Ritsu e Etsuo #3


Shiori suspirou, o relógio já marcava oito horas da noite e nenhum dos filhos havia retornado ainda, já estava prestes a ligar para um dos celulares, mas logo ouviu o barulho da porta e correu para recebê-los.
- Oi meninos... Ritsu, cadê o Etsuo?

Ritsu abriu a porta e observou a mãe, afrouxando a feição de recepção para um olhar confuso.
- Foi pro outro lado, ele brigou comigo, ficou doido...

- O que houve? O que houve com seu pulso?!
- Acho que deslocou... Ele me puxou, porque ficou com raiva. Eu estava saindo da escola e com um amigo, mas o Shiraishi resolveu ter curiosidade de tentar me beijar, eu fiquei surpreso, acabei não fazendo nada... O Etsuo me puxou, ameaçou o Shiraishi-kun, depois que me soltou já tinha me levado o caminho inteiro, tive que bater nele.
- ...Seu irmão ameaçou o menino? Me dá seu pulso, vem, vou colocar no lugar...
- Não quero, está doendo agora...
- Preciso colocar agora filho, pra parar de doer, se não vai doer mais, está ficando roxo.
Ritsu assentiu por fim e seguiu até o sofá da sala onde se sentou e estendeu a mão, com a ajuda da outra para ergue-la.
- Aqui.

Shiori seguiu até o menor, abaixando-se em frente a ele e segurou seu pulso, apalpando-o devagar, sentindo o osso e o que havia ocorrido, por fim, puxou-o e encaixou-o em seu devido lugar novamente.
- Desculpe...
Ritsu grunhiu dolorido, sentindo o estalo como já havia sentido antes, porém levando ao conforto tirado até então. Dolorido, no entanto, melhor.
- ... Etsu ficou louco.

- Eu vou falar com ele assim que ele chegar.
- E depois ele saiu chorando como se eu tivesse culpa.
- Chorando? ... Não vejo o Etsuo chorar há uns dez anos.
- Hum, talvez seja impressão minha.
- Hum... Eu vou ligar pra ele.
Ritsu assentiu e se levantou, podia notar a preocupação do pai sobre o irmão, e bem, talvez parecesse até mais preocupado com ele do que sobre sua atitude. Deu de ombros para si mesmo, levantando-se.
- Vou tomar banho...

- Ritsu. Não se preocupe, ele vai ficar de castigo.
- Não precisa.
Ritsu retrucou ao pai e seguiu para o próprio quarto, onde buscaria roupas e tomaria banho. Ainda assim confuso pela reação exagerada do irmão. Haviam falado sobre namoros antes, mas não levava aquilo tão a sério, desde que o irmão não casasse e fosse embora, estaria bem, no entanto, não estava namorando. Levou a mão até os lábios, tocando-os por um instante, mas preferiu ir logo ao banho. Era algo tão estúpido, ele mesmo já havia feito aquilo consigo, então o que havia pensado? Sabia que podia ser íntimo, mas aquele não era o caso.

- Ritsu!
Shiori chamou e seguiu o filho até o quarto, observando-o ali e sorriu meio de canto, segurando seu pulso e passou a faixa ao redor do pulso dele, prendeu.
- Não fique chateado filho, ta bem? Bom banho.

- Não estou... - Ritsu disse e deixou o pai formular o cuidado, mesmo embora fosse numa ordem errada, já que tomaria banho, mas o deixou fazer. - Obrigado.
Shiori assentiu e logo se retirou do quarto, seguindo até a cozinha, porém cessou ao ver o filho maior adentrar a casa pela porta da frente, cessou o caminho e estreitou os olhos a ele, porém ao notar seu nariz vermelho, quase esparramou no chão.
- O que... Houve?

- Eu machuquei o Ritsu... Eu sou um monstro. 
- ... Iie, Etsuo. Por que fez isso?
- Porque eu quero proteger ele... E acabo sendo pior do que o próprio garoto. Não quero que ele vá embora, mamãe.
- ... Não vai embora, filho... - Disse Shiori a se aproximar do outro e abraçou-o. - Mas você quase quebrou o braço dele.
Ritsu não era como eles e por isso não soube o momento em que o irmão chegou, imaginava que certamente demoraria para o retorno. Acabou o banho e voltou para o quarto, recolocando a faixa no pulso de volta, embora não fosse necessário, havia recebido o cuidado do pai. Vestiu-se por fim e voltou ao quarto, deitou-se na cama, ainda chateado, mas queria falar com ele, ainda que pensasse que provavelmente não iria entendê-lo.
- Desculpe, mamãe... Quando o papai chegar pode mandar ele falar comigo...
- Hum. Fale com seu irmão.
- Eu vou falar...
Etsuo suspirou e adentrou a casa, seguindo em direção ao quarto do irmão, onde cessou os passos na porta e observou-a, antes de adentrar e procurá-lo, achando-o na cama, e permaneceu parado ali por um tempo, sem saber o que dizer.

Ritsu ouviu o barulho na porta, mas estava quase num leve cochilo, pôde assimilar a presença de alguém ainda assim, mas não deu atenção.
O maior fechou a porta atrás de si e logo se dirigiu a cama junto do irmão, observando seu pulso, enfaixado e até mesmo algumas marcas roxas que foram causadas pelo aperto do osso.
- ...
Etsuo deitou-se junto dele, abaixo de seu edredom e observou-o, os cabelinhos loiros caídos sobre a face, pôde até sentir uma pulsação estranha no peito, que sabia o significado e ajeitou-se com ele ali, enquanto o observava por alguns segundos. Deslizou uma das mãos pela face do irmão e pedia perdão mentalmente por ter machucado ele, nunca o teria feito se soubesse, e aqueles lábios, queria beijá-los como o garoto havia feito, e por fim o fez, aproximando-se e os selou, um toque breve.

Ritsu podia ouvir o barulhinho suave de suas pestanas a cada vez que piscava, era o único ruído que podia ouvir senão o farfalho do tecido antes de se deitar e acomodar ao lado. Sua respiração não existia, então sabia que estava perto, mas não podia sentir nada vindo dele senão o barulho de seu piscar. Ou o toque diferente daquele recebido no pulso, tão suave no rosto. Quase tremeu ao sentir o beijo, era inesperado, de olhos fechados não podia sentir sua proximidade, sentiu somente quando já podia ter o toque de seus lábios frios, tirando aquela leve onda sonolenta de um quase cochilo. 
Etsuo suspirou, tão próximo dos lábios dele no selo, e investiu contra o menorzinho, empurrando a língua para os lábios dele onde deslizou num suave toque, e meio desajeitado deu início ao toque ao invadir sua boca, e buscar a língua dele, num meio abraço de lado.
Ritsu não manifestou sobre o frio toque de seu beijo superficial, no entanto os olhos se arregalaram ao sentir algo úmido e bem maleável sobre eles, deixando de ser tão ingenuamente seus lábios. Invasivo penetrou a boca, e alcançou a própria língua com a sua. Se afastou surpreso, mesmo com o enlace na cintura que não impossibilitava a distância que criou.
- Etsu...?

- Onii...
O maior murmurou, observando-o por um pequeno tempo e não quis discutir, apenas voltou a beijá-lo, fechando os olhos e penetrando a boca dele novamente.

- Etsu...
Ritsu disse, e completaria seu nome se não fosse pelo novo beijo, sua língua fria que mais parecia água gelada, e embora estivesse confuso a fim de se afastar, acabou retribuindo o toque, e que era por sinal o primeiro beijo de verdade. 

Etsuo deslizou uma das mãos pelos cabelos do outro, acariciando os fios entre os dedos e sorriu a ele, em meio ao toque, feliz pela retribuição e colou o corpo ao dele, sentindo-o quente, como a si não era, e era gostoso.
O menor podia sentir seu leve esticar de lábios, denunciando um sorriso que não surtiu em si o mesmo efeito. Levou por impulso a mão em seu braço, onde segurou o mais velho a medida que a boca continuava encaixada à sua, tal como a língua que entrava naquele pequeno choque térmico. Somente quando se empurrou para si foi que deu cesso, empurrando seu ombro onde segurava.
Etsuo suspirou, observando-o perto e uniu as sobrancelhas.
- Desculpe, onii-chan.

Ritsu fitou o irmão sem reação, podia indagar como se fosse um estúpido sobre "O que ele está fazendo?" mas embora confuso, não perguntou nada.
- Desculpe por ter te machucado, não foi minha intenção.
- Eu sei disso. - O menor falou baixo, mas audível a ele diante da proximidade que tinham.
- Hai... Eu fiquei com ciúme.
- É exagerado, não precisa ser tão ciumento.
- Não quero ver você com nenhuma outra pessoa.
- Hum, você vai mudar esse pensamento algum dia.
- Não vou.
- Foi a primeira vez que ele fez isso.
- E foi a última.
- Somos amigos, só isso.
- Hum.
- De todo modo, somos irmãos, está agindo como se fosse meu pai.
- Você não entendeu...
- Eu entendi, você está confundindo tudo.
- Não estou. Eu amo você.
- Eu também te amo, aniki. Mas está preocupado demais, sei que sou humano, mas não sou de cristal.
- ... - Etsuo suspirou e não sabia como explicar a ele, desviou o olhar e logo fechou os olhos. - Hai.
- Ciumento.
O menor resmungou e por fim se ajeitou, descansando o rosto contra seu ombro, descansando assim como ele. Etsuo a
ssentiu e deslizou uma das mãos pelos cabelos dele, acariciando-o.
- Hai...

Ritsu suspirou e sabia do que ele estava falando, embora ainda fosse estranho pensar sobre aquilo. Como ele fazia antes, passou o braço sobre sua cintura, em meio abraço e acariciou suas costas com o pulso não machucado.
- Tem de trocar de roupa.

- Hai, eu vou... Não quis pegar a comida que comprei pra você...
- Estava com raiva de você.
- Hum.
- Você só ia entender se tivesse sido o contrário.
- Hai, sem problemas, eu joguei fora.
O menor ergueu suavemente o tronco, voltando-se a fitá-lo, acariciou seus cabelos escuros, deslizando os dedos pela região. Talvez estivesse fazendo aquilo com o irmão? Pensou, e por um momento até parou o carinho.
- Me desculpe, amanhã nós vamos comer.
- Não tem problema. - O maior murmurou e sorriu a ele, meio nervoso ainda pelo ocorrido.
- Vá se trocar. Tome banho, eu acho que vou dormir.
- Já estava dormindo quando entrei, vou me arrumar.
- Se arrumar? Vai sair?
- Uhum.
- Onde você vai?

- Beber alguma coisa...
- Não vai ficar aqui comigo? Achei que fosse só tomar banho e vir.
- Estou meio chateado, preciso pensar um pouco.
- Você tem aula.
- E daí?
- Não vai?
- Acho que não.
- Então vai ficar aqui.
- Por que quer tanto que eu fique?
- Pelo mesmo motivo que sempre ficamos aqui, ora.
- Você não entende onii... Não posso ficar perto de você hoje.
- Que frescura é essa, aniki?
- Não vai dar certo... Se eu ficar aqui, estou confuso.
- Tudo bem.
Etsuo desviou o olhar ao menor, notando seu corpo bonito e marcado nos músculos sutis que tinha, ele era tão lindo, e o via daquele modo fazia um bom tempo, um homem, bonito demais. Seguiu até a cama, abaixando-se em frente a ele e negativou consigo, não podia, era o irmão, tinha que colocar a cabeça no lugar. Levantou-se rapidamente e negativou, dando as costas a ele e caminhou rapidamente em direção ao banheiro, onde tirou as roupas para o banho.
Ritsu sentou-se ao contestá-lo, mas assentir sobre sua escolha. Se queria sair, não tinha muito o que fazer, ele estava realmente difícil de lidar naquele dia. No entanto teve sua proximidade e fitou tão curioso quanto ele parecia fazer o mesmo, mas sentiu uma pequena análise incomum de sua parte, que voltou a sumir quando retomou postura e seguiu para o banheiro, ainda que fosse o do próprio quarto.
- ... - Suspirou desgostoso e seguiu até a porta do banheiro, falou de fora. - Que roupa você quer?

- ... - O maior suspirou, e sentia o coração bater no peito, assim como o baixo ventre refletia a sensação que havia sentido pelo irmão antes. - ... E-Escolha uma... Onii-chan.
- Mas você vai ficar ou sair?
Shiori sentiu um arrepio pelo corpo, notando que o filho estava com uma sensação estranha, e como estava no quarto do menorzinho decidiu averiguar. Bateu na porta e tentou ouvir por trás dela.
- Tudo bem aí?

- F-Ficar...
- Eh?
Ritsu disse ao pai, e certamente podia ser audível ao irmão. Logo abriu a porta e deu-lhe vazão ao quarto.
- O que houve?

- Nada, senti uma sensação estranha do Etsuo... Onde ele está?
- Está no banho. Ele está meio estranho mesmo.
- Ah... Isso explica. Tudo bem aí Etsu?
- Eh? Mamãe!
- O que está acontecendo? - Ritsu indagou confuso, sentindo-se excluído.
- Desculpe, desculpe... Não faça isso no quarto do seu irmão.
- Mamãe! Sai!
- Mãe! Me diz! O que está acontecendo, onii-chan?! - Disse Ritsu.
- Seu irmão está... Bem...
- Mamãe!
- Está...? - Disse Ritsu, mas pelo olhar da mãe e a resposta do irmão, já podia imaginar. - Ugh! Você sente que ele faz isso? Eca!
- Sentimos todos os sentimentos um do outro. Vou deixar vocês a sós, vou encontrar seu pai no hospital. Comporte-se, Etsuo!
Etsuo sentiu a face se corar, embora um pouco nervoso e adentrou o box, banhando-se rapidamente, embora não tocasse a si mesmo mais intimamente.
- Isso não deve ser muito privativo.
Disse Ritsu ao pai e assentiu, deu-lhe um beijo na testa em despedida. E antes que fosse escolher a roupa do irmão, claro que resolveu provocá-lo. - Pare com isso aí, aniki! Vai sujar meu banheiro.

Etsuo negativou ao ouvir o irmão, porra a mãe tinha que entrar bem na hora? Negativou e logo saiu do banho, com a toalha ao redor da cintura e observou o irmão ali na porta.
- Falou comigo?

- Fa... Falei. - Disse Ritsu interrompido por sua saída e fitou o irmão com a própria toalha, visto que única opção viável em seu banho de improviso. - Você estava fazendo sexo com sua mão e usou minha toalha?!
O maior riu.
- Não estava me masturbando, mamãe que é louco.

- Eles sentem, mentiroso.
Disse o menor e fitou o irmão de soslaio ao se virar, deu uma observada em seu corpo parcialmente nu, sem malícia no entanto. E fora em busca de sua roupa, trouxe pouco depois uma camiseta preta, uma calça da mesma cor, gostava do contraste das roupas escuras em sua pele pálida.

Etsuo observou-o a se virar para procurar as roupas e novamente teve a visão de sua pele, tão quente abaixo da regata fina que a cobria. Quase se imaginou abraçando-o ou se colocando sobre suas costas... Suspirou e observou-o se voltar a si. Soltou a toalha e deu a visão do próprio corpo a ele, e o próprio sexo, ereto.
Ritsu virou-se e esticou as mãos a ele, procurando entregar-lhe as roupas, no entanto, viu a toalha que usava antes deixar de estar em seu corpo e assim dar vista de seu membro bem disposto, o que acabou surpreendendo a si e deu até meio pulo.
- Que isso!

Etsuo manteve-se parado, observando o irmão e arrepiou-se, não pelo frio, mas por saber que ele via a si como era realmente, sem roupas e sem impasses. Ouviu a porta bater no lado de fora e sabia que a mãe havia saído, fora então que deu um passo em direção a ele e deslizou uma das mãos pela face do irmão.
Ritsu franziu o cenho se sentindo um pouco desconfortável quanto a proximidade daquela parte apontada para si.
- A-A-Aniki, isso é esquisito, sai com isso de perto.

- Sh... Onii-chan...
O maior murmurou e caminhou até ele até fazê-lo se sentar na cama, quando o fez, deitou-se sobre o corpo dele, roçando a pele a do outro e logo, beijou-o no pescoço.

Ritsu afastou-se, tentando evitar a situação constrangedora, acabou por se sentar à própria cama e dar de cara com uma baixa região logo escondida contra o corpo ao estar embaixo dele.
- Tsu...
Disse, embora baixo era audível e sentiu o beijo no pescoço, que eriçou a pele temerosa a seus dentes.

Etsuo sorriu ao menor, um sorriso confortável e calmo, queria que ele se sentisse desse modo e não assustado. Deslizou uma das mãos pela cintura dele, quadris e pela costas onde conseguiu alcançar e logo desviou o olhar a face do caçula, e invadiu sua boca com a língua.
Ritsu sentiu o tênue passeio de seus dedos, mas mesmo seu sorriso brando não era suficiente para transmitir o que ele pensava transmitir. Quando farto de sua passagem, voltou para si na investida de seus lábios, mas o evitou e fitou o moreno.
- Onii-chan, pare de olhar como se fosse resolver tudo com um sorriso. O que está fazendo? Está tentando intimidade comigo?

- Quero você, onii... Quero muito. Você é tudo que eu quero, por favor, não tente me negar.
Murmurou e selou-lhe os lábios novamente, roçando-se novamente a ele, empurrando o quadril contra o do outro.

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