Yasuhiro e Yoruichi #5


- Senhor Yoru, quer ajuda? 

- Não é necessário, Saki, obrigado. 
Yoruichi sorriu meio de canto, observando-a a dobrar o kimono claro na beira do rio, e banhava o corpo na água, era o modo como tinham para tomar o banho habitual, por sorte, ninguém passava perto da área, já que o rio era em meio a floresta, por isso, podia ficar nu sem se preocupar se seria visto por alguém. Os cabelos negros e pesados, deslizavam pelas costas, respingando água, e usava o pequeno tecido para limpar o corpo conforme a água passava por si.
- Você trouxe alguma toalha?

- Ah, sinto muito senhor... Vou buscar, fique aqui, volto logo.
- Para onde mais eu iria sem a toalha?
O moreno riu, baixinho e viu-a se levantar, seguindo em meio as árvores até a casa onde buscaria.
Yasuhiro havia partido novamente numa daquelas visitas aos tios e ao agora, noivo. Havia tentado negociar sobre o casamento, e desta vez era por isso que havia ido até lá além de um simples chá da tarde. Sabia que era quase um castigo desferido pelos pais, se queria quebrar um acordo de casamento, teria de lidar diretamente com a família do noivo. Ao chegar lá, foi recepcionado pelos tios e pela serviçal que chegava as pressas algum tempo depois. 
O moreno suspirou, a água estava em temperatura boa para o dia e havia se sentado na beira enquanto torcia os cabelos, e quase xingava a garota devido a sua demora. Devido a isso, voltou a entrar na água novamente, mergulhando.
- Senhor... Yasu-san. É bom vê-lo de novo.
- Saki, leve Yasuhiro até Yoruichi. 
Dizia a tia e parecia aflita, certamente estando a par do assunto tido com os pais há alguns dias, havia sido avisada, imaginava. E o loiro não recusou seu pedido, iria até ele, embora imaginasse que provavelmente teriam uma típica briga.
- Mas senhora, o Yoru está... Impossibilitado de receber visitas no momento.
- Saki, eu não perguntei. Apenas o leve, tem negócios mais importantes a tratar.
- Certo... Por favor senhor, me acompanhe.
- Vamos lá, mocinha.
Yasuhiro disse a ela, seguindo após a licença permitida pelos pais e tios. 
A garota seguiu floresta adentro, o caminho era estreito entre as árvores, mas era onde o outro costumava se banhar, e nada fazia o vampiro mudar de ideia, por isso, era um local fixo. Após chegar, ela entregou a toalha a ele com uma reverência.
- Senhor, ele não irá gostar de me ver sabendo que eu tive que levá-lo, por isso, se me der licença, eu vou voltar para a casa.

Em sua interrupção, o loiro cessou a caminhada e fitou a jovem, aceitando a toalha entregue, pôde entender seu receio. Assentiu a ela e seguiu com o tecido felpudo, macio, desapressado e imaginava se perceberia o odor na proximidade. Ao vê-lo de onde estava, parou à margem do rio.
- Trouxe uma toalha para você, meu primo.

Yoruichi não sentia o cheiro dele, mas isso se devia ao fato de que estava com a cabeça dentro da água, mergulhando, e por fim saiu como uma sereia em busca de uma presa ao ver a imagem humana parada a margem do rio, só então percebendo que era ele, e agora não adiantava se esconder, tinha o tórax desnudo completamente exposto a ele.
- ... Onde está a Saki?
- Pareceu mais adequado a sua mamãe que eu viesse vê-lo.
Yasuhiro disse, respondendo sua questão. Fitando sua nudez com pouco à mostra, era só o peito de um homem, não tinha conotação sexual, não tinha seios, era plano, mas era lindo.
- Você é um homem sem vergonha, ficando nu aos olhos daquela garota.

O moreno sorriu meio de canto ao ouvi-lo.
- Aquela garota não irá viver muito tempo.
Falou e virou-se de costas a ele, pensava ser melhor e menos escandaloso que lhe desse as costas, se as nádegas não fossem pouco expostas pela água. Faziam dias que não o via, e aquela altura, tudo havia se amenizado, as palavras dele eram algo que ainda incomodavam, bem no fundo, e não esquecia, talvez nunca, mas naquele dia estava de bom humor, o dia estava agradável, cinza e nem rastros de sol haviam no céu.

- De todo modo você não é uma mulher pra se despir em frente a ela. - Yasuhiro retrucou e pouco se afastou da margem, encostando-se ao primeiro tronco que encontrou. - Se sua intenção era ser menos exposto dando as costas, falhou miseravelmente, já que com seu peito eu não faço nada, diferentemente das suas nádegas expostas.
- Está com ciúme? Ela me vê como uma mulher, não se preocupe. - Disse o moreno e virou-se para ele novamente, adentrando a água a deixar somente a face para fora. - E o que você quer fazer com as minhas nádegas expostas?
- É somente muito impudico. - O loiro retrucou ao que dizia, percebendo a leveza de suas palavras, até um traço de timidez. - É com essa parte que podemos fazer amor.

- Fazer amor, é?
Yoruichi sorriu, meio de canto e novamente mergulhou,deslizando poucos metros pela água até a beirada mais uma vez e expôs novamente o tórax ao apoiar os braços sobre a margem, observando-o.
- Que adorável.

- O que? É um termo errado? - Retrucou o maior a ele e a seu humor mais suave. - Então, é com esse parte que fazemos a noite de núpcias.
- Não é um termo errado, mas adorável demais para você. - O menor murmurou e sorriu meio de canto. - Quer me trazer a toalha? Não alcanço daqui.
- Mas eu sou adorável, quase romântico. Eu sei disso.
O maior retrucou e sorriu-lhe com os dentes à mostra.
- Hm, foi proposital então? Achei que fosse querer me ajudar a me secar.

- Não, você pode vir buscar. - Retrucou, não era ingênuo.
Yoruichi negativou, e era um medroso. Estava suave naquele dia, não pretendia irritá-lo ou algo do tipo, fora por isso que saiu da água, de costas, sentando-se primeiro na beira e logo se levantou.
- Por favor, me ajude, já que perdi minha criada.

- Te ajudar?
Yasuhiro retrucou ao vê-lo deixar a água, ainda de costas, talvez a fim de esconder seu sexo, como se fosse uma mulher. Continuou encostado onde estava, segurando sua toalha, fitando seu corpo desnudo, dorsal.
- Quer que eu use a toalha para ajuda-lo se secar?

O menor assentiu, ainda a esperar por ele e segurou os cabelos mais uma vez, torcendo-os.
- Com isso eu tocaria seu corpo.
Disse o loiro, prosseguindo. No entanto seguiu para ele, desdobrou a toalha e levou-a aos ombros dele, poderia, mas não tocou, não o tateou. Yoruichi d
esviou o olhar a ele, meio de canto ao sentir a toalha sobre si.
- E você não quer tocar o meu corpo?

O loiro voltou ao local onde antes encostado, e com os braços cruzados em frente ao peito, observava-o, quase sem poder provoca-lo afinal, seu bom humor não causava brecha para importuna-lo.
- Não posso tocar você. Se um beijo se rende uns dedos na garganta, imagine outra coisa.

- Estou tranquilo hoje, acho que seria bom você aproveitar.
- Não sou tão baixo, Ohime. Mas é um bom convite.
- Não vou oferecer de novo.
- O que há? Está fértil?
O loiro indagou, percebendo que de uma forma sutil, parecia denotar o fato de que permitia o toque.
- Fértil?
Yoruichi sorriu de canto, negativando a ele e por fim usou a toalha para se secar, colocando o kimono sobre o corpo ainda sutilmente molhado logo após e apertou o obi de modo desajeitado.
- Pelo visto, meu corpo não o agrada.

- Você deve estar em época, há pouco queria afastar e agora espera que o toque. Mas como eu disse, não sou tão baixo assim. Não de caráter.
Disse o maior e caminhou até ele, fitou-o com sua veste desajeitada. E o tocou como ele esperava, embora tenha sido no obi frouxo, o desenlaçou e ajeitou seu traje, voltando a fecha-lo.

Yoruichi arqueou uma das sobrancelhas, sentindo-o atar o próprio obi e assentiu a ele, na verdade o pedido do toque era mais do que somente aquele pedido, não era fertilidade, era visualizar algum interesse dele, e aparentemente, não existia.
- O que faz aqui?

- Viemos para ter aquela conversa.
Disse o maior, imaginava que seria entendido, embora talvez não fosse. Fitou o decote do quimono, expondo suavemente sua pele.

- Ah. Aquela conversa. Bem, quando duas pessoas se amam, elas... - O moreno sorriu meio de canto, interrompendo-se e riu. - Se puder parar de olhar para os meus seios, eu poderei continuar.
- Ah, claro, talvez devesse usar roupas íntimas, evitaria a exposição dos seus seios fartos. - Disse o loiro e voltou a direção visual a seu rosto. - Sobre o noivado.

Yoruichi sorriu ao ouvi-lo e negativou, pegando as demais roupas, inclusive a roupa íntima no chão.
- E o que quer falar sobre o noivado?

- Meus pais vieram para tratar com os seus. Na verdade eu falei com eles sobre a possibilidade de terminar o acordo, disseram-me então, que falássemos todos diretamente. Nós, pais e tios.
O moreno desviou o olhar a ele e aos poucos o sorriso sumiu dos lábios.
- Então você não me acha apto mesmo a ser seu marido?

- Você será apto a ser o marido de qualquer homem, certamente terá um bom desempenho sobre isso. Mas hoje estamos nos comunicando bem, foi um tanto diferente na semana passada. Tentou me evitar e tivemos desavenças suficientes pra deduzir que não quer levar o noivado adiante, como eu já havia mencionado na última visita.
Yoruichi observou-o por alguns instantes, e ainda sentia um aperto no peito, desconfortável por ter sido comparado ao outro garoto e por fim assentiu.
- E eu não posso ter outra chance?

-Essa pergunta não se encaixa nessa situação, soa até mesmo um pouco estranha. Achei que estivesse a se sentir vítima do acordo.O moreno desviou o olhar por um pequeno tempo e negativou em seguida.
- Bem, se quer se livrar de mim, será como quiser.

- Não estou tentando me livrar de você, Yoruichi. Não sou eu quem estava se afastando.
- Por qual motivo você acha que eu estava me afastando?
- Porque não quer o casamento, é muito simples. Não gosta do fato de que não me importo que os humanos estejam por perto.
- Você é muito lerdo, meu primo.
- Suponho que em meu lugar teria deduzido o mesmo.
Yoruichi sorriu meio de canto, embora sem nenhuma graça, sentia aquele nó no peito, na garganta, o nó de quem sabia que sentia algo e não podia dizer, e nada podia fazer se não sentir ódio de si mesmo, o orgulho é a pior maldição da humanidade.
- Bem... Creio que seja a última vez que vão obrigar você a me ver então. Vai me acompanhar até em casa?

Yasuhiro sorriu, achando graça no modo como suas frases pareciam sempre culpar a si pelo assunto, no entanto não tornou retruca-lo, assentiu e ajudou-o com as toalhas, levando consigo os tecidos dispensados.
O moreno seguiu junto dele, em silêncio e era um modo de se defender, dizer que a culpa era dele, visto que não poderia dar outro motivo para aquilo. Não poderia descrever os próprios sentimentos e estava sempre muito enrolado consigo mesmo. Passando pelas árvores, observou o por do sol em meio a elas, aquele tom amarelo e vermelho, bonito, que quase cegava a si e observou fixamente as nuvens, fora nessa hora que abaixou rapidamente a cabeça, guiando ambas as mãos sobre os olhos num gemido dolorido.
O loiro estreitou suavemente o olhar, evitando parcialmente o calor daquela claridade toda. Era de fato bonito, tinha cores que quase se pareciam de olhos vampiros e talvez pudesse ser tão doloso quanto, embora não para os humanos. Ao ouvi-lo grunhir deixou a breve observação, na toalha úmida estendeu como uma breve forma de bloquear, ao menos um pouco, o excesso da "tarde" e passou sobre seu ombro, dispondo em frente seu rosto.
- Tenha prudência. O sol e a noite não se misturam.

Yoruichi ergueu a face a observá-lo sentindo a toalha sobre a face e observou seu rosto, bonito, seus traços bem delineados, e não queria deixá-lo ir, de jeito nenhum. Esticou-se e como ele dias atrás, tocou seus lábios, um pequeno selo e em silêncio afastou-se, observando-o por longos minutos.
- ... Essa é a parte em que você me pega pelo pescoço.

Yasuhiro fitou a proximidade do rosto, daquela forma podia notar a beleza natural do vampiro, desprovido mesmo de seu habitual olho delineado ou de algum artifício de pintura, talvez retirado pela água. Teria visto um pouco mais se não houvesse sido beijado. Sentiu o toque de seus lábios contra os próprios e perdurou tempo suficiente para perceber, mas não para estranha-lo. Em seu silêncio, deu um sorriso canteiro ao ouvi-lo dizer.
- Eu não seria tão gentil, Yoru.

O menor sorriu a ele, e assentiu.
- Vamos.
- Claro.
O loiro disse e por fim retomou a caminhada, um pouco atento sobre seu humor agradável. Ainda levava estendida a toalha, até que fosse segura-lo abaixa-la, consequentemente ainda estava por perto. O moreno a
baixou a toalha igualmente, quando o sol já havia se posto e por fim adentrou a própria casa junto a ele, observando ali os próprios pais e os dele, sentiu o aperto no peito novamente.
Ao alcançar o destino, Yasuhiro por algum motivo não havia encontrado maneira de provoca-lo no meio do caminho. Talvez estivesse flexível demais para isso. Adentrou sua casa e fitou aos pais bem acomodados, providos do chá e juntou-se a eles e os tios. O menor sentou-se a mesa, em frente aos demais e suspirou, tentando não ter um ataque de ansiedade.
- Então, Yasuhiro, você não tem interesse no casamento com Yoruichi?
O loiro fitou a tia em sua forma direta de iniciar o assunto, dando cesso ao que falava com os pais de uma forma objetiva.
- Acredito que somos jovens e que seria mais apropriado achar um bom companheiro a ele, sem relações políticas ou de negócios.
Disse, embora pensasse que o rapaz fosse contrário ao casório, não pretendia delata-lo, imaginava que mesmo para sua família o motivo era claro, percebia-se o humor afetado do rapaz quando diante de si. 

O moreno manteve a face baixa e desviou o olhar, não queria entrar no assunto, e parecia que ele não tinha nenhum impasse em dizer aquilo contra si, mesmo com todos as coisas que havia dito a ele naquele dia.
- Yoru?
- Hum? 
- Você concorda com isso?
- Prefiro não me pronunciar.
- Yasuhiro acredita que o comportamento explosivo de Yoruichi se deve ao fato de que o primo não quer se casar. Eu preferi trazer a conversa até aqui, afim de acabar com esse desentendimento de adolescentes. O amor vem a surgir durante o casamento, não há porque esperar.
Pronunciou a mãe do loiro. Era o tipo de homem muito dócil, porém cético, uma vez que contrariado, podia ser bastante inflexível e ainda persuasivo. Yoruichi d
esviou o olhar a mãe dele, qual havia se pronunciado e assentiu com a cabeça.
- Meu irmão tem razão, Yoruichi. Você terá de aprender a se acostumar com isso, vocês dois vão.
- Então estamos aqui somente para ter aulas sobre amor e comportamento?
Yasuhiro indagou a mãe, visto que em suas palavras, na concordância da tia, não pareciam realmente ponderar sobre a interrupção do noivado.
- Justamente, Yasuhiro. Vocês são como duas crianças, somos pais e ainda temos autonomia sobre o que fazem de suas vidas. Uma vez casados, serão donos de seu próprio nariz. Yoruichi, meu querido, espero que deixe de considerar aquele humano, imagino que isso te desagrade, mas é apenas alguém qualquer, servindo como o passatempo do meu filho, posso dizer que não há relações românticas, eu já teria acabado com a história se percebesse algum comportamento inadequado. 
Dizia ainda, sempre impassível, mesmo com seu tom um tanto amável, sabia que não adiantaria provoca-lo.

O moreno desviou o olhar à própria tia, e assentiu ao ouvi-la, e não queria retrucá-la, embora achasse o contrário, mas a voz estava parada na garganta.
- Não me incomodo com Yasuhiro, mas esse humano me preocupa. Não quero ser desrespeitado, e sempre o vejo com o garoto, até para dentro da casa dele, não sei o que faz com ele, e não quero desrespeitá-lo com mentiras, mas os boatos que chegam a meus ouvidos não são bons. Respeitosamente, não quero uma ameixa provada por outra pessoa. Eu me sentiria melhor se ele não se encontrasse mais com esse garoto.

Ao fita-lo, o olhar contrariado do loiro se devia a sua nova menção de boatos, os quais ele mesmo não citava de onde vinha. A comparação que fazia sobre si, como algo possivelmente utilizado.
- Gostaria de saber quais são os boatos, Yoruichi. Afinal, não sei quem seria o ser atrevido a por o nome de meu filho junto aos maus julgamentos, em sua boca. Diga-me.
Disse a mãe, tirando as palavras da própria boca.

Yoruichi sorriu, meio de canto.
- Não me leve a mau, minha tia, os lavradores falam sobre isso, os pescadores também, todos que o veem com o garoto, posso lhe dar os nomes exatos aos quais me proferiram isso quando estava na cidade, caso queira.

- O que é que dizem, Yoruichi?
- Que o garoto já não será um bom esposo para sua futura noiva, que Yasuhiro entra no início da noite e só quando amanhece, eu mesmo tenho visto isso de cima da colina.
- Ah, não seja um mentiroso, Yoruichi. - Disse Yasuhiro, irritadiço sobre sua pequena alteração sobre o caso. - Você se rebaixa ao nível de ouvir conversa de lavradores e pescadores?
Indagou e aquela altura viu o pai reagir da mesma forma, esperando a resposta de seu sobrinho. O moreno d
esviou o olhar ao primo, lado a si.
- Eu o vejo na casa dele, devo ouvir que conversas?

- É como dizem, quando sua crença for como a da maioria, reveja seus conceitos, meu primo. Posso dizer a seus pais que o toquei durante seu banho no rio, afinal, não é preciso ver para crer, não é? É simplesmente ouvir o que reles pescador diz.
- Entendo que se chateia com comentários sobre seu noivo, meu querido. No entanto o ciúme não deve ser maior que a voz da razão. Yasuhiro costuma vir para casa todas as noites, eu sentiria se meu filho estivesse tendo algum tipo de relação libidinosa. Não seria tão desonrado com a minha família, de fazer meu sobrinho de deitar com um homem sujo.

Yoruichi assentiu, juntando as mãos sobre a mesa e fez uma reverência, com a face quase tocando as mãos, mostrando sinal de respeito pelos tios, após o ouvido e nada mais disse.
- Agradeço a consideração, meu sobrinho. 
Disse a mãe e o cumprimentou da mesma forma, com a cabeça, embora certamente não tenha se curvado tanto quanto o rapaz.
- Ainda que eu e meu irmão não estejamos pretendendo de fato levar a atitude de vocês sobre o casório adiante, quero saber se teremos mais reuniões como essa ou se estará feliz de acordo com seu casamento. Yasuhiro, Yoruichi?

O moreno assentiu, e novamente fez uma pequena reverência com a cabeça.
- Pedimos sinceras desculpas pelo desrespeito de nosso filho, meu irmão.
Yasuhiro assentiu como ele, de modo breve com a cabeça.
- ... Posso me retirar?
O loiro não o respondeu, imaginava que responsáveis pela resposta deveriam ser seus pais. Já havia se habituado a sua forma de deixar os locais.
- Não, precisamos falar sobre o local do casamento.
- Pensei que iria ser aqui.
- O que acha Yasuhiro?
- Estarei bem com a decisão de vocês.
Disse o loiro, não entendia bem sobre casamentos, portanto não tinha conhecimento de locais propícios para isso.

- Certo, faremos próximo ao lago.
- Como quiserem. 
- Vamos marcar para daqui há uma semana.
- Uma semana? É bastante rápido. Haverá tempo suficiente para as preparações?
- Uma semana?! - Disse o moreno.
- Sim, o kimono de Yoruichi já está pronto, tudo ocorrerá como planejado. 
- Mas mamãe!
- Chega Yoru, você precisa crescer agora e parar com essas besteiras de criança!
O menor uniu as sobrancelhas a observar a mãe, irritado.
- Não concordo com esse prazo. Talvez um mês fosse o mais adequado.
- Já temos tudo planejado, vocês se casarão em uma semana.
- Onde viveremos?
- Em nossa casa de campo, pouco além de Edo.
- Mas eu gosto daqui...
- Não pode continuar morando com seus pais.
- Mas mamãe, meu jardim...
- Terá cerejeiras e camélias lá também, Yoruichi.
O moreno abaixou a cabeça, ouvindo os pais, e aos poucos sentia toda a vida que tinha escorrer entre os dedos, e as lágrimas foram inevitáveis.
- Oba-san, Oka-san, um mês, uma semana é muito repentino.
A mãe desviou o olhar ao irmão que estava logo a seu lado e cochichou algo em seu ouvido.
- Duas semanas, e vocês terão de se acostumar.

Yasuhiro assentiu, já era um pouco mais.
- Pronto, Yoru-chan. Pode passar uma semana mais se embelezando para seu noivo. - Disse na forma de descontração.

Yoruichi desviou o olhar ao outro, meio de canto e limpou as lágrimas com a manga do kimono, e a vontade de simplesmente se levantar e sair era gigantesca.
- Estamos conversados?
O loiro assentiu, não tinha escolha. No entanto, não era capaz de entender as mudanças de seu humor, hora aceitava o casamento e na outra lamentava por ele. O menor levantou-se.
- Yasu... Me acompanha ao meu quarto?

- Hum... Sim, claro. Se meus tios permitirem.
O maior disse, um tanto confuso, aguardando segundas ordens. 

- A seu quarto? Yoruichi, não posso permitir que ele...
- Eu já vou me casar com ele, vou dormir na mesma cama, morar na mesma casa, para a eternidade, não há nada de errado ele ir a meu quarto, somos vampiros.

- Certo, sem gracinhas.
- Sou um bom rapaz, Oba-san.
Yasuhiro disse a tia, brincando com ela e por fim deixou a mesa junto a ele, seguindo seu caminho ao piso superior, até seu aposento onde já havia estado.

Ao subir, o menor deu espaço a ele no próprio aposento, fechando a porta atrás de si e novamente limpou as lágrimas nos olhos, não conseguia processar várias coisas, perderia o próprio jardim, o próprio quarto, as próprias coisas, e nesse momento brigava com conflito sobre aquilo e o fato dele sair com aquele humano, não sabia de quem tinha mais raiva.
- Eu odeio ela!

Ao entrar em seu quarto, Yasuhiro esperou por algo drástico, o que não veio. Passeou pelo interior rico em detalhes, cheirava há essência suave e flores, junto a um pouco dele também. Sentou-se em sua cama de tecido sedoso e deslizou a palma da mão a tatear a seda.
- Não desgosto dela, talvez de suas atitudes. Acredito que seja muito rápido, mas não fará diferença adiar o inevitável.

- Vai deixar o humano? - O moreno falou a ele, cruzando os braços enquanto o observava.
- Achei que esse assunto já havia sido encerrado e esclarecido.
- Terá de deixá-lo quando se mudar comigo.
- Então por que está perguntando se irei deixa-lo se sabe qual a resposta?
Yoruichi assentiu e uniu as sobrancelhas, não sabia o que dizer a ele, e estava extremamente nervoso, na verdade, nem sabia porque havia chamado ele ali. Por fim, Ajoelhou-se em frente a janela, observando a noite lá fora.
- Veja pelo lado bom, secarei seu corpo daqui duas semanas.
Disse o maior, ainda em sua cama, observando-o de onde estava. O moreno d
esviou o olhar a ele.
- Eh?

- Queria que eu o secasse, poderei fazer isso.
Yoruichi deu um pequeno sorriso, de canto e abaixou a cabeça a bater a testa contra a madeira da janela.
- Eu sou uma pessoa horrível...

- Por quê? Porque quer que eu toque seu corpo, ah?
- Eu sou chato, ranzinza, insuportável, nunca seria uma boa mãe... Eu... Eu me odeio!
- Se está preocupado em ser uma boa mãe, provavelmente será uma.
O menor desviou o olhar a ele, estreitando os olhos.
- Por que eu te chamei aqui?

- Por que está me olhando dessa forma?
- Acaba de me chamar de chato, ranzinza e insuportável por tabela, idiota.
- Não chamei, você chamou a si mesmo. Ranzinza você é.
- Pode ir, Yasu.
- Não sou uma marionete, meu primo.
O moreno assentiu novamente, sem saber o que dizer a ele.
- Por que não se deita?
O menor levantou-se, seguindo devagar em direção a cama e deitou-se lado a ele.
- Não precisa se sentir tão aflito sobre isso, não é como se eu fosse um velho gordo, parecido com um urso ou um porco.
- Eu sei que você é bonito, bem mais do que qualquer homem que eu já vi, mas não consigo me livrar dessa agustia de me sentir traído. Não aguento sentir esse cheiro em você, não aguento vê-lo olhar aquele humano com tanto carinho.
- Tem ciúme? Está apaixonado, Yoruichi?
Yasuhiro indagou e claro que sorria, embora tivesse cuidado e soar no meio termo entre provoca-lo ou não.

- Não seja tolo! Eu não tenho ciúme de você!
O menor falou a ele e virou-se de costas, unindo as sobrancelhas.

- Deixe de se preocupar.
Disse o loiro as suas costas, percebendo sua atitude quase como a de uma criança mentirosa. Levou a mão até seu cabelo e tocou a fita que desfez, desprendendo seu penteado informal. Yoruichi s
entiu o pequeno acessório deslizar pelos cabelos e arrepiou-se, agarrando-se ao lençol da cama. O ruído do tecido denunciou-o a torcer a pequena parte que o segurava, como resposta ao leve toque em seus cabelos.
- Gosta de afago em seus cabelos?

- São sensíveis...
Yasuhiro tocou uma de suas mechas longas e deslizou da raiz até as pontas. O menor uniu as sobrancelhas, sentindo o arrepio novamente percorrer o corpo.
- Suas coisas certamente serão levadas. Terá um jardim, não há porque chorar. 
Disse o maior, ainda tocando suas mechas escuras. O outro d
esviou o olhar a ele, meio de canto.
- Mas não serão as mesmas flores... Eu as plantei quando era pequeno...

- Tire com a raiz e as leve.
- Não posso fazer isso com as árvores...
- Pode, talvez saia um tanto caro, mas pode.
- Acha que meus pais vão pagar por isso? Vão me chamar de mimado.
- Não penso que fariam, temos o suficiente para isso.
Yoruichi desviou o olhar a ele, virando-se para seu lado.
- Vai gastar o dinheiro do meu dote com uma estupidez de criança?

- Na verdade não precisamos de formalidades como dotes, temos dinheiro, não somos pobres e somos vampiros.
O moreno assentiu, aconchegando-se junto ao colo dele, e suspirou. Yasuhiro erguera a mão, suspensa, ao vê-lo bem se aconchegar, esperando por sua ajeitada no colo, onde permitiu seu espaço. Tocou novamente seus cabelos no entanto, deslizando por suas longas mechas. O menor fechou os olhos quando sentiu a maciez de suas coxas, e aquilo não poderia ser impróprio, ao menos pensava assim, sentindo suas carícias prazerosas nos cabelos.

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