Kyo e Shinya #17


Shinya estava a caminho da casa do namorado,ponderando alguns acontecimentos que haviam tido recentemente, em como as coisas haviam mudado tão logo e agora realmente se via como namorado dele. Abriu a porta do local, já tinha a chave afinal, e aspirou os aromas da casa, observou sua decoração habitual, sempre tão aconchegante, deixou escapar um suspiro e entrou, estava louco para vê-lo, mal podia esperar. Observou a cozinha, vazia, a sala, também estava vazia, então desceu em direção ao quarto dele, onde o viu em sua cama.

Na mão direita, Kyo tinha o cigarro que esta vez ou outra levava até os lábios para dar-lhe uns tragos. Sobre as pernas o notebook e na mão esquerda digitava aquilo que a mente ordenava. Logo haveria de publicar o novo livro de poemas. Ao ouvir um minimo barulho cessou a atenção dada ao computador e voltou os pequenos olhos em direção a porta do quarto.
- Terachi. - Murmurou, deixando sobre o criado-mudo ao lado da cama o notebook.
- Ah... Desculpe, atrapalhei você?
- Atrapalhou. Não fica um minuto sem me ver, tsc... Acabamos de sair do ensaio e você já vem para cá.
- Hum... Desculpe eu vou pra casa então. - Disse o maior, envergonhado.
- Você quem sabe, agora que me atrapalhou não faço questão de que vá embora.
Shinya se voltou a ele, confuso sobre ir ou ficar, e por fim sentou-se na beira da cama.
- Não queria te atrapalhar.

- Tá, eu sei.
- Me faz um favor, vá fazer café enquanto eu volto a escrever, a empregada já foi embora e eu acabei com o café.

- Tá bem.
O loiro se levantou e foi até a cozinha no andar de cima, colocou a água para ferver e encostou na parede, observando o céu pela janela em suas cores bonitas do fim de tarde, uma mistura de azul com laranja.

Enquanto o outro fazia o café, Kyo tornou a pegar o notebook, tentando extrair algo, e não era difícil , afinal, nos poemas ou seja lá o que fosse isso, textos inúteis talvez, mas não era nada menos que a verdade. Não demorou muito para que terminasse o que já havia iniciado, o mau-humor agora era mais evidente. Levantou-se e fora até a cozinha onde estava o mais novo.
- Terminou?  -Disse apagando o cigarro no cinzeiro que havia sobre a mesa.

Assim que a água ferveu, Shinya passou o café pelo coador e voltou-se a encostar na parede, não iria descer para não atrapalhá-lo, enquanto isso apenas observava a vista com um pequeno sorriso no rosto o qual cessou quando ouviu a voz dele. O observou e dessa vez um sorriso gentil se formou nos lábios.
- Hai...

Kyo se serviu do café, sorvendo o líquido aos poucos, mesmo sem açúcar. 
- Shinya, você definitivamente devia ser uma mulher, você tinha que ver sua cara olhando o por-do-sol.
- Ah, pare de me provocar Kyo...

O menor fitou as ações do rapaz, e balançou a cabeça de forma negativa em ritmo mental. Como não queria que lhe dissesse algo tão evidente.
- Estou começando a achar que sou hétero.
Shinya o fitou por alguns segundos e suspirou, voltando a olhar o céu com uma expressão séria. Kyo serviu-se novamente com o café e deixou o rapaz na cozinha, ultimamente achara Shinya um pouco manhoso demais, qualquer coisinha que dissesse a ele era provocação, os nervos já não estavam nada aflorados, então preferiu deixá-lo longe antes que o enforcasse.
- Kimi to futaride aruita ano goro no michi wa nakute. Cantava enquanto descia até o quarto, pegou uma regata qualquer e subiu novamente, deixou a caneca de café sobre a mesa de centro da sala e saiu, voltaria logo apenas iria ao mercado comprar algo, ou na casa de Daisuke, se distrair, nem se deu ao trabalho de avisar o mais alto, talvez este resolvesse ir também e não era a intenção.
O maior observou o vocalista em seus movimentos, sem entender, havia acabado de chegar e ele simplesmente saía? Sabia que estava um pouco manhoso, mas não era motivo para que ele agisse daquele modo consigo. Assim como era manhoso, ele também era extremamente frio, como se não fizesse parte da vida dele de fato, como se fosse só um móvel, nem um amigo mais era. Pensou em ligar para ele, mas certamente ouviria gritos, pensou em ir atrás dele, mas se ele quisesse isso, teria chamado a si, fora então que decidiu apenas se sentar em seu sofá, observando a casa, que parecia extremamente vazia sem a presença dele, talvez pudesse dizer até mal assombrada. Podia ouvir barulhos como se fossem presenças fantasmagóricas roçando pelas paredes em direção ao quarto, e amedrontado se encolheu no sofá, fitando qualquer ponto no teto, antes que adormecesse ali mesmo, estava preocupado, mas também estava cansado, e os ensaios eram um pouco pesados consigo, ele iria voltar logo, supos, e preferiu acreditar naquilo. 

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