Yuuki e Kazuto #53


Kazuto abriu os olhos aos poucos, incomodado com a luz a bater contra si e uniu as sobrancelhas, levantando-se a ajeitar a cortina para que não adentrasse luz no quarto. Selou os lábios do maior a levar uma das mãos a barriga crescida e acariciou a mesma, sorrindo.
- Bom dia, morceguinho.
O menor murmurou a se dirigir ao filho, mesmo que soubesse que ele não poderia ouvir a si e caminhou em direção ao espelho no quarto a erguer a camisa do pijama, observando a barriga a abrir um pequeno sorriso nos lábios.

O selo deveras singelo, ainda assim sentido. Yuuki não descerrou as pálpebras, apenas quando o menor se encaminhou a qualquer canto do quarto e entre uma sutil brecha às vistas, o observou a fitar seu ventre já sutilmente saliente fronte ao espelho comprido no quarto.
O pequeno acariciou suavemente a barriga e ouviu o leve bater na porta, a garota de cabelos vermelhos a carregar a taça contendo o sangue. Virou-se e em silêncio caminhou em direção a porta, aceitando a taça.
- Hum?

- O médico disse que tinha que comer algo de manhã. 
Kazuto sorriu.
- Obrigado, Kasumi.
A outra negativou e virou-se em direção a cozinha, parecia querer ajudar, mas ao mesmo tempo, se irritava em fazê-lo. Fechou a porta e caminhou para a cama, sentando-se a beber alguns goles do sangue.

- Se divertindo com a sua forma oval na frente do espelho?
Yuuki indagou quando por fim o garoto se sentou na cama, silencioso enquanto se provia do que lhe fora trazido. Kazuto v
irou-se a observar o maior ainda deitado e sorriu.
- Estou só olhando... Mas eu fico feio, assim... Só gosto de saber que estou carregando um bebê. - Estendeu pouco a frente a taça. - Hum?

O maior negativou o oferecido e continuou cômodo na cama, sem menção de se mover dali. Kazuto sorriu, bebendo mais alguns goles do sangue e deixou a taça sobre o móvel ao lado da cama, ajeitando-se abaixo do edredom junto dele.
- Está gostoso aqui.

- Hum... - Yuuki murmurou afirmativo, quase no sono de volta.
O menor beijou-lhe a face, levando uma das mãos aos cabelos do outro, acariciando-os por um pequeno tempo. Sentiu o leve movimento no abdômen e uniu as sobrancelhas, desviando o olhar ao local a erguer o edredom.
- Yuuki...
Segurou uma das mãos do maior, levando-a à própria barriga, deixando-o sentir os leves movimentos do bebê ainda que fossem estranhos para si.
Diante da mão guiada, Yuuki fez-se a descerrar as pálpebras e encarar o garoto enquanto os movimentos sutis eram sentidos por cima de seu ventre. O menor sorriu, observando o namorado.
- Ele está chutando.

- Estou sentindo.
Kazuto deslizou o olhar ao local, acariciando a mão do outro sobre a própria barriga.
- Não é lindo?

- Mulheres...
O menor estreitou os olhos.
- Sou um homem... É nosso filho.

- Você parece uma menininha.
- Ah, não é verdade... Se você estivesse carregando um bebê ia entender o sentimento...
- Não quero entender esse sentimento...
Kazuto riu baixinho.
- É tão bom... Eu sinto ele todo o tempo. Ele costuma se movimentar assim quando eu tomo sangue... Mas é mais frequente ao ouvir a sua voz.

- Você fica emocionado ao ouvir minha voz e perturba a criança.
- Ah, claro que não.
- Hum, uhum.
- Não é... Ele gosta da sua voz.
- Ah, é mesmo?
- Uhum.
- Uh... - Yuuki riu.
- O que?
- Nada, mamãe.
Kazuto sorriu, selando-lhe os lábios.
- Que amor.

Yuuki arqueou a sobrancelha.
- Você me chamando de mamãe.
- Depois diz que é homem...
- Ora, tenho um pau... - Kazuto uniu as sobrancelhas. - Eu não sou mulher.
- Hermafrodita.
- Hã. - O menor selou os lábios dele novamente. - Você quer um menino ou uma menina?
- Não penso sobre isso.
- Mas... Se pudesse escolher.
- Não sei, não sei...
- Eu quero um menino.
- Hum, é? Por quê?
- Não sei... Só quero.
- Não acho que você tenha alguma preferência.
- Hum?
- Nada.
- Por que acha isso?
- Acho que vai ser puxa saco com qualquer um.
- Também. - Riu.
- Vamos finalmente ter uma família. - Sorriu.
- Uh, - Yuuki murmurou. - Perseguidor.
- Hum? - Uniu as sobrancelhas.
- Hum? Ainda diz hum?
Kazuto assentiu e permaneceu em silêncio.
- Durma, ovo, durma.
- Não me chame de ovo.
- Tá bom, codorna.
- Não me chame assim.
- O que, ovo?
- Para!
- Parar o que, ovo?
- De me chamar de ovo.
Yuuki riu abafado pelos lábios cerrados. O menor estreitou os olhos.
- Não é perseguição. Eu amo você. E pode parar de me chamar de... Coisas redondas.

- Certo, perseguidor oval.
- Idiota. - Virou-se de costas ao outro.
- Eu chamei de oval, não redondo.
- Também não!
- Certo, codorna.
- Para, Yuuki!
- Estou parado, pessoa com forma esférica.
O menor estreitou os olhos.

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