Miyako e Sayuki #34


Miya entrou no banheiro, exterior ao quarto e não em sua suíte, não havia pego a roupa, mas fechou a porta com tanta força e nem se deu ao trabalho de buscá-las. Encostou-se à porta, da mesma forma como havia o encarado hora antes. E perdera a conta de qualquer reclamações formulou em silêncio.

Sayuki observou a mesa, mesmo ainda encolhido, sentindo as lágrimas que escorreram dos olhos e levantou-se devagar, seguindo em direção a mesa na qual olhava e pegou a sacola nas mãos, abrindo-a.
A outra encostou-se à parede fria do banheiro. Fechou os olhos e sentiu a ducha cair com a água pesada acima da cabeça e que ainda assim não esvaia a vontade demasiada que tivera de gritar, ainda que fosse em silêncio. E repensou sobre os traços alheios, não do parceiro e sim de quem quer que fosse o rapaz. Fosse ele seu amigo ou não. Um sopro deixou a boca, ao pensar sobre o conteúdo do pacote. Tinha ali o pequeno gorrinho de inverno, o par de luvinhas que em demasiado pequenas, mais pareciam dois saquinhos de jóias. Era branco, neutro, e suave, como um floquinho de neve. E quase havia se destratado do pacote, e embora sentisse uma pontada de remorso, ainda assim ele estava errado, tinha que estar errado.
Sayuki retirou de dentro do pacote as coisinhas trazidas por ela e abriu um pequeno sorriso, guardando-as novamente no pacotinho sujo de chá e limpou-o brevemente, voltando-se aos degraus que subiu devagar e parou em frente a porta do banheiro, ouvindo o barulho de dentro e por fim aproximou-se e bateu na porta.
- M-Miya?

A morena ouviu a batida na porta, e embora tivesse a opção de não respondê-lo acabou por fazê-lo e soou rouco.- Hum?
- Quero falar com você...
- Estou ouvindo.
- Posso entrar?
- Você quem sabe. Se quer lidar com meu humor.
- Mas eu tenho uma boa noticia.
- Apenas entre logo.
- Não... Então eu falo outra hora...
Miya suspirou.
- Entre logo.

O loiro adentrou o banheiro, devagar a carregar a sacolinha e mostrou a ela.
- Obrigado.

A morena o fitou e voltou-se novamente ao cubículo do box enquanto o outro deixou a sacola no chão.- Miya...
- Hum?
Ela voltou-se ao sabonete em barrinha que buscou a fim de ensaboar o corpo, como ainda não havia feito.

- Estou gravido.
A pequena barra amarelinha caiu da mão, e ressoou ao chegar ao chão. Miya permaneceu algum tempo estática a fim de processar o comentário. Por hora observou o sabonete, e disse a pequena barra descuidada que não a tiraria dali. Voltou-se ao louro, fitando-o em torpor, pelo box embaçado.
- Meu?

- Obvio que é, estou de quase três meses.
- Não... Mas mas... Como?
- O Médico me disse que tivemos sorte, é muito comum dar errado no primeiro exame, mas ele me examinou e disse que estou ótimo.
- Por que foi lá sozinho?
- Porque quando eu acordei tinha sangue na cama. Eu não queria te preocupar, então fui até o médico, ele disse que estava tudo bem, e descobriu do bebê. Não queria te falar por telefone...
Ela abriu o box de banho e passeou pelo tapete felpudinho e preto que molhou pelos respingos dos cabelos e do corpo. Envolveu-o por seus ombros, e o abraçou. O outro retribuiu o abraço dela e apertou-a entre os braços.
- Me desculpe...

- Parabéns, mamãe. - Ela sussurrou próximo a ele. - Me desculpe por molhar você.
- Parabéns papai, não faz mal... - Sorriu.
- É tudo meu, eu que fiz.
- É, você que fez. - Riu.
- Está aparente já, quer ver minha barriquinha?
Ela se afastou dele e buscou o roupão macio e azul marinho ao lado, vestindo-se.
- Quero...

Sayuki assentiu e puxou a camiseta cor de rosa claro que usava, expondo a barriguinha sutil que já tinha.
- Aqui.

- Como isso foi rápido...
Miya murmurou e observou sua barriguinha, pouco, mas já volumosa e tocou-a de leve.

- Seu bebê esta aí. - Sorriu.
- E você não estava enganado quando disse que já sentia.
- É, eu estava certo...
A morena sorriu a ele.
- Desculpe por te assustar.

- Tudo bem...
- Eu te amo.
- Eu também te amo.

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