Ryoga e Katsumi #21


O menor se manteve em silêncio após ouvi-lo, observando-o, e só então havia focado em seus olhos, notando a cor bonita que tinha na junção do amarelo e vermelho, sentiu as lágrimas nos olhos, mas afastou-as ao piscar algumas vezes e logo a atenção foi tomada pelo corpinho pequeno que fora retirado de si pelo médico. Virou a face, observando o bebê tão pequeno que ficou nos braços do menorzinho com a máscara, levando-o para longe de si e uniu as sobrancelhas visto que não houvia nenhum choro, nem fraco.

- Eh? - Murmurou e tentou se levantar, porém tinha o abdômen aberto, embora isso não fosse realmente importante para si na hora. - O que houve? Hey, me deixe ver ele!
- Sh, sh, calma. Ele está bem. Não é um humano, está vivo. Eles veem ao mundo silenciosos dessa forma. Está quase adormecido, como se ainda estivesse aí dentro. 
Disse o médico, tranquilizando Katsumi, e Ryoga notou o pequeno corpo a ser lavado pelo menor, e ganhar roupas temporárias visto que seu parto imprevisto e despreparado. Pensou em levantar, mas a mão segurada parecia não tornar isso possível.
Katsumi assentiu, se acalmando devido a explicação do médico e voltou a se deitar, devagar, recuperando a respiração descompassada pelo sobressalto e esperou, enquanto ainda segurava firmemente a mão dele e só se deu conta, quando ouviu o estalo de um de seus dedos, mas claro que não havia quebrado. Soltou-o rapidamente e uniu as sobrancelhas.
- Desculpe...
O maior piscou a ele, como quem dizia não ser importante. No entanto, observou o bebê e levantou-se para recebê-lo quando enfim nos braços e abaixou-se outra vez, colocando-o no campo de visão do rapaz. O menor se manteve a observá-lo e sorriu a ele quando se abaixou, virando a face a observar o pequeno, enroladinho no cobertor azul bebê, que certamente pertencia ao menorzinho e ao filho que possivelmente tivera com o médico. Guiou uma das mãos sobre a mãozinha do filho e deixou-o segura-la, ainda com seus olhinhos fechados, como se estivesse adormecido.
- Ele é lindo...
- É lindo... - Ryoga falou baixo e observou o pequenino, acariciando seu rosto.
Katsumi sorriu a ele e ao pequenininho também, porém logo a atenção foi roubada pela última agulhada e o cheiro forte de sangue humano que quase empesteou o quarto.
- Deus... O que é isso? 
- Sangue... É pra cicatrizar mais rápido. Sei que é meio forte, mas logo vai passar. Você precisa fazer uma dieta com bastante sangue, ta bem? Tome pelo menos cinco taças por dia, é importante.
O menor assentiu e logo pegou a taça que o menorzinho deu a si, golando rapidamente a bebida, e era óbvio o porque tinha tanta fome, sentia dor, e o pequeno até sorriu a si, sem se importar por ter a taça arrancada das mãos, era comum. Devolveu pouco tempo após, vazia e suspirou, sentindo as feridas aos poucos se fecharem devido ao sangue.
- Nós podemos ir? 
- Sim, eu só aconselho que fiquem alguns minutos até que esteja completamente cicatrizado, depois podem ir. Eu deixei seu kimono separado.
- Nós vamos aguardar um pequeno tempo. Agradeço. 
Ryoga disse ao menor, tal como a seu superior e observou o moreno, notando sua recuperação, e o pequenino acomodado tranquilamente em seus braços. 
O menor suspirou, sentindo as feridas que se fechavam aos poucos e quando sentiu-se bem o suficiente, se levantou, sentando-se, devagar sobre a maca a observar o pequeno nos braços do outro, e pai dele, não se acostumava ainda, sentia como se não o conhecesse, embora estivesse vivendo em sua casa há cerca de um ano, mas gostava dele, na verdade, sentia uma dorzinha no peito toda vez que olhava pra ele, e tentava se convencer a todo custo de que não era amor, mas sabia que era.
O maior se levantou, tal como ele, o observando se recompor. A medida que o fez, pôde enfim entregar o bebe a ele, deixando sentir nos braços a criança, de ambos. Katsumi pegou o filho, pela primeira vez nos braços e parecia tão pequeno que tinha medo de quebrar, deslizou uma das mãos pela face dele, sentindo a pele macia e parecia tão pequenino em todos os detalhes de seu rostinho ou corpinho.
- Vamos levá-lo pra casa.
Ryoga segurava o novo residente nos braços, até agora sem realmente lhe dar um nome, não haviam decidido até então. Estava na sala, carregando-o de um lado a outro, fazendo adormecer, e notou o filho, que fitava curioso querendo participar da atividade.
- Já faço você dormir também. - Disse, brincando com o novo filho mais velho.

Katsumi seguiu pelo corredor, em direção à sala e observou o pequenininho no chão, e parecia desamparado pelo pai que segurava o outro bebê nos braços. Não queria que ele sentisse ciúmes, não queria mesmo, gostava dele, o tratava como se fosse próprio filho. Pegou-o no colo, beijando-o no rostinho pequeno e riu baixinho.
- Peguei.
- Não, solta que esse é meu, esse eu vou fazer dormir já já.
Disse o maior ao moreno ao vê-lo dar atenção ao mais velho. O menor r
iu e negativou, segurando-o firmemente no colo e correu para o quarto.
- Não!

- É meu, sai fora, Katsumi. - Disse, forjando desagrado. 
O menor riu e observou o pequenininho, que fez uma pequena careta no colo e soltou-o no chão.
- O que foi, hum? Quer pegar seu irmãozinho? - Ryoga indagou ao pequeno, notando sua caretinha muito longe de ser uma cara feia mas que assentiu. - Primeiro sente-se na cama senão vai derrubar ele.
Katsumi observou o pequeno a subir na cama, ajeitando-se ali e abriu um pequeno sorrisinho, sentando-se ao lado dele.
- Você pode cuidar dele quando o Katsumi estiver ocupado.
Disse o maior e o viu assentir, com um sorriso tímido como sempre, mesmo que ainda parecesse chateado com seu novo irmão, mas logo se acostumaria certamente. Ajeitou o pequeno em seu colo, e o viu tentar segurar da forma mais segura possível. Katsumi r
iu baixinho ao vê-lo segurar meio desajeitado, com os bracinhos quase travados para não derrubá-lo e mordeu o lábio inferior.
- Vai cuidar bem dele, Erin. Não tenha ciúme, é seu irmãozinho, vão poder brincar juntos logo logo.

- É, vai ter um amigo fora da escolinha, bem melhor, não é?
Ryoga indagou ao pequenino que ainda segurava cuidadoso mas assentia com um sorrisinho contido.
- É.

Katsumi sorriu a ele e por um momento percebeu que estava com sorrisos demais, era mais sério que isso. Sentou-se ao lado do pequeno e deslizou a mão por seus cabelinhos apenas, em silêncio.

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