Fei e Hazuki #53 (final)


Os olhos vermelhos e brilhantes se perdiam sobre ele como pontos de luz, Hazuki estava deitado sobre o futon, os olhos semicerrados e seu corpo paralisado, sentia até os ossos gelarem com o toque frio da pele do outro, seu corpo insinuante sobre o próprio, parecia roçar a pele contra a própria, estava nu, isso era óbvio, porem ele ainda usava o kimono, expondo seu corpo meio a roupa aberta. Não reconhecia aqueles olhos, nem a mão que havia segurado o próprio rosto entre os dedos, cravando as unhas na carne, mas a voz conhecia.

- Você sabia que eu ia vir atras de você onde fosse. Acha que pode fugir, roubar meu garoto e desaparecer?
Hazuki tentou mexer as mãos, sem sucesso, estava preso, mas pelo que? E como o dono da antiga casa tinha agora aqueles dentes afiados e unhas? 
- K-Katsuragi... Iie... Não me mate!
As unhas novamente se cravaram na carne e o gemido alto deixou os lábios do pequeno, seus olhos se arregalaram de pavor e de fato, tinha agora as presas dele cravadas contra o pescoço.
- Não vou te deixar esquecer, criança... Nunca!
O grito soou alto, rouco, Hazuki se contorcia sobre a cama, não podia se mover, não podia pedir ajuda, as palavras estavam mortas em sua gargante. Fei não estava a seu lado, então onde poderia estar? Estava sozinho, sozinho com ele, aquela criatura em que Katsuragi havia se tornado, não entendia como aquilo poderia estar acontecendo, e nem porque estava acontecendo, somente sentia aos poucos o sangue ser drenado para fora do próprio corpo.
- Pare! Eu nunca fiz nada a você!
- Você fez, você levou o Fei, você me amaldiçoou, por sua causa eu estou nesse corpo!
A voz dele ecoou, alta demais, e parecia surreal, longe, um eco sobre as montanhas, ele não parecia estar ali de fato, e só então o menor percebeu, que tudo não havia passado de um sonho, e que gritara realmente, porém na própria cama e logo, caíra em prantos, encolhendo-se. O maior acordou quase num pulo ao lado dele e observando-o, franziu o cenho.

- O que foi, Gong Zhu
- Fei! Tive um pesadelo...
-  Eh? Vem cá... 
O menor se aconchegou junto a ele e suspirou. 
- Com o que sonhou?
- Katsuragi... 
- Katsuragi? Ué...
- Ele era um vampiro e tentou me matar!
- Eh? Um vampiro? Que imaginação fértil, vampiros não existem.
- Ele era bem real... Meu pescoço, está furado?
- Não seja bobo, Hazu. Não precisa ter medo do Katsuragi, já estamos na China, ele não vai nos achar aqui.
O menor uniu as sobrancelhas, era estranho, uma sensação agoniante de que realmente havia sentido seu toque sobre a pele, até segurou o pulso onde ele havia tomado no sonho e observou bem o quarto, procurando alguma sombra antes de se deitar novamente para dormir. 

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