Naoto e Kazuya #28


Kazuya seguiu o caminho até a casa dele naquela noite, e os passos eram lentos, estava hesitante, não sabia como agir e se agradaria a moça, mãe dele. Carregava consigo o buquê de rosas brancas, queria causar boa impressão quando a conhecesse. Parou em frente a porta dele e tocou a campainha, esperando e enquanto o fazia, ajeitou o casaco que usava.

Naoto atendeu à porta. Os cabelos estavam soltos e desalinhados, os olhos suavemente inchados de quem via tv no escuro e estivera prestes a dormir. Usava uma regata de malha um pouco larga, uma calça cinza que pendia suavemente nos quadris.
- Kazuya?

- Oi Nao... Ahn... Cheguei cedo? - O loiro falou e sorriu a ele.
Naoto o fitou, indagativo. E notou o buquê de rosas em sua mão, ponderou sobre esquecer de alguma data importante para ele. E só então se lembrou sobre sua visita, e que por sinal havia deixado passar sem que avisasse a própria mãe a respeito da vinda dele, fora algo decidido no colégio, somente numa conversa boba.
- Eu... Me esqueci desse detalhe, Kazuya. Esqueci de avisa-la.

- ... - O loiro o observou em silêncio, havia perdido três horas para se arrumar, realmente a toa, porém desconfiava do outro, sabia que ele não queria que conhecesse a mãe dele. - Você esqueceu? Falei ontem pra você.
- Eu sei, mas eu estava distraído com as atividades, acabei me esquecendo.
- Claro. Você não quer mesmo que eu a conheça.
- Não é isso, Kazuya. Claro que inicialmente eu havia ficado um pouco desconfortável com isso, mas não é por isso. Eu estava prestando atenção às atividades.
- Certo. Até depois.
- Não vai entrar?
- Não, vou embora.
- Eu estou dizendo a verdade, eu me esqueci.
- Ta, ta bom. - Kazuya virou-se e seguiu na direção oposta.
- Kazuya, vai mesmo embora?
- Vou. Não me quer aqui, não quer que eu conheça a sua mãe, então eu vou.
- Eu não disse isso. Vem, entra.
- Não vou entrar, Naoto! - Virou-se a observá-lo. - Poxa, eu... Eu amo você. Todo mundo sabe, se minha mãe estivesse viva, já teria te apresentado há meses. Eu pedi uma coisa só, só que me apresentasse pra ela.
- Eu sei, Kazuya! - Retrucou o moreno em sua exclamação. - Mas eu só me esqueci. Fui sincero e disse que inicialmente eu estava relutante, tinha vergonha de apresentar alguém, não por ser homem. Mas deixei de lado, realmente esqueci.
- Estou chateado com você.
- Por que quer tanto conhecer a minha mãe? Não é como se nós fossemos nos casar.
Kazuya observou-o e quase riu, chegou a dar um riso baixo, incrédulo e jogou as flores nele, nem pensou no que fez, somente jogou e virou-se, seguindo o caminho de volta pra casa.
Naoto abaixou parcialmente o rosto conforme um reflexo, sentiu o pequeno arranhão na pele com o roçar das flores agora desprezadas no chão. Nem sabia como agir, se sentia-se aborrecido ou se ia atrás dele, ainda assim não parecia querer ser seguido. Com passos firmes, o loiro seguiu de volta à própria casa e podia sentir as lágrimas que se formavam nos olhos, mas piscava para não deixá-las cair e a que caiu não limpou.
Naoto tirou o que enxergou das pétalas na pele e deixou como estava a porta do hall. Já podia ouvir o chamado do irmão, que esperava na sala. Apressou o passo até o louro, correndo até alcançá-lo, segurando-o por seu pulso facilmente posto entre os dedos. E puxou-o contra si, embora ainda estivesse com as costas dadas, agora contra o peito.
- Kazu, não vai embora.
Pediu, de modo que a voz soava estranha até para si mesmo diante daquela frase. O loiro p
uxou o braço, soltando-se do outro e virou-se a observá-lo.
- Por quê? Não vamos nos casar.

- Não quis dizer isso. Vem, dorme comigo.
- Não. Você tem vergonha de mim!
- Não tenho.
Naoto voltou a se impor ao outro e agarrou-o na cintura, forçando-o a seguir para o lado oposto o qual se dirigia anteriormente. Kazuya e
streitou os olhos, tentou falar, porém sentiu-se puxado por ele. O moreno caminhou o trajeto de volta feito até ali e o empurrou para dentro de casa onde fechou a porta.
- Vai me prender aqui agora?!
- Veio ver somente a minha mãe?
- Vim porque queria me apresentar. Como pôde falar que não vamos nos casar, por isso não precisava me apresentar pra ela?
- Eu não disse isso, eu disse que estava muito ansioso pra isso.
- É claro. Faz tempo que quero conhecê-la.
- Fique aqui.
- Hump.
- Ela não está, mas pode jantar comigo. Dormir comigo, tomar o café da manhã. E então a verá.
Kazuya observou-o por um pequeno tempo e assentiu por fim.
- Por que está tão aborrecido?
- Porque você falou daquele jeito comigo.
- Pensa que eu fiz de propósito, quis dizer que não tivesse tanta pressa porque não estávamos nos casando.
- Mesmo assim, estamos namorando faz tempo.
- Eu sei. Vamos tomar café com ela.
O loiro assentiu, desviando o olhar à porta e observou as rosas no chão, uniu as sobrancelhas. O outro, igualmente as observou, abandonadas ali. Kazuya abaixou-se próximo a porta e pegou algumas rosas ainda inteiras porém machucadas. O loiro virou-se em direção a ele e estendeu as rosas.
- Desculpe...

Naoto segurou as flores e se ergueu na insignificante diferença de altura, selou seus lábios e caminhou para a cozinha aonde deixou as flores que eram certamente para a mãe.

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