Keisuke e Miruko #8


Keisuke abriu a porta do quarto e deu vazão ao interior dele. Levava a mochila num dos ombros e um pacote branco de papel na outra mão, portando um lanche pós aula. Na outra cama podia ver o moreno com sua típica cara pálida, os cabelos volumosos e desajeitados, usava óculos enquanto assistia tv, sentado e enrolado no cobertor, era adorável. 

- Passou o dia assim, vadio?
Miruko desviou o olhar ao outro conforme o viu adentrar e sorriu, pegando o pequeno copo térmico de chá o qual bebeu um longo gole. 
- Ah, passei, não tinha aula mesmo.
- Estamos trocando de vida? Eu tenho que ir fazer prova às oito da manhã e você pode coçar o saco a manhã toda enquanto vê filme? Tsc. 
O maior disse e abriu o pacote, com o papel pegou um dos pães com carne, tão macio e entregou a ele. O menor sorriu a ele conforme observou o pequeno pãozinho e aceitou, dando uma mordida. 
- Hum oishi!
Keisuke viu-o abrir passagem em seu casulo para então aceitar o pequeno pão chinês. Pegou o outro para si e pesadamente se sentou na própria cama, deixando ruir um gemido de cansaço.
- Nossa, está morto assim por um dia só estudando?
- Pra estudar sim. Pra outras coisas estou bem vivo. Inclusive comer, coisas ou pessoas.
- Ah é? Vai sair hoje?
- Daqui a pouco. Vou cochilar primeiro. Dormi mal essa noite.
- Hum...
Keisuke deitou-se, tal como estava sem tirar o uniforme, acomodou a nuca no travesseiro alto. Comia ainda, mas de olhos fechados.
- Se vai dormir comendo vai engasgar.
- Não estou dormindo, estou comendo enquanto descanso.
- Ah sei sim.
Keisuke riu entre os dentes, soando tão preguiçoso quanto parecia.
- Por que não vem aqui comigo?
- Hum? Por quê? Quer comer pão de carne acompanhado?
- Aqui está quentinho.
O riso do maior soou ainda preguiçoso. 
- Eu vou dormir, pode assistir filme confortável aí.
- ... 
Miruko uniu as sobrancelhas, e havia percebido que ele estava um pouco distante de si naqueles dias, será que era devido ao ocorrido da última vez? Não sabia, mas assentiu e encolheu-se na cama. Keisuke o fitou de soslaio e pode perceber sua expressão aflita. Estava um pouco evasivo talvez, mas porque estava confuso sobre a própria atitude. Ao terminar o pão, o menor deixou de lado o pequeno copo de chá e virou-se de costas, fechando o notebook sobre a cama.
- Vai dormir também? - O maior indagou ao ouvir o estalar de seu computador fechado.
- Vou, estou meio cansado.
- Hum, coçou o saco a manhã toda, seu merdinha.
Miruko sorriu meio de canto, abafado. 
- Estava preocupado com você. Agora que sei que está bem posso dormir.
- Preocupado por quê? Não sou de fato burro.
Keisuke uniu as sobrancelhas. 
- Não disse isso.
- Eu não disse que falou. Só perguntei o motivo.
- Pelo que ocorreu na sexta.
O maior voltou então a fita-lo. 
- Sei que não foi de propósito.
- É, mas desde então você tem me tratado como se eu fosse sujo.
- Não soe absurdo. Claro que não fiz algo como isso. Eu também gozo, sabe?
- É, mas não na minha garganta.
- Estou tratando você como sempre, Miru.
- Hum, certo...
- Se tivesse nojo não teríamos dormido na mesma cama essa noite. E por sinal isso é até gay demais. - Brincou.
Miruko suspirou, assentindo a ele. 
- E porque não quer vir deitar comigo de novo?
- Por nada em especial. Não tenho motivos ocultos.
Na verdade embora não quisesse dizer, Keisuke estava realmente estranhando a interação de ambos. Porém nada que pudesse caracterizar como ele havia dito, não o via como alguém sujo.
- Certo. Bom encontro hoje então, foda-se.
- Foda-se o que, Miruko?
- Foda-se o que você vai fazer.
- Qual é, filho da puta? Está de cu virado sem razão?
- Sem razão é o caralho.
- Pff, que drama. Já disse que não estou te tratando mal, você que está me provocando. Depois não quer que eu te mande a merda.
- Você vai mandar de qualquer jeito. Eu sempre sobro no fim. 
Miruko falou, irritado e levantou-se, jogando o cobertor de lado e seguiu ao banheiro.
- Cala a boca, você nem sabe mais o que está falando. 
Keisuke disse já mal humorado, com sono entendia ainda menos o problema dele. Ao se levantar, pretendia ir ao banheiro, tomar banho e sair, mas ele havia se enfiado por lá primeira. 
- Ô caralho.
- Espere eu sair, seu rabo não vai pegar fogo por ficar meia hora sem sexo. 
O menor falou a ele e retirou as roupas, adentrando o box para tomar banho, também iria sair.
- Não é o meu que pega fogo. 
Disse o maior, aquela altura já a provoca-lo​ sem se importar. Miruko desviou o olhar a ele. 
- O que?
- Seu rabo que pega fogo, não é você quem dá pra mim?
O menor abriu o box para observa-lo.
- Vai se foder, Kei!
- Vai você. Eu estava de boa, só queria ficar de boa e dormir um pouco e você começou a me encher o saco, seu merda. Eu já tinha falado que estava pouco me fodendo pra essa porra que você deixou na minha boca mas você continuou me cutucando, queria me irritar.
Miruko estreitou os olhos a ele, era um idiota. Após o banho rápido, que nem havia começado direito, saiu do box, passando por ele com a toalha e no quarto buscou as roupas na gaveta.
- Claro, fique com o rabinho entre as pernas agora. 
Disse o maior e o contrário dele, fechou a porta do banheiro, não que fosse tranca-la, mas precisava transferir a impaciência e foi com a firmeza com que empurrou a porta e a fez ressoar. Banharia-se rapidamente e o deixaria ali de raiva.
O moreno suspirou, irritado com ele e até sentiu as lágrimas preencherem os olhos, era sensível, e se achava um imbecil, por que diabos estava chorando por isso? Limpou as lágrimas rapidamente com uma das mãos e vestiu uma roupa qualquer, calça e camisa preta, seguindo para fora do quarto antes que ele retornasse do banho.

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