Yasuhiro e Yoruichi #6


- Ele não apareceu hoje...
Yoruichi murmurou e observava de cima da colina o garoto, como habitualmente fazia, naquele dia especialmente, estava meio frio, ameaçava chuva, mas não queria ficar trancado em casa.

- Deve estar ocupado, senhor. Todos os preparativos do casamento...
- Ele não se importa com o casamento... O que ele está tramando?
- Senhor, vai chover, acho melhor nós entrarmos.
- Não, eu vou esperar, você pode ir, Saki, obrigado.
- Sim senhor... Vou arrumar suas roupas, seu kimono está ficando lindo!
- Eu imagino... Me traga alguns aperitivos.
- Manju?
- Manju? Não... Talvez alguns bolinhos de arroz.



Yasuhiro morava em direção oposta a casa dos tios e noivo, dessa forma, era como se pudessem observar um a casa do outro, em pontos altos paralelos, ainda que com uma distância razoável. Assim como ele podia ver a si na casa do garoto, podia vê-lo e mesmo o local de espionagem do primo, embora dali, não tivesse certeza se ele estava a espreita ou não.
- Meu amor, apronte-se, tiraremos suas medidas junto ao costureiro. - Disse a mãe que tocou os próprios cabelos e buscou olhar a direção que observava pela janela. - Espero que esteja tentando ver seu primo, seus tios me disseram que ele é verdadeiramente possessivo.
- Oh, e pretende entregar sua criança nas mãos daquele monstro?
Yasuhiro indagou ao pai, fingindo-se lesado por suas palavras. No entanto, mesmo sob o olhar forjadamente afetado, recebeu um olhar impassível, na verdade.
- ... Vá, iremos com sua tia e seu companheiro experimentar os doces para o casório. Seja dócil, sem piadinhas, pode fazer várias delas quando estiver casado.
- Ah mãe!
Disse, como uma criança birrenta, mas sorriu a ele, que claro, se derretia.

- Seus cabelos estão lindos como os de seu pai. Seu primo terá sorte, já você eu não sei. - Provocou ele enquanto saía com um sorriso glorioso. - Vá se vestir!



- Yoruichi! Desça logo! Estamos atrasados!
- Estamos? Atrasados pra que? Eu não estou sabendo de nada.
- Vamos experimentar alguns doces para o casamento. Desça, vamos.
- Doces? Hum, não parece tão ruim. Estou com fome mesmo.
Deu de ombros e seguiu colina abaixo, logo adentrando a casa com os pais e viu a mãe analisar a si para saber se estava sujo de terra ou algo do tipo.
- Acabei de tomar banho, mãe.

- E estava la fora? Fazendo o que?
- Estava tentando ver o Ya... A... Vila.
- Hum, seu primo vai estar lá, então comporte-se.



- Será kimono. Não. Não. Não tem a possibilidade de você usar uma roupa chinesa no casamento, Yasuhiro. Não tem hanfu.
- Claro, vamos ver.
Disse o loiro entre os dentes, não dando importância, teria feito qualquer atividade banal para demonstrar o descaso, mas infelizmente estava fora de casa, seguindo ao veículo de transporte o qual seriam levado à cidade.




- Não, você não pode se casar de preto. Que pergunta ridícula. Não, já falei. 

- Poxa... Mas seria uma boa piada.
Disse o moreno, porém calou-se a medida em que percebeu que a mãe estava irritada e seguiu para fora da liteira, em frente a pequena casa, onde seriam feitos os doces.

Yasuhiro desembarcou algum tempo depois da partida, e ao descer já podia vê-lo, assim como a tia e era evidente sua postura semelhante a da própria mãe. A do primo, quase detinha uma igual semelhança, por sorte não demais, afinal não queria se sentir casado com a mãe, era bonito mas não tinha complexos. Cedendo o apoio do braço ao pai, levou-o consigo até o interior da pequena casa, tão decorada, detalhes orientais ricos e cheirava doce. O primo, a ele não dirigiu a palavra.
Yoruichi seguiu junto da mãe para dentro da casa, observando ali a pequena senhora que serviria os doces, e nada havia dito a ele de mesmo modo, apenas um sorrisinho meio de canto, que logo fora desviado ao prato bem decorado.
O loiro sentou-se quando entrou na casa, observou a ele e seu sorriso que não retribuiu, propositalmente. Estava a provoca-lo, queria perceber que tipo de atitude teria. Ao se acomodar fitou a mais velha, dispondo algumas opções do doce à mesa e formas de que se servissem dos confeitos. O moreno arqueou uma das sobrancelhas a ele e desviou o olhar, meio confuso com o fato de não ter sido retribuído, por fim, pegou um pequeno doce branquinho, levando aos lábios.
- São ótimos doces, ingredientes importados, com isso são mais saborosos.
Disse a senhora, apresentado os doces, embora fosse de poucas palavras era realmente graciosa. Yasuhiro selecionou um deles, verde claro, macio.

Yoruichi desviou o olhar ao outro novamente, estranhando o modo como agia e logo pegou o doce verde, o qual ele mesmo havia provado e sorriu meio de canto, notando sua aprovação ao doce.
- Esse eu quero.

O loiro notou o interesse dele pelo confeito, imaginava se era porque o havia provado. Os pais logo buscaram da mesma forma, como se para a aceitação eles também precisassem gostar. Partiu para um segundo, tinha cor quase amarela, mas era tão clara, experimentou-o pela metade. Era suavemente doce, gostoso como o primeiro.
- Esse é realmente saboroso. Se os dois gostaram, incluiremos. Qual mais?

- Hum, o amarelo, Yasuhiro? - Yoruichi falou, buscando uma resposta dele, um pouco incômodo.
- Você provou? - O loiro retrucou, uma vez que perguntou sem provar o doce. 
- Estou perguntando se você gostou.
- É saboroso. Experimente.
- Vocês podem me deixar sozinho uns minutos com meu noivo por gentileza?
- É mais adequado que vocês sigam até lá fora até porque, estamos em três. Vá vá, estamos experimentando os doces. Venham que trarão a segunda remessa.
- Certo. - O moreno levantou-se. - Yasuhiro?
O loiro se levantou como ele, na licença dos pais e seguiu ao exterior da pequena casa, cessando onde fosse reservado o suficiente e não afastado.
- Estou ouvindo.

- O que foi? - Disse o menor assim que já no lado de fora junto dele.
- Não foi nada.
Disse o maior e só então deu um meio sorriso a ele, conferindo o que dizia e como reagir àquilo. Era provocador e estava fazendo propositalmente, dando a ele um pouco de seus próprios modos, mas claro, não tinha intuito de levar muito adiante. 

- Ah não? Está me ignorando e sendo desconfortável, logo agora que eu estava gostando de você.
- Oh, estava?
O loiro retrucou, surpreso pela sinceridade, ainda que soasse um pouco mentiroso, estava mesmo surpreso.

- É, você tem bons dedos.
- Vai saber melhor após o casamento.
- Ah vou?
- Aposto que sim.
O moreno sorriu meio de canto.
- Você é muito pervertido.

- Como se você não quisesse.
- Eu insinuei querer alguma vez?
O loiro sorriu quando eu disse.
- Gosta que eu dê as possibilidades.

- Hum, ainda não gosto do seu cheiro de humano.
- Não posso fazer nada por você, temos criados humanos. Quando estivermos em casa, não teremos esse problema.
- Temos criado sim. Temos amiguinhos também.
- Nem estive com ele, você só quer reclamar.
- Me engana que eu gosto.
- Você sabe disso. - Yasuhiro disse e por fim tocou uma mecha de seus cabelos. - Vamos, temos doces de casamento.
O menor sentiu um suave arrepio percorrer o corpo.
- Se fizer cara feia pra mim, enfio um hashi na sua garganta.

- Vou fazer, mas enfie outra coisa na minha garganta. - Disse o loiro após solta-lo e claro que o estava provocando. Seguiu logo após à casa, retomando com os doces. - Pronto, minha mãe.
Yoruichi estreitou os olhos.
- ... Hentai. - Murmurou e ao adentrar, sentou ao lado da própria mãe. - O amarelo, sem dúvidas.

- Devia experimentar primeiro.
O loiro retrucou e por fim experimentou da nova seleção de doces servidos. 

- Confio em você.
O maior o fitou e não disse nada, soando exatamente como antes da conversa, provocando-o novamente. Esticou-se, pegando um dos doces, era como um biscoito, mas macio, quadrado e polvilhado com algo branco.
Yoruichi pegou um dos hashis, colocado próximo a si e bateu-o sobre a mesa, ajeitando-o na mão, para em seguida pegar um doce em frente a ele. Yasuhiro notou seu movimento, pensando ser uma breve provocação. Não recuou no entanto, ainda a provoca-lo.
- Precisa falar algo, meu primo? - Retrucou e por fim, buscou outro confeito.

- Pare de me ignorar, insuportável.
- Yoruichi! - Disse a mãe.
- Não estou ignorado você.
Disse o loiro e pediu licença aos pais, ao se levantar, seguiu até a saída, de onde havia vindo a pouco junto a ele.

- ... Mas o que? - O moreno levantou-se e pedindo licença, seguiu junto dele. - Yasuhiro!
 Ao deixar a pequena casa, o loiro ouviu o resmungo dos pais no interior da loja. E percebeu-o atrás de si, achou graça, mas ao sair se encostou à parede, esperando-o para pela porta em busca de si.
- Yasuhiro! - Yoruichi gritou, irritado e procurou-o visualmente.
O riso soou quase silencioso e o maior puxou-o pelo braço a medida que o pegou. Ao fazê-lo, trouxe-o contra si e roubou-lhe um breve selar de lábios como já havia feito antes. O moreno virou-se de frente a ele e uniu as sobrancelhas ao senti-lo beijar a si, empurrando-o sutilmente a se afastar.
- Qual o seu problema?

- Não tenho problemas. - Disse ao deixa-lo se afastar.
- Então porque está me ignorando?
- Estou provocando você, e surte efeito, parece que é só assim pra você me dar atenção.
- Eu te dou atenção, cretino.
- Me dá uma péssima, mas quando é ignorado, fica um doce incomodado. - Disse o maior e voltou a puxa-lo, voltou a selar seus lábios.
Yoruichi estreitou os olhos a ele ao senti-lo puxar a si, e aquele novo selo, irritou-se, com ele e com suas frases, com seu jeito de ignorar a si e novamente o beijou, empurrando a língua para os lábios dele, enquanto pressionou seu corpo contra a parede.
Yasuhiro levou a mão em sua cintura, a livre, já a outra continuou em seu pulso. E abriu a boca, sentindo sua língua imposta entre os lábios e retribuiu o moreno. Moveu suavemente sua língua, roçando-a na sua, onde pôde sentir o gosto doce do confeito que havia provado.
O moreno suspirou, sentindo aos poucos toda a irritação deslizar pelo corpo, como um kimono que caía, expondo a si. Agora o beijava, e fora si mesmo quem começara o beijo, só então percebera isso, e a verdade é que sempre quisera beijá-lo, sempre que o via de longe, aqueles lábios corados, mas não podia dizer a ele, e agora tudo parecia tão calmo, tão fluido que nem acreditava, só sentia a língua dele contra a própria, roçando num toque suave, assim como os corpos, e o segurava com as duas mãos, apertando o tecido de seu kimono entre os dedos.
Yasuhiro sentia-o leve em seu toque, em sua boca ou mesmo seu corpo, parecia diferente de seu habitual contido humor. E se perguntou se alguma vez ele já havia beijado alguém, mas duvidava. Também nunca havia beijado, mas pelo visto sabia como fazê-lo. Continuava no toque, vez outra com um leve mordisco, mordiscos que tomavam de seu sangue em pequenas gotas de feridas que rapidamente se fechavam, superficiais.
Novamente, um suspiro deixou os lábios do menor, em meio ao beijo, um toque tão gostoso entre lábios que aquecia o corpo e o sentimento era tão bom, naquela pequena troca de salivas, de sangue, que decidiu cessar, antes que a mãe saísse a procura de si, afinal, os sentimentos pareciam bem conturbados.
De olhos fechados o loiro quase nem tentou pensar sobre o que faziam ou no que poderia ser aquilo, mas percebia que talvez fossem ter algo bom. Sentia seu sangue na boca, suavemente, um gosto doce como os confeitos de festa, como ele, sentia sentimentos conturbarem, porém talvez de uma forma diferente, era corporal. Quando sentiu-o interromper, mordeu puxando suavemente seu lábio e deslizou a mão a delinear seu corpo por cima do quimono, por fim o soltou antes que fossem procurados. 
Yoruichi sentiu sua mão, boba deslizar pelo corpo, e ele não sabia como queria seguir com ele para um lugar mais reservado onde pudessem continuar, mas ao observá-lo, imaginou aqueles dedos prazerosos deslizando pelo corpo pequeno daquele humano e negativou consigo mesmo, piscando algumas vezes e afastou-se, unindo as sobrancelhas.
- O que? - O loiro indagou ao perceber suas sobrancelhas próximas. - Não gostou? - Prosseguiu e levou a mão, o dorso dos dedos em seus lábios.
Yoruichi assentiu ao ouvi-lo, suavemente e abaixou a cabeça.
- ... Foi bom.

- Então por que está olhando assim? Percebeu que pode ser bom fazer mais?
- Não... Não é nada. - O moreno murmurou e sorriu a ele. - Talvez seja melhor usar uma almofada no seu colo.
- Não sou assim descontrolado. E não temos almofadas disponíveis.
O menor sorriu novamente, meio desajeitado e deu um passo para trás, quase tropeçando no próprio kimono.
- Venha...
Murmurou e ajeitou os fios atrás da orelha, adentrando o local novamente, não olhou novamente para o rosto do loiro.

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