Yuuki e Kazuto #24


Lá estava o garoto, novamente em frente a casa dele, e observava a porta durante um longo tempo, perguntando-se se de fato deveria entrar ou desistir, como se já não tivesse levado foras o suficiente no último mês. O que passava pela própria cabeça? Por que gostava tanto dele? Eram coisas que se perguntava. Ao perceber a porta aberta, adentrou sem se anunciar ou bater, de qualquer modo seria expulso, então aquilo não fazia muita diferença, e encontrou o vampiro na cozinha, enquanto se servia com uma taça de vinho.
- Yuuki, boa noite!
- Ah, inferno.
- O que foi?
- Você chegou.
O risinho nervoso surgiu nos lábios do pequeno que se aproximou do outro e estalou um selo nos lábios dele, deliberadamente, porém fora empurrado para longe conforme o vampiro reagiu ao toque.
- Tá, eu sei que não gosta... - Kazuto sorriu a ele e o fitou com os olhos vermelhos - Mas eu amo você então eu vim te ver, sempre esta de mau humor desse jeito, hum?
- Sim, estou, porque você não me deixa em paz, pirralho.
- Ahn... - O menor abaixou a cabeça - Desculpe ne...
- Vá embora.

- Mas quero ficar com você...
- Ah... quer saber ? Fique! Morra aí.
Yuuki deu de ombros e voltou até o balcão a qual havia deixado a bebida. Pegou-a e fora a sala, sentou-se e serviu-se do vinho.
O olhar do pequeno foi ao maior e caminhou com passos cautelosos até ele, sentando-se ao lado no sofá, o observando enquanto bebia.
O vampiro mais velho deixou a garrafa de vidro sobre a mesa de centro, e se acomodou novamente no estofado. A taça pousava sobre a pernas, e era encaixada entre os dedos. Ignorando tal presença ali, observava o exterior da casa, o céu já bem escuro, no entanto cerrou as pálpebras e encostou a nuca no encosto do sofá. Kazuto se ajeitou, aproximando-se mais do outro e repousou a face sobre o ombro do vampiro. Yuuki suspirou e permaneceu daquela forma. Somente levou a bebida aos lábios e deu um gole nesta, voltando a deixá-la sobre as pernas em seguida.
- Yuuki... Me da um beijo..?
O maior erguera uma das mãos a qual expôs o dedo médio ao loiro menor.
- Claro.

- Vou morder seu dedo.
Kazuto riu e sentou-se sobre o colo dele, segurando o rosto do loiro e selando-lhe os lábios.

- Sai de cima. - Disse áspero, e permaneceu como estava.
- Porque todo esse mal humor?
- Tenho que repetir? Acho que já te respondi a pergunta.
- Mas eu nunca fiz nada pra você...
- Eu sei que não. Mas está me enchendo o saco parecendo um transtornado obsessivo.
- Ah isso é mentira. Eu sei que no fundo você gosta quando eu venho aqui. - Selou os lábios dele novamente.
Yuuki recebeu o selo nos lábios, e permaneceu atônito, observando-o inexpressivo.
- Me diz a verdade... Você gosta de mim, não gosta?
A gargalhada soou quase imediata diante das palavras do pequeno.
- O que?

Kazuto se encolheu e repousou a face no ombro do outro, beijando o pescoço dele algumas vezes.
- Você acha isso, pirralho?
- Só pensei...
- O que te faz pensar isso?
- P-Porque não me matou?
- Tenho um motivo pra isso, e tenha certeza, não é você.
- Hum... Hai... - O silêncio se fez presente no local por alguns segundos. - Posso dormir com você hoje?
- Faça o que quiser.
Kazuto se encolheu ainda mais nos braços do outro e uma das mãos foi até os cabelos dele, acariciando-os.
- H-Hai...

- Virei pai agora, tsc.
- Pelo que eu entendi, já faz um tempinho que virou pai, só agora que percebeu? - Riu baixo.
- Se faz tempo que virei um pai, porque não nota que sou um pai e não um namorado?
- Porque eu quero você pra mim... - O menor murmurou.
- Como você é chato... - A mão do maior foi até a face. 
O pequeno beijou o pescoço do outro mais algumas vezes.
- Seja meu namorado, Yuuki...

O riso deu inicio em tom mínimo e novamente, Yuuki lhe deu a gargalhada.
- Sim, Claro, Kazuto.

O menor uniu as sobrancelhas e permaneceu em silêncio, fitando-o, enquanto o outro deu continuidade ao silêncio, encarando-o igualmente.
Kazuto levou uma das mãos até o abdômen do outro, acariciando-o e adentrou a camisa, subindo até o tórax e mantendo-a no local, sentindo os leves batimentos do coração dele e sorriu, os olhos se direcionando a área.
- Está tentando se convencer?
O pequeno fitou o rosto dele e o sorriso sumiu dos lábios aos poucos.
- M-Me convencer...?

A mão d Yuuki fora sobre a alheia, pousada no próprio peito.
- Que isso aqui dentro tem alguma utilidade?

- Eu sei que tem, você só não demonstra isso...
- Iie. Só não houve algo que o fez ser útil.
Novamente a face do menor repousou sobre o ombro dele e algumas lágrimas escorreram pelo rosto, permanecendo em silêncio enquanto sentia as pulsações.
- Ah, criança, como você é chata. - A mão direita do mais velho, entrelaçou os dedos aos cabelos mesclados do mais baixo e na região da nuca apertou-os dando firmeza com a pegada e o fez fitar a face. - Quantos anos você tem?
Kazuto gemeu baixo ao ter os cabelos puxados e fitou o outro.
- V-Vinte... - Murmurou

- Falta dois anos pra se tornar um adulto e parece uma criança travesti.
O menor desviou o olhar e já sentia as pequenas lágrimas escorrendo pela face. Yuuki puxou ainda mais os fios entre os dedos, e em seguida acabou por trazê-lo próximo e assim tocar bruscamente os lábios alheios com os próprios e exigir um beijo, que certamente seria retribuído sem hesitação do outro vocalista.
Kazuto retribuiu o outro, a mão deslizou pela pele dele, fazendo uma leve caricia e arranhou levemente o local antes de apoia-la novamente sobre o peito do outro, saboreando os lábios dele. O maior desfrutou daquela troca de salivas tão brusca e após cessá-la, mesmo um interrompimento tão indelicado, permaneceu com os lábios juntos ao dele e murmurava.
- Então ame, criança. Chore, dê pra mim, sofra por mim, grite, se mate, se corte, se mutile, se foda... Mas não exija nada em troca.
Após o cessar da fala, voltou a beijar o vocalista, de modo tão indelicado quanto anteriormente. Kazuto o
uviu as palavras com atenção e as lágrimas ainda deixavam os olhos, os lábios logo foram tomados por ele novamente e os separou, abaixando a cabeça, e as pequenas gotas pingaram sobre a pele do vampiro.
- O que foi?
Yuuki indagou de modo tão áspero quanto o ato de sacudi-lo através do novo puxão de cabelo e voltou a lhe tomar posse dos lábios. O menor r
etirou a mão do local e a deixou sobre a blusa do maior, apertando-a entre os dedos enquanto retribuía o beijo, sentindo a língua dele tocar a própria e tentava parar de chorar, selando-lhe os lábios algumas vezes e novamente cessou o beijo, suspirando.
- Hum, bebezão...
- Pare de me chamar assim...
- Vou dormir. Saia de cima de mim.

- Vou com você... - Levantou-se.
- Garoto.. Que vontade de te arrebentar.
- Ué, disse pra eu fazer o que quiser...
Yuuki se levantou e pôs-se defronte ao menor. Quebrou toda distância obtida ao se aproximar chegando a roçar o corpo ao dele e fitava-lhe de cima. O sorriso que esboçara nos lábios era tão transparente, tão esvaído de qualquer graça. Uma das mãos fora ao pescoço do garoto, e a unha comprida roçava a pele com a falsa gentileza que era capaz de romper a mesma, que aos poucos abandonavam riscas de sangue, cortes superficiais ao arrastá-las sobre a pele tão branca do recém vampiro. Mínimo era necessário abaixar-se para lhe tocar a bochecha com os lábios, carícias feitas com os próprios, algumas mordidas leves e ainda assim dolosas, tão sutis quanto as unhas, eram os dentes rompiam a pele formando filetes de sangue. E neste ritmo continuou, passando da bochecha cujo o sangue já a manchava, até os lábios quais mordeu sem delicadeza e perfurou igualmente a pele.
- Chega de me encher o saco, Kazuto...
Murmurava em meio aos atos, e os pequenos beijos rudes que desferia sobre o baixo vocalista.
Kazuto fechou os olhos ao sentir as unhas machucando o pescoço e logo os dentes do maior a mordê-lo, gemendo baixo e dolorido, sem poder fazer nada mais para impedi-lo. Abriu os olhos assim que sentiu a mordida no lábio e gemeu mais alto, as mãos foram bruscamente até os ombros do vampiro, apertando-os e tentando de alguma forma indicar que aquilo era extremamente dolorido, mas tinha medo que ficasse pior. Ouviu as palavras dele e suspirou, tentando retribuir os beijos, a língua roçando sobre o lábio do loiro e limpando o próprio sangue em quantidade.
- Não te encho o saco... Não me peça pra não querer ficar com você... Nem pra sumir daqui...
Murmurou contra os lábios do outro, os braços desceram pelo corpo dele e o abraçou, sentindo a respiração dele tão próxima a pele e manteve os olhos fechados, selando os lábios dele vez ou outra.

O maior permaneceu algum tempo daquele modo, sentindo os pequenos toques dados pelo mais baixo, porém as mãos foram aos antebraços de Kazuto, segurando-os o fez desformar o abraço.
- Tá, chega.

O menor o fitou e sorriu, levando uma das mãos até a face dele, acariciando-a embora soubesse que seria repreendido, havia se desprendido da própria vontade de viver há um tempo.
- Vai me deixar ficar?

- Porque você é tão... Grudento?
- Não sou "grudento"...
- Não?
- Não... Só gosto de ficar com você e sabe disso...
Kazuto passou uma das mãos pela própria bochecha, limpando-a e levou até os lábios, lambendo os dedos.

- Você é grudento, chato, uma criança, e ainda é chorão. Maravilhoso, não?
- É, um dia você vai me amar. - Abraçou-o novamente.
- Amar... Amar...
- Vai sim... E vai me querer com você...
- Você consegue ser tão ridículo.
O menor o fitou e sorriu.
- Sabe.. Mesmo que todas as vezes você diga que eu sou ridículo e chato, grudento e uma criança, mesmo que você me machuque, mesmo que me mande embora e diga que me odeia, mesmo assim... Eu continuo te amando. E é por isso que eu continuo aqui.

- É, eu sei. Não precisa constar algo tão óbvio. Mas sabe... Sinto lhe informar que eu não sou como você pensa, e que infelizmente você não é nada que vá me agradar algum dia.
Kazuto permaneceu em silêncio por um pequeno tempo e voltou a abraçá-lo, acariciando os cabelos dele.
- Hum... Acho que vou indo, vou deixar você descansar...

- Você tem problema. Ou é ignorante demais e não faz ideia do que estou dizendo.
Yuuki se abaixou de modo que pudesse enlaçar cada uma das pernas alheias, e segurá-las fez com que o menor estivesse no colo, envolvendo o corpo entre estas. Iniciou os passos até o quarto e jogou o garoto sobre a cama, mantendo-se no espaço entre as pernas dele. Afastou-as ainda mais com as própria e apoiou o corpo sob um dos braços, dando distância do garoto sobre a cama, apoiada a lateral esquerda de seu corpo, enquanto a outra lhe fora ao pescoço novamente, e o dígito indicador passeou sobre a região dos ombros e clavícula.
- Eu vou envenenar ainda mais o seu coração e sua mente, pirralho. - Falou harmônico, atipicamente suave soando quase um murmurio.

O menor observou o outro e permaneceu imóvel, fitando-o enquanto ouvia a voz dele e o toque do dedo sobre a pele.
- O que? O que vai fazer? - Murmurou.
- Nada... - Yuuki sussurrou, quase inaudível e conjunto a fala, negativou com a cabeça, dando ênfase ao que dizia. - Eu vou te dar amor... - Manteve o sussurro. - Eu vou te dar esse veneno.
O menor levou uma das mãos a face dele, puxando-o e selou-lhe os lábios, beijando-o em seguida e apreciou o toque por um pequeno tempo, logo cessou o beijo e manteve os lábios próximos aos do vampiro.
- Veneno...? - Riu baixo. - Yuuki... Se seu amor for esse veneno, eu quero morrer envenenado... - Levou uma das mãos a face dele, acariciando-o.

- Não esqueça. Vou ser o demônio que te dá com uma mão e tira com as duas.
Kazuto selou os lábios dele e fechou os olhos, apenas ouvindo a voz do loiro.
- Não me importo... - Murmurou.

- Não esqueça...
O maior sussurrou mais uma vez e lhe dera um selo nos lábios, bem demorado, passando alguns segundos a pressionar os alheios com os próprios, tamanha delicadeza jamais exercida e após interrompida lhe beijou o pescoço, voltou a face e beijou a bochecha.
- Bom descanso. - Murmurou e voltou à cama. Ajeitando-se sobre esta afim de buscar o sono.

O pequeno abriu os olhos devagar, fitando o teto e tentando entender o que acabara de acontecer, tentando entender as palavras do outro, decifrar alguma coisa que havia nelas, algo estranho. A única coisa que sabia é que sofreria mais. Virou a face de lado, fitando-o e puxou o edredom, cobrindo a ambos para só então se virar por completo, observando-o.
- Posso... Te abraçar?

- Como se precisasse realmente perguntar isso. Você faz mesmo se eu disser que não. Abraçar em pé, sentado ou deitado, não faz diferença.
O menor aproximou-se do outro, abraçando-o e sorriu, fechando os olhos.
- Boa noite, Yuuki.

- Boa noite, Kazuto. - Falou baixo.

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