Nowaki e Tadashi #38


Tadashi suspirou, e estava frio, usava um casaco grosso, touca e luvas, que havia retirado devido ao cigarro entre os dedos, e com a outra mão segurava a garrafa de cerveja, já era a quinta, e bebia com os colegas de trabalho, os dois. Um sorriso deu ao amigo, que se sentou lado a si e tragou mais uma vez o cigarro, desviando o olhar a ele.

- E aí, como anda com o doutor?
- Bem, estamos bem.
- Está morando com ele?
- Bem, estou indo... Um passo de cada vez, não quero atrapalhar o trabalho dele. 
- Hum...
O rapaz murmurou a retirar do bolso o pequeno saquinho com o pó branco. Desviou o olhar a ele e logo após, desviou ao chão, suspirando e levantou-se.
- Vou pra casa, boa noite.

- Não Tadashi, fica aí, fica mais um pouco.
- Não gente, tenho que ir mesmo. Nowaki deve estar me esperando, já é tarde e hoje vou dormir com ele.
- Own, parece que já está casado, hum? Vai voltar pro seu maridinho?
- Vou, vou voltar pro meu maridinho, vê se arruma um também e toma vergonha nessa cara. 
O outro riu e estendeu um dos pequenos saquinhos para si.
- Não quero essa merda.

- Vai Tadashi, é só cocaína.
- Só cocaína? Caralho. É droga.
- O que você é? Um viadinho?
- Porra, durmo com um homem.
O rapaz riu e enfiou o saquinho no próprio bolso, antes que o amigo que morava consigo, aparecesse. Negativou e virou-se, seguindo em direção ao ponto de ônibus onde pegaria o ônibus para a casa dele, e ponderou sobre jogar a droga no lixo, mas escondeu bem escondido no fundo da mochila, por algum motivo.

Após o final de expediente, Nowaki substituiu as roupas de serviço pelas quais optaria para ir para casa, tomou um banho no próprio consultório e deu fim ao dia de trabalho, tomando posse do veículo. Seguiria para casa e lembrara-se de que teria um visitante em casa, algo como um ex-paciente ou quem sabe não fosse de fato. Já se relacionavam há algum tempo, porém de certo como não sabia como pensar em relação a Tadashi, não sobre os sentimentos, mas sobre confiar nele como um ex-paciente, sabia que era jovem e por isso acabava deduzindo que era facilmente influenciável ou irresponsável, talvez fosse um cara quadrado por juga-lo de tal forma, mas aprendiam a conviver. A caminho de casa, por um acaso acabara por encontra-lo no meio do caminho, caminhava já por perto, talvez após desembarcar na estação.
- Hey garotinho, quer um docinho? - Disse, provocando-o.

Ao sair do ônibus, Tadashi caminhava pela rua, escura, em direção a casa dele, tinha medo, mas o fazia quase todos os dias, já havia falado com ele sobre morar em sua casa, mas ele não havia aceitado logo de cara, sabia que ele era reservado, e era somente um adolescente, talvez ele não tivesse fé em si, e aquele pequeno saquinho de droga dizia exatamente o porque. Cessou os passos ao ouvi-lo, e assustou-se, virando-se devagar, porém ao vê-lo deu um pequeno sorriso.
- Desculpe, não aceito doces de estranhos.

- É só um docinho. - Disse o maior e então parou o veículo e abriu a ele a porta do banco de passageiro. - Venha, vou te levar pra sua mãe.
Tadashi arqueou uma das sobrancelhas segurando o riso.
- Eu não entro no carro de estranhos. O que que é, tio? Ta querendo me estuprar é?

- Ah, que garoto mais respondão. Venha logo. - Disse, dando fim a brincadeira.
O menor riu e por fim adentrou o carro com ele, colocando o cinto e até suspirou pela maciez do banco comparado ao ônibus.
- ... Oi. - Disse a se esticar e lhe selar os lábios. - Como foi o trabalho?

Nowaki fitou o rapaz a medida em que se aproximou tanto, e retribuiu rapidamente seu selar de lábios, retomando então o caminho curto faltante até a casa, que não foi demorado.
- Nada diferente do habitual, mas os garotos estão indo bem. E você o que fez? Sinto um odor não muito agradável em você. - Disse, referente ao álcool levemente percebido no garoto.

Tadashi desviou o olhar a ele com um pequeno sorriso.
- Não se preocupe, encontrei uns amigos depois do trabalho para algumas cervejas.

- Bons amigos? - Disse, embora tentasse não soar como um pai.
O menor desviou o olhar a ele, assentindo suavemente.
- O rapaz que mora comigo e outro.

- Não pareceu convincente.
- São pessoas boas sim...
- Hum, que bom. Quer passar pra comprar alguma coisa pra comer?
- Não, estou bem.
Tadashi disse com um sorriso, e ainda tinha aquela mania antiga, de comer como um passarinho. A sorte, é que havia se recuperado das drogas, e que agora não era mais tão magro, mas não passava do peso mínimo. Nowaki a
ssentiu, e por fim escolheu por passar numa confeitaria.
- Bem, vou pegar algo pra um café. Quer vir?

- Ah hai... Seria legal. - Sorriu.
- Então vem.
Nowaki disse e após cessar o movimento do automóvel, estacionou o carro no estacionamento do estabelecimento, que já num período noturno se destacava pela iluminação, seja aos arredores quanto das janelas de vidro, demonstrando os adornos da cafeteria, mesmo de fora.
- Venha.

Tadashi assentiu e saiu do carro junto a ele, observando a cafeteria bonita e bem arrumada.
- Ne... Nowaki, não é muito cara?

- E se for? - Nowaki indagou e sorriu a ele, meio de canto.
- Meu incrível salário de barista não consegue pagar.
O menor riu baixinho e seguiu com ele para dentro, observando o pequeno corpinho que se escondia atrás de uma das mesas, loirinho e sorriu a ele, acenando.

- Eu não disse que você ia pagar. - O maior fitou-o, logo a direção onde se entretia e sorria, percebendo a criança. - Gosta de criança, é?
O menor desviou o olhar a ele.
- Ah... Não sei, é que ele é tão bonitinho.
Sorriu, acenando novamente ao pequeno que retribuiu, sendo segurado em sua mãozinha pelo pai, pouco maior do que ele.

- Hasui, não atrapalhe os clientes...
- Não está atrapalhando... Ele é muito bonitinho.
- Ah, obrigado... Me desculpem, eu vou chamar alguém pra servir vocês.
Nowaki fitou a criança, que logo partiu em seu rumo junto ao pai, não claro, sem acenar a seu novo amigo, Tadashi. Deu até um sorriso tênue e canteiro, despercebido é claro. Por fim fitou a vitrine brilhosa com doces, salgados e podia sentir cheiro de frutas, ofuscado no entanto pelo café.
O menor sorriu ao pequeno, desviando o olhar ao maior e logo observou a vitrine, escolhendo os doces, que pareciam um mais bonito do que o outro.
- Eu estou morrendo de vontade de comer bolo de chocolate... E nem sei porque.

- Peça um. Olha aquele, parece enorme.
Disse o moreno indicando o bolo de tamanho generoso com fatias altas e simétricas. Já a si, tinha por atenção o croissant amanteigado.

- Hum... Pode ser. - Sorriu. - E chá, por favor.
- Chá de que?
Nowaki indagou e formulou o pedido, pediu o pão para si, o café para acompanhar e as escolhas do recente companheiro, como ponderou naquele momento e se deu uma parcial conta daquilo, soou estranho, soou como novidade, descoberta, não entendia, mas achou graça e sorriu para si mesmo, pensando, se acomodou para se sentar junto dele.

- Pêssego.
Tadashi sorriu a ele e seguiu a se sentar em frente a ele, deixando a mochila no encosto da cadeira, e observou-o, era um médico, bonito, mais velho, sofisticado e quanto a si... Bem, não combinava com ele e se sentiu até meio triste com isso.
- ... Esse lugar é bem bonito.

- Também gosto. Eles tem uma parte de vinhos também, se quiser provar, embora você seja uma criança. - Brincou.
- Uma criança, é? - Sorriu. - Pedófilo.
- Ora, não plante a semente da dúvida na minha cabeça se não quiser que eu te proíba de vir me ver.
- ... Desculpe. - Falou e riu baixinho.
Nowaki deu-lhe uma piscadela e agradeceu ao pedido rapidamente prontificado. Fosse a dose do café para si, o pão acompanhado de um pequeno recipiente onde uma leve manteiga batida e temperada seguia para acrescentar sabor. O dele, a fatia de bolo parecia generosa demais para uma só pessoa conseguir comê-la.
- Obrigado.
O menor disse ao garçom loirinho e cortou um pequeno pedaço do bolo com o garfo, levando-o aos lábios, experimentando o doce, gostoso demais para ser um chocolate comum, talvez belga.

- Matando o que te matava, ah?
Nowaki disse, referindo-se à sua vontade de comer o bolo de chocolate, e já tirava um pequeno pedaço do pão, fatiando-o para acompanha-lo.

- Nossa, é uma delícia. - Sorriu. - Tipo muito... Ne, papai. - Piscou a ele.
- Ah claro, meu filho.

Disse Nowaki, e faria-o se arrepender pelo apelido, não por se incomodar, mas porque queria incomoda-lo.
- Quer experimentar o bolo? - Riu. - Está bem gostoso.
- Obrigado, mas estou bem com algo salgado. - O maior disse e sorriu-lhe de canto, percebendo ainda que a pequena criança continuava a fitar curiosamente o rapaz. - Acho que você deixa ele com medo.
- ... Eu deixo? Mas o que eu fiz? - Uniu as sobrancelhas, observando o pequeno.
- Você é pálido, deve achar que é um fantasma. - Disse, somente provocando.
- Ah bem, eu me alimento meio mal. - Riu. - Espero não morrer de anemia.
- Vai se acostumar a comer melhor, se for viver comigo.
O menor sorriu.
- ... Deus, eu estou tão feliz que vou morar com você... Eu...
Tadashi murmurou e abaixou a cabeça por um segundo, lembrando-se de ter guardado quantidade da droga na bolsa e uniu as sobrancelhas, não queria ser pego com aquilo de novo por ele, agora que estavam indo tão bem. Por um momento, se sentiu meio enjoado.

- Bem, algo assim. 
Nowaki disse e descansou a face sobre o punho, cujo cotovelo descansou à mesa e parou para observa-lo, deu-lhe um canteiro sorriso, discreto. O menor sorriu, enlarguecendo o sorriso aos poucos e mordeu o lábio inferior.
- ... Nem consigo acreditar!

- Mas terá que se comportar.
- Eu me comporto sim... Claro que me comporto!
- Vamos ver.
Tadashi sorriu e desviou o olhar ao prato, só então percebendo que não conseguia tirar o sorriso dos lábios.
- Se continuar ocupando a boca com o sorriso não vai terminar o bolo.
- Hai... - Murmurou e mordeu o lábio inferior, continuando a comer o bolo. - Q-Quando... Quando eu posso ir?
- Se ajeite pelo fim de semana.
- Hai, eu vou. - Sorriu novamente. - Obrigado, Nowaki... O-Obrigado, de verdade.
 O maior assentiu com a cabeça, fitava-o ainda, de alguma forma analisando toda aquela situação e a forma como haviam chegado àquilo. Gostava do garoto, mas esperava não ter arrependimentos sobre a situação, ainda assim, não pretendia ser negativo, e por seu mesmo sorriso estampado, se convencia de ser positivo sobre a ideia.
- Podemos ir? - Disse o menor, ao finalizar o bolo e a bebida, sorrindo a ele novamente. - Posso dormir com você?
- Por que a pressa? Querendo acelerar o fim de semana, é?
- Um pouquinho. - Riu.
- Vamos sim. Dê tchau a seu pequeno fã. - Disse o maior a ele, indicando o pequenino enquanto acertava o pagamento do pedido.
Tadashi assentiu e acenou ao pequeno ali parado, abaixando e estendeu a mão a ele, segurando sua pequena mãozinha e acariciou seus cabelos.
- Tchau garotinho... Prazer em conhecê-lo.

Após finalizar, o moreno ajeitou-se e esperou a conversa breve dele com o menino até que por fim pudessem partir.
- Vamos.

O outro assentiu e segurou uma das mãos dele, colocando a bolsa nas costas e logo seguiu em direção ao carro novamente. Nowaki caminhou de volta ao veículo, achando a caminhada curta demais para a mão segurada, mas não desvencilhou o toque. Ao chegar lá só então deu cesso, entrou no veículo e ligou o carro uma vez acomodados, seguindo o percurso para casa, não muito distante de lá.
- Como foi com seus amigos hoje?

O menor desviou o olhar a ele ao ouvi-lo, colocando o cinto de segurança.
- Foi tranquilo, só bebemos algumas cervejas, conversamos... Nada demais.

- Onde os conheceu? - Perguntou, não que tivesse ciúme ou coisa assim.
- No emprego ne, são amigos do dono.
- Hum, achei que fossem de escola.
- Iie... Foi no trabalho mesmo.
- E amigos de escola, você não tem contato?
- Ah, eu... Não tenho amigos... Ninguém quer andar com um drogado, sabe?
- Eles sabiam disso na escola? - Nowaki indagou e mesmo assim desembarcou ao chegar, fitando-o por cima do veículo ou no caminho a dentro de casa, esperando a resposta. - Vem.
- Bem... Todo mundo falava sobre.
Tadashi murmurou e logo saiu do carro, junto dele e levou consigo a mochila, colocando no ombro.
- Hum, me fale sobre o colégio depois, primeiro tomamos banho.

- Hai.
O menor sorriu a ele, porém, apoiou-se no corrimão da escada antes de subir o primeiro degrau, fechando os olhos rapidamente e negativou, sentindo a vista embaçada, estranha e negativou, não havia bebido tanto, e não havia usado nenhuma droga, estava limpo de certa forma, então porque era a segunda vez no dia em que se sentia daquele jeito? Sentiu o corpo pesar, embora fosse de modo sutil e não pensou que fosse atingir o chão, mas logo sentiu o piso abaixo do corpo e a visão escureceu, antes que pudesse falar o nome dele. 
Nowaki parou logo atrás dele nas escadas diante de sua interrupção de andar.
- Tadashi?
Indagou no silêncio porém antes que pudesse sentir o chão como imaginava, sustentou-o por trás do corpo, segurando pelos braços, embora não fosse visível, uma vez que já de olhos fechados, desacordado. Tomou rapidamente no colo e subiu o restante do caminho, levando-o nos passos precisos até para o quarto, até a cama, onde o deixou e buscou rapidamente a garrafa de álcool. Embebeu o fino tecido que ao se sentar na beira, aproximou de suas narinas, não demais, suficiente para tentar acorda-lo.

O menor manteve-se no curto tempo, desacordado, até que finalmente estivesse em sua cama e com o álcool em frente as narinas. Uniu as sobrancelhas, incômodo e abriu os olhos rapidamente, erguendo-se na cama a observá-lo e negativou, confuso sobre onde estava.
- ... Nowaki.

O moreno tocou a delicada pele abaixo de seus olhos e separou suficiente para conferir a cor com a pequena "lanterna' iluminando-os. Tocou seu pulso conferindo brevemente a pulsação devagar, mas normalizada.
- O que houve, ah? Sente algo estranho?

Tadashi deixou-o tocar a si como queria, tentando conferir como estava, e só então havia entendido, havia desmaiado.
- ... Não... Estou um pouco enjoado... Eu, quando foi que eu desmaiei?

- Na escada. O que comeu hoje além do bolo?
- ... Só o bolo.
- Vai precisar se alimentar direito, ouviu?
- Hai... Eu estou bem? Eu não quero morrer...
- Aparentemente.
O maior disse e buscou o aparelho que passou por seu pulso, medindo sua pressão. O maior u
niu as sobrancelhas e observou o aparelho, sentindo-o apertar o pulso e mordeu o lábio inferior, observando o rosto dele. Nowaki ergueu o olhar até então voltado ao aparelho, que logo tirou dalí, uma vez que o pulso normalizado.
- Parece tudo okay, mas vai precisar comer alguma coisa.

- Iie, não estou com fome... Eu só... Preciso ficar um pouco deitado... Desculpe, não queria te dar trabalho, por tomar um banho.
- Não me importa se tem fome, você vai comer.
Tadashi uniu as sobrancelhas.
- Mas acabei de comer um bolo enorme.

- Mas foi doce, não salgado.
- Hai, ta bem...
- Não se preocupe, será leve, uma sopa, o que acha?
- Hum, parece bom. - Sorriu.
- Então está certo. Descanse por hora.
- Hai... Obrigado. - Murmurou e observou ao redor, meio alarmado. - Minha mochila... Cadê? Cadê ela?
- Ali. - Disse o maior, indicando a cadeira, e embora tivesse desconfiado de seus modos, não expôs nada a ele. 
- Ah... Hai.
Tadashi murmurou e suspirou, aliviado, só então sorriu a ele, e fechou os olhos por um instante.

- Descanse, logo poderá tomar banho e dormir.
- Hai... Tudo bem. - Sorriu a ele, fraquinho e aconchegou-se na cama, sonolento.

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