Ryoga e Katsumi #17


Ryoga já estava trocado, portanto não fez muito além de vestir de volta o casaco que usava, não realmente por uma questão de frio. E sentou-se de novo, esperando pelo outro. Katsumi a
jeitou os cabelos e cobriu a face com uma fina base e pó, passou o perfume e logo voltou.
- Pronto.

O maior o observou deixar o cômodo, já arrumado. Só produzido demais. E ao se levantar, caminhou até a saída do quarto, levando-o sem realmente puxá-lo, até o carro lá fora, onde já noite e não o levaria muito longe dali. O menor saiu junto dele do local, ainda em silêncio pelo tapa levado, diferente dos outros e suspirou, colocando o cinto desnecessariamente.
- Parece meio frio hoje...
- Sim, o vento está forte. - Disse, sabia que era uma conversa descontraída.
Katsumi assentiu e ligou o rádio quando por fim cansou-se de tentar conversar. Ryoga ouviu a música de fundo, ambiente, que ouvia pouco antes a levar o filho na escola. No mais, não demorou demais para que estacionasse, em frente a uma faixada bonita, deveras bem escondida ainda, travessa a uma área bem movimentada, mas duvidava que muitos humanos passassem facilmente por ali. Saiu do carro, e pegou a chave no bolso, abriu o lugar, dando vasão ao salão grande, preenchido por mesas, cadeiras até onde era visto e iluminou a seguir pelo local e buscar um interruptor, amplificando a imagem do local. Tinha a área do bar, bem distribuído, e evidentemente nos toques finais.
- Esse é o lugar onde passo algum tempo, não com putas. Gosto de transar, mas não é algo que eu precise sair fazendo o tempo todo.

Katsumi saiu do carro junto a ele a observar o local, meio confuso, não entendia porque ele havia trazido a si ali, mas assentiu e observou-o.
- Hai... Mas... Por que me trouxe aqui?
- Porque você disse que passo tempo com putas por aí. Estou te mostrando aonde passo meu tempo, onde estou arrumando minhas coisas. Sou dono daqui, tão logo vou inaugurar um restaurante, para vampiros.

- Um restaurante? Sério? Achei que você faria qualquer coisa, menos isso. - Riu baixo, meio desajeitado e observou o lugar, curioso e o cheiro já deixava a si faminto. - Droga, que cheiro bom.
Ryoga sorriu, canteiro.
- Devo inaugurar no domingo. Você pode trabalhar aqui, caso queira.

- Eu? Mas o que eu vou fazer? Tatuar os clientes? - Riu de canto.
- Bem, você tem horário marcado com seus clientes, está sempre em casa, e é por isso que se sente sozinho. Pode trabalhar no bar.

- Bom, eu ia beber mais do que servir... Mas ta bem. Brincadeira.
- Você quem sabe. - Deu de ombros. - Como eu disse, você quem estava se sentindo sozinho, pensando merda em casa. Pelo menos seu tempo é ocupado com algo útil.

- Quero sim.
- Se beber vai ter que repor.
- Ta ok.
- Vai combinar com você. Só não vá se queimar fazendo pirofagia.
- Vou tentar...
Ryoga sorriu.
- De todo modo, não é uma boate, então nada muito ousado. Você quer comer alguma coisa?

- Estou faminto...
- Vamos até a cozinha. Pode experimentar alguma coisa.
- Hum... Tem cheiro forte de sangue.
- Sim, algumas das carnes são bem tostadas por fora, mas são cruas por dentro. Pingam sangue.
- E você é chef?
- Não vou cozinhar. - Sorriu. - Sou dono, então... Coloco alguém pra isso.

- Hum, então ta bom.
O maior riu, notando o timbre dele.
- Mas se está no cardápio é algo que posso fazer.

- Hum. Eu gosto de fazer sobremesas de vez em quando. Mas sou muito macho pra isso.
- Ô, bem macho. Bom, pelo menos não preciso me preocupar em fazer doces para o Erin agora.
Katsumi sorriu a ele.
- Ryoga... Desculpe.

Ryoga o fitou de soslaio enquanto seguia consigo até a cozinha. Não gostava do pedido de desculpas, sentia-se desconfortável com a situação. Entrou no cômodo e fitou alguns dos serviçais, uns novos, e que não conhecia, talvez contratados por outro alguém encarregado.
- Você quer o que? Carne humana ou animal?

- Humana. - Disse a caminhar junto dele.
- Coração?
- Nunca comi, não me parece atraente.
- Um filé então?
- Hum, melhor.
- Ok.
Ryoga disse e buscou o necessário, formulando o preparativo da peça que indicou a ele. Embora não necessário, adicionou sal, um pouco de pimenta, e tostou somente a parte externa da carne, deixando o interior sem qualquer cozimento. Tão logo, colocou sobre o prato, colocou pimentas com formas de gota, duas delas e entregou para ele, com uma taça de vinho. Que claro, bebeu primeiro e depois lhe deu.

Katsumi aceitou a comida, embora ainda estivesse constrangido pela discussão anterior e deixou-o sobre o balcão ali mesmo, não querendo ser folgado e se sentar em alguma mesa e experimentou a pimenta, saborosa e não ardida.
- Hum... 
Oishi!
- Pimentinha de moça. - Deu-lhe uma risonha piscadela.
O menor estreitou os olhos.
- Vem cá, deixa eu enfiar essa pimenta na sua garganta.

- Eu gosto de pimenta ardida. Coma a carne.
- Aham. - Katsumi riu baixinho e comeu a outra pimenta, cortando um pequeno pedaço da carne e experimentou. - Hum, oishi.
- Gosto dessa parte tostada.
- Uma delícia. Hum, porque nunca cozinha pra mim?

- Porque tem quem faça isso em casa.
- Hum, mas a sua é bem melhor do que a da senhora rabugenta.
- Ela não é rabugenta. Fez até remédios pra sua gestação.

Katsumi riu baixinho.
- É brincadeira. - Murmurou e comeu mais um pedaço da carne. - Brinco com ela assim.
- Vou fazer mais vezes, desde que não seja estúpido. Sei as merdas que pensa, quando pensar nessas porcarias, não vai nem dormir comigo.

O menor assentiu a observá-lo, não gostava de parecer domesticado, mas manteve-se em silencio e cessou o movimento do garfo e até da mastigação, observando-o um minuto quase inteiro em silencio a arquear uma das sobrancelhas, só então desviou o olhar à barriga.
- Ai meu Deus...

- O que foi? - O maior indagou diante da pausa , e arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu... Senti... Uma coisa estranha.
Katsumi murmurou a ele e puxou uma das mãos do outro rapidamente, guiando-a até a barriga e deixou-o tocar o local, ainda a segurar o garfo com a outra mão e uniu as sobrancelhas.
- O que houve?
Falou a observá-lo e aguardou, mas tudo o que ele podia sentir era os sutis movimentos do pequeno corpo dentro de si.

- O que houve? - Ryoga retrucou, diante de sua pergunta, sentindo o roçar de um toque dentro de sua barriga já durinha pelo conteúdo em seu interior. - O bebê está se movendo, tapado.
- Ah...
O menor uniu as sobrancelhas novamente a observar a própria barriga e a mão dele no local, e por um momento se sentiu constrangido, não estava acostumado com aquilo.

- O tempo passou bem rápido. - Disse o maior e deu uma leve acariciada na região.
Katsumi assentiu e deixou o garfo sobre a mesa, desviando o olhar para o local onde sua mão acariciava e suspirou.
- Vi o quarto que ela estava montando. Não fique bravo com ela, eu que sou curioso mesmo.

- Eu notei, tinha um sapato rolando perto de você. Não fico bravo com ela.
- Hai... - Disse a retirar o sapatinho de dentro do bolso e observá-lo. - Gostei das cores que escolheu.
- São neutras. Pode ser menino ou menina.
Katsumi assentiu e deixou o pequeno sapatinho sobre a mesa, puxando a mão dele para si e beijou-a no dorso, tentando disfarçar o toque logo após. Claro que Ryoga percebeu, e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, no canto, perdido aos pouquinhos ao perceber a sutil intimidade que ambos haviam adquirido e ele era adorável, embora pensasse que não.

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

    Blogger Comment

0 comentários:

Postar um comentário