Miyako e Sayuki #37


Sayuki buscou a chave no bolso do casaco que usava, lá fora chovia e estava frio, o que era normal pela época natalina, mas estranhamente não tinha neve, estava demorando para chegar. De certo modo era bom, ou ruim, o frio era absurdo, mas gostava de andar pela neve branquinha. Abriu a porta e adentrou logo após, com dificuldade para abrir a mesma, já que carregava na outra mão a sacola fechada da confeitaria com o bolo que havia comprado. Dentro de casa, só havia a iluminação feita pela árvore com seus piscas azuis. Acendeu a luz da sala e adentrou o local, deixando o bolo sobre o balcão e suspirou, retirando o casaco. Os cabelos estavam presos num rabo de cavalo, e usava as roupas comuns da escola quando estava sem o uniforme, porém adaptado já que tinha ali o bebê consigo, usava um vestido preto e a meia calça cor de pele, salto alto em igual cor do vestido. Observou a casa ao redor e aparentemente a outra ainda não estava em casa, até sentiu uma certa tristeza, gostava de chegar e encontrá-la ali. Retirou os sapatos e substituiu pela sapatilha que usava em casa, agradecendo por se 
livrar do salto, já que era mais confortável e seguiu até a cozinha, colocando o avental branquinho e abriu a geladeira, a procura de algo para fazer pra ela.
Miya sorriu, silenciosamente, enquanto observava-o na cozinha. Tão igual silenciosamente havia adentrado a residência de ambos. Chegara a pouco, sentindo os dedos de movimento rijos à porta, o sopro de um quase falso cigarro abandonando a fumaça. E escondia o corpo magro com um casaco cor vinho de uma recente coleção cujo tirara fotos hora atrás. Encostou-se ao limiar da porta, observando-a na cozinha. Seu vestido preto agora não era aquele habitual, tinha um modelo novo, era justo, porém mais soltinho em seu corpo modificado pelo tempo. O pacote da confeitaria já indicava a sobremesa. Sorriu para si mesmo, e embora quisesse tocá-lo, queria observá-lo dali por mais tempo.
O loiro observou atentamente o local e desviou o olhar ao armário em seguida, pensando na possibilidade ainda, pensou em fazer algum massa, mas já havia feito tanto que talvez ela estivesse completamente enjoado de comer, poderia optar pela culinária oriental mesmo, fazer sushi ou algo do tipo para ela, mas não tinha o peixe certo para fazer. Uniu as sobrancelhas e virou-se, buscaria no bolso do casaco o telefone para contatá-la, porém viu-a ali e sorriu consigo.
- Miya! Por que não disse que estava em casa...?

A morena notou dali sua incerteza, ponderava sozinho, talvez quisesse escolher o jantar da noite, ou pensar no que comeria.
- Bu! - Gesticulou oralmente, sorriu pós sussurro enquanto via-o desenhar um sorriso em seus lábios cobertos por um batom rosa clarinho, quase a cor natural que possuíam. - Porque estava bom olhando daqui, Sensei.

O menor levou a mão até o peito, no susto sentido e estreitou os olhos.
- Você quer me matar, é? - Aproximou-se e selou os lábios dela. - Trouxe bolo pra você, seu favorito.

- Você se assusta sorrindo, é? Esse sorriso pareceu bem espontâneo de nada assustado.
Miya sorriu a ele, e sentiu o toque macio de seus lábios adornados pelo batom, que certamente deixou rastro parcial sobre os próprios. E as mãos levou em sua cintura já não tão sinuosa, tocando aquele voluminho lateral que apalpou com a ponta dos dedos.
- Você está tão fofo gravidinho assim, parecendo um bebê. Quer comer algo, hum? Bolo de pêssego?

O loiro sorriu a ela e levou a mão sobre a dela, deslizando pela própria barriga sutilmente e selou-lhe os lábios novamente.
- É, eu ia te ligar pra perguntar o que fazer, não sei o que quer comer. É sim, eu escolhi.

- Quem mais escolheria, hum? - Ela sorriu num riso sem altura. Apertou-o de leve onde já o segurava. - Quer sair pra jantar, hum, ou quer pedir comida chinesa enquanto vemos algum filme?
- Hum... A comida chinesa parece uma boa. - Sayuki sorriu.
- Te deixo tomar sorvete junto do bolo depois do jantar.
- Eu quero! - Abraçou-a. - O dia foi chato no colégio...
Miya riu baixinho diante do abraço ganhado, e gostava daquele jeitinho de criança quando se tratava de doces, vindo dele.
- Ah é? Por que? Ninguém legal como eu se machucou?

O loiro riu.
- Quem dera fosse você machucada, eu ia adorar cuidar de você. Só tive algumas crianças chatas de uns dez anos fingindo todos os tipos de doenças.

- Desculpa pra ver a enfermeira gostosa ou pra ir embora?
- Pra ir embora, não seja boba.
- Bom que agora essa gostosa tem algo que diz que tem dono. E diz de forma berrante.
- Tive que mudar até de uniforme... - Riu. - Não estava mais cabendo em mim...
- Hum... Buchudinha. - Miya sorriu a ele e mordia o próprio inferior. Um tapinha lhe deu sobre a nádega, de ladinho. - Quer tomar banho? Eu peço o jantar enquanto isso.
Sayuki assentiu e riu baixinho ao sentir o tapa.
- Eu vou sim.

- Vai sim. Te faço massagem depois. - A morena selou devagarzinho seus lábios. - Amanhã não tenho trabalho algum.
- Vai ficar comigo? - Sayuki sorriu e a abraçou novamente.
- Se não tiver de ir trabalhar com as crianças amanhã.
- Amanhã é sábado, amor. - Riu.
- Esqueço que isso não é um hospital. Por sorte. - Sorriu a ele. - Eu trouxe um casaquinho novo pra você.
- Um casaquinho? Cadê? - Sorriu.
- Está no quarto. Em cima da cama. Mas primeiro vá tomar bainho pra jantarmos.
Sayuki assentiu e novamente sorriu a ela, selando-lhe os lábios e seguiu em direção ao quarto, onde tomaria o banho. Miya seguiu junto dele, refazendo seu caminho até o quarto. Indicou a ele a sacolinha de papel expondo a marca cujo tiradas as fotos no dia. E somente expunha o tecido fofo e branco, nada mais. Deu-lhe um tapinha que negou sua curiosidade a seguir para a sacola, e já esperava de si um pequenino bico nos lábios. Riu-se, embora sem som, divertido e levou a mão ao avental, assim como ao zíper do vestido, ajudando-o a sê-lo despido. O loiro seguiu junto dela até o quarto e observou sobre a cama a sacola, esticou a mão para pegá-la, porém fora impedido e fez bico a virar-se para ela.
- Mas eu quero ver...
Falou manhoso e virou-se de costas a ela, deixando-a retirar as roupas.

- Depois você vê, tem que ficar limpinho pra poder jantar. Vou pedir a comida chinesa, vou deixar o bolinho gelar.
Miya sussurrou e fez questão de que o fosse em sua pele, limpa e bonita, com seu cheiro leve de suor e perfume de inverno. E o dedo deslizou suavemente em sua espinha dorsal com o fim do zíper e tirou-o para ele. Notando sua calcinha rendada, sua barriguinha volumosa. E seu peito que já tinha algum volume causado de hormônios. Riu baixinho ao tocá-lo ali, apalpando-o de leve.
- Olha só, vai ficar maior que o meu. - Brincou, provocando-o.

Sayuki desviou o olhar a ela ao sentir o toque nos seios e assustou-se sutilmente.
- Para! - Riu. - Eu parei de tomar... Estava tomando antes de te conhecer, mas... Disse que não me queria como mulher. - Falou e retirou o vestido, deixando-o de lado. - Até porque... Não posso tomar hormônios estando grávido... Pode fazer mal pro bebê.
- Mas não é por isso que estão maiorzinhos.
Miya sussurrou-lhe ao pé do ouvido, entre risos, fosse de provocação ou mesmo diante de sua reação diante do toque e comentário, e tornou apalpá-lo, apertando seu pequeno volume peitoral.
- E eu não disse que não te quero como mulher. Você é minha mulher. Eu disse que não precisava mudar. A menos que queira realmente. Hum... Então quer dizer que sua voz vai começar a engrossar e que vai começar a ficar mais másculo?

Sayuki estreitou os olhos e fez bico.
- Para de ser boba, não vou ficar com voz grossa. - Riu. - Então... Você acha melhor eu ficar como homem, ou quer mesmo que eu vire mulher?

- Não vou ficar com a voz grossa.
Miya o retrucou, repetindo sua frase da mesma maneira, e tornou mais grave o tom de voz. Provocou-o e lhe deu um tapinha na bunda. O riso que cessou ao ouvi-lo e fitou-o agora defronte.
- De alguma forma sempre acaba me perguntando isso. Está sempre curioso sobre isso?

O loiro sobressaiu-se sutilmente com o tapa e estreitou os olhos, abraçando-a novamente, dessa vez já somente de roupa intima.
- Estou... Quero que goste de mim.

A morena ouviu-o, ainda embora tenha se voltado a seu corpo semi nu junto ao próprio e fitou seu tórax.
- Vou comprar um sutiãzinho pra você. - Tornou provocá-lo. - O meu ficaria apertado em você. - Riu por fim e voltou-se ao assunto desviado. - Quer que eu goste, hum? - Indagou baixinho. - Eu gosto, te amo desse jeitinho que é. Mas não vou te amar menos se quiser ter o corpo de uma mulher. Mas também não posso te dizer que não vou te amar mais por isso.

- Não precisa, eu já tenho. - Sayuki riu e desviou o olhar a ela, assentindo ao ouvi-la. - Ta bem...
- Vou amar mais, mas também vou amar mais sendo menininho. Já que todos os dias eu sinto ainda mais por você. De uma forma clichê, me apaixono todos os dias. E parece linda demais pra ser minha. Acordo e vejo você e penso "Uou, como fui conseguir uma gata dessa?" - Miya sorriu por falta do riso, numa risca canteira dos lábios. - Espero que não fuja de mim.
Sayuki riu baixo.
- Não vou fugir de você, não seja boba. Nem se eu quisesse, afinal, agora temos uma menininha pra cuidar, pra nos preocupar. Aliás, você está preocupada sobre isso? Por que... Você ainda é estudante, acha que fizemos isso muito cedo? Eu... Fico meio preocupado as vezes.

- Hum... Esse comentário não ajudou. - Ela ditou diante da frase que embora houvesse entendido o sentido, soava desagradável.
- Não, não que seja uma obrigação ficar pelo bebê, não seja boba...
- Não estou preocupada. Estudo, mas não tenho que me preocupar com nada além disso, tenho dinheiro, tenho trabalho. Não tenho problema algum.
- Ta bem, me desculpe pela expressão. Vou pro banho...
Vê algum problema, hum? Acha que posso me arrepender de ter tido um filho sendo jovem? Ou acha que não vou saber cuidar de alguma coisa? A escola não faz visitas, ninguém sabe sobre nosso bebê, somente minha agente, pessoas próximas de nós. E não somos casados, não tenho alteração de nome.
Sayuki assentiu novamente e virou-se, seguindo em direção ao banheiro.
- Tudo bem.

- O que, eu disse algo errado? - A morena ditou seguindo poucos passos até a direção do banheiro, porém que não adentrou.
- Tudo. - O loiro adentrou o banheiro e retirou a roupa intima. - Não tenho medo de você não saber cuidar, acho que vai ser um bom pai pra essa criança. Só me preocupo por achar que talvez seja cedo demais pra você, por ser adolescente, se seus pais não achariam ruim, etc.
- Não sou adolescente. Adolescentes são quase crianças. Achei que esse tipo de dúvidas ou receios haviam sido deixados quando decidiu ter o bebê.
A toalha pendurada, o loiro levou ao redor do corpo e voltou-se à porta, observando-a.
- E precisa dizer que não somos casados?!

Miya afastou-se da porta diante do movimento cujo ressoou contra ele, no movimento de reflexo. Fitou-o de toalha, quase ponderou sobre o sentido de estar vestindo uma. Se não fosse sobre seu protesto.
- Ah, e isso que te incomodou, hum? - Indagou num sorrisinho. - Quer casar com a estudante adolescente? - Ditou, brincando com ele.

- Não achei graça. "Não estou casada com você, não preciso me preocupar", ou seja, "se eu quiser ir embora eu posso ir, não sou casado com você".
O loiro falou e virou-se novamente em direção ao banheiro a sentir a pequena lágrima que escorreu pela face.

- Iie. - Miya retrucou e o segurou no braço, evitando que se enfurnasse no banheiro para o banho. - Eu quis dizer que não vão fuçar a minha vida, você não precisa de preocupar. Não que vou abandonar você a qualquer momento. Não é sua filha, é minha filha também.
Sayuki observou-a, em silêncio e novamente assentiu.
- Não fala isso de novo... - Murmurou, com a voz chorosa.

- Me entendeu mal, Sensei. - A morena puxou-o devagarzinho, envolvendo sua cintura agora espaçosa nos braços. - Assim como me fez entender a sua expressão como "Temos uma obrigação, mesmo se eu quiser ir embora vou ser obrigado a ficar porque temos um impasse." Bobinho.
Sayuki assentiu e levou uma das mãos aos olhos, secando as lágrimas.
- Hai...

- Ah, mas já está chorando?  - O loiro resmungou forjadamente e virou-o defronte consigo.
- Eu só sei chorar! Já faz um mês que eu choro por qualquer coisa. Se eu abro a geladeira e vejo que não tem sorvete, eu choro... Esses hormônios estão uma porcaria.
Miya riu baixinho.
- Então tem que me pedir pra estocar doces pra você não chorar.

Sayuki riu baixinho, observando-a.
- É.

A morena selou-lhe os lábios num estalo leve.
- Chora quando está excitado também?

O loiro retribuiu o selo e sorriu a ela.
- Vai ter que descobrir.

- Hum... Chora só quando não posso te tocar, não é?
- Quem disse que não pode?
- Quando não estou em casa.
- Ué, pode tocar agora e ver se eu choro. - Sorriu. - Aproveita que eu estou aqui pelado.
- Mas eu disse que chora quando não posso tocar. Agora que posso não tem porquê, só se eu te judiar, e sabe que isso eu adoro fazer.
Sayuki uniu as sobrancelhas.
- Não faria isso...

- Claro que faria. - Um tapinha tornou estalar no bumbum desnudo do loiro. - Agora vai pra eu pedir seu jantarzinho.
O loiro fez bico.
- Mas... Mas...

- Mas o que?
- Agora eu quero você...
- Hum... Não vou conseguir pedir o jantar.
- Posso ser o jantar... - Sorriu, malicioso.
- Meu jantar, e o seu?
- Ora, eu vou engolir você todinha... - Murmurou e lhe selou os lábios.
- Todinha não dá, guloso.
- Dá sim... - Fez bico.
- Guloso. Vai lá, hoje eu estou cansada.
- Hum... Hai... -Sayuki abaixou a cabeça.
- Vou pedir o jantar. Bom bainho.
O loiro assentiu e seguiu em direção ao banheiro novamente, adentrando o box. Um sorrisinho pessoal Miya deu consigo mesma e deixou-o entrar no banho. Deu algum tempo até vir o ruído do chuveiro e somente então entrou no cômodo, vagarosamente, fitando-o no box de vidro. E despiu-se da roupa, permanecendo somente com a boxer.
Sayuki fechou a porta ao entrar e ligou o chuveiro na água morna, deixando-a cair sobre si e fechou os olhos, deixando que a água molhasse os cabelos loiros que lavaria, mas se quer havia notado o barulho da porta. 

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