Daisuke e Misaki #24


- Nós podemos esperar esse resto de sol se pôr, e podemos ir à praia. Existem algumas casas bem agradáveis por perto, bem a beira mar. Pode escolher alguma que gostar
Dizia o vampiro mais velho enquanto em uma de suas mãos segurava o pedaço de pão-doce, e este em vezes tão vagarosas era levado a boca, mordiscando de pedacinho em pedacinho bem despreocupado enquanto sem olhos diretos ao outro homem no lado oposto da mesa, complementava, apenas olhando o notebook sob a mesa na sala de jantar onde faziam o desjejum pelo resto de tarde.

- Seria ótimo, ficar na beira da praia, sentir a brisa fria... Digo.... Bem, podemos ir. - Misaki riu. - Quero ver o mar, tenho poucas lembranças dele.
Desviou o olhar para a mesa e pegou o copo de suco, levando-o aos lábios e tomou alguns goles.

- Poucas lembranças?
Enfim Daisuke pôde ver os olhos de cor diferente do cainita, enquanto estes fitavam os defronte em cores igualmente diferenciadas, porém não semelhante aos próprios, e sua pele igualmente pálida, dando maior contraste ao seu batom costumeiro usual.
- Me disse que não havia estado lá.

- Estive quando pequeno, amor. Eu tinha te dito. - Riu baixinho, observando-o.
- Não, me disse que não havia ido, Misaki.
O maior riu baixinho tornando a dentar o pão-doce numa de suas mãos e seguiu a direção do monitor novamente, digitando com uma de ambas, porém ante um sorriso que logo lhe delineou os lábios, tornou a visualizar o outro homem e assim fechar o aparelho computador, abandonando sobre um mediano pratinho de cor branca o pedaço de pão, e voltou-se ao copo de chá de melissa, o qual sorveu, e um careta formou ante o toque cálido na língua tão sensível quanto a de um gato diante do calor demasiado do líquido.

O menor riu baixinho, observando-o.
- Ah... Queimou? - Deixou o copo sobre a mesa, unindo as sobrancelhas.

Daisuke afirmou num leve manear da cabeça, e arrastou a cadeira pelo piso que ecoou num leve som, e mudo lhe pediu um beijo diante do inclinar do tronco à sua direção.
- Pra sarar. - Sussurrou.

- Own, que amor...
Misaki levou uma das mãos a face dele, acariciando-o e lhe selou os lábios, adentrando-os com a própria língua e fez uma pequena e cuidadosa caricia sobre a do outro, machucada.

- Hum...
Daisuke gemeu baixinho, e de fato fora proposital e discreto a tê-lo feito, enquanto sentia a língua do alheio passear sob a própria de modo tão minucioso, com movimentos suaves a seguí-la como se realmente a sentisse dolorida. O menor u
niu as sobrancelhas e sugou delicadamente a língua dele, afastando-se pouco e selou-lhe os lábios.
- Doendo ainda? - Sorriu.

Ante a breve separação ao romper de um sutil contato labial, o mais velho lhe expôs um sorriso ligeiramente rasgado nas extremidades e lhe deu uma piscadela.
- Você não estava com dor, não é? Seu mentiroso!
Misaki riu e levou uma das mãos a cintura do outro, beliscando-o levemente no local.

- Ah, é claro que dói. Somos sensíveis na língua. Por que não experimenta?
O maior tornou a rir enquanto tão próximo lhe visualizava o rosto e semelhante a si, lhe beliscou a cintura e apertou-a à cada lateral, dando-lhe cócega breve cessada. O menor r
iu baixinho, segurando as mãos dele.
- Ah, não faz assim. - Selou-lhe os lábios. - O que quer que eu faça pra sentir essa sensibilidade na língua, hum?

- Tome chá quente.
Daisuke desvencilhou-se ágil do toque de suas mãos e com os braços bem torneados lhe enlaçou a cintura, porém tivera delicadeza ao fazê-lo em cuidado com a cria em sua barriga.
- Devo levá-lo para sua casa?

Misaki sorriu a ele.
- Uhum, quero pegar algumas roupas.

- Então vamos, mamãe. - O maior levantou-se a elevá-lo no colo, e pousou-lhe os pés em solo logo sem demoras. - Precisa fazer algo antes?
O menor levou ambas as mãos ao redor do pescoço dele e riu.
- Ah, amor, eu estou pesado. - Selou-lhe os lábios. - Não, não. podemos ir?

- Não está pesado. - O maior o retribuiu no toque labial. - Acho mais fácil eu pegar algumas roupas, assim vamos direto.
- Ok, vou subir contigo. Vai levar alguma sunga? - Riu.
- Vou, preciso me bronzear um pouco.
Disse o maior, tão sério que quase não soou como brincadeira e desvencilhou-se de fronte ao rapaz seguindo ao caminho das escadas até o quarto. Fora objetivo em completar uma bolsa com algumas peças de roupa, e logo fechá-la com tudo o que necessário, e nada demais.

Misaki riu, observando-o.
- Olha lá, hein, passe protetor "lunar" ou vai se bronzear demais.
Voltou-se a mesa novamente e pegou um dos morangos no pequeno potinho, levando aos lábios. Retirou as coisas da mesa, guardando-as em seu devido lugar enquanto esperava o outro e logo sorriu a ele, selando-lhe os lábios.
- Vamos?

O maior jogou a bolsa sob o ombro e regrediu o caminho até a li. Observou o recente companheiro noturno enquanto terminava seu afazer e conforme beijado o retribuiu a assentir com a cabeça.
- Vamos, Misa.

O menor assentiu, segurando a mão do outro, entrelaçando os dedos aos dele e seguiu-o para fora do local, esperando que ele abrisse o carro para que pudesse entrar no banco do passageiro.
Daisuke pôs a mão no bolso, buscando a chave e constou sua presença ali. Seguiu a saída de casa junto do alheio e lhe concedeu passagem conforme abertas as portas do veículo. O sutil pressionar do botão no molho de chave, abriu a porta da garagem, e após ter-se dentro do automóvel, deu saída e tornou a fechar a casa.
- Bem, deve me explicar já que nunca fui visitá-lo em casa.

- Não é muito longe daqui, apenas algumas quadras.
- Okay.
O maior concordou a seguir um curso neutro, a espera que fosse guiado. Misaki o
bservava com atenção o local por onde dirigia e indicava o caminho ao outro até que apontasse a casa no final da rua que adentraram, sorrindo a ele. Daisuke seguiu pontos indicados, não demorando menos que meros cinco ou sete minutos até ali. Estacionou defronte a casa do alheio, e decidiu por esperá-lo no carro.
- Não quer mesmo entrar pra ver a casa? Não é tão bonita quanto a sua, mas... 
- Quanto a minha?
- Hai, sua casa é linda, a minha não é tão... Grande. - Riu. - Nem tem tanta decoração, bem fique no carro, eu já volto.
Misaki saiu do local e correu para o portão, abrindo-o e logo adentrou a casa, subindo as escadas devagar e com cuidado até o próprio quarto, pegando algumas roupas no armário e colocou-as dentro da bolsa, poucas, igualmente ao outro, enchendo outra bolsa apenas com os cosméticos próprios e logo desceu as escadas novamente, trancando a porta de casa e voltou ao carro, deixando as bolsas no banco de trás.
- Acho que você deveria corrigir. - Daisuke elevou uma das mãos ao dizê-lo, enquanto já a postá-la sob a chave do carro, tornou ligar o veículo e dar partida ao caminho de viagem - Seria nossa.

- Nossa casa...? Digo... Eu vou morar contigo? - Sorriu.
- E por que ainda tem dúvidas sobre isso?
- Não sei... Parece tão surreal.
- Se vai passar sua vida ao meu lado, por que deveria não estar morando junto a mim? Achei que isso já fosse óbvio a você. Além do mais, terá meu filho.
Misaki sorriu e levou uma das mãos até a coxa do outro, acariciando-o.
- Obrigado, amor.

- Obrigado pelo que? Por te dar uma casa bonita?
O maior brincou ao dizer num sutil sorriso de canto.

- Por me dar uma família. - O menor riu baixinho. - Bobo.
- Uh, - O maior murmuriou no tom risonho e se voltou ao outro. - O tempo passou rápido, não acha?
- Muito, já já eu vou ter o bebê... E aí vai ter um pirralhinho chorando o tempo todo em casa, vai aguentar? - Riu.
- Não não. Vai ter um pequeno de olhos bem grandes e pele bem pálida olhando o tempo todo, tão curioso.
Misaki riu.
- Acha mesmo que ele vai ser assim?

- Ele vai ser assim. Crianças vampiras são menos barulhentas.
- Ah... Que coisa mais perfeita. 
- Normalmente só choram quando tem muita sede.
- Ah sim, então podemos dormir tranquilos.
- A menos que ele tenha fome.
- Ah, claro que eu vou cuidar pra que ele não fique com fome, amor.
- Eu sei, Misa.
- Eu vou cuidar muito bem dele.
- Bem, durma um pouco, em breve estaremos lá.



Misaki esfregou os olhos, abrindo-os devagar e observou a estrada, já ouvindo o barulho do mar proximo do carro. Moveu-se no banco e virou-se, observando o noivo.
- Oi amor... - Suspirou. - É essa praia?

- Hum!
Daisuke exclamou murmuriado, afirmando à sua pergunta. Os olhos já não tinham tanta atenção a estrada, somente ao sol que começava a dar presença. Suspirou levemente atordoado, e voltou-se ao mar para igualmente observá-lo.
- Já está amanhecendo, vamos passar o dia na casa de praia se quiser ver o nascer-do-sol, podemos fazer através do vidro.

O menor assentiu, abrindo os olhos ao ouvi-lo falar do sol.
- Hum? Vai me machucar? Amor!

- Calma.
Piscou as vistas suavemente ardentes enquanto via a claridade, mas de fato, o outro rapaz o sentiria com maior intensidade, já que não vinha de linhagem descendente. Voltou-se ao banco traseiro do automóvel e puxou o sobretudo negro, dando ao recente cainitia.
- Cubra-se, amorzinho.

Misaki assentiu, pegando o sobretudo e cobriu o corpo assim como a face, observando-o pela pequena abertura que fez. O maior sorriu lânguido, sem vontade de fazê-lo. Talvez pelo sono, ou não.
- Logo se acostuma.

- Incomoda... - Murmurou. - Amor... Não esta doendo?
- Pouquinho.
Daisuke lhe sorriu ligeiro, porém se voltou ao caminho e logo estariam no destino. O fez em silêncio, e pouco mais rápido, já a ver-se com a pele levemente eriçada, como se estivesse a sentir frio, tão contraditório ao que realmente tocava a pele. Quando virou a ultima esquerda, pôs o veículo sob o caminho de areia e vista a bonita casa, teria trabalho para esconder aquelas paredes de vidro, mas nada que pesadas cortinas de veludo negro não adiantasse. Desligou o carro e voltou-se novamente ao banco de trás, pegando nele a blusa de linho e apenas escondeu o rosto.
- Rápido.
O alertou num sorriso quase travesso, e ao sair do carro, a unica coisa que levou foram suas chaves e a chave da casa onde ficariam, as bagagens poucas que esperassem ali mesmo e correu fronte a residência, abrindo-a tão logo e escondeu-se na pouca sombra, onde o sol matutino não alcançasse.

Misaki observava-o, preocupado e retirou a mão do local, levando ao braço dele e fez uma leve caricia, não se importando se machucasse. Assentiu ao ouvi-lo e cobriu o rosto igualmente, saindo do carro e correu atrás dele, abaixando a cabeça e adentrou a casa, encolhendo-se.
- Nunca tive tando medo do sol na minha vida. - Riu.

Daisuke riu, ainda divertido como se fossem gatos a correr de água fria. Ainda com o tecido sobre a cabeça, semicerrou os olhos e correu a direção da sala naquela casa, abrindo as cortinas de tecido claro, mesmo que fossem incômodas, já podia se livrar da roupa sob o topo da cabeça.
- À noite vamos comprar cortinas novas.

- Porque abriu as cortinas? Amor...
Misaki uniu as sobrancelhas, mantendo-se no local onde estava.

- Não adiantam muito, o tecido é claro e fino. Estas eu vou levar ao quarto, ficamos lá e podemos sobrepôr, assim fica mais espessa, colocamos juntas. Senão não conseguiremos ficar à vontade em cômodo algum. Apesar que o quarto não é inteiro de vidro como a sala, no entanto ainda o tem. E acho que ficaremos por lá mesmo, não acha? - Sorriu de canto.
- Hai, vamos, antes que eu vire cinzas, ou sei lá. - Misaki riu e agarrou o namorado pelo braço.
- Hey, calma.
Daisuke freou-lhe o passo antes que pudesse exigí-lo. O puxou à frente do corpo, fronte ao vidro tão extenso ao longo da sala e lhe abraçou a cintura, o beijou em seu pescoço.
- Enquanto o sol não tocar a pele, você ainda pode olhá-lo mesmo que ainda seja pouco incômodo.
O menor encolheu-se, fechando os olhos e virou-se de lado, repousando a face sobre o ombro do maior.
- Não quero...

- Por quê? - Indagou sutil e não teve necessidade de altura na voz.
- Vai machucar...
- Não vai, só quando o sol tocar a pele. Pode olhar.
Misaki abriu os olhos devagar, desviando-os ao céu colorido pelo nascer do sol e sorriu.
- Que gatinho medroso.
Um riso soou nasal, enquanto o maior continuava a enlaçá-lo entre os braços, observando a mesma direção que si agora olhava. Misaki v
irou-se, selando-lhe os lábios e riu baixinho.
- Eu te amo.

- Continua com medo.
Daisuke o provocou após ter-se de lábios selados, e num breve desvio de atenção, se voltou a seu pescoço onde afundou a face, beijando a pele sem temperatura.
- Também o amo, Misaki.

Misaki riu baixinho, levando uma das mãos aos cabelos dele, acariciando-o.
- Esse mar é lindo...

- Estará ainda mais quando anoitecer.
- Imagino... Podemos ir ao quarto?
- Podemos.
Daisuke recompôs postura e lhe livrou dos braços, antes envoltos em sua cintura. Misaki v
irou-se, segurando a mão do maior e puxou-o delicadamente.
- Onde é o quarto, amor?

O maior o segurou pela mão, o guiando as escadas no canto da sala. Teve em vista o corredor não longo e nem curto, observando as portas encostadas.
- Bem, suponho que por aqui.

- Você acha que é por aqui? - Riu. - Como assim "suponho"?
- Ora Misaki, essa casa não é minha, é um onde vamos passar umas noites, não estive aqui antes.
- Ah, é verdade... Esqueci amor, desculpe.
- Deve estar cansado. - Riu.
- Estou um pouco... 
- Apesar de ter dormido quase a viagem inteira.
- Desculpe... Eu estava com sono...
- Vem, vamos descansar então, uh?
- Espero que a cama seja bem confortável.
- É claro que é.
O maior afirmou seguindo o caminho curto do corredor encarpetado. Abriu uma das portas, tendo em vista um amplo escritório, bonito pensou, mas que certamente ninguém iria para uma casa de férias à trabalho. Seguiu a nova das portas de carvalho, vendo assim a cama espaçosa com roupas recentemente trocadas e móveis impecavelmente lustrosos.
- É, é bom avisar com tempo, vejo que deram uma boa faxina no lugar. Kyoko é realmente uma excelente chefe.

Misaki caminhou junto dele, observando o escritório e fez uma pequena careta, logo seguindo ao quarto e caminhou até a cama, sentando-se e sorriu.
- É confortável... Porque diz isso, amor?

- Eu pedi a ela que escolhesse um bom lugar, ela tem alguns contatos. Foi ela quem escolheu essa casa, só me deu o trabalho de achar o endereço.
O maior sorriu a ele após concluído o comentário e caminhou até a cama, sentado-se em seu lado.

- Ah sim... - Deitou-se. - Ah, que cama boa...
- Quando se está cansado.
Daisuke riu sutil e deitou-se de lado. Apoiava o tronco sutilmente curvo sob o cotovelo, enquanto a direção das orbes amareladas se focavam no rosto defronte.
- Muito lindo. - Comentou repentino após minuto de silêncio.

Misaki riu baixinho, sentindo a face pouco corada.
- Lindo o que?

- Você sabe. Senão não estaria corando.
- Eu não sou lindo. - Riu. - Nosso filho vai ser porque vai ser igual a você.
- Eu não estou falando dele agora. Estou falando que é lindo, e é.
Misaki negativou, virando a face, tentando escondê-la dele.
- Por que está escondendo?
- Eu não sou lindo.
- É muito.
- Não sou. - Fez bico.
- Muito lindo.
O menor mostrou a língua ao outro.
- Chato.

- Olha, que criancinha mal educada.
- Não sou, poxa...
- Hum, muito teimoso também.
- E você é cego.
- Não sou cego. Vejo muito bem. Só uso óculos como detalhe.
- E fica lindo de óculos. - Misaki selou os lábios dele.
Daisuke sorriu entre toque labial, o retribuindo em seguida. O menor levou uma das mãos até a face do maior, acariciando-o. O menor sorriu, selando-lhe os lábios novamente e observou o maior, sentindo as lágrimas presas aos olhos.
- Eu não poderia escolher alguém melhor pra ter ao meu lado.
Um discreto sorriso, o maior lhe deu, levando o toque frígido do dígito abaixo de um de teus olhos, esperando pela gota que insistia em não cair da marca d'água.
- Daqui uns anos teremos já um homem crescido.

Misaki assentiu e sentiu as lágrimas escorrendo pela face.
- Vai ter que cuidar do nosso menininho.

- Não terei, ele certamente já vai estar caçando pela noite. - Sorriu.
- Mas.. Vai se afastar de nós?
- Se ele for como eu, certamente terá a vida sozinho.
O menor uniu as sobrancelhas.
- Ah, não seja um bebê, Misaki. Ele será homem, terá mesma aparência que nós. E se ele tiver sorte de achar uma noiva tão bonita quanto a mãe, talvez seja melhor que tenha sua vida sozinho. Enquanto isso nós poderemos fabricar outros sanguessugas pra não te deixar depressivo.
- Ah, estaremos ajudando o mundo "fabricando" sanguessugas. - Riu.
- A maior concentração de vampiros estão em Londres. Pretendo regredir quando Kyoko se for.
- Londres? Não... É muito longe...
- E o que tem?
- Eu não posso ir de qualquer maneira... Como vamos pra lá? Eu sou japonês.
- Não pode ir por que?
- Vamos morar lá?
- Por que não poderia ir?
- Eu gosto daqui.
- Hum... Veremos.

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