Nowaki e Tadashi #26


Tadashi estava meio chateado, isso era fato. Havia saído de casa antes que enlouquecesse, estava chovendo, se sentia sozinho e tendia a fazer besteiras nessas ocasiões, principalmente quando viu o amigo chegar com uma seringa na qual tomaria um remédio indicado pelo médico, se lembrava da droga, e aquilo era horrível, quando a usava, não tinha aquele desequilíbrio de humor e se sentia uma droga. Suspirou e desceu do ônibus no bairro conhecido pelas casas grandes e caras, ele não era muito de se exibir, mas gostava de conforto e podia ver isso só pela fachada. Chovia, então tinha consigo um guarda-chuva preto e discreto e ao se por de frente à porta, tocou a campainha.
- Só um minuto.
Nowaki disse após se levantar e deixou a toalha sobre o balcão, tal como a taça com champanhe. Observou a morena que sorriu e afirmou enquanto buscava sua bolsa, prontificando-se para sair mesmo embora continuasse atenciosa a um pedaço de queijo tipo branco e levava os cubos até a boca, resmungando o fato de não querer deixar de comê-los. Seguiu a porta ao ouvir a campainha, e tão logo abriu a porta, não sendo precavido a inicialmente atender pelo interfone. E observou o garoto, vestia uma calça preta, um suéter cinza e levava consigo o guarda-chuvas da mesma cor. Tão monocromático quanto o dia lá fora.
- Nowaki!
O menor sorriu ao vê-lo, e de fato nem ponderou o fato de estar acompanhado, devia ter visto a si antes de abrir a porta, alguma coisa do tipo e até deixou cair o guarda-chuva quando se aproximou bruscamente dele, abraçando-o ao redor do pescoço e beijou-o, afinal, sentia saudade.
- Tada!
Disse o maior, mas foi cortado por seu impulso. Sentiu o abraço abrupto, o beijo mais imprevisível ainda. Arregalou os olhos e voltou o olhar de soslaio ao ouvir a voz que tal como a própria, fora cortada de repente.
- Amor, já estou in...
Disse ela e parou a colocar a bolsa sobre o ombro. De modo impulsivo e automático acabou revidando de um modo brusco, e a medida que empurrou o garoto, desferiu em seu rosto um tapa com o dorso dos dedos, talvez um pouco fechado.
- Ficou louco? - Retrucou, tão automático quanto ao ato.
-  Nowaki, não faça isso, ele é criança!
O menor se assustou com o empurrão, de fato não o beijara de propósito, nem sabia que ela estava ali, achava que ele estava sozinho e sentiu o rosto estalar com o "soco" dado, e não sabia o porque havia apanhado, só entendeu depois que se afastou da parede onde havia sido jogado e o observou junto da outra a seu lado. Piscou algumas vezes, sentindo a face dolorida e as lágrimas nos olhos, assim como o filete de sangue que escorreu dos lábios, já que havia mordido a boca com o toque rude dele sobre a face. Observou-os, e queria chorar, mas não na frente dele, deles. Virou-se rapidamente, deixando o guarda-chuva lá mesmo e correu pela rua, sentindo-se encharcar com a chuva e só parou quando se sentiu longe o suficiente, quando virou a esquina e uniu as sobrancelhas, abaixando-se e ajoelhou-se, guiando ambas as mãos sobre a face, tentando conter as lágrimas.

Nowaki o observou enquanto fitava a si. Do mesmo modo como o viu sair também permaneceu. Voltou a direção visual a noiva, que fitava parada segurando a bolsa contra o corpo, como quem também não entendia a situação e imaginava que aquela altura ela mesma nem se perguntava como ele sabia o endereço, já que provavelmente ainda não entendia nada. No entanto, levou um tempo mas processou o que havia acontecido, claro que seu rosto parecia indiferente para quem não o conhecesse ou para ela, quando ele se afastou, mas consigo era diferente, já conhecia muito bem aquele maldito bipolar, bem demais talvez, ou ao menos o suficiente para saber que seu rosto era de quem iria tão logo, deixar o choro correr. Seguiu para a porta e notou a morena segurar a própria camisa.
- Aonde você vai? Não adianta ir, vai dar esperança a ele, Nowaki.
Disse ela e não conseguia entender, como entendia a dele, sua expressão, se era raiva, preocupação, tristeza ou simplesmente a de quem normalmente dá um conselho.
- Desculpe, Megumi. Vá pra casa.
Disse a ela e abaixou-se, pegou o guarda-chuva do garoto e fechou, levando consigo quando passou a seguir depressa até o caminho que ele certamente havia feito. Precisou observar de um lado a outro até achá-lo e observou parado. Tratou de seguir o caminho tão rápido como havia formulado antes até chegar ali.

- Tadashi!
O garoto ouviu-o chamar o próprio nome e retirou ambas as mãos da face, observando-o a correr pela rua na própria direção e foi então que se levantou e negativou a ele.
- Iie!
Falou a ele e afastou-se alguns passos, correndo em seguida a tentar se afastar, porém como não enxergava devido a chuva, obviamente acabou por tropeçar. Nowaki não entendeu exatamente ao que ele negativava ou porque se afastava, mas sua falta de apoio fez com que chegasse mais facilmente até ele e pegou-o pelo braço, o puxando consigo.

- Sh, por que está se afastando? - Disse e o envolveu a altura dos ombros. - Me desculpe, Tadashi. Não tinha intenção, foi um reflexo.
Tadashi assustou-se ao senti-lo puxar a si e estremeceu, negativando a tentar se soltar.
- Iie... Não me machuque! Eu vou embora!
Falou a ele, porém suavizou ao sentir o abraço e a frase, unindo as sobrancelhas, era óbvio que a face ainda doía e estava visualmente bem marcada.
- Não pretendia agir assim.
Disse o moreno, notando a suavidade de seus movimentos anteriores e continuou a segurá-lo. O menor a
ssentiu a observá-lo e abaixou a cabeça, tentando esconder o rosto machucado.
Nowaki suspirou e por fim não queria continuar a pedir desculpas, somente o deixou se aconchegar como queria e afagou seus cabelos úmidos. Pode inclusive notar o carro da morena quando passou, mas nada se passou além do veículo indo na direção a ir embora. Tadashi ergueu os braços e abraçou-o, deixando as mãos em suas costas e repousou a face em seu ombro, fechando os olhos, e obviamente não notou o carro da outra quando passou.
- Eu vou embora se quiser...
- Não eu não disse pra ir embora. Vamos, vamos voltar.
- Mas a Megumi...
- Ela foi embora.
O menor assentiu e limpou as lágrimas com uma das mãos.
- Hai.
O maior o ajudou a limpar as lágrimas embora não tivesse a certeza de quais eram, visto que a chuva em seu rosto não contribuía para dizer quais não eram água. Segurou seu rosto entre as mãos e o beijou, num selo breve e meio superficial, assim como em seu rosto acertado.
Tadashi fechou os olhos ao sentir o selo, ainda estava meio afetado pelo soco e não era proposital, tremia suavemente e gemeu baixinho ao sentir o beijo sobre o local machucado.
- Vem, vamos.
Disse o maior e por fim o soltou, seguindo consigo o caminho de volta mas não sabia se aquela altura o guarda-chuvas dele ajudaria em algo. O menor seguiu com ele de volta para casa e ao adentrar, parou na porta, não queria molhar a casa e encolheu-se, estremecendo pelo frio.
- Entre logo, Tadashi. - Disse o outro e puxou-o para dentro. Fechou a porta seguidamente e deixou o guarda-chuvas e lado. - Vem, vem tomar um banho.
Tadashi assentiu, caindo em si ao ouvi-lo chamar e adentrou o local, seguindo as escadas com ele para o quarto e retirou a camisa no caminho.
- Deixe a camisa em cima da pia do banheiro, vou levar pra lavanderia. Você deixou uma camiseta da ultima vez, a calça eu acho que alguma deve servir.
O menor assentiu novamente e retirou a calça, assim como a roupa intima e adentrou o chuveiro.

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