Nowaki e Tadashi #22


Após o banho, Nowaki se levantou e substituiu o roupão por calça cinza escuro e uma blusa fina preta que dobrou as mangas compridas até os antebraços e seguiu até a cozinha junto a ele, onde na geladeira pegou a bandeja com bolinhos de carne bovina, ainda frescos e levou-os para o preparo à vapor. Enquanto isso, deu início a preparo de um café.
Tadashi seguiu junto dele para a cozinha e sentou-se num dos banquinhos altos, observando-o enquanto fazia o preparo do jantar.
- Ne, você pensa em ter filhos?
- Ah, falando em filhos. Precisa de medicação. Vou pedir que entreguem.
- Iie, cuido disso depois.
- Não, vou pedir que tragam. Mas bem, não sei realmente. Talvez algum dia.
O menor desviou o olhar e assentiu, não beberia nada realmente.
- E você? - Nowaki indagou, descontraído na verdade e preparou o café para si. - Não gosta de café, hum?

- Quero... - Sorriu. - Quem sabe não tenho um logo? - Murmurou mais para si e negativou. - Prefiro chá.
- Pretende ser a mãe ou o pai?
O maior indagou embora na verdade brincando, mesmo que parecesse sério ao fazê-lo. E pegou na geladeira um suco, entregando a ele junto a um copo.
- Aloe vera.

Tadashi desviou o olhar a ele, quase engasgando e sorriu.
- Depende, se for seu obviamente mãe. - Aceitou o suco e sorriu a ele. - Meu favorito.

Nowaki o fitou arqueando suavemente a sobrancelha enquanto o servia, preenchendo seu copo com o suco.
- O que? Pirralho demais pra ter um filho seu?

O moreno sorriu e concordou, preferindo não contrariá-lo, não estava paciente, preferia manter o ânimo como estava. Tadashi riu baixinho e abaixou a cabeça, observando o suco em silêncio.
No fim do preparo, com alguns goles da xícara de café tão quente, Nowaki tirou os pães do vapor e serviu-os no prato, colocando sobre o balcão e com ele se sentou após adicionar o shoyu num pequeno recipiente próprio para ele. O menor observou os pães e sorriu, pegando um deles a molhar no shoyu e guiar à boca enquanto o outro serviu-se como ele, cortando o pequeno pão com a mão antes de levar os pedaços a boca.
Tadashi observou o corte no pulso, mesmo com o curativo branco, sujo de vermelho e suspirou, sabia que podia sorrir a ele, mas por dentro se sentia morto, não iria se machucar de novo, correria o risco de parecer só um idiota querendo atenção, por isso jogaria a maldita garrafa fora, ou a chave do quarto e voltou a si ao ouvir o barulho da xícara contra a mesa.
- Está jantando comigo ou consigo mesmo?
- Desculpe. - Sorriu e comeu o restante do primeiro bolinho.
Nowaki sorriu do mesmo modo e pegou outro dos pães, dando a ele.
- Coma bem.

- Obrigado.
Tadashi falou e pegou o pão indicado por ele, guiando-o ao shoyu e aos lábios novamente. O maior c
omeu vagarosamente, junto a ele. Observando-o.
- O efeito da injeção já passou, ah?

- Iie. - Riu. - Talvez precise de mais algumas doses.
O menor sorriu meio fraco a observá-lo e talvez pela primeira vez falasse verdadeiramente com ele, sem artifícios de drogas, bebida, qualquer outra coisa, era a primeira vez que podia abrir-se com ele, de certo modo, embora soubesse que ele não entenderia, ou ignoraria tudo que dissesse por considerar a si uma criança, mas acreditava que uma criança não poderia sofrer tanto por um amor não correspondido.
- Eu gosto de você... De verdade mesmo, não estou inventando ou fazendo pra chamar atenção. Mas eu gostaria de ter mais do que algumas horas de sexo com você, ou um jantar escondido, passar pela sua noiva e fingir que não sou nada, nem seu conhecido e ter que aguentar hipocrisia... 
Eu sei que sou só um garoto, mas quero você na minha cama, quero nunca mais me sentir triste, quero te acordar com um café todos os dias, e sei que seria tão boa esposa quanto ela.
Após mais uma mordida do pão, Nowaki deixou repousado sobre o próprio prato ao ouvi-lo dizer. Lambeu os lábios, os limpando e bebeu um pouco do suco em seu copo. Entendia o que dizia, e na verdade chamá-lo de criança era só um pretexto, sabia que ele tinha idade suficiente para gostar de alguém, para ter suas escolhas, para fazer sexo e mesmo para ter uma vida difícil. Mas também estava numa posição complicada. Estava num relacionamento duradouro, e o conhecia a pouco tempo, se relacionar com ele então, menos ainda do que o tempo de convivência. Ele era jovem, ainda que não fosse motivo para algum impasse, mas ainda era. E tinha certamente alguns problemas que precisaria cuidar, justamente para ter alguma base sólida. Não seria inconsequente para decidir simplesmente largar o que tinha até então, para simplesmente ficar com um paciente. Mas... Como já sabia, estava com um problema, havia adquirido algum sentimento pelo garoto, do contrário, não se deitaria com um homem, na verdade, a ideia era até um pouco desagradável. Fitava-o por fim, impassível na verdade, não estranhava mais suas declarações, havia se habituado àquilo.
- Certo. Eu sei que não está inventando, embora você goste de ter atenção do mesmo modo. Eu também gosto de você, Tadashi. Mas não posso simplesmente largar tudo. Você é novo, como sabe, e é inconsequente, por isso pode parecer fácil. Mas você sabe que você é complicado. Mas vamos dar um pouco mais de tempo, certo? E dependendo do andamento das coisas, pode dar tudo certo.

Disse, e não mentia. Dizia sinceramente sobre aquilo, não anulou as possibilidades, era um adulto, independente. Mas não agia às pressas.
- Vamos fingir por enquanto que somos como ficantes de colégio.
Sorriu, meio de canto com a comparação. 

- Ficantes de colégio Nowaki, mas você se deita comigo no almoço e com outra pessoa no jantar, ao menos me prometa que nesse tempo não vai ficar com ela.
- Você não acha que as coisas vão ficar ruins se começar a exigir algumas mudanças drásticas? - Indagou e apoiou o rosto sobre a palma da mão, sorriu a ele, achando seu pedido um pouco ousado demais.
- Bem, eu sinto ciúme.
- Só que ela ainda é minha noiva, Tadashi. O que estou dizendo é, não estou falando que tudo vai se resolver amanhã, estou falando que preciso saber como as coisas fluem.
- Você não quer sair da sua zona de conforto. - Sorriu e assentiu. - Posso subir? Já comi.
- Pode.
Disse o maior, talvez no início de um mau humor. Era sincero em dizer que pensaria na hipótese e que daria chance de tudo dar certo com ele, achou que isso já seria algo a deixá-lo feliz, mas pelo jeito havia se tornado insuficiente. Sua imposição havia deixado um leve toque irritadiço em si, embora fosse geralmente paciente, o era até receber alguma ordem. Podia retrucá-lo e dizer que não era um conforto, mas não disse, não tinha paciência para isso.
- Não se irrite comigo, entenderia se sentisse algo por outra pessoa e ela estivesse noiva. Sei que sou um intruso na sua vida, me odeio por isso também, mas sem você eu volto pras ruas, não sou nada, não consigo passar o dia. - Levantou-se e suspirou a observá-lo, cansado de tentar explicar. - Se importa se eu fumar no seu quarto?

- Só que você ficou comigo tendo uma noiva ou não.  - Retrucou. - Varanda.
O menor o observou por um pequeno tempo e abriu um pequeno sorriso, levantando-se e assentiu, não sabia mais quem era mais egoísta e optou por não discutir, como disse, era intruso ali. Subiu as escadas e saiu para a varanda mesmo somente de roupa intima e camisa, acendendo o cigarro e tragou-o enquanto observava a vista bonita do local junto da brisa gostosa, e tentou com todas as forças que tinha, não chorar.

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