Kaname e Shiori #16


Já haviam se passado dias, perdeu a conta de quantos, e a rotina de Shiori era a mesma, acordava, observava-o ainda em sono e sentava-se na mesma cadeira ao lado dele a esperar, segurando uma de suas mãos a entrelaçar os dedos aos dele, vez ou outra descia para pegar um pouco de sangue para se alimentar, porém acabou trazendo o copo ao quarto dessa vez, ajeitando-se no mesmo local e abaixou a cabeça a permanecer imóvel, desviando o olhar a face dele.
- Kaname... Por favor, acorda... - Murmurou. - Já estou esperando há dias... Não quero perder as esperanças... - Murmurou a novamente iniciar o choro, escondendo a face sobre o colchão da cama. - Não me deixe...
Tudo continuou daquela forma, como uma página em branco, se não fosse pela luz ofuscante que cegava os olhos de Kaname que de qualquer forma, não focavam algo sequer. Quantas horas mais havia passado ali? Talvez um dia inteiro. Ao menos os órgãos não pareciam ser retorcidos, como a pouco os sentia. Não respirava, já havia se dado conta. Sentia o cheiro forte de perfume, algo salgado como água do mar e pele, sangue. Ruídos pelo lugar implacavelmente branco já era costume e sempre os mesmos sons, a mesma voz, tão doce. Tão confortável. Não sentia nada, nem frio nem calor. Somente o tato inesperado, e pela primeira vez pôde sentir algo senão a inércia o qual se encontrava, o modo como sentia-se mórbido. Um toque, na mão, era frágil como sempre pareceu ser enquanto não o tocava, e apenas o ouvia falar. Parecia trêmulo. Parecia dolorido. E com o desvanecer suave do branco, preenchido por uma cortina negra, algo como finos fios fielmente acomodados todos juntos e alguma silhueta, o que não pôde identificar. "Kaname!" dizia aquela voz, trazendo à tona a forte dor de cabeça e gemeu por ela.

Shiori ouviu o pequeno gemido do outro e arregalou os olhos já cheios de lágrimas, desviando o olhar a ele e buscou os pequenos movimentos do corpo dele, abrindo um enorme sorriso nos lábios.
- Kaname! Você acordou! Eu nem acredito! - O pequeno aproximou-se e lhe selou os lábios.

- Ah...
O maior sibilou sem voz alguma. Num ponto extremo entre a imersão tomada por fios negros ou a realidade incoerente. A incômoda pontada no crânio, reluzindo em lembranças quais não identificou ponto sequer. O que estava fazendo? O que estava sentindo e onde estava? Sentiu uma maciez incomum tocar suavemente os lábios, mesmo que parecessem secos. E aquela mesma voz tornou pronunciar alguma coisa que vagarosamente passou a entender.
- Shio... ri. - Murmurou identificando.

O pequeno sorriu a ele a limpar as próprias lágrimas do rosto e desviou o olhar ao copo ao lado de si, ajeitando-o com cuidado na cama a sentá-lo e levou o corpo aos lábios dele.
- Beba... Por favor, só um pouco. Você precisa. - Murmurou a lhe beijar a face e deixou-o beber pouco do sangue.

Kaname não podia julgar se já o entendia. Sentia uma fraqueza descomunal e falta de qualquer sensibilidade. O cheiro agradou as narinas, num peculiar aroma amargoso, podia notar. Parecia ferro velho pelo tempo, e ainda assim doce e apetitoso. Uma gota mísera tocou os lábios, que pareceram absorver o líquido. Roçou a língua no toque e logo mergulhou a quantidade da bebida na garganta, dada pelo braço fino que envolvia o corpo com uma força qual não lhe pertencia. Bebeu-o, até que não mais viesse a boca, suspirou e se deitou novamente. Logo viera um breve reflexo de lucidez, como se aos poucos recebesse coerência e posse do próprio corpo.
Shiori deixou o copo ao lado novamente, deitando-o na cama e sorriu a ele, aproximando-se a lhe beijar a face e o acariciou nos cabelos.
- Está tudo bem... Vai ficar melhor... Eu sei que dói no início... Mas depois passa...

- Não entendo nada. - Falou baixo, suavemente rouco.
- Quando você saiu do carro... Outro carro bateu no seu. Bateu do meu lado, por sorte. Esmagou a minha perna, e acertou você. Você caiu perto do carro, porém, parecia estar quase morto... Eu não tinha forças pra levar você pro hospital... Eu estava tão machucado. Então... Pra salvar você, eu te mordi... E te transformei em vampiro... Trouxe você pra casa depois, limpei o seu corpo e o deixei descansando... Desde que ficou desacordado eu não sai daqui... Fiquei rezando para que você acordasse logo... Me perdoe... Eu tentei chamar uma ambulância... Mas não tinha telefone... Não tinha ninguém na rua. - Murmurou em soluços em meio ao choro.
- Shio... Shiori. Estamos em casa? - Kaname falou devagar, ainda sem processar toda a conversa que desencadeou a pouco.

- Estamos... - O menor aproximou-se a lhe acariciar os cabelos. - Estamos sim.
- Me sinto bêbado. - Suspirou. - Você está bem?
- Estou... Já parou de doer.
- Estou dormindo há quantas horas?
- Faz uns quatro dias.
- Quatro dias?
O maior indagou um pouco mais alto e enfim já podendo descerrar as pálpebras e fitá-lo. De repente pôde notar os fios negros de seu cabelo, semelhantes ao tecido visto em sonho.
- E do serviço, não ligaram?

- Não. Acho que ligaram no seu celular... Mas... Estava quebrado.
- E a polícia?
- Ninguém veio... E se vieram, eu não sei, fiquei aqui o tempo todo.
- O que aconteceu com o carro?
- Capotou algumas vezes.
- Viram o carro batido e não contataram o dono?
O menor uniu as sobrancelhas.
- Estranho...
- Desculpe.
- Desculpar o que?
- Eu devia ter resolvido tudo... Mas eu fiquei preocupado que pudesse não acordar...
Kaname se levantou, sentando-se no colchão. Uma das mãos deslizou entre os fios de cabelo, pareciam maiores que o normal. Pesados, como se estivessem suavemente úmidos.
- Devo ter transpirado. - Falou consigo mesmo.

Shiori uniu as sobrancelhas e abaixou a cabeça.
- Você é um vampiro agora.

- Ah? - Indagou ao retrucá-lo. - Por que? Eu morri?
- Sim.
- Ah...
O maior arfou num grunhido gutural e levou a mão ao pescoço, sentindo a garganta secar. Levantou-se, notando a roupa trocada e limpa, e seguiu rumo ao banheiro. Shiori p
ermaneceu sentado no local e manteve a cabeça baixa, não diria nada, esperaria que ele fizesse as perguntas, afinal, ainda se sentia culpado.
Kaname encarou-se no espelho, tinha uma pele impecavelmente branca, os lábios suavemente roxeados e pálidos, e os olhos, um misto do cinza dos naturais em junção de partículas rubras, denunciando o que ingerira pouco tempo atrás, havia bebido sangue. E ao ponderar sob o fel sentiu novamente a garganta secar, numa sede que não pedia por água. As pupilas dilatadas, um pouco mais que antes e doeu nos olhos a luz vinda da fresta da janela no banheiro.
- Ah... - Gemeu em inesperado incômodo e regressou os passos.

- Acho que você precisa de sangue... Quer que eu busque?
O maior virou-se, a encará-lo, outro assentiu e levantou-se, seguindo em direção a porta.
- Aonde vai?
Kaname indagou e num passo largo, único, o alcançou no pulso a segurá-lo.

- Buscar o sangue... - Murmurou.
Silenciosamente o maior o encarou, desde a roupa trajada nas pernas, ao tronco com a blusinha de tecido fino e os medianos cabelos escuros.
- O que foi?
O maior negativou e o soltou.
- Nada. Vou tomar banho. Apenas faça algo para que possamos comer.

- Ta bem... Farei uma receita especial.
- Você parece estranho.
- Não estou. Logo eu venho.
O menor saiu do quarto a seguir em direção a cozinha e apoiou ambas as mãos no móvel, abaixando a cabeça. Kaname suspirou e fechou os olhos, assimilou as mudanças que pareciam inoportunas demais. Virou-se no colchão e afundou o rosto no travesseiro. Sentia-se em perfeito estado, se não fosse o leve desejo de uma bebida. Sonolento talvez, deveria dormir, no entanto, pensava como trabalharia daqui para frente, ou como sairia na rua, como viveria daquele modo.
O pequeno secou as lágrimas que tinha na face e levantou-se a seguir a geladeira, pegando a garrafa onde guardava o próprio sangue e iniciou o preparo da comida.
O maior sentiu a pontada da angústia e virou-se na cama, se sentando. Não pertencia a si, não sentia por si mesmo. Levantou-se e no criado-mudo ao lado buscou um elástico fácil, prendeu os cabelos de uma forma qualquer, permitindo que alguns fios escapassem do penteado provisório. Caminhou pelo quarto até a saída, e ainda sentia as vistas doloridas mesmo pela luz artificial das lâmpadas. Descera as escadas num canto, e pôde observá-lo na cozinha até onde caminhou e de alguma forma, vinha dele, sentia a busca de suas expectativas, especulou. E se pôs a seu lado.
- Obrigado, Shiori... - Falou baixo, no tom habitual. Algum instante de silêncio, bem espaçado e tornou falar.- Por ser prestativo e cuidar de mim nesses dias. Sei que não teve escolha. Que não queria estar sozinho. E eu também não gostaria de tê-lo deixado só.

O menor desviou o olhar a ele ao ouvi-lo e logo abaixou a cabeça novamente, assentindo.
- Não tem problema... Quer que eu prepare o banho?

- O que foi? - Retrucou num tom que exigia resposta.
- Eu não fui prestativo... - Shiori murmurou e sentiu a lagrima escorrer pela face. - Poderia me cuidar muito bem sozinho... Mas eu não posso perder você... Você não sabe o quanto eu me desesperei em ver você morrendo... - Levou uma das mãos a face a limpar a lágrima. - Eu não cuidei de você... Eu passei quatro dias sentado do seu lado segurando sua mão. Não é lembrar vez ou outra que está lá deitado... Com licença. - Desviou-se do outro a seguir o caminho para fora da cozinha.

O maior franziu o cenho, causando rugas temporárias entre as sobrancelhas e tornou segurá-lo no pulso.
- Está cobrando reconhecimento, Shiori? Em algum momento eu neguei que esteve ao meu lado? Eu ouvi cada minuto a sua voz enquanto eu dormia! Ou passava por alguma transição metamórfica e sentia meus órgão torcidos e mortos no meu corpo. Eu não estou negando. Não estou diminuindo o que fez. Me queria acordado, não queria? E agora que eu estou em pé falando com você age dessa forma? Querendo fugir de mim e me tratando como qualquer.
- Você sabe como eu acordei, Kaname? - Murmurou. - Eu acordei sozinho, na rua. Sem ninguém do meu lado. Não estou cobrando reconhecimento algum. Eu podia ter te deixado sozinho... Mas não deixei. Eu tive medo que você me odiasse, eu te pedi perdão, mas eu não fugi, e eu não te deixei sozinho... Eu só queria que você entendesse que eu fiz tudo isso porque eu gosto de você... Gosto muito... Mas não me permito dizer isso porque sei que você não gosta de mim... Sou só um moleque faminto que entrou pela janela do seu quarto a noite. Que é inútil e que se machuca sozinho... Me desculpe por ter aparecido.
O menor murmurou e segurou as lágrimas aos olhos, puxando a própria mão a voltar a seguir o caminho para fora do local. 
Kaname tornou franzir o cenho, atônito diante das palavras continuamente bradadas de sua boca. Desentendido da causa e firmou os dedos em seu fino pulso, o puxando e só largou conforme o impulso o levou ao caminho dos braços.
- O que há com você, ahn?

O menor observou-o apenas e uniu as sobrancelhas.
- Não é nada... É besteira...

- Está tentando dizer que gosta de mim da forma errada. Não se diz isso com repreensão, nem com lágrimas. Muito menos prestes a gritar. Eu sei que gosta. E eu também gosto de você, se não eu não permitiria ficar em minha casa um estranho que tentou me morder enquanto eu dormia. Não traria sangue suficiente para alimentá-lo o quanto precisa. E não sei o que há com meu corpo. - Levou as mãos em sua cintura, onde as firmou a levantá-lo e deixá-lo no balcão. - Mas você me instiga desde a hora que eu acordei.
- Quanto tomei seu sangue... O deixei sentir todos os meus sentimentos. E de agora em diante será assim. Saberá como me sinto o tempo todo. - Observou-o de cima do balcão. - Mas não estou tentando dizer que gosto de você como um amigo ou um patrão...
Kaname desceu as mãos firmes em seus quadris e o puxou abrupto à frente, causando uma veemente colisão com o corpo. Deslizou ao cós de sua roupa, um short de cetim fino, e arrastou com ele a peça íntima, todos em tom preto, contrastando em sua branca pele. Puxando vagarosamente em suas pernas, e observava o caminho das roupas a deslizarem por ali. Inconscientemente, assim como o roçar da língua no contorno dos lábios.
- Está usando o que? Uma calcinha? - Indagou baixo, bem rouco.

Shiori assentiu, sentindo a face se corar sutilmente a desviar o olhar ao local, observando-o a retirar as próprias roupas, claro que não a vestiria se soubesse que o outro iria querer a si, afinal, ele poderia tirar sarro. Uniu as sobrancelhas a observá-lo.
- Então você gosta de usar calcinha?
O maior tornou dizê-lo, agora sussurrado, no mesmo tom de rouquidão e ainda segurava as laterais da calcinha preta, pouco abaixo do sexo, sem expor inteiramente a região.

- H-Hai... De vez em quando. - Murmurou.
- Gostei dela.
Kaname encarou-o. Precisamente seus lábios, na proximidade em que esteve. De olhar ainda baixo, porém olhos abertos e lambeu sutilmente seus beiços macios. Uma das mãos porém, abandonou o posto e o segurou pela nuca.

- Achei que ia tirar sarro...
O pequeno murmurou e uniu as sobrancelhas a sentir a língua do outro passar pelos próprios lábios, gemendo baixo a senti-lo segurar a si no local.

- Parece fácil rasgá-la.
O maior falou baixo, num volume pessoal e logo, junto a outra mão, levou-a, mantendo ambas em seu pescoço. Cerrou as pálpebras enquanto roçava seus lábios, prévio, ao que o penetrou com a língua.

- Só tenho essa dessa cor, se rasgar vai ter que me dar outra...
Shiori murmurou e abriu um pequeno sorriso a ele, mesmo que o sorriso tenha sumido dos próprios lábios pouco após. Retribuiu o beijo dele, levando ambas as mãos ao redor do pescoço dele, abraçando-o. Kaname t
raçou um rumo brando em sua boca, em apreço de um beijo lento, o qual não tinha costume. Porém forte, sensitivo. Sentindo o roçar da textura macia de sua língua.
O menor cessou o beijo por um pequeno tempo, apenas o suficiente para morder o próprio lábio inferior, arrancando pouco de sangue e lhe selou os lábios, sujando os lábios dele com o próprio sangue.
No aparte do beijo, Kaname lambeu-lhe os beiços e pôde sentir o cheiro em junção daquele específico gosto já conhecido. O sugou devagarzinho, tomando os gotejos de seu fel e sentia-se estranho por fazê-lo, ainda assim o desperto da excitação mais veemente em tomá-lo. Sentia a dor leve na arcada dentária, especificamente nos caninos. O mordiscou no queixo e chegou arranhá-lo sem intenção. E aos beijos breves passou a descer o caminho de sua mandíbula e pescoço. Com a desconhecida e precisa sensação de sentir a corrente sanguínea da região. Mordiscou, uma, duas, três vezes, num leve sentimento de ansiedade. Shiori uniu as sobrancelhas ao senti-lo morder a si no queixo e deslizou ambas as mãos pelas costas dele, acariciando-o.
- P-Pode morder...
O maior ofegou e sugou a pele, sem mordê-la, manchando a tez do toque roxeado dos lábios.
- Gosta que o mordam?

- Não... -Riu baixinho. - Mas está com fome. Pode morder, eu me alimentei há pouco tempo.
Kaname deslizou as mãos em suas costas, passou pelas costelas à frente e desceu na cintura, quadris.
- O que foi? - Shiori sorriu a ele.
O maior subiu abaixo da camisa até o peito, encontrando seus pequenos mamilos os quais apertou e massageou, os puxando devagar. O menor suspirou, unindo as sobrancelhas a observá-lo e gemeu sutil ao sentir os toques.
- O que houve com você?

- O que?
- Esta animado... Bem animado.
- Animado? Só porque estou judiando de seus mamilos?
- Não... Esta quase saindo pra fora da calça. - Riu baixinho.
Kaname voltou-se em direção a roupa, encarando o sexo denotado embaixo dela. E o pequeno riu novamente.
- Está dolorido, hum?
Levou uma das mãos ao local e apertou-o sutilmente mesmo sobre a calça. O maior s
entiu o breve aperto e pulsou entre seus dedos.
- Quer deixá-lo doendo ainda mais?

- Quero aliviar ele.
- Como?
- Quero tirar ele daqui...
- E?
Quero colocar em outro lugar melhor... Mais apertado.
- Ora, seu jeitinho reprimido não está mais aí?
O pequeno uniu as sobrancelhas e riu baixinho.
- Desculpe.
- Eu gostava dele.
Kaname desviou a direção da mão, introduzindo-a agora embaixo e adentrando a roupa alheia, roçando languidamente sua região sexual, sem tocá-la precisamente. Shiori g
emeu baixo, encolhendo-se sutilmente.
- É que... Me deixa animado pensar em algo... Mas não vou contar.

- Pode contar.
O maior se desviou novamente, se pondo ao meio de suas pernas, beirando-o com o dígito médio que circulou a região. Shiori s
uspirou e uniu as sobrancelhas, negativando.
- Você já vai entender...

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