Broken Hearts #15

Hideki podia ouvir os passos do garoto, tal qual seu cheiro próximo, intensificado e misturado com cheiro de sabonete. Ao chegar ali, voltou-se para ele, uma vez parado próximo a própria cama, em pé e ainda secava os cabelos após o banho. Yori uniu as sobrancelhas ao vê-lo, conseguia ver algo estranho no quarto, apenas um par de olhos amarelos que brilhavam e encolheu-se.
- Fazendo excursão?
O maior indagou-o, percebendo seus olhos perdidos em busca de algo que pudesse ver. Yori assustou-se ao ouvir a voz e assentiu por fim, sabendo que os olhos flutuantes eram do outro.- O que precisa?
Hideki disse e então puxou a fina corda da luminária, dando um pouco de clareza a ele.- ...
O menor uniu as sobrancelhas, observando-o e adentrou o quarto, devagar.
- Queria saber se... Poderia ir comigo até minha casa.
- Precisa de escolta pra andar?
- Não seja estúpido, quero sua companhia.
- Estúpido?
- Sim, não seja desagradável.
- Não está falando com seus amigos, Yori.
Yori uniu as sobrancelhas.
- ...
- Você não pretende ir embora, hum?
- Não.
- Então o que precisa fazer?
- Quero só pegar algumas coisas.
- Você pode dizer que o precisa que posso mandar alguém trazer.
- ... Por que não quer ir comigo?
- Estou poupando o serviço.
- ... Certo.
- O que precisa?
- ... Um urso.
- Urso? Um animal de verdade?
- ... Não.
- Um brinquedo?
- ... É, de pelúcia.
- Hum, você brinca ainda?
- ... Não. Eu só quero ele, porque sinto falta.
- Hum, tudo bem. Depois nós vamos.
- ... Vou voltar pro meu quarto... Se quiser me ver mais tarde.
- Te ver mais tarde, hum?
- Hai... Conversar.
- Você está querendo me dizer alguma coisa? Está tentando me agradar?
Yori desviou o olhar a ele e negativou.
- O que pretende fazer?
- Não quero fazer nada, por que eu não posso só te convidar pro meu quarto?
- Estou dizendo o que pretende fazer de modo geral. Não ao me convidar.
- Só vou me deitar, estou com dor.
Hideki não o questionava a respeito disso, porém não prosseguiu e o deixou concluir.
- Desço em alguns minutos. Ou você pode ficar. Assim mesmo como está. - Referiu-se as roupas.- ... Quer que eu fique no seu quarto?
- É uma sugestão.
- Hum... Estou com frio, posso me deitar na sua cama?
- Sim, deite.
Disse o maior embora se perguntasse porque da atitude do rapaz, estava sendo afável e talvez destemido? Não sabia definir uma palavra para a forma como agia. Yori assentiu e devagar seguiu pelo quarto, ainda dolorido, machucado, e deitou-se, devagar, cobrindo-se com o cobertor e o edredom dele, e o cheiro dele, espalhado pela cama, nossa, o aspirou com certa vontade ainda que tentasse não ser perceptível.
- Gosta da minha cama?
Hideki indagou e àquela altura a voz já soava baixa mas evidente diante da proximidade que tinha dele e que provavelmente ele não percebeu quando a formulou. Yori desviou o olhar a ele, e ao invés do que ele podia pensar, não disse nada, nem se assustou, apenas sorriu meio de canto.
- É macia... Bem mais do que a minha.
- Quando se comportar eu o deixarei dormir aqui.
O menor desviou o olhar a ele.
- Eu não posso dormir aqui hoje?
- Hum... Po... Bem, pode.Yori sorriu a ele e assentiu, aconchegando-se em meio a sua cama macia, talvez o maior estivesse confuso, mas não se importava, na verdade, queria que ele gostasse de si ao invés de ficar zangado, não tinha de fato a intenção de fugir, mas não queria voltar a própria casa sozinho, tinha certos problemas que não gostaria de enfrentar quando passasse pela porta, e talvez, ele pudesse dar algum tipo de apoio a si. Mas agora, tinha que se recuperar para poder voltar, talvez depois de alguns dias, pudesse convencê-lo a ir consigo.