Kyo e Shinya #9


Kyo distraiu-se com o filme e junto do outro, era fácil fazê-lo, fora quando adormeceu junto ao outro no sofá, por alguns poucos minutos. A chuva que caía fina na janela aos poucos engrossou, sem que ele nem percebesse e com o barulho de um trovão, o vocalista acordou.
- Tsc... Seria bom se acabasse a luz, hum.
- Acabasse a luz? - Murmurou o baterista, quase em meio ao sono junto dele. - Não... - E aconchegou-se junto dele no sofá.
- Ah, mas é todo mulher, hum. - Provocou.
- Pare com isso. - O maior riu.
- Como pode ser tão bicha, Shinya? Com certeza nasceu com algo errado no meio das pernas.
Enquanto falou, os olhos do menos percorreram a janela, e por um momento assemelhou aquela chuva ao próprio interior, num pequeno sorriso por tal pensamento. Shinya havia notado sua distração, mesmo sutil e desviou o olhar a ele, meio de canto, era estranho ainda estarem juntos, ainda mais sem dizer nada, não eram namorados, ou talvez fossem, não sabia ao certo.
- O que foi?
- Nada, estou apenas olhando a chuva.
- Mesmo?
- Sim, por quê?
- Não nada, é que parecia meio... Desa-
O baterista cessou a fala, assim que a televisão desligou com um estalo, assim como as luzes, fora a chuva e num movimento rápido ele se aproximou do outro, abraçando-o meio de lado, claro, que era uma desculpa para tê-lo mais perto de si.
- K-Kyo...
- Nossa, Shinya, pelo amor de Deus. O que te dá medo? Acha que vai vir um bicho te pegar? Se esse for seu medo, tem um que você está abraçando agora.
- Eu não estou com medo... - Disse o baterista, olhando sutilmente em volta. - E você não é um bicho que vai me pegar e me comer.
- Sou sim. - Disse o loiro. - Bom, se me da licença, vou lá fora tomar um banho.
O vocalista se levantou, seguindo em direção a porta na qual abriu e deixou o cômodo para então deixar que todo o corpo fosse molhado pela água que caía. Inclinou a cabeça para trás e assim como de costume no banho, deixava que a água caísse sobre a face.
Shinya permaneceu ali a observá-lo, e ele era estranho, parecia absorto em alguma coisa, como se algo o puxasse para todo aquele amargor dentro dele e o cegasse do que havia em volta. Encolheu-se no sofá, e podia dizer que não tinha medo, mas tinha, o escuro era algo que incomodava e a casa dele principalmente, era como uma casa mal assombrada.
O loiro sentou num dos assentos que existia do lado de fora da casa, e por lá ficou com seus devaneios, enquanto deixava que a água ainda molhasse seu corpo, deslizando pela pele até atingir o chão, não fora muito tempo até que o baterista se angustiasse e decidisse ir ao encontro dele, estranhando sua demora.
- Está tudo bem?
- Hai...
- Está pensativo hoje... Nada te incomoda mesmo? - O maior aproximou-se, beijando o pescoço dele na pouca exposição de pele.
- Nada mesmo. - O vocalista pigarreou e levantou-se. - A luz voltou, vamos entrar.
- Não...
Shinya murmurou e a mão deslizou pelo braço dele, num toque sutil até encontrar a mão do outro, entrelaçando os dedos aos dele e devagar, puxou-o para si conforme colou os lábios aos dele e beijou-o, ou esperou por um beijo, já que era tão difícil ser retribuído, e sentia o corpo molhado junto ao corpo do outro, as gotas que chuva que deslizavam calmamente pela pele como se nada mais tivesse importância se não os dois naquele momento, e sentia um estranho sentimento no peito, queria entendê-lo, desesperadamente queria estar conectado a ele, a alma dele, e queria poder abraçá-la como o abraçava naquele momento.
Kyo fechou os olhos, e por momento, se deixou levar pelo beijo que retribuiu. As mãos deslizaram pela cintura fina do mais alto enquanto apreciava as sensações daquele toque, o calor da boca do outro e a frieza das gotas d'água sobre a face, e naquele momento, tudo parecia tão calmo e tão harmônico.
O mais alto deslizou a mão, da face do outro até seus cabelos enquanto a outra permaneceu sobre as costas dele. De maneira alguma aumentava a intensidade do beijo, desfrutava dele com calma, dando-lhe pequenas mordidas no lábios inferior vez ou outra e logo voltava ao toque de lábios. Cada movimento que fazia era cauteloso e tranquilo, sabendo que a qualquer minuto, poderia ser recusado por ele.
A língua do vocalista explorava os cantos mínimos da boca do maior, massageando a língua alheia com a própria num ritmo calmo, intenso e doce carinho aquele cujo apenas era dado ao maior, a Shinya, e apenas a ele. A mão manteve a carícia na curvatura da cintura do outro, apertando-o vez ou outra, intensificando aquele contato com o corpo, o que arrepiava o menor, mais é claro, queria manter aquele clima que sabia que o mais novo gostava, e não poderia negar que si próprio estava gostando também. A língua percorria a cavidade úmida, tão quente, vez ou outra sugando a língua do amigo, ou namorado, não sabia, explorando o gosto de seu beijo, mordendo-lhe os lábios, tanto superior quanto inferior, mais logo retomava a troca de salivas.
Shinya manteve aquele toque até que cessou, devagar, selando os lábios do vocalista e deixou o rosto próximo ao dele. A mão em seus cabelos deslizou até a face, tocando-o numa suave carícia, sentindo a pele fria pelo contato da chuva e o polegar deslizou por seus lábios, depois seus olhos, e assim fora até que todo o contorno de seu rosto tivesse sido feito e novamente lhe acariciou a face.
- Eu te amo, Kyo. - Murmurou.
O vocalista permaneceu a observá-lo, um longo tempo a sentir aqueles pequenos toques, e ao ouvir a voz do outro, sentira um estranho arrepio no corpo, que talvez, não houvesse sentido antes, um arrepio estranho, que levava a uma única resposta a ele, que extremamente difícil de dizer, deslizou para fora da garganta como um sopro.
- Eu também te amo.
As mãos dele deslizaram pela cintura do mais alto e nem havia notado que havia prendido a respiração.
- Vamos entrar?
Shinya permaneceu a observá-lo, não fazia ideia de quanto tempo havia esperado para ouvir aquilo, o coração havia parado por um instante, mas ao mesmo tempo que queria chorar, algo dizia que não deveria agir de modo emotivo com ele, ou ele nunca mais o diria. Segurou o choro, e a vontade de despencar em pedaços no chão.
- Hum. Apesar de ser bom ver o seu corpo molhado e ver as gotas de água molhando seu rosto e seu cabelo. Poder ficar com você abraçado desse jeito tentando manter o seu corpo quente mesmo que a água o tenha esfriado... - Suspirou. - Vamos entrar. Daqui a pouco ficamos resfriados.
- É, poderá ver isso no banho.
Kyo quebrou o contato e se dirigiu para dentro de casa, molhando todo o piso e o tapete da sala, apenas alguns pingos, na verdade havia tirando a camisa molhada na entrada da casa e deixado por lá. Desceu as escadas que levava até o banheiro na parte de baixo, ligou logo o chuveiro e fora se despindo por completo. O baterista o seguiu, e igualmente retirou a camisa na entrada de casa, expondo o corpo magro a medida em que seguia ao banheiro, despindo-se, e tremia, devido ao frio.
- Está com frio? Vem logo pra de baixo da água. - Disse, puxando o outro pela cintura a trazê-lo para baixo do chuveiro.
- Vai mesmo me deixar tomar banho com você? - Shinya murmurou e encolheu-se ao senti-lo puxar a si, abraçando-o, embora meio tímido. - Ah... Bem melhor.
Kyo retribuiu o abraço, envolvendo-o pela cintura, e como era mais baixo, repousou a face sobre o ombro dele, virando-se ao encontro de seu pescoço, onde beijou e mordiscou algumas vezes. O maior suspirou, nunca pensara que estaria no banho junto a ele daquela forma, mas era bom, sentir o corpo quente junto ao dele, como fora na primeira vez em que estiveram juntos, sentindo a água, só que dessa vez, quente e as unhas deslizaram pelo corpo dele, suavemente causando arrepios em sua pele, como causava na própria com os toques dos lábios.
Aos poucos, os beijos e mordidas viraram sugadas que avermelharam a pele. O loiro maior já sentia os arrepios pelo corpo, e fora quando se encostou na parede, puxando-o para si e colando o corpo ao dele. Do pescoço, Kyo seguiu para o ombro, clavícula e tórax, o qual sugou o mamilo do mais alto, enquanto deslizava as mãos pelo corpo dele, úmido e excitante.
As mãos do baterista deslizaram pelos cabelos do outro, puxando-o para si a medida em que os toques se tornavam excitantes e sentiu os lábios do outro se colarem aos próprios num beijo que arrancou o fôlego, e de olhos abertos, Shinya sentiu a face se corar sutilmente, não estava acostumado a ter tanta atenção dele. Claro, que o outro percebeu.
- Algum problema?
- Não... Só... Tive alguns pensamentos maliciosos... E não estou acostumado a pensar isso a seu respeito, desculpe.
- Hum. Vamos sair.
O baterista uniu as sobrancelhas.
- Ah... Mas... Aqui está quentinho.
- Quer ficar aí fique, mas tem a cama lá fora, que é a mesma coisa ou melhor.
O vocalista saiu, pegando a toalha de cor escuta, e tateou o corpo com a mesma, deixando-a ao redor da cintura enquanto seguiu para o quarto, buscando uma roupa para vestir, por fim optando por vestir somente uma calça, dispensando a roupa íntima e a camisa.
- Mas ficar aqui sem você não tem graça...
Disse o baterista, para si mesmo e pegou outra das toalhas no banheiro, suspirando conforme voltou ao quarto com ele.
- Eu acho impossível, mas... Tem alguma roupa minha aqui?
- Tem. Veja dentro da última gaveta. Você deixou aqui da última vez. - Indicou com o indicador. - Quer chá ou alguma coisa?
O baterista pegou a roupa deixada ali, por sorte era algo mais confortável.
- Não, obrigado...
O vocalista subiu as escadas, pegando o café e aproveitou para acender um cigarro, descendo em seguida para o quarto novamente e se ajeitou na cama. Devagar, o baterista seguiu em passos lentos até a cama, deitando-se ao lado do outro e aconchegou-se ali, cobrindo-se com o cobertor deliberadamente e confortou-se no travesseiro enquanto o observava.
- Você é tão lindo, Kyo...
- Não, não sou. Você que é linda, princesinha.
Shinya riu, e sabia que ele estava brincando, como costumavam fazer, apenas para irritar a si.
- Bem, talvez eu tenha usado a palavra errada. Gostoso é melhor? - Murmurou, e já sentia o tom vermelho tomando conta da face.
- Não, você nunca me comeu pra saber.
O maior riu novamente.
- Nem vou. Eu não sei elogiar você...
- Não vai mesmo.
- Você entendeu o que eu quis dizer... É que eu adoro seu corpo. Um dia aprendo a elogiá-lo.
- Está bom assim.
O maior sorriu e abraçou o travesseiro enquanto o observava.
- Vai ficar fumando e bebendo café?
- Vou.
Disse o outro, terminando o cigarro e deixou no cinzeiro no criado-mudo ao lado da cama.
- Hum. Deita aqui comigo.
Num suspiro, o menor se deitou junto do loiro, envolvendo-o numa espécie de abraço, e notou o tom corado das bochechas dele novamente.
- Você fica adorável assim.
O baterista sorriu e aconchegou-se pouco mais ao outro, repousando a face sobre seu tórax, porém nem percebeu que o outro já havia colocado outro cigarro nos lábios e acendido.
- Você e esse cigarro... Não pode parar de fumar quando está comigo?
- Você me conheceu como? Eu sempre fumei, não?
- Mas quando está comigo precisa tanto de nicotina assim? Ou gosta mais de fumar do que de ficar comigo?
- Tsc, chato. Gosta de me encher o saco. - Apagou o cigarro.
- Não estou enchendo o saco.
- Está sim.
- Não estou.
- Está! Cale a boca.
O loiro uniu as sobrancelhas e assentiu, levantando-se e seguiu em direção ao andar de cima, era extremamente sensível, e quando ele agia daquele modo, não sabia lidar com ele. Sentou-se no sofá por um minuto e abaixou a cabeça, guiando uma das mãos sobre a face a massagear as têmporas. Gostava do amigo, mas aquilo estava ficando meio estranho, e ele era muito temperamental.
- Vou me calar.
Kyo se levantou, irritado e seguiu escada acima atrás do outro, não estava acostumado, tanto quanto ele a lidar com outra pessoa.
- Tsc, desgraçado, como é sentimental. - Ao chegar na sala, observou o outro ali sentado, e devagar se aproximou. - Me desculpe. - Disse e o puxou para si, envolvendo num abraço, enquanto os lábios selaram os dele demoradamente.
O maior o observou, estranhando o modo como ele agia, porém manteve-se perto, e retribuiu seu abraço, até mesmo seu toque nos lábios.
- Eu gosto de você, seu idiota. - Disse o menor, dando pequenos beijos sobre a face do mais novo.
- Eu também gosto...
- Vem, vamos pra cama.
Shinya se levantou, e seguiu junto dele para o andar de baixo novamente, em silêncio, era estranho se chatear com aquilo, ainda mais estranho que ele fosse atrás de si para se desculpar, era dramático, sabia disso, e muito sensível, então deixou-se levar. Ao voltar, deitou-se na cama, e limpou com uma das mãos as lágrimas que escorriam de um dos olhos. Assim que o menor percebeu, aproximou-se do outro e lhe selou os lábios mais uma vez.
- Me desculpe Shin.
- Já desculpei.
- Então por que chora?
- Não é nada, eu estou bem.
- Eu disse a você, que eu ia te fazer chorar se ficasse perto de mim.
- Chorar não mata, mas não me mande calar a boca.
- É que eu odeio que tentem me corrigir, você me conheceu daquela forma, não tente mudar agora.
- Tudo bem, eu não vou mais dizer nada.
O menor suspirou.
- Já chega, hum. Não quero te mudar, só queria tirar algo que te faz mal. Eu só pedi pra não fumar quando estivesse comigo porque eu não gosto muito do gosto do cigarro. Mas gosto de você do jeito que você é, então... Esqueça.
- Não se preocupe, não vou beijar você enquanto fumar, Terachi!
- Tooru, pare com isso.
- Eu fumo, caralho! Você sabe!
- Chega, eu vou aprender a viver com isso. Eu amo você do jeito que você é, não é algo fútil que vai mudar isso. Não vou mais reclamar, ta bem?
- Não sei que porra te incomoda tanto, mas ta certo.
- Não quero que algo aconteça um dia por causa do cigarro.
- Não quero uma segunda mãe, Shinya.
- Hai... Eu... Tudo bem.

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