Kyo e Shinya #19


Shinya havia acordado ao lado dele, estava feliz por isso, sempre podia ver o rosto tranquilo dele, sem estar gritando ou xingando, ou incomodado com algo, era bom aquela calmaria vez ou outra. Levantou-se e fez o café dele como fazia habitualmente, levando uma xícara até o quarto e deixou ao lado da cama junto de um bilhete, sabia que com o cheiro, ele não demoraria a acordar. Subiu as escadas, ajeitando a casa que estava um pouco bagunçada e foi até a piscina. Sentou-se em uma das cadeiras e se manteve por lá, mexendo em algo qualquer no celular enquanto o menor não acordava.

Kyo acordou, ficou na cama com o pouco de sono que ainda sentia, tentou até pegar no sono novamente, mas revirou-se de um lado para o outro e não conseguiu, era o cheiro da bebida. Ao virar-se, notou a xícara de café sobre o criado-mudo. Sentou-se na cama, espreguiçou-se e então pegou o café, notando que ainda estava quente, provavelmente Shinya acabara de deixá-lo ali. Levou o líquido quente até a boca, dando um pequeno gole, mantendo os olhos fechados a cabeça encostada na cabeceira. Assim que terminou de sorver completamente o líquido, deixou-o novamente no local onde estava, levantou-se e pegou-o de novo, deixando o quarto, seguindo até a cozinha, deixou a xícara lá e fora até o banheiro, lavar o rosto, escovar os dentes e assim que concluiu a higiene pessoal, procurou o loiro achando-o sentado próximo a piscina, Sentou-se numa das cadeiras próxima a dele, mas se levantou logo em seguida, voltou na cozinha, pegou mais café e assim então tornou a se sentar ao lado do baterista.
O maior o ouviu se aproximar e desligou o celular, deixando-o de lado a dar atenção a ele.
- Bom dia.

- Bom dia, Terachi. Acordou faz tempo?
- Um pouco, eu ia sair mas... Quero ficar aqui hoje, se não se importar. Leu o bilhete, hum?
- Hum, não. Qual?
- O que eu deixei junto com o café, hum.
- Não, não vi. Escrito o que?
- Hum, nada de mais... Só escrevi "bom dia, espero que tenha dormido bem... - O baterista deu um sorrisinho. - Todos os dias que eu acordo ao seu lado fico feliz por poder ver o seu rosto tranquilo dessa maneira. Eu amo você e fico feliz por saber que mesmo não demonstrando você também me ama. Estou lá em baixo na piscina."
- Hum, não vou nem comentar sobre esse "rosto tranquilo".
- Ah... Desculpe. - O maior riu. - O que quer fazer hoje?
- Hum, não sei. - Kyo pegou o cigarro no bolso, acendeu um dos mesmo e o tragou. - Você, o que quer fazer?
- Ah nunca sei... - Riu novamente. - Estamos muito parados esses dias.
- É, estamos.
Kyo tragou o cigarro novamente, virou-se ao lado oposto do loiro para soprar a fumaça. Shinya 
observou a piscina e se levantou, ajoelhando-se na beira e mexeu na água, distraído, lembrando-se da última noite que tiveram por lá.
- An... Não podemos ficar sempre sem fazer nada.

- Pois é, vai ficar um saco... Mas é a vida monótona que temos.
- Hum, pra mim não fica um saco... Quer sair pra comer alguma coisa? Estou com fome.
- Que milagre. Vamos. - Kyo levantou-se, deu o ultimo trago no cigarro e jogou-o no chão.
Não é tão milagre assim. - O maior riu e se levantou, segurando a mão dele.
- E quer ir comer o que?
- Comida chinesa hum, me deu vontade de comer yakisoba.
- Hai, então vamos.
Kyo passou pelos cômodos da casa até chegar na saída, pôs-se a caminhar junto dele, com passos largos como de costume. Shinya seguiu para fora da casa junto do menor, caminhando ainda sem soltar a mão dele, e como o restaurante era perto, podia seguir com ele a pé mesmo.
Como já era de se esperar, a mão livre do menor agora era ocupada em levar o cigarro até a boca. Tragava-o até chegar em frente o restaurante e lá fora obrigado a jogá-lo fora. Assim que o fez e adentrou o local, dirigindo-se até uma das mesas e assim soltou a mão do parceiro, sentou-se.
- Peça o que quer, hum.

Shinya adentrou o local com ele e sentou-se numa cadeira ao lado do loiro, assim que a garçonete se aproximou pediu a yakisoba que queria e saquê.
- Quer algo amor?

- O mesmo, por favor. - Disse à garçonete.
O maior sorriu, as mãos impacientes, batucavam de leve na mesa enquanto olhava o outro.
- O que foi? Está nervoso com alguma coisa?
O menor apoiava os cotovelos sobre a mesa e o queixo era apoiado na palma de uma das mãos.
- Não, não...
Shinya sorriu e encostou-se na cadeira, observando o rosto dele, quase tão calmo quanto dormindo, se não fosse pelo cenho franzido. Mordeu o próprio lábio inferior ao lembrar-se que ainda não havia beijado os lábios dele naquele dia.

- Hum.
Os orbes negros do menor fitavam todo o local, observando detalhadamente cada uma das pessoas ali, como era de costume acabava reparando em quase tudo ao redor, e se incomodando também com a forma como algumas pessoas agiam, riam ou conversavam, sempre tinha alguma coisa para irritar, riu por ser tão perfeccionista e reparar tanto onde não devia. Só cessou os devaneios ao fitar a moça de vestes orientais a deixar os pedidos sobre a mesa.

- Acho que reconheceu você. - Disse o maior a observar a garçonete.
- Creio que não foi isso, acho que ela reparou como você é gay. - O menor provocou. Pegou os hashis e o pedido, iniciando o almoço.
Shinya desviou o olhar à comida, ainda rindo.
- É talvez.
Assim como ele, Shinya pegou os hashis, provando a comida, estava há um tempo sem comer por isso estava com fome. Kyo f
icou em silêncio durante toda a refeição, não tomou sequer um gole do saquê, enquanto o outro, bebia vez ou outra da bebida.
- O que foi?
Nada, por quê?
O menor voltou a posição inicial, apoiando a face sobre a palma da mão enquanto fitava Shinya.

- Não bebeu o saquê... - Shinya terminou de comer e pegou o copo, bebendo o restante da bebida.
- Sabe que eu não gosto de beber, bebo apenas quando estou querendo esquecer algo.
- Hum... Quer mais alguma coisa? 
- Não não, e você, quer mais alguma?
- Quero, mas não daqui. Vai brigar comigo se eu fizer. -Riu.
- Vamos para casa ou quer passar em algum lugar antes?
- Hum, acho que não tem algum lugar que eu queira ir, hum. Se não quiser ir a algum lugar vamos para casa.

- Não, não há. Vamos, eu te acompanho até em casa, hum.
O menor se levantou, deixando próximo a conta, o dinheiro e logo seguiu até a saída do restaurante, chegando ao lado de fora acendeu um dos cigarros.
- Vamos?

Shinya saiu com ele do restaurante, embora achasse estranho o fato de dizer que acompanharia a si até a própria casa, bem, pelo visto, não queria mais que ficasse na dele sem problemas. Sorriu, meio de canto e o puxou para mais perto, selando os lábios dele e iniciou um beijo curto, o abraçando, e claro, achou estar bem escondido numa rua perto ao restaurante. 
Ao sentir o pedido para que tal toque de lábios fosse aprofundando, Kyo pensou em se afastar daquele selar de lábios, mas não o fez, retribuiu o beijo, deixando uma das mãos ainda a segurar o cigarro e a outra apoiava-se levemente sobre a cintura alheia. Não demorou muito para que o beijo fosse cessado e assim se afastou repentinamente desvencilhando-se do abraço.
- Que porra você está fazendo, Shinya?

O maior uniu as sobrancelhas, afastando-se e o observou.
- Ah... Eu só... Só o beijei...

- Quer ter milhões de fotos espalhadas pela internet amanhã, é? 
O menor falou, e de fato a voz acabara por sair um pouco mais elevada que o normal, mas logo em seguida respirou fundo e calou-se. A mão segurou-lhe o pulso e o puxou de forma brusca, seguindo em direção a casa do baterista.
- Mas eu...
O maior se calou e foi puxado por ele, de forma tão brusca que parecia confuso sobre o ocorrido ali, afinal, ele estava retribuindo a si. As lágrimas já escorriam pelo rosto do baterista que o seguia ainda em silêncio, havia se assustado quando o loiro aumentou o tom de voz, ele não costumava fazer aquilo daquela forma, não em público.
Sem cessar os passos, Kyo olhou de relance, vendo a face levemente corada do parceiro e uma gotícula a percorrer a maça do rosto e perder-se após cruzar a linha dos lábios.
- Pra que chorar, hum? Exagerado como sempre, Terachi.
Os passos rápidos somente foram cessados assim que ambos encontram-se em frente a casa do mais alto e não havia dito mais nada a ele além daquilo. Shinya p
assou as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas e olhou o menor, de certo modo ainda estava assustado, afinal, nunca ouvira ele falando consigo daquele modo antes, então soltou as mãos do loiro e adentrou a própria casa, batendo a porta atrás de si. 

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