Fei e Hazuki #38


Fei adentrou a casa pelos fundos, havia voltado há pouco tempo da cidade, e conseguira o transporte, agora só precisava buscar o menor. A casa estava barulhenta e silenciosa ao mesmo tempo, e até então não havia visto Katsuragi, também estivesse em seu quarto, preferiu não ir conferir. A luz do quarto do menor estava acesa, porém não ouvia barulho algum lá de dentro, e não queria pegá-lo com nenhum cliente, mas acabou por entrar, empurrando a porta.
- Hazuki?
Falou, em tom baixo, mas fora fácil encontrá-lo visualmente, estava no chão, caído, e o sangue se espalhava sobre o chão de madeira e seu futon. O loiro parou, os olhos arregalados e atirou-se em direção ao chão, checando se o moreno ainda respirava. Para surpresa dele, Hazuki estava acordado, o rapaz que o roubara, havia acabado de sair.
- Hazuki!
- Fei... - Disse o menor a segurar a mão dele.
O loiro pressionou a ferida, observando a faca que ainda estava ali, e as mãos tremiam, estava nervoso, não fazia ideia do que fazer. Olhou ao redor, tentando entender o que havia acontecido, e desviou a atenção ao menor.
- O que aconteceu?
- O rapaz... Me roubou e me acertou com a faca.
- Droga... Inferno. Eu preciso te levar, temos que ir, ou não fugiremos mais. Tem que ser hoje.
O menor o observou, unindo as sobrancelhas e assentiu, agarrando-se a ele.
- Pode me levar...
- Não posso, tenho que... Eu não sei o que fazer.
- Vamos, Fei... Ficar aqui não vai adiantar. Por favor, me leve pra longe do Katsuragi... Ele quem deve ter feito isso pra mim...
Fei franziu o cenho e de fato, era estranho como o dono ainda não havia aparecido, e por fim, firmou o moreno nos braços, seguindo com ele para fora daquela casa, e antes de viajar, sabia onde o levaria, embora sentisse o sangue ferver, amedrontado, nunca havia sentido aquilo antes, medo, medo de perdê-lo, de tudo ir por água abaixo, de se sentir sozinho e perdido.
Ao adentrar o veículo, indicou que seguisse até uma casa próxima, conhecia alguém, e o levaria até lá, daria algum dinheiro, para que não contasse a Katsuragi. E fora isso mesmo que fizera. Ao entrar, carregou o moreno, que piscava meio pesado, não podia deixá-lo perder mais sangue, ou o perderia.
- Doutor, preciso de ajuda, rápido.
- Coloque-o aqui.
Disse o senhor, indicando o futon ao centro do cômodo e analisou o estado do moreno, que havia se agarrado ao loiro mais uma vez.
- Não me deixe aqui, Fei...
- Não vou te deixar, estou aqui.
O médico ergueu uma das mãos, chamando pela garota próxima, uma de suas filhas, e indicou a ela que ajudasse conforme retiraria a faca, e ouviu o gemido alto do garoto conforme mexeu no ferimento. Sobre o rosto do menor, fora colocado a máscara embebida na substancia que o fez se acalmar, se sentir sonolento e o médico enfim pode mexer na ferida.
Fei nem se mexia, tudo estava acontecendo tão rápido que somente obedecia as ordens do médico, e mentalmente, tentava entender o que havia acontecido, porque o havia deixado sozinho, porque Katsuragi faria aquilo, era muita dúvida, difícil se processar.
Ao finalizar o procedimento, Hazuki não sangrava mais, o corte havia sido fechado, costurado e uma pequena pasta de ervas havia sido colocada sobre o local, e o moreno, sonolento tentava fitar o loiro, que entregava uma grande quantia ao médico, por seu serviço e seu silêncio.
- Ele não pode viajar, não pode ir assim, precisa descansar.
- Vou providenciar que ele descanse, obrigado doutor.
Ao pegar o menor no colo, firmou o braço ao redor de seu corpo, cobrindo-o com seu kimono rasgado e guiou-o de volta ao veículo e o rapaz que havia pago para ajudar na locomoção. Não tinha tempo, estavam fugindo, teria que levá-lo daquela forma mesmo, não tinha o que fazer.
- Senhor, não podemos levá-lo assim, e se ele passar mal?
- Vou cuidar dele, só nos conduza, não posso deixá-lo por aqui, tem alguém atrás de nós.
Ao dizer, Fei sentou-se em seu lugar no veículo novamente, com Hazuki no colo, observava seu rosto calmo, embora parecesse delirar pela medicação. Sua temperatura não parecia ruim, mas preferiu cobri-lo para que não se resfriasse.
- Logo estaremos no navio senhor.
- Certo... Certo. 

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