Atsushi e Kaoru #31


Kaoru suspirou, um suspiro longo e profundo. Não costumava perder a paciência, mas estava perdendo. Ele estava dormindo, havia acordado relativamente cedo para o horário que acordava geralmente e faria o café pra ele, havia até comprado um vidro de manteiga de amendoim, o problema é que não conseguia abrir, havia tentado de todas as formas, mas quando apertava a tampa para abrir, não conseguia, a mão, trêmula falhava e era obrigado a soltar, isso irritava a si mais do qualquer outra coisa, orgulhoso como era, não gostava de pedir nada a ele, e embora o tratamento estivesse melhorando a ponto de conseguir voltar a tocar, era algo que ainda tinha um pouco de problema na vida pessoal. Negativou para si mesmo e jogou o pote de lado, ouvindo o estalo da tampa na parede, mas claro, não quebrou e suspirando mais uma vez, pegou o vidro de remédio no armário, levando uma das pílulas aos lábios.

- ... Tsc
- Bom dia.
Disse ao moreno ali na cozinha, tomava uma remédio, mas não deu atenção aquele detalhe. Aquela altura já tinha formulado a higiene da manhã, mas usava uma regata e uma calça completamente casual. O barulho que ouvia antes, vinha do pote largado num canto da mesa. Manteiga de amendoim, fitou curiosamente sua escolha. Pegou o pote, que ele provavelmente não dava atenção naquele momento, o arrastou pelo balcão com suas escolhas de dejejum. Ao passar atrás do moreno, encostou-se nele, fitando-o de soslaio o abraçou. Dedilhou seu braço tatuado, vendo a tinta um pouco desbotada, denunciando o tempo com que ela havia sido feita. Segurou sua mão, como o entrelace dos dedos, embora tivesse revestido a tampa do pote com a mão junto a sua e deu suporte para abri-la, girando a tampa em junção.
- Cadê meu bolo de aniversário? - Sussurrou.

Kaoru engoliu a pílula ao ouvi-lo, voltando-se a ele e sorriu meio de canto, estava um pouco desanimado e queria sair da cozinha, porém logo fora surpreendido por sua mão sobre a própria e manteve-se parado, sentindo o toque de seus dedos percorrerem o braço até segurar a mão, com ele, abrira o pote com muito mais facilidade e podia sentir a mão, trêmula se tornar um pouco mais sutil na presença dele, estava mais calmo.
- ...
Sorriu, na impossibilidade de agradecer por algo tão simples, orgulhoso e abaixou a cabeça, cobrindo a face com os cabelos.
- Na geladeira, quer... Comer agora cedo?

- Gosto das suas tatuagens. São como aqueles desenhos de terror.
Atsushi disse, não dando atenção à pergunta, acariciando seu braço. O menor d
esviou o olhar a ele e sorriu meio de canto, assentindo.
- Que bom que gosta...
- Você está bem? Parece desanimado. Não se preocupe, ainda consigo ir pra cama com você, mesmo com a idade. - Brincou.
Kaoru riu e negativou.
- Não seja bobo. Não desconfio da sua capacidade. Estou bem, você quer o bolo?

- Hum, iie. Quero o que você estava fazendo pra nós.
O maior beijou seu pescoço, afagando com o rosto seus cabelos volumosos e ondulados. Kaoru s
orriu e deslizou uma das mãos pelos cabelos dele.
- Hai... Mas não tem tanta importância.

- O que não tem importância?
- Não tem importância o pão e tudo mais...
- Claro que tem, eu quero o que você escolheu pra mim.
- Desculpe, eu vou fazer. - Sorriu.
- Bem, talvez eu possa te levar pra tomar café comigo em algum lugar, assim não se ocupa e fica mais tempo comigo, uh?
- Hum... Mas ninguém vai ver?
- Não tem nada de mais.
- Ta bem então. Eu vou me trocar.
- Hum, vou com você. Vamos ter que levar o bebê.
Kaoru riu.
- Pra tomar café? E algum lugar aceita gatos?

- Oh... Claro. - Atsushi sorriu. - Vamos, mude as roupas, bonitão.
Kaoru riu e negativou.
- Vou trocar.
Selou os lábios dele e subiu as escadas, seguindo ao quarto dele onde havia ganhado uma gaveta e buscou uma calça preta e camisa de mesma cor, algo mais casual, apesar de parecer um pouco elegante demais. Atsushi s
ubiu atrás dele, enquanto ele se arrumava podia fazer o mesmo. Buscou a calça que como a dele era preta, a diferença da camisa usava uma cor vinho, estava informal apesar da seleção.
- Pronto, homem bonito?
O menor desviou o olhar a ele e sorriu, ajeitando a gola de sua camisa e selou-lhe os lábios.
- Você está lindo.

Atsushi sorriu a ele, tocando a lombar por onde puxou e deu a ele um breve selo.
- Vamos.
Kaoru assentiu e soltou-o, seguindo com ele para baixo.
- Vai mesmo levar o Kagerou?
- Hum, vou levar o Kagerou, a menos que você não queira.- Iie, vamos levar.
- Então vamos. - Atsushi seguiu no quarto a buscar o pequenino. Ao lado da cama se abaixou e pegou ele, dando no colo do guitarrista. - Muita beleza num lugar só.O menor riu ao segura-lo e negativou.
- Não seria bom uma coleira?

- É, no meio do passeio compramos uma pra ele.
O maior pegou a cintura do outro e logo o dirigiu para o andar de baixo, seguindo o caminho até o carro. Kaoru a
ssentiu com um pequeno sorriso e desceu com ele a escada, segurando o pequeno gatinho que se acomodava no próprio colo, buscando aquecimento.- Você devia trazer mais das suas coisas para cá. Atsushi mencionou e entrou no carro após dar passagem a ele no banco de passageiro. Ao entrar no carro, Kaoru colocou o cinto, deixando o pequeno se acomodar no colo.
- Eu... Deveria?
- Sim, você deve ter suas coisas na casa onde sua ex esposa está, não?- Sim, está tudo lá... Mas quer mesmo que eu venha morar com você definitivamente?- Achei que já você já sabia disso. Gosto da sua companhia, tenho quartos de hóspedes se você estiver precisando de algum tempo sozinho. Tem escritório vazio onde pode trabalhar em compôr. A casa é espaçosa, embora você não tenha explorado.- Eu não preciso... De um tempo sozinho, eu quero ficar com você.
- Então você vai pegar suas coisas lá, hum?
Kaoru sorriu meio de canto.
- Vou sim.
- Hum, então no fim de semana podemos pedir que alguém te ajude a buscar.
- Quero que vá comigo.
- E sua esposa não vai achar ruim?
- Ela não é mais minha esposa.
Atsushi estacionou o veículo, desativando o carro ao chegar.
- Chegamos. Vamos tomar um café bem forte.
Disse e ao desembarcar com ele, seguiu para a cafeteria, que logo da porta mostrava sua diferença, tinham gatos dentro dela. Tentou não sorrir, parecer sério, mas disfarçadamente tinha um sorriso. Kaoru s
aiu com ele do carro e caminhou em direção ao local, notando ali os bichinhos. Quase riu, achou meio estranho, mas fofo ao mesmo tempo e entrou com o pequeno filhote no colo, claro que, também recebeu duas garotas com roupa colegial que se atiraram para cima do bichinho. 
- Oi amiguinho, que lindo!
- Qual o nome dele?
- Kagerou. - Sorriu.
Atsushi sorriu ao vê-lo, estava quase tímido ou sem graça. Seguiu até uma das mesas e por fim se sentou, esperando que elas os bajulassem até que fosse suficiente.
- Com licença meninas.
Kaoru disse a elas e sorriu, caminhando até a mesa com ele, e sentou-se com o gatinho no colo, observando-o analisar a altura do colo ao chão, querendo brincar com os outros gatinhos.
- Hum, o bebê é curioso. - Disse o maior após ele se sentar e o pequenino se manifestar a sair. - Aqui tem as coleiras, poderá escolher comigo.
- Ta bem... Eu posso deixar ele descer?
- Sim, papai fica de olho.
Atsushi brincou e pediu então um café espresso, esperou que o guitarrista fizesse seu pedido. 
Kaoru sorriu e colocou o pequenininho no chão, vendo-o em seus passinhos tímidos até os demais gatos que brincavam por ali, não pareciam ser ariscos com ele.
- Eh? Ah, eu quero um chá preto com limão, por favor.

- Ele é intimidador, ninguém vai mexer com ele. - Atsushi sorriu ao moreno, embora olhasse o caminho do felino. - Não vai escolher nada doce?
Kaoru sorriu a ele.
- Hum... Acho que bolo de morango.

- Hum, e você gosta de bolo de morango?
- Hum, um pouco... - Sorriu.
- Por que não um que você goste então? - O maior disse e sob a mesa tocou sua perna.
- É que de chocolate já temos em casa, e se eu comer mais chocolate vou virar uma bola. - Riu.
- Não vai não, você está na verdade bem gostosinho. - Atsushi apalpou sua coxa. - Achei que quisesse sair. Podemos ir pra casa depois do café, compramos umas cervejas, saquê que você gosta.- Sabe que sou meio caseiro. - Kaoru sorriu. - Mas vou onde você quiser ir. Hum... Parece uma delícia.- Isso quer dizer que você não queria sair ou que não quer cerveja?- Nenhum dos dois.- Não queria nenhum dos dois?- Não, isso quer dizer que eu gosto dos dois.- Tem tortas também. - O maior sorriu a ele, gostava de vê-lo.Kaoru desviou o olhar a ele, notando seu sorriso e sorria quase instantaneamente, ele era lindo.
- ... Não, eu... Estou bem.
Disse e desviou o olhar ao gatinho, notando-o enquanto brincava no canto.

- Você parece desanimado hoje.
Atsushi disse e apalpou sua coxa embora quisesse tocar o rosto e sua barba rala. Agradeceu o café e tragou a bebida fresca e levemente amarga. Kaoru s
orriu meio de canto.
- Estou bem... É que... Você, nossa. - Riu baixo. - Eu não consigo parar de olhar pra você.

- Oh, então é recíproco.
Kaoru riu e negativou, escondendo a boca com uma das mãos.
- ... Por que eu gosto tanto de você? Quer dizer... Por que... Eu... Por que eu me sinto tão feliz quando estou com você?

- Eu não sei te responder, mas sei o que é, me sinto assim. Sinto que estou casado com meu melhor amigo.O menor sorriu.
- Eu sempre falo isso né? A mesma coisa, me sinto um trouxa. - Riu. - É que... As vezes... Por mais gay que isso soe, eu... Imagino um Akai Ito.
- Hum, acha que tínhamos uma ligação, é? - Atsushi sorriu enquanto tragava o café.- Eu... Acho que sim. - Kaoru sorriu, pouco envergonhado.- É, talvez seja isso mesmo. Gostaria de ter chegado no meio dessa linha mais cedo.
Kaoru d
esviou o olhar a ele e uniu as sobrancelhas.
- É... Eu também.

- Mas não tenho do que me queixar.
Atsushi tocou sua mão, sutil certamente. Percebia-se tão deliberado com ele, o que nada habitual com os demais. Kaoru a
cariciou a mão dele igualmente, entrelaçando os dedos aos do outro, e por um momento não se importou o local onde estava, até ver uma garota se aproximar da mesa, tinha quase o tamanho da mesa. 
- Moço... O... O gatinho é seu?
- Sim, é sim.
Disse o maior, não muito certo sobre o que falava, se era para si ou ele. Continuou com sua mão, porém por baixo da mesa. 
Ela desviou o olhar a ele. - Por que ele não tem pelos?
- Hum... Ele nasceu assim. Como nós japoneses.
Ela uniu as sobrancelhas, quanto ao menor, tentou não rir. 
- Posso pegar ele no colo?
- Só se você tiver muito muito cuidado. Ele é um bebê ainda.
Ela sorriu e assentiu, porém, teve a mãozinha segurada pelo rapaz de cabelos brancos, parecia ser somente um pouco mais velho que ela, talvez uns vinte anos. 
- Me desculpem, eu... Sinto muito, espero que ela não tenha incomodado. 
Kaoru sorriu e negativou a ele.
- Claro que não. Ela é adorável.
Disse a observar a pequena com seus longos cabelos negros.

- Deixe, pode pegar.
Atsushi disse, incentivando a pequenina. Sorriu a seu irmão, ou parecia ser.
- Ele disse que eu posso pegar aquele gatinho pelado. 
Kaoru riu a observa-la, era realmente adorável. 
- Não, neném, viemos comprar café pro seu pai, lembra? Não desobedece a mamãe.
O menor uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo e desviou o olhar ao outro sutilmente. 
- Desculpem de novo.
- Tchau, Tadashi! Dê lembranças ao Nowaki por mim. - Disse alguém atrás do balcão e o rapaz acenou, pegando ela no colo a se retirar.

- Tchau, gatinha. - Disse Atsushi ao acenar para ela, que parecia triste por não pegar o gatinho no colo. Fitou o moreno, vendo-o franzir o cenho. - O que houve?
- Ah, ele é pai dela. - Riu. - Parece irmão.
- Oh, os jovens de hoje são muito adiantados.
- Hai. - Riu novamente. - Deve ter menos da metade da minha idade.
- Quer dizer, eu seria pai daquele garoto.
- Pois é. - Riu.
- E então seria avô daquela pequena. Me sinto velho.
Atsushi riu, sob o toque da xícara de café. Kaoru r
iu junto a ele e negativou.
- Eu também seria.

- Dois vovôs.- Hum, eu seria feliz sendo vovô.- Ah é? Nunca pensei em algo como isso.- Ah... É que a gente não fala sobre filhos. - Riu. - E também, bem... Eu não posso ser avô.- Hum, isso não é um problema. Na verdade imagino que você seja tão suficiente que não pôde ter o filho.Kaoru observou-o e sorriu, porém desviou o olhar a pequenininha nos braços do menor, que saía do local em seu colo e o sorriso sumiu aos poucos. Observou o chá, as próprias mãos e pegou a xícara, guiando-a aos lábios num gole despreocupado, voltando-se ao gatinho que brincava em meio aos outros.Atsushi observou sua atenção à criança, preferiu não se apegar aquilo. Continuou o café, não disse nada, como ele deu atenção ao filhote que passeava pela cafeteria na área onde podia ficar.

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