Ritsu e Etsuo #5


Ritsu acordou quando ouviu o barulho da porta, provavelmente já era algo em torno de cinco horas da manhã, já que os pais voltavam pouco antes do sol começar a surgir. Levantou-se sonolento, o silêncio indicava que o irmão ou havia saído ou continuava em seu quarto. Cambaleou suavemente, e deslizou os dedos pelos cabelos, os ajeitando. Ao sair tentou não cruzar o caminho dos pais antes de conferir se o irmão estava em seu quarto. Sem bater, entrou devagar e pôde vê-lo encolhido, como geralmente dormia. Fechou a porta com cuidado, pôde ouvi-lo suspirar, o que era engraçado, já que não precisava daquilo. Com sutileza tomou espaço em seu cobertor de pelos macios e baixos, preto, e vagarosamente se encaixou atrás do irmão, o abraçando em formato de concha.

Etsuo ouviu o barulho na porta, e obviamente teria acordado em estado de alerta, porém, ainda mantinha sono leve, conhecia o cheiro do irmão e tê-lo ali não era ameaça. Suspirou, e estava quente e confortável ali, porém havia se tornado ainda mais ao senti-lo abraçar a si, e apenas se encaixou a ele, sem dizer nada, e também, sem rancor.
O menor suspirou, confortável em dormir acompanhado, gostava daquilo. Talvez fossem estranhamente apegados, talvez não devessem, mas era como era. Tocou sua cintura e deslizou o braço, abraçando-o de modo que poderia ser comum, mas acabara por tornar aquilo uma pequena lembrança do que haviam feito horas antes e por algum motivo gostou de sentir seu corpo novamente. 
O moreno suspirou, como ele havia notado, não precisava, mas havia aprendido com ele. Era gostoso dormir daquele modo, era agradável, prazeroso até, e por fim, virou-se, abraçando o irmão a passar o braço ao redor de seu corpo e trazê-lo contra o peito, beijando o topo de sua cabeça em seguida.
Ritsu afastou-se ante seu movimento, que pensava ser em meio ao sono, constou não ser somente quando recebera seu beijo na testa e retribuiu o abraço, levando os dedos a seu pescoço, subiu pelos fios ralos em sua nuca, acariciando seu couro cabeludo com a ponta dos dígitos em meio aos medianos fios de cabelo.
Etsuo sorriu ao sentir a carícia e novamente o beijou entre os fios de cabelo, sentindo o cheiro gostoso de seu shampoo.
- Oyasumi.

- Aniki.
O menor disse e ergueu o rosto, beijando uma de suas clavículas, onde deu uma mordidinha, como se pudesse fazer o que eles faziam. Etsuo s
orriu novamente, abaixando-se e beijou-o em seu nariz pequeno.
- Está tudo bem.

- Só esqueça.
Ritsu observou o moreno e seu sorriso de linha quase reta, mas podia notar realmente um sorriso, por mais singelo que fosse. Erguera novamente após o beijo no nariz, talvez o irmão olhasse a si como uma mulher, era o que começava a pensar, mas não era uma. Tocou sua mandíbula com a ponta dos dedos, e seu queixo onde deu um mordisco, queria beija-lo outra vez. E precisou erguer um pouco mais a altura no qual havia se colocado, alcançar seus lábios e tocá-los com sutileza e ponta da língua.
Etsuo desviou o olhar a ele, e não sabia o que queria, mas logo fora capaz de entender. Sua língua tão suave deslizou pelos lábios e deslizou a língua pelos dele também em retribuição, sentindo seu sabor suave de menta do creme dental mesmo usado há um tempo e logo adentrou a boca dele, beijando-o.
O menor sentiu o toque facilmente retribuído, mesmo que houvesse saído do quarto tão aborrecido com a situação, raramente ficava de mau humor por mais de duas ou três horas. Delineou seu lábio e sentiu sua língua, beijou-o mútuo a sua retribuição e desceu os dedos que antes em sua nuca até o meio de suas costas.
O moreno suspirou novamente, soprando o ar frio contra seus lábios quentes, e logo, retribuiu-o em seu beijo, deslizando a língua pela dele, apreciando seu gosto e deslizou a mão por suas costas até a cintura, puxando-o para mais perto de si, embora não houvesse tentado nada.
Ritsu suspirou como ele e descansou a mão em sua cintura do modo como era igualmente tocado. De perto, pôde sentir contra o peito o seu, semelhante. E suavemente encaixou uma das pernas às suas, num entrelace.
O maior sorriu a ele em meio ao beijo e fechou os olhos, unindo as sobrancelhas, aquele enlace era tão estranho e tão atípico, tudo no irmão estava assim, se perguntou se não era culpa e esperava que não.
O loiro deu um suave suspiro a medida em que traçou a língua sobre a sua, e suavemente erguia a coxa, sentindo uma suave maciez no meio de suas pernas. Queria tocá-lo e descobrir seu corpo bem desenhado, embora tivesse ressalvas, receios.
Etsuo assustou-se com o toque e desviou o olhar a ele, cessando o beijo por um momento, mas não perguntou nada, apenas voltou a beijá-lo logo em seguida, fazendo o mesmo, ajeitando a coxa entre suas pernas e empurrou-se suavemente contra ele.
O menor o apertou onde tocava, num reflexo do que sentia embaixo. Até então não havia feito menção de encostar na parte baixa do moreno, acabara por fazê-lo de modo indireto, tal como ele fizera. O beijo interrompido que retomou não muito durou e tornou cessa-lo sugando suavemente seu lábio inferior até finalmente solta-lo. Era tão macio que quis arrancá-lo.
O moreno novamente sorriu contra os lábios dele. Continuava com aquele beijo, gostoso, tão quente do irmão e precisava senti-lo mais, tinha que fazer, o problema é que ele havia recusado a si pouco tempo antes. Deslizou os dentes por seus lábios, sutilmente e acabou por rasgar suavemente sua pele somente naquele sutil roçar. Uniu as sobrancelhas ao sentir o cheiro de sangue que se instalou e os olhos automaticamente ganharam cor. Lambeu-o, dando-lhe uma sugada para aliviar a dor da mordida e observou-o.
Ritsu grunhiu dolorido, podia ouvir o som da pele repuxada, nada descomunal mas suficiente para senti-lo. Abriu os olhos cujo cenho franzido denunciava o desconforto, e fitou o moreno de perto enquanto consolava o lábio ferido com uma sugada leve. Imaginou que não fosse intencional.
- Desculpe...
Etsuo murmurou e após mais uma investida com a coxa entre as pernas do menor, beijou-o na testa. Ritsu p
odia sentir o volume macio próximo a suas coxas, aos poucos mais firme contra a própria. Achara sempre o irmão bonito, ainda que aquele tipo de elogio fosse pouco para ele, era popular embora nunca desse importância a isso. Ainda assim, mesmo quão bem feito fosse cada um de seus traços, mesmo seu corpo que já deixava a adolescência, não havia pensado sobre tocá-lo, sobre mesmo simplesmente beija-lo e agora, sentia vontade, talvez houvesse despertado ou quem sabe houvesse provado o que não devia.
- Tsu.
Sussurrou-lhe contra a boca, e lambeu seus lábios medianos enquanto subia a mão em suas costas até seu peitoral onde não podia sentir força vital. Por lá se aconchegou, achou melhor interromper, mesmo que aos poucos a mão fizesse carícias em sua pele, sentindo-a suavemente arrepiada.

O maior deslizou a mão pelos cabelos do irmão, acariciando-o e se sentir confortável perto dele, aconchegado. Mesmo com todos aqueles problemas, aquelas coisas que estavam fazendo, pareciam desaparecer quando o sentia se aninhar contra o peito. Amava o irmão, mas queria mais dele, mais do que somente um irmão poderia querer e bem, não eram realmente de sangue, então que mal tinha? Ter um pouco dele não iria matar. Era assim que pensava, mas ele provavelmente não se sentia do mesmo modo, embora visse aqueles atos maliciosos do pequeno, certamente ele não queria seguir a diante, e por hora o deixou assim, beijando-o no topo de sua cabeça algumas vezes.
Ritsu fechou os olhos e por lá ficou. Tinham poucos centímetros de diferença na altura, tinham a proporção muscular e óssea semelhantes, embora o irmão fosse um pouco mais definido, não eram assim tão diferentes, mas toda vez que estavam juntos daquele modo, sentia-se como se fosse menor ou igual ao próprio pai em sua pequenez, era assim que ele fazia consigo, fazia parecer um pequeno ser frágil, ele parecia tão feliz com aquilo. Por um instante pôde pensar sobre aquilo, até ser interrompido por si mesmo, constando a presença dele e o que faziam pouco antes, o que ele fazia consigo antes, sem roupas, e aquilo novamente despertou um interesse incomum em si, estava se excitando, ainda que provavelmente não da forma como ele queria. Fez-se por um minuto um pouco mais perto, deu-lhe um meio abraço e decidiu voltar ao próprio quarto.
- Desculpe, pode dormir. Vou deitar no meu quarto, eu vou ficar em casa hoje.

- Iie...
Etsuo murmurou e segurou-o pelo braço antes que se levantasse, porém, não havia notado que fora seu mesmo braço machucado e uniu as sobrancelhas logo após, soltando-o.
- ... Desculpe... Durma comigo. Não vou tocá-lo.

Ritsu recuou o braço num reflexo, precavido ante a dor, não para evitá-lo.
- Eu confio em você, mas você tem que dormir, é dia.

- Quero dormir com você.
- Eu só vou comer alguma coisa e volto...
- Hum... Ta bem.
- Você quer alguma coisa?
- Quero que você durma comigo.
O moreno riu baixo e assentiu a ele, embora não pretendesse voltar.
- Eu volto depois do café.

- Você não vai voltar, eu te conheço. Então boa noite.
- Volto sim.
Disse o menor e abaixou-se, fitou o irmão de perto por um momento, não sabendo onde escolher o local do beijo de despedida.

Etsuo observou o menor e logo ergueu-se, beijando-o em seus lábios num selo.
- Boa noite.

- Oyasumi.
O menor disse e roçou seu nariz com o próprio, num carinho breve, tentando ser descontraído. Etsuo s
orriu a ele, notando o ato que tinha costume de fazer.
- Até amanhã.

- Eu vou ficar em casa, caso decida acordar durante o dia.
- Hai, eu vou tentar.
Ritsu sorriu, notando a moleza do irmão. Acariciou seus cabelos e queria ficar, mas se sentia desconfortável. Voltou selar seus lábios e seguiu para fora do quarto, tentando imaginar o que pensava o irmão.



Ao sair, o menor observou o pequeno pai na cozinha, o cheiro gostoso e quetinho indicava o café, ele provavelmente iria dormir logo após bebê-lo, ou melhor, deixar que o bebesse.
- Bom dia, mamãe. - Sorriu a ele e via-o sorrir com os olhos já pequenos de sono.

Shiori sorriu ao outro, próximo de si e logo fechou a garrafa térmica, bocejando.
- Bom dia, meu amor.

Ritsu abaixou-se, beijando o pai em sua testa. O abraçou em torno do pescoço e ficou alí por um tempo. Etsuo uniu as sobrancelhas, meio confuso e logo ergueu a face a observar o filho e mais parecia uma criança perto dele.
- Eh? O que eu fiz?

- Nandemo. - Disse o menor e afastou-se ante a preocupação do pai, acariciou seu cabelo, levando uma mecha atrás de sua orelha. - Mamãe... Preciso te contar algo e você não pode dizer nada a ninguém.
- ... O que aconteceu? Você está doente? Você... Ficou com alguma menina?
- Você não vai contar pra ninguém?
- Não... Por que eu contaria?    
- Vou confiar em você... Aniki... Etsu, me beijou...
- ... Eh? Ah, mas eu também beijo você, tudo bem. Sei que ele é homem, mas é carinhoso.
- Na boca.
- ... - Shiori uniu as sobrancelhas. - O que?!
- Com a língua.
- ...
O pequeno apoiou-se no móvel ao lado de si e guiou uma das mãos sobre o peito.

- Mamãe? - Ritsu disse e segurou-o, no caso de ser necessário. 
- Ele o que?
- Fala baixo... Ele vai ouvir.
- Ele te beijou? ...
- Sim... Eu... Não sei, talvez ele nunca tenha feito isso e ficou curioso, ou será que ele... Gosta de mim?
- ... Preciso falar com o seu pai.
- Não! Eu disse pra não falar pra ninguém.
Shiori uniu as sobrancelhas novamente.
- Eu... Não acredito que ele fez isso.

- Não vai contar não é?
- Não... Mas... Se ele fizer mais alguma coisa, me avise. Eu dou um jeito nele.
- Não... Ele não é perigoso, mamãe. Não devia ter te falado.
- Hai... Mas fique de olho nele. Se tentar alguma gracinha.
- Acha que ele gosta de mim de outro jeito? - Disse o loiro em evidente ar pensativo.
Shiori desviou o olhar e era realmente estranho pensar isso dos próprios filhos, mas de fato o outro o olhava com muito carinho, era até estranho.
- Eu não sei, Ritsu... Mas... Eu acho que sim.

- Hum... - Shiori murmurou e por fim seguiu até a garrafa de café, ponderando. - Não conte nada ao papai.
- ... Hai, não vou contar. Bom dia, filho.
- Bom dia, mamãe.

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