Ryoga e Katsumi #22


Katsumi colocou o pequeno bebê sobre o trocador, havia dado nele o primeiro banho e ao contrário dos humanos, ele era tão silencioso que parecia ter até algo errado, mas a diferença certamente estava no fato de que ele não sentia dor como uma criança humana. Só chorava quando tinha fome.
- Por que você não chora hein? É estranho...
Falou ao filho e tinha um pouco de dificuldade em lidar com ele, não era uma "mãe", estava mais para um pai inexperiente. Colocou a fralda no corpinho dele e logo a calça e blusinha do pijama, abaixando-se para pegar os sapatinhos quando sentiu a mãozinha segurar uma mecha dos próprios cabelos. Ergueu-se a observá-lo e uniu as sobrancelhas, segurando a mãozinha dele a tentar soltar os fios.
- Hey, o que você está fazendo aí? ... Você é fortinho hein? E tem os olhos bonitos do seu pai...
Murmurou e sorriu a ele, sem mostrar os dentes, deslizando a mão pela mãozinha dele, sentindo a pele macia e logo o sentiu soltar os cabelos. Suspirou e abaixou-se, beijando-o no rostinho. Observava o quarto e tudo o que ele havia dado a si, aquela nova vida, estranha, prazerosa e fora do habitual, até um pouco conturbada. Não tinha mais um bebê hipotético, tinha um real, agora tinha um filho com ele, e nunca pensou que teria aquilo na vida, era no mínimo, assustador.
Via toda a vida que havia tido, deslizar pelos dedos calmamente, pingando no chão como gotas de sangue que agora já não habitavam mais o próprio corpo. Agora não iria mais a boates de sadomasoquismo procurando um parceiro, se quer precisaria procurar por um, porque já tinha, aliás, achava que ele era um parceiro para si, porque gostava dele como se fosse um. Gostava dele. Aquelas palavras eram difíceis de dizer.
- Queria que ele gostasse de mim... Porque eu acho que o amo...
Falou ao bebê, que observava a si com os olhos curiosos e negativou quando percebeu que falava sozinho. 

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