Nowaki e Tadashi #40


- Você não vai demorar, né?
Tadashi falou a ele, ao adentrar o carro, na curta viagem que fariam até a casa onde morava com o amigo e suspirou.

- Não, é um compromisso relativamente simples, serei rápido, não precisa pegar tudo hoje, pegue o que for essencial.
Disse o maior a ele, ainda ao estacionar logo em frente ao local, onde o permitiu desembarcar.

- Hai... - O menor sorriu a ele, meio de canto e deu um pequeno aceno, inclinando-se em direção a ele e lhe selou os lábios. - Até mais tarde.
Nowaki sentiu o toque sobre os lábios, numa despedida afável o que não era muito habituado, mas o retribuiu. Logo reiniciou viagem, no entanto, percebera a bolsa do garoto consigo, uma vez que ressoou ao atingir o "chão" do veículo, com atenção na pista ainda, buscou alcançar a mochila que de modo infeliz aberta, deixou cair o conteúdo, resmungou para si mesmo enquanto tentava pegar sem deixar de ter atenção, quando parou num sinal propício, abaixou-se e guardou seus pertences, só não, o pequeno saquinho que se mostrou uns centímetros em distância do resto, quase se evidenciando. Levou um tempo para processar o fato, de modo que, teve até mesmo que ouvir o buzinar do veículo atrás de si, tirando dos pensamentos dispersos.
Tadashi adentrou a casa do amigo, já havia arrumado as caixas que usaria para arrumar a mudança, por isso, teve somente que colocar as poucas peças de roupas que tinha ali na caixa, assim como escova de dentes e alguns produtos a mais de higiene, não tinha muita coisa, havia "começado a vida" há pouco tempo. Por fim, observou o celular e suspirou, esperando pelo aviso dele de que viria, e nesse meio tempo, arrumou um copo d'água.
O saquinho não tinha indícios de uso, Nowaki pensou. Pelo menos não perto de si ou recentemente, mas aquele pequeno pacote indicava um incerteza, indicava uma possibilidade, não estava disposto a ter aquele tipo de situação, uma vez que já havia falado sobre isso com ele. Havia cuidado dele, mais de uma vez, em estados graves, havia lhe dado uma oportunidade que queria e ainda assim não havia sido comunicado sobre aquilo, tinha uma paciência relativamente curta, ainda que por ser médico não devesse. Após reiniciar direção com o veículo a pouco parado, não prosseguiu até o consultório, na verdade voltou o caminho, que levou algum tempo, mas não muito, deixou junto a entrada sua mochila e até mesmo o embrulho responsável pela volta ao lugar. Não o chamou no entanto, não queria falar sobre aquilo, não estava bravo, mas não estava afim de lidar com ele, não estava afim de ouvir desculpas como sempre, estava decepcionado e impassível, somente então se dirigiu ao consultório, claro, já sem a disposição anterior. 
Tadashi suspirou, estava demorando e já haviam se passado algumas horas. Só então decidiu sair e ver se conseguia ligar pra ele, porém viu ali a própria mochila, para dentro do terreno, e o pequeno saquinho de cocaína, ainda fechado. Arregalou os olhos, Deus, como era um idiota, mas não havia usado, havia pego por educação, mesmo assim era um imbecil. Pegou o telefone e ligou para ele, guiando rapidamente o telefone ao ouvido, e não fazia ideia do que fazer.
Aquela altura, Nowaki já havia voltado para casa e despia-se com intuito de seguir ao banho, no entanto viu o celular acender e mover levemente sobre o móvel, revelar o nome do garoto na tela, mas não o atendeu, não por hora.
- "Nowaki... Eu não usei, eu não ia usar, por favor, me responda, me ligue, preciso falar com você." - O menor enviou a ele, nervoso, e chegava a tremer.
Sem visualizar novamente o aparelho, o maior levantou-se e seguiu ao banho, outra hora falaria com ele.
- ... Merda... Merda! Tadashi, seu imbecil!
Tadashi falou, irritado consigo mesmo e chutou a parede da entrada da casa, chutou também a bolsa e até mesmo o saquinho da droga que voou até a grama. Negativou, abaixando-se e deslizou ambas as mãos pelos cabelos, sabia que ele não iria querer mais falar consigo, estava ferrado, e tudo que conseguiu fazer naquele momento foi abraçar as próprias pernas e chorar.

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