Nowaki e Tadashi #20


Tadashi adentrou a clinica, tinha um encontro com o outro, na própria cabeça, é claro, obviamente ele não havia chamado a si, nunca marcaria naquele local, mas mesmo assim foi ao encontro dele, sentindo-se meio chateado no dia, na verdade, havia bebido um pouco além da conta e embora não fosse muito para perder a razão, tivera alguns pensamentos ruins e decidiu procurá-lo. Era tarde, noite na verdade, e perto de sua hora de sair do serviço, procurou-o visualmente pelo corredor, mas acabou por dar de frente com a mulher dele, aliás, noiva e sorriu.

- Você aqui ainda. hum? Já não devia ter ido embora? 
- Hum... A que devemos o ar da graça?
- Vim ver o Nowaki. - Sorriu.
- Ah, verdade? Ele tem sido bom com você, hum?
- Ah, é. Tem sido ótimo.
- Ele é sempre ótimo, não é?

O menor arqueou uma das sobrancelhas.
- Uhum,´tem ótimos atributos

- Acho que ele não vai querer ver você assim, Tadashi.
- Assim como? Eu estou ótimo.
- Está um pouco aéreo e cheira a bebida.
- E quem é você pra dizer o que o Nowaki iria gostar?
- A mulher dele.
Tadashi riu, achando graça no dito.
- Querida, você é noiva dele, grande merda.

- Ora, não aja como se fossemos inimigos, Tadashi. Eu conheço o Nowaki desde o fundamental, acho que sei bastante.
- Ah, deve saber mesmo. - Riu.
Ela riu, achando graça.
- Tá bem, tá bem.
Distraído, Nowaki levou a mão aos cabelos, jogando os fios que seguiam à testa para trás, tirando-o das vistas. Já havia finalizado horário com os pacientes, a essa hora, somente computadorizava o que restava de laudos médicos, esperando terminá-lo logo. Verificando inclusive fichas de pacientes já passados pela clínica, e até encontrou a dele, notando o pouco progresso que haviam tido, seus documentos, e...
- Deixa eu te contar uma coisa querida, o Nowaki é...
- O Nowaki o que?
Indagou o outro notando ambos no corredor. Fitando-a com um sorriso, um pouco impaciente e ele tinha a mesma expressão. 
Tadashi sorriu a ele.
- Nowaki!
O médico o fitou ao lado e sentiu o cheiro suavemente alcoólico que vinha do rapaz.
- Você está bêbado?

- Claro que não.
- Tadashi, sente-se ali por um minuto.
- Iie, Nowaki... - Falou a aproximar-se dele e o abraçou.
- Sh.. Não vai querer me deixar nervoso com você, Tadashi. - Disse, segurando-o pelo ombro conforme abraçado. - Megumi, você já pode ir.
O menor uniu as sobrancelhas ao senti-lo segurar a si e assentiu, adentrando a sala dele e sentou-se na cadeira onde indicado.
Nowaki trocou com ela algumas palavras, e embora não demonstrasse, ela parecia um pouco impaciente com o garoto, mas sorria, fingindo não se importar e naquele momento, era melhor assim. Despediu-se da companheira, dispensando-a do serviço. E já estava trocada, parecia mesmo interessada em finalizar o turno. Após encerrar com ela, seguiu para a sala, encontrando-o sentado, e realmente, parecia bêbado.
Tadashi desviou o olhar a ele, erguendo a face e tinha os olhos cobertos de lágrimas, obviamente estava meio alto, não bêbado, mas o suficiente para estar meio difícil de lidar,e sabia que ele se irritaria, mas era algo que não processava naquele estado. Tinha as roupas meio amassadas pela estada em casa e falta de ida ao serviço e um dos braços tinha uma mancha vermelha na manga da camisa branca.
- Você vai me abandonar? Não vai, não é?
- Tadashi... Que estado deplorável é esse?
O maior indagou ao vê-lo na sala, sentado, parecia insano. E não entendia o que havia acontecido, afinal não haviam discutido, nada havia saído errado, mas ele, estava realmente num estado a se chamar de estado deplorável. Ao caminhar até ele, ignorou mesmo suas indagações, puxou sua camisa, notando a ferida em seu braço. E ali, não estava mais com um paciente. Caminhou em marcha até a porta, fechou-a e ao voltar, deu-lhe um tapa que não era como um tapa de uma mulher.
Tadashi uniu as sobrancelhas ao senti-lo puxar o braço e gemeu dolorido, desviando o olhar a ele, e tentou escondê-lo, puxando novamente, mas não conseguiu e só o assistiu seguir até a porta e voltar até si.
- Nowaki...
Murmurou e antes que pudesse falar sentiu a face esquentar com o tapa e até virou-se de lado, paralisando por um pequeno tempo, a simples verdade era que tivera um pesadelo, e quando acordara, sentiu-se sozinho em casa, atrasado para o trabalho, não teve tempo de se arrumar, tentou ligar para ele, mas certamente trabalhando, não veria a ligação. Deitou-se na cama, mas o quarto escuro só ajudava a piorar, até observar a garrafa de whisky sobre o móvel e tentou evitar várias vezes de beber, mas só pensava em mais e mais idiotices até acabar bebendo metade dela. O que havia ocorrido depois era consequência, tinha algumas lâminas guardadas consigo e várias marcas no braço para mostrar que as usava, embora tentasse esconder dele. Há meses não tinha uma recaída, ainda mais uma sem motivo algum, mas era o próprio motivo, era triste, ficava triste sozinho e acabava por fazer idiotices. Agora tinha as lágrimas escorrendo pela face e de cabeça baixa, não teve coragem de desviar o olhar a ele novamente onde o rosto estava certamente marcado.
- Que merda é essa, Tadashi? Eu estivesse aqui pra te ajudar. Fui gentil com você e numa oportunidade você simplesmente ferra com o que havia lutado, ah? Quer beber, beba, mas pra quê essa merda? Olha pra mim enquanto eu falo. - Disse, impassível.

O menor ergueu a face a observá-lo e já havia se acalmado de fato, obviamente com o tapa levado impossível não se acalmar, o problema é que não tinha o que dizer a ele, e não queria dizer que tinha problemas e que se sentia mal.
- ...

- Por que veio aqui?
- Por que eu queria te ver...
- Veio depois de beber e se ferir, certo? E antes, não veio por que?
- Eu liguei... Você estava ocupado...
- Mesmo agora você veio sem saber se estava ou não ocupado, então?
Tadashi se manteve em silêncio e novamente voltou a chorar, lavando ambas as mãos a cabeça e uniu as sobrancelhas.
- Eu não sei... Eu não sei, minha cabeça dói quando eu fico sozinho... Eu não quero que vá embora, eu não quero ficar sozinho... Não quero Nowaki...
Murmurou e pressionou as têmporas com dois dos dedos e deslizou uma das mãos pelos cabelos para ajeitá-los atrás da orelha, acabando por manchar também os cabelos brancos com o liquido que agora escorria do pulso.
- Eu vou embora... Desculpe... - Levantou-se.

- Você já tem dezoito anos, Tadashi. E não é sempre que vou estar do lado, você tem que aprender a se conter. Acha que vou querer ver sua camisa suja assim?
O menor negativou e uniu as sobrancelhas, envergonhado por ter ido atrás dele e seguiu em direção à porta.
- Eu já estou de saída, vou te levar em casa.
- Iie... Eu quero sair.
- Quer sair pra onde?
Indagou o moreno e tirou o jaleco, deixando-o por ali mesmo. Pegou as próprias coisas, aprontando-se para deixar o consultório. O outro e
ncostou-se na porta e suspirou.
- Venha, sente-se aqui.
Disse o médico e no entanto, mesmo prontificado, somente colocou luvas e pegou os primeiros socorros. Sentou-se, próximo ao banco onde ele antes sentado.  Tadshi d
esviou o olhar a ele e caminhou devagar, sentando-se em frente a ele, já preparado para a bronca.
Nowaki levou as mãos a sua camisa, desabotoando cada pequeno botão. Por fim tirou a veste, deixando-o com tronco despido. Embebeu um algodão com álcool e passou suavemente sobre sua ferida, tateando delicadamente aquela parte, e não o olhou novamente, cuidando da fenda ali formada. Após limpar seu braço sujo com sangue, passou uma pomada em torno, somente para anestesiar o local e evitar uma infecção, logo o cobriu, tapando com gaze.
- Ah...
O menor gemeu ao senti-lo passar o álcool, sentindo o local arder e uniu as sobrancelhas, observando-o atentamente enquanto fazia o curativo em si e suspirou, abaixando a cabeça mais uma vez.

No término, o médico levantou-se seguindo ao armário por lá. Destrancou com uma pequena chave junto ao alarme e chaves do carro e de lá pegou uma camisa, era o que tinha de reserva e levou-a para ele, ajudando-o vestir. Quando por fim colocou-a em seu corpo, usou algodão umedecido para limpar seu cabelo com sangue.
Tadashi desviou o olhar a ele ao aproximar-se de si com o algodão, já vestido com a camisa limpa e virou-se rapidamente, selando-lhe os lábios a segurar as mãos dele em meio as próprias. Nowaki sentiu o toque suave nos lábios, e podia sentir seu cheiro de bebida mesmo assim. Fitou-o de perto quando teve repentinamente beijado e as mãos seguradas.
- Não faça mais isso.

- Eh? - Falou a observá-lo e uniu as sobrancelhas.
- Não se corte porque está sozinho.
O menor assentiu e sentiu um aperto no peito que fora aliviado, por um momento achou que falava do beijo.
- Me perdoe...

- Vamos, vou te levar. Precisa de um banho.
Tadashi assentiu e levantou-se, segurando a mão dele.
- Nowaki... Nowaki me diz... Me diz que não vai me deixar sozinho, diz que eu sou o único pra você...

Sh. - Disse e beijou-o na testa.
O outro sentiu o beijo e uniu as sobrancelhas, assentindo.
- Vamos. - Disse o maior e seguiu até a porta, abrindo-a já pronto para ir embora. Passou antes para pegar um café e entregou para ele. - Tome.
Tadashi assentiu e esperou por ele, seguindo a seu lado, devagar e aceitou o café, assoprando-o para tentar esfriar e bebeu um gole. Nowaki fitou-o de soslaio, e no estacionamento indicou o carro que ressoou ao ser desalarmado. Tão logo abriu a porta, indicando que entrasse e tomou posto do volante.
O menor adentrou o carro quando aberta a porta e colocou o cinto, ainda se lembrava disso e suspirou, encolhendo-se como um bichinho.
- Nowaki, pode me deixar em qualquer lugar, eu vou pra casa...
O maior fitou-o de soslaio ao tomar caminho para casa, ouvindo-o no que dizia. E embora parecesse um pouco melhor, ainda estava um pouco aéreo.
- Cuidado pra não deixar esse café cair.

- Hai... - Murmurou e bebeu mais do café.
Nowaki seguiu devagar, evitando que o fizesse vomitar ou que derrubasse o café, que segurava entre suas mãos meio lânguidas. E não demorou para que estacionasse o veículo em frente a própria casa e deixou o automóvel, pegando as coisas deixadas no banco traseiro do veículo.
- Vamos.

O menor saiu do carro junto dele, bebendo os últimos goles do café e já não estava mais tão afetado pela bebida.
- Preciso de um banho...

- Eu concordo. - Disse o maior em retruque, e seguiu a porte onde deu passagem a ele.- Vá.
Tadashi assentiu e adentrou o local, observando todo o ambiente bonito e bem decorado.
- ... Me leva?
- Te levar? É só ir para o meu quarto.

- Hai, mas vem comigo.

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