de manhã ou dormir com ele durante a noite, pela semana. Talvez houvesse sempre um desencontro de horários, quando ele podia estar, era a si que não podia. Suspirou e vestiu-se com uma regata frouxa no corpo. Na zona inferior  um short. E secou os cabelos com uma toalha que deixou sob o encosto da poltrona de couro a poucos metros distante da cama, onde jogou-se e enroscou-se ao lençol. Levantou depois apenas para deixar a porta da varanda aberta, e sentir o vento da noite passear por ali. Apagou a luz, e iluminou o quarto somente com um abajur de luz baixinha e fosca. Não demorando a cochilar pelas três horas faltantes até sua chegada.

Sayuki adentrou a casa com passos lentos, estava tão cansado que praticamente se arrastava pra dentro. Carregava consigo a bolsa branca que usava para guardar as fichas dos alunos e o pequeno kit médico próprio. Suspirou e deixou a bolsa de lado, cuidadoso para não acordar a outra e seguiu logo até o banheiro, banhando-se rapidamente a vestir a camisola em seguida e seguiu o caminho da cama, com os cabelos presos pelo prendedor no alto da cabeça. Abaixou-se em frente a ela e beijou sua face, observando-a por alguns segundos em silêncio.
- Uh... Grunhiu num gemido sonolento e rouco, sentindo o toque acariciar o rosto, quase numa leve cócega com sutileza. A respiração vinda contra a bochecha, indicava que fosse quem fosse estava próximo. E com empenho ressonando, descerrou as pálpebras, notando o movimento do lado, o decote que enfatizou o corpo masculino conforme o fino tecido de sua camisola não identificada se abaixou, expondo o peito amplo ao caminho de seu abdômen. Um sobressalto deu no peito, num susto que fez-se a quase saltar da cama, infelizmente, já na beira, acordou realmente quando sentiu-se deslizar no colchão, ou quem sabe quando o eco soou aos ouvidos e doeu na cabeça.
-  I...tai.

O loiro sorriu ao ver o rosto tão tranquilo do própria namorada, porém assustou-se com os movimentos bruscos dela. Afastou-se sutilmente e arregalou os olhos nos poucos segundos que levou para que ela batesse a cabeça na quina do móvel. Uniu as sobrancelhas e ajoelhou-se, ajudando-a a levantar.
- Miya! Você está bem?

Miya resmungou um pouco mais e sentou-se no chão com ajuda do outro. Sentia os olhos ainda nublados pela rapidez dos ocorridos e balançou a cabeça num sacolejo como se fosse recompor pensamentos no lugar. Voltou os olhos cinzentos e pouco evidentes pelas pálpebras entrecerradas ao parceiro, sorriu a ele e levou a mão a cabeça, acariciando-a como quem faria a dor passar.
- Estou bem, sensei. - Murmurou ainda rouca e sentiu o toque escorregando pelo cantinho no pescoço.

- Ai meu deus, está sangrando, Miya! - Uniu as sobrancelhas. - Vem cá, levanta... Tem que sentar na cama. - Ajudou-a a se levantar, sentando-a sobre o local macio. - Eu vou pegar a bolsa.
- Sangrando?
A morena indagou conforme guiada e sentou-se na cama, levando a mão ao pequeno ponto onde sentia o toque úmido e expôs as vistas, observando os dedos manchados de sangue.
- Ah, que bom, não preciso ir pra aula amanhã.
- Pare de ser boba...
Sayuki se levantou e pegou a bolsa, retirando dela o kit médico que abriu, caminhando ao banheiro onde pegou a toalha.

- Sensei, vai ficar viúva antes de casar.
- Não diga isso.
A outra se sentou ao lado dela e usou a toalha para limpar o sangue dos cabelos da outra, pressionando o local ferido a usar a toalha, porém ainda sutil, com cuidado para não machucá-la mais.
- Me perdoe...

A morena riu e limitou-se a lhe selar os lábios. Grunhiu num automático protesto, porém nada evidente.
- Eu acordei e vi seu decote. Na hora só pensei tem um homem no meu quarto! Que idiotice. - Riu, pouco mais alto dessa vez.

Sayuki riu baixinho e lhe retribuiu o selo.
- Tudo bem... Não vou fazer de novo. Deixa eu ver, fica quietinha.
Ele a puxou, delicado a retirar a toalha e observar os cabelos já secos, e o ferimento que não sangrava mais.
- Acho melhor eu passar um anti-séptico por via das dúvidas, já que não posso por um curativo aí. Você quer gelo?

- Iie, faça. Assim você cuida de mim mais vezes, sensei. Só o anti-séptco já está bom.
O loiro riu baixinho e pegou na bolsa o spray, espirrando no local por entre os cabelos dela, que amenizaria um pouco a dor do corte.
- Ah, Miya... - Abraçou-a. - Me desculpe. - Beijou-lhe a testa.

Miya sentiu o toque refrescar sob a pele ferida, parecia arder sem ser desconfortável.
- Ah, como é bobo. Não foi sua culpa, foi do meu sono. Nem sei porque eu o estranhei, ainda mais com essa roupinha sexy.

Sayuki estreitou os olhos.
- Boba... Podia ter sido algo grave.
- Você podia ser viúva.

- Para, sua boba... - O maior aproximou-se e lhe selou os lábios. - Estou cansada de trabalhar tanto...
- Também estou de que trabalhe tanto. Preciso de você em casa, gatinha.
- Me perdoe... - Sorriu.
- Mas já vão encaixar alguém, hum?
- Sim, vão sim. - Suspirou.
- Está cansado?
- Muito...

- Hum, então vou te deixar dormir e vou querer amanhã...
- Hum... Faz tempo que não fazemos...
- Uhum. Quero um bom desjejum amanhã.
- Eu faço. - Sorriu a ela.
Miya sorriu de canto e tocou-o na coxa despida.
- Então vai, porque senão eu mudo de ideia.

Sayuki assentiu e caminhou a se deitar ao lado dela.
- Boa noite, meu anjo.
- Boa noite. Esteja aqui quando eu acordar.
- Vou estar, me perdoe pela rotina... Vai melhorar...

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário